20.03.2019 Views

*Março/2019 - Revista Industrial 205

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

C<br />

om o estouro da recessão em 2014, o Brasil<br />

deixou de ser o país do futuro. A desconfiança<br />

dos mercados interno e externo e os<br />

terríveis resultados econômicos (queda de<br />

3,5% do PIB nacional em 2015) fizeram com<br />

que muitos investidores desistissem de apostar no país:<br />

de acordo com o Ibge, somente nos últimos três anos,<br />

341 mil empresas fecharam suas portas, além de outras<br />

milhares que entraram em processo de encolhimento de<br />

funcionários e patrimônio. Na indústria, houve uma queda<br />

de 8,4% do número de fábricas ativas. Inserida nesses números,<br />

a centenária Wagner Lennartz Serras era mais uma<br />

que ameaçava encerrar suas atividades. Fundada em 1896<br />

na Alemanha com o nome de Wagner Maschinenfabrik, a<br />

companhia chegou ao Brasil em 1973, após unir esforços<br />

com a concorrente alemã, Gebr. Lennartz. Mas nem mesmo<br />

toda a experiência e tradição das duas instituições<br />

fizeram com que a Wagner Lennartz (WS) conseguisse<br />

vencer a crise econômica: em 2015, afundada em dívidas<br />

e comprometida por uma gestão ineficiente, a empresa<br />

procurou deixar o Brasil. Precisando tomar um novo rumo,<br />

a empresa começou as negociações de venda para o<br />

Grupo Nemesis, criado em 2010 e especialista na reestruturação<br />

de empresas. “Descobrimos por meio de um<br />

amigo que a WS pretendia fechar suas portas, mas tinham<br />

percebido que o custo-Brasil era muito grande e que eles<br />

não possuíam condições, tempo e tampouco dinheiro<br />

para realizar o processo. Então eles tinham o intuito de<br />

encontrar alguém para adquirir o negócio”, conta Gabriel<br />

Freire, fundador da Nemesis. Em meados de 2015, ele e<br />

uma de suas sócias, Cristiane Sacca, começaram a analisar<br />

a situação da empresa. “Percebemos que existia um<br />

potencial enorme no negócio, não só pela liderança que<br />

a WS exerceu no mercado de serras, mas pela margem,<br />

histórico e pelas pessoas que trabalhavam lá. Por isso,<br />

desenvolvemos um grande interesse na aquisição”, relata<br />

Freire.<br />

AGAINST THE TIDE<br />

BETTING ON DIALOGUE AND EXCELLENCE<br />

WERE THE SECRETS OF THE CENTURY-OLD<br />

COMPANY IN OVERCOMING THE CRISIS,<br />

GROWING MORE THAN 50% IN THE LAST<br />

THREE YEARS<br />

DESAFIOS<br />

Com um grande desafio em suas mãos, os dois se<br />

tornaram acionistas do negócio, procurando organizar<br />

a empresa, criando métodos para a gestão jurídica da<br />

Wagner. “Organizamos o passivo tributário estadual e<br />

conseguimos alongar o perfil dessa dívida por bastante<br />

tempo. A gestão do passivo trabalhista foi terceirizado,<br />

nos sobrando renegociar o passivo bancário, encaminhado<br />

como pedido de recuperação judicial”, relembra Freire,<br />

que afirma que essa foi a solução para os problemas<br />

da empresa, permitindo a regularização do caixa, o que<br />

abriu um novo canal de diálogo com a maioria dos seus<br />

credores. Após o início da reestruturação, outros problemas<br />

de caráter financeiro surgiram para os novos donos<br />

da tradicional indústria de serras. “A questão da precificação<br />

era, e ainda é, um tema sensível, porque basicamente<br />

todos os nossos produtos são importados. Então, a questão<br />

cambial foi uma dessas dificuldades. Mesmo assim,<br />

sempre buscamos manter a qualidade do produto final; é<br />

o nosso grande diferencial. A questão dos custos vincula-<br />

W<br />

ith the economic turnaround after the<br />

2014 recession, Brazil was no longer<br />

a country of the future. The mistrust<br />

of the domestic and foreign markets<br />

and the terrible economic results (a<br />

3.5% fall in national GDP in 2015) caused many investors<br />

to quit betting on the Country: according to Ibge, just in<br />

the last three years, 341 thousand companies closed their<br />

doors, in addition to thousands more who went through a<br />

process of reducing the number of employees and assets.<br />

In industry, there was a decline of 8.4% of the number of<br />

active factories.<br />

Inserted in these numbers, the century-old Wagner<br />

Lennartz Serras was one more that threatened to terminate<br />

its activities. Founded in 1896 in Germany under the<br />

name of Wagner Maschinenfabrik, the Company arrived in<br />

Brazil in 1973, after joining forces with a German competitor,<br />

Gebr. Lennartz. But not even all the experience and<br />

tradition of the two institutions made Wagner Lennartz<br />

(WS) succeed in overcoming the economic crisis: in 2015,<br />

sunk in debt and compromised by inefficient management,<br />

the Company sought to leave Brazil.<br />

Needing to take a new course, the Company began<br />

negotiations with the Nemesis group created in 2010 to<br />

specialize the restructuring of companies. “We found out<br />

through a friend that WS intended to close its doors, but<br />

they had realized that the “Custo-Brasil” (Brazilian Cost)<br />

was very large and that they had no conditions, time nor<br />

money to carry out the process. Thus, they were aiming<br />

to find someone to acquire the business,” says Gabriel<br />

Freire, founder of Nemesis. In mid-2015, he and Cristiane<br />

Sacca, one of his partners, began to analyze the situation<br />

of the Company. “We realized that there was enormous<br />

O OLHAR DA WAGNER<br />

LENNARTZ PARA OS<br />

PROBLEMAS FOI<br />

FUNDAMENTAL PARA QUE A EMPRESA<br />

RETORNASSE AO LUGAR ENTRE AS<br />

PRINCIPAIS FORNECEDORAS DE SERRAS<br />

DO BRASIL E DO MUNDO<br />

MARÇO <strong>2019</strong> 49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!