DEZEMBRO 2018

36
LUSITANO de Zurique
Poesia
CARMINDO DE
CARVALHO
https://www.facebook.
com/carmindo.carvalho
Estocada na cambada
E o bicho e o pimba,
O mexe-mexe
O roça-roça
E a lambada.
É o grilinho e o grilão,
O rabo do cão
E o mangalho
Do macacão.
É a melga
E a pulga,
E é o amorzito
Montado no burrito.
Se há coisa fisgada
Ela diz que dá chapada,
Rola e rebola
Mas não faz marmelada!
Um passa na rua
E espreita na fechadura,
Dá e torna a tirar
Como criança a brincar
Outro sem vergonha
Fala de couves
Batatas e tomates
Canta e ri com grande lata e ronha.
Um com amor para aqui
Amor para ali,
Amor para toda a gente, para esta
E para aquela.
Uma dá amor ao João
E depois ao Manel,
E com o coração na mão
Faz amor a granel.
O mestre da cambada
Diz que dá uma e dá três
E às tantas da madrugada
Bate uma ou três.
Já não sei o que fazer
Que mais me irá acontecer?
Socorro, socorro,
Estou farto! Farto! farto!
Do Livro “Entre o Ter e o Querer” , edic. 2000
V CHICO BENTO
Dällikon - Suíça
www.facebook.com/chico.
bento.98
A andorinha que ajudei
No meu beiral á tardinha
Estava uma andorinha
Que triste para mim olhava
Pensei : o que faz ali
Pois sozinha nunca a vi
E dela me aproximava
Eu vi pelo seu triste olhar
Que algo se estava a passar
Com aquela ave tão querida
Quando a ela me abeirei
Foi então que reparei
Tinha uma asa partida
Com meigueice e carinho
Agarrei no passarinho
E em minha casa o tratei
O inverno passou comigo
E esse passarinho amigo
Na primavera soltei
Já curada e afinal
Foi ali no meu beiral
Que um dia fez o seu ninho
Quando o inverno chegou
Ela a chilrear me beijou
E seguiu o seu caminho
O beiral estava a limpar
Quando ouvi um chilrear
E para o lado olhei
A primavera tinha chegado
E no meu ombro pousado
A andorinha que ajudei.