Previz2 - 16.07 VRamalho5

Falar de quem gostamos muito, por quem temos
admiração, a quem nos ligam memórias dos melhores
e dos piores momentos da nossa vida é
fácil. É só deixar correr a pena e falar o coração.
Pede-me a Eurídice breves palavras sobre o Vítor
e eu direi, de rajada, como ele gosta, solidariedade,
amizade, fraternidade, sabedoria, tenacidade,
cumplicidade, entrega e despojamento, admiração,
consideração, exemplo.
Jovem licenciado em Direito, tive o enorme privilegio
de ser apresentado ao Vítor que me adotou
em Lisboa, vindo e Trás-os-Montes, como ele
também fora adotado, vindo da Nova-Lisboa.
Dois estrangeiros em Lisboa, presos por laços
da diáspora, e abertos para o mundo. Sem calculismo,
sem atitudes materialistas, separados
por oito anos que não eram nada. Admirei-lhe
logo a escrita e a palavra, a oratória e a densidade,
o verbo e a ação. Soube, de imediato, que a
palavra só tinha sentido se o exemplo fosse consequente.
O exemplo de uma vida a lutar pela liberdade,
pela igualdade de todos, sem critérios materialistas
que ofuscassem a fraternidade que nasceu
daquele encontro, numa manhã de segunda-feira,
na Rua Braamcamp.
Fiquei encantado com a destreza com que vertia
para o papel a síntese de uma história de vida que
um trabalhador despedido lhe enunciara e com
a consistência da peça jurídica que em poucos
minutos elaborou, quase sem rasurar o que quer
que fosse.
Falar do Vítor é falar da vida política portuguesa,
falar da nossa intervenção como cidadãos de
entrega à causa pública e é falar da defesa intransigente
da liberdade e consequentemente do
regime democrático.
É falar de um grande amor à língua portuguesa e
aos povos irmãos que a partilham. O Vítor é um
exemplo de intervenção na vida do nosso Portugal.
Posso dar testemunho da sua intervenção
quer como advogado, como governante, como
parlamentar, como professor, como líder partidário
e como alto responsável de uma organização
internacional.
Fui seu colega na advocacia, na universidade e
no parlamento e sei da sua frontalidade no uso
da palavra, essa arma que qualquer deputado
tem de utilizar sem freios ou condicionamentos
de outra natureza.
Espirito livre, frontal e respeitado, nunca vacilou
nem se submeteu a lógicas aparelhísticas mas
sempre esteve atento a concertação social e
económica lutando por uma sociedade em que
todos tenham as mesmas oportunidades.
Está preparado para o futuro, porque sempre esteve
à frente na leitura dos melhores caminhos a
trilhar pelo povo português, cuja história conhece
profundamente. Impressiona a sua capacidade
de trabalho, a sua inteligência prática e o respeito
que granjeou entre todos os povos falantes da
língua portuguesa.
Tenho o privilégio de ser seu amigo e companheiro
e isso contribui para fazer de mim um homem
melhor.
Um abraço Vítor.
António Ramos Preto
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