PME Magazine - Edição 12 - Abril 2019
Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Leia tudo aqui.
Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Leia tudo aqui.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ABRIL 2019 | TRIMESTRAL | EDIÇÃO 12
EDIÇÃO ANO IV - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
DIRETORA: MAFALDA MARQUES
WWW.PMEMAGAZINE.COM
PAULA
PANARRA
UMA NOVA ERA
PARA AS EMPRESAS
SENDYS GROUP
SOFTWARE PORTUGUÊS
EM 35 ANOS DE HISTÓRIA
FIVE THOUSAND MILES
COMO GERIR OPORTUNIDADES
DE NEGÓCIO EM ÁFRICA
CINCO STORE
JOIAS PORTUGUESAS
À CONQUISTA DO MUNDO
FIGURA de DESTAQUE
Uma nova geração de negócios
Editorial
p4
p6
Paula Panarra e a nova era digital das empresas
p16
Sendys Group em 35 anos de história
p18
Doutor Finanças e as escolhas financeiras de sucesso
p20 Sandra Laranjeiro dos Santos e a adaptação ao RGPD
p22
Five Thousand Miles e os negócios em África
p24
As trotinetas no contexto da mobilidade verde
p26
BREVES
Figura de destaque
Wild Code School e as bolsas de programação para mulheres
p28
Lusitan, um novo projeto de mobiliário português
p30 Cinco Store a conquistar o mundo
p33 Baby Loop e a economia circular no mercado infantil
p34
Luís Granja e a felicidade nas equipas de alta performance
p35 Ana Ganhão e a ambição nas empresas
p36 Vanessa Canteiro na Human Profiler
p38
Teresa Botelho e a boa gestão do tempo
p41 Patrícia Franganito e a certificação
p42
Fábio Jesuíno e a crescente importância do YouTube
p44
Epson e as novas tendências de impressão têxtil
p46 Robô humanoide Cruzr chega a Portugal
p47 Cíntia Costa e a aposta do LISPOLIS no empreendedorismo
p48
CCIP promove Growth Forum
p50
Sandra Correia e os caminhos da mentoria
Índice
Ficha técnica
DIRETORA: Mafalda Marques
EDITORA: Ana Rita Justo
SUB-EDITORA: Denisse Sousa
VÍDEO E FOTOGRAFIA: JD Edition, João Filipe Aguiar
DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes
DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Ana Ganhão, Cíntia Costa, Fábio Jesuíno, Luís Granja,
Patrícia Franganito, Sandra Correia, Sandra Laranjeiro dos Santos e Teresa Botelho.
ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em www.pmemagazine.com)
DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques
EMAIL: publicidade@pmemagazine.com
PROPRIEDADE: Massive Media Lda.
NIPC: 510 676 855
MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:
LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C
1900-221 Lisboa
REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C
1900-221 Lisboa
TELEFONE: 211 934 140 | 96 453 31 02 | 934 952 854
EMAIL: info@pmemagazine.com
N. DE REGISTO NA ERC: 126819
EDIÇÃO N.º: 12
DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17
ISSN: 2184-0903
TIRAGEM: 25.000 exemplares
IMPRESSÃO: Sogapal - Sociedade Gráfica da Paiã, Lda
Estrada Palmeiras Queluz Baixo, Barcarena, Lisboa
DISTRIBUIÇÃO: Gratuita com o jornal Expresso
PERIODICIDADE: Trimestral
O passo da mudança é cada vez
mais largo e, se é certo que as
empresas devem fazer o seu caminho
para melhorar processos,
tornarem-se mais eficientes,
modernizarem o seu produto,
este processo pode, por vezes,
ser agridoce, pois quando lá
chegamos já não é aquela a última
tendência, e aí começa tudo
outra vez: uma procura que nunca
acaba.
Para termos a certeza de que estamos no caminho certo, há
muitos que nos dizem por onde ir e são vários os fatores a ter
em conta. Em última análise, há que trabalhar para que o negócio
que estamos a desenvolver seja diferenciador e vá ao
encontro do que esperam de nós.
Depois, há que pôr em prática ligações que nos sejam benéficas,
parcerias estratégicas, pois, como diz Paula Panarra,
diretora-geral da Microsoft Portugal e grande entrevistada
desta edição, dificilmente uma empresa vai ter todas as soluções
de que precisa dentro de casa.
