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Revista VOi 157

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Agradeço a Deus por<br />

cada momento do meu<br />

tratamento e minha<br />

cura tem quatro<br />

nomes: Brunna, Lucas,<br />

Richard e o pequeno<br />

Murilo que sem saber<br />

me deu muita força<br />

Rosângela Corsico<br />

Foto: Vimo<br />

Um presente<br />

inesperado<br />

Foi tudo muito rápido, após a consulta em maio de 2016 fiz biópsia e em junho do mesmo ano veio a notícia: era<br />

câncer. Por um minuto meu mundo desabou, mas não demorou para dentro de mim soar mais forte uma leoa que gritava:<br />

nasci para vencer. Foram seis meses de quimio entre vermelhas e brancas até à mastectomia total com esvaziamento de axila. Depois<br />

ainda passei por mais 28 sessões de radioterapia. O que dizer disso tudo? O câncer me trouxe vida, e com ele pude resgatar<br />

algo do passado que me fazia adoecer ao longo dos anos, pois para mim câncer é doença da alma e minha alma estava machucada.<br />

Isso porque quando tinha 20 e poucos anos, tive um filho. Já era mãe solteira e descobri a gravidez com seis meses. Foi um<br />

baque para mim. Ninguém da minha família soube e ganhei esse neném e deixei para adoção, no dia 16 de dezembro de 94. Foi<br />

muito triste e desde lá sofri muito. Nunca ninguém soube. Só tinha uma pessoa que sabia e nunca me criticou.<br />

Mas quando estava tratando o câncer aconteceu algo incrível. A mãe que o adotou lá em São Paulo (SP) tinha meu nome e<br />

sobrenome e me procurou nas redes sociais. Ela me viu careca e descobriu que estava tratando um câncer. Ela quis que me aproximasse<br />

do Lucas antes que morresse. Tenho uma gratidão imensa por ela porque ela me procurou e fez com que reencontrasse<br />

meu filho após 22 anos. Isso contribuiu muito para minha cura. Se antes tinha uma página da minha vida que era dobrada, hoje<br />

não tenho mais, tenho meus quatro filhos comigo e sou muito feliz.<br />

Agradeço a Deus por cada momento do meu tratamento e minha cura tem quatro nomes: Brunna, Lucas, Richard e o pequeno<br />

Murilo que sem saber me deu muita força. Não queria morrer, pois queria que ele tivesse lembranças minhas, e aqui estou: viva.<br />

Infelizmente este ano descobri que tenho uma mutação genética e o câncer apareceu na outra mama. Vou passar por tudo de<br />

novo nesse tratamento: rádios, quimios, mastectomia total e esvaziamento da axila, mas o que mais quero é viver e sei dos planos<br />

de Deus para a minha vida.<br />

outubro 2018 37

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