Revista Ferroviária Setembro/Outubro 2018
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eportagem<br />
Fotos: Divulgação<br />
Investigação<br />
em Manaus<br />
Justiça apura repasse ilegal de verba a<br />
consórcio responsável por monotrilho<br />
que nunca entrou em obras<br />
Por Thaise Constancio<br />
Seis anos depois de terem assinado um contrato<br />
para a elaboração do projeto executivo, construção<br />
e implantação do monotrilho de Manaus –<br />
obra prevista para a Copa do Mundo de 2014<br />
–, o governo do estado do Amazonas e o consórcio Monotrilho<br />
Manaus ainda enfrentam um imbróglio na Justiça. O<br />
motivo é a suspeita de irregularidades no repasse de verbas<br />
ao grupo de empresas formado pela CR Almeida Engenharia<br />
de Obras, Mendes Júnior Trading e Engenharia e Scomi<br />
Engineering BHD. Com base nessa hipótese, o Ministério<br />
Público do Estado do Amazonas (MP-AM) abriu inquérito<br />
civil público em julho deste ano. O contrato, assinado em<br />
janeiro de 2012, foi orçado em R$ 1,46 bilhão (R$ 600 milhões<br />
seriam financiados pela Caixa Econômica Federal e o<br />
restante investidos pelo governo estadual).<br />
A última previsão era que o sistema tivesse 15,5 km<br />
de extensão e nove estações entre o bairro Jorge Teixeira,<br />
na Zona Norte, e o Centro de Manaus, passando pelo entorno<br />
da Arena da Amazônia, estádio construído para os<br />
jogos da Copa. De acordo com o Portal da Transparência<br />
do governo do Amazonas, em 2013, o consórcio chegou<br />
a receber R$ 12,44 milhões para iniciar as obras, que efetivamente<br />
nunca saíram do papel. A Scomi teria recebido<br />
R$ 5,9 milhões; CR Almeida, R$ 3,73 milhões, e Mendes<br />
Júnior R$ 2,8 milhões.<br />
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REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
O MP-AM afirma no processo, no entanto, que não<br />
houve prestação de serviço que justificasse tal valor. Em<br />
julho deste ano, o promotor Edilson Queiroz Martins instaurou<br />
um Procedimento Preparatório em Inquérito Civil<br />
para apurar eventuais irregularidades na contratação do<br />
consórcio. Na portaria de abertura do inquérito, ele afirma<br />
que apesar do “vultoso valor de R$ 1,46 bilhão”, é<br />
“fato público e notório de que tal obra não foi realizada<br />
(...) e que compete à Promotoria de Justiça Especializada<br />
a apuração de fatos que caracterizem atos de improbidade<br />
administrativa, e dano ao erário”.<br />
Procurado pela <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong>, o consórcio afirmou<br />
que, até outubro de 2013, quando o contrato foi<br />
suspenso pela Justiça Federal do Amazonas, realizou<br />
“sondagens ao longo do traçado [do monotrilho] para<br />
elaboração e detalhamento do projeto executivo das<br />
obras civis e do material rodante”. O consórcio de construtoras<br />
afirma, ainda, que os serviços “foram devidamente<br />
executados, atestados e medidos. Os valores relacionados<br />
aos reajustes [do contrato] e à oitava medição,<br />
encontram-se em aberto. Neste momento não há negociações<br />
para retomada das obras e serviços do contrato”,<br />
finaliza em nota.<br />
Sobre o assunto, o governo do estado prefere se calar.<br />
Por meio de nota, a secretaria de Estado de Infraestrutura