Um trabalho que a Microsoft tem vindo a desenvolver em Portugal,
com grande enfoque nos novos desafios da transformação
digital e do qual poderá saber mais na entrevista que
aqui divulgamos.
Nesta edição de abril, damos voz a outros projetos femininos
de força, como a marca de joias portuguesas Cinco Store, a
Baby Loop, da apresentadora Carolina Patrocínio, ou a Wild
Code School, com as suas bolsas de cursos de programação
para mulheres.
Falamos sobre mentoria com a empresária Sandra Correia,
sobre gestão do tempo com a coach Teresa Botelho, ou sobre
ambição com a coach Ana Ganhão. Sobre os projetos de
empreendedorismo do LISPOLIS com a Cíntia Costa e sobre
certificação com a Patrícia Franganito, do Bureau Veritas.
Contamos a história da portuguesa Sendys Group e dos
seus 35 anos de sucesso, dos negócios em África com a Five
Thousand Miles, do mobiliário da Lusitan e do trabalho de
saúde financeira feito pela Doutor Finanças. Falamos sobre
uma nova forma de mobilidade verde, com a chegada das
trotinetas partilhadas a Portugal, das novas tendências de
impressão para a indústria têxtil, com a Epson, e dos robôs de
serviço, com a Beltrão Coelho.
Fábio Jesuíno fala-nos da importância do YouTube na
comunicação das empresas, enquanto Sandra Laranjeiro dos
Santos escreve sobre como estão as empresas a adaptarse
ao novo Regulamento Geral da Proteção de Dados. Já
Luís Granja fala-nos sobre a felicidade nas equipas de alta
performance.
Isto e muito mais numa edição recheada de boas ideias, de
empreendedores e líderes de garra. O caminho é longo e sinuoso,
mas no final vale sempre a pena.
ANA RITA JUSTO | EDITORA
Boas leituras e bons negócios!
3
Breves
EATTASTY VOA PARA MADRID
A EatTasty, plataforma portuguesa online de confeção
e entrega de almoços caseiros no local de trabalho,
prepara-se para expandir o seu mercado e rumar a
Madrid até ao final de 2019. Em comunicado, a empresa
refere que além de repensar a ementa, adaptando-a
aos gostos locais, a EatTasty está a duplicar a equipa
e a melhorar a tecnologia da plataforma. Atualmente,
a empresa serve mais de 600 refeições diárias na
Grande Lisboa, esperando em Madrid alcançar as 1000
refeições diárias logo no ano de estreia.
Empresa espera alcançar mil refeições diárias na capital espanhola
ALLIANZ ABRE NOVO CONTACT CENTER
A Allianz Portugal inaugurou o seu novo espaço de
contact center em Lisboa, tendo em vista uma maior
proximidade e disponibilidade para o cliente, bem
como o compromisso com a excelência técnica e o
investimento na digitalização. A inauguração contou
com a presença da CEO da Allianz Portugal, Teresa
Brantuas, e de vários membros do Comité de Direção,
da Direção de Gestão e Contacto a Clientes e Apoio ao
Negócio e da Direção de Sinistros.
Novo centro irá melhorar proximidade com o cliente
CARNEXT INAUGURA NOVO CENTRO
A CarNext, plataforma disruptiva para a venda de
usados de qualidade do Grupo LeasePlan, tem um
novo centro em Gaia, espaço que se junta aos já
existentes em Matosinhos, Carnaxide e Lisboa. Além
dos quatro centros, a CarNext é suportada também por
uma plataforma online. Os carros comercializados pela
empresa são provenientes do negócio de renting da
LeasePlan Portugal, tendo, em média, três ou quatro
anos.
Centro de Gaia é o quarto da CarNext
REMAX PORTUGAL DISTINGUIDA
A Remax Portugal voltou a ser distinguida na
Convenção Internacional Remax, que decorreu em Las
Vegas, com o prémio “Região do Ano”, que elege o país
ou região com melhor desempenho a nível mundial.
Para além deste galardão, atribuído pelo quinto ano
consecutivo, a Remax Portugal somou ainda outros
prémios. “Trabalhamos todos os dias para os nossos
clientes, mas este momento tem um sabor especial
porque também representamos Portugal”, referiu
Beatriz Rubio, CEO da marca imobiliária em Portugal.
Nova premiação internacional para a equipa portuguesa da Remax
4
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
UNIVERSIDADE DE AVEIRO DESENVOLVE ECO-CIMENTO
O Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica
da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu um
cimento ‘verde’, que utiliza, maioritariamente, desperdícios
das indústrias de celulose, reduzindo o uso
de recursos naturais virgens. Este eco-cimento pode
ser produzido à temperatura ambiente, diminuindo o
consumo de energia. Os desperdícios da indústria de
celulose, como cinzas e grãos de cal, constituem 70%
dos ingredientes deste eco-cimento, sendo os outros
30% metacaulino.
Eco-cimento tem mesmo desempenho dos cimentos tradicionais
SANTOS E VALE INAUGURA NOVO CENTRO EM VISEU
A Santos e Vale abriu um novo centro logístico em
Viseu, no âmbito da estratégia de crescimento da
empresa, reforçando a capacidade de recolha,
tratamento e entrega dos envios dos clientes da região
Centro e Norte de Portugal. Com mais de 1.000 metros
quadrados de área de armazém e três mil metros
quadrados de área total, esta plataforma irá contar com
os mais recentes equipamentos logísticos e transporte
para o tratamento da mercadoria.
Nova plataforma reforça capacidade logística no Centro e Norte do país
CRIAÇÃO DE NOVAS EMPRESAS CRESCE 21,4%
Criação de novas empresas em alta nos primeiros meses de 2019
OUTSYSTEMS DESTACADA PELA FORBES
Até final de fevereiro foram criadas 11.099 novas
empresas em Portugal, mais 21,4% do que no mesmo
período de 2018, ano em que foi batido o recorde de
criação de empresas em Portugal. Este crescimento é
generalizado a todos os setores de atividade e a todos
os distritos. Além dos serviços, que é sempre o setor
onde surgem mais empresas, destacam-se em número
de empresas os setores da construção, com 1.424
novas empresas, o retalho com 1.303 e o alojamento e
restauração com 1.078.
A OutSystems, empresa líder de software low-code
para desenvolvimento rápido de aplicações, foi
classificada pela Forbes como uma das dez melhores
empregadoras em cloud computing (Top Cloud
Computing Employer), distinção que recebe pelo
quarto ano consecutivo. A OutSystems contratou cerca
de 400 colaboradores em 2018, o dobro de 2017,
aumentou as receitas anuais recorrentes no valor
recorde de 66%, e construiu no último ano uma equipa
com mais de 1000 colaboradores a full-time.
OutSystems contratou 400 colaboradores em 2018
5
figura de destaque
“
NÃO TEMOS RESPOSTA
A TODAS AS QUESTÕES
DENTRO DE NENHUMA
EMPRESA
“ Paula
Panarra
Paula Panarra assumiu a direção-geral da Microsoft Portugal em dezembro de 2016
6
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
Ana Rita Justo
João Filipe Aguiar
À frente da Microsoft Portugal desde dezembro de 2016, Paula Panarra é a cara na mudança que a empresa está
a operar a nível nacional com vista a tornar-se no parceiro das empresas para a indústria 4.0. Da segurança da
informação às novas formas de gerir o negócio, a diretora-geral da tecnológica explica o percurso que está a ser
feito e que tem vindo a apoiar startups, PME e grandes empresas em todo o país.
PME Magazine – Que balanço faz destes dois anos
como diretora-geral da Microsoft Portugal?
Paula Panarra – Faço um balanço muito positivo. Começámos
esta jornada há dois anos com o objetivo
muito claro de ajudar Portugal a avançar neste período
da dita transformação digital e desta nova era da
tecnologia e foi aí que pus todos os meus esforços.
Em criarmos, junto com a equipa, mas também com o
nosso ecossistema de parceiros e, junto dos nossos
clientes, ajudarmos a fazer este caminho de progresso
nas empresas em Portugal e o balanço é muito positivo.
Temos uma série de casos de aplicação de tecnologia
para fazer este enablement da transformação que são
já casos de Portugal de referência para o mundo, o que
muito nos orgulha. É um primeiro passo, há muito caminho
a fazer, mas sem dúvida um balanço muito positivo.
PME Mag. – Fale-nos um pouco desses casos.
P. P. – Nós temos o privilégio, porque esta é uma
Era em que a tecnologia está na base destas grandes
transformações, de trabalhar em simultâneo com as
grandes empresas portuguesas e de acompanhá-las
nessa transformação, mas também de acompanhar