corretor | contribuição sindical Instituições mais eficientes Fim do imposto sindical encolhe fontes de receita dos Sincor’s, que reestruturam serviços e buscam novos motivos para que os corretores de seguros se unam em torno de um mesmo ideal Lívia Sousa 40
Foi em 2007 que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) deu início à contagem oficial da arrecadação dos sindicatos, federações e confederações de classes laborais e patronais. Naquele ano, as entidades arrecadaram, sem considerar a inflação do período, R$ 1,25 bilhão. Nove anos depois, em 2016, o valor praticamente triplicou, saltando para R$ 3,5 bilhões. Os números seguiram em um patamar positivo até novembro de 2017, quando foi sancionada a Reforma Trabalhista, que entre outras medidas determinou o fim do imposto sindical. Não demorou muito para que os reflexos começassem a aparecer. Após quatro meses em vigor, a arrecadação das instituições já tinha despencado 88%. O mesmo aconteceu com os Sindicatos dos Corretores de Seguros (Sincor’s). “A contribuição sindical é uma importante receita para nós e sua facultatividade causa um impacto enorme nas contas da instituição, dificultando a sua manutenção”, diz o presidente do Sincor RO/AC, José Luiz de Souza. No Sincor-PR, a arrecadação encolheu 29% até o momento. A nova lei, somada ao cancelamento do convênio com a Seguradora Líder (responsável pela administração do DPVAT), também obrigou o Sincor-ES a buscar novas formas de financiamento e se reinventar. Presidente da entidade, José Romulo da Silva é contra a Reforma Trabalhista e se queixa que os sindicatos sequer foram consultados ❙❙Boris Ber, do Sincor SP “As instituições precisam se reinventar para atender este novo desafio junto com seus associados” José Antonio de Castro, do Sincor-PR sobre o assunto, principalmente quanto ao imposto. “Não levaram em conta a forma de atuação de cada um. Ou seja, os bons pagaram pelos pecadores”, lamenta. Se antecipando às mudanças A princípio, o Sincor-PE esperava sofrer um grande impacto em suas receitas com o fim do imposto sindical, mas aos poucos percebeu uma recuperação do pagamento das contribuições. “Isso nos surpreendeu”, admite o presidente Carlos Alberto Valle. O corretor pernambucano paga não só a contribuição sindical como a contribuição associativa, que sempre foi facultativa. “Ele sabe como é importante ser bem representado, porque quem tem representatividade pode reclamar, brigar e estar junto para conquistar as coisas”. Se o fim do imposto sindical fez a receita das entidades despencar, por outro lado as obrigou a dar o seu melhor. “Não se paga por obrigação, e sim por retribuição, atenção e eficiência. Nosso valor é pela nossa competência, pelo que a gente pode servir. Ninguém vai pagar ninguém se for inservível”, lembra ele, avaliando que os sindicatos seguem com as antigas tarefas neste novo cenário, que exige mais eficiência das instituições. Entidade representativa dos corretores de seguros que atuam no estado mais populoso do País, o Sincor-SP também teve uma grande perda de receita. Entretanto, o presidente em exercício, Boris Ber, se mostra favorável ao fim da obrigatoriedade da contribuição sindical. “Somos muito mais uma entidade representativa do patronato do que do funcionário. Então, nós concordamos com essa medida”, justifica. Já estudando a possibilidade disso acontecer, a entidade antecipou a reestruturação de seu quadro funcional, que sofreu uma redução de 30%. Departamentos foram agregados e a finalidade de cada atividade foi discutida, assim como a capacidade e a modernização do atendimento aos associados. Com isso, passou a oferecer um serviço mais unificado e inteligente. Em todos os departamentos, a ordem é rentabilizar e buscar ações que deixem resultado. “Tudo foi planejado, não foi feito do dia para a noite. E estamos de olhos bem abertos para outras prováveis situações que possam trazer efetividade. Temos o compromisso de reduzir o custo sem prejudicar o atendimento”, diz. O Sincor-SP busca agora oferecer benefícios para que o corretor se interesse em ser sócio da instituição. Mas, segundo Ber, existe uma questão nessa estrutura que ainda precisa ser resolvida. “Quando discutimos o reajuste salarial com o ❙❙José Romulo da Silva, do Sincor ES 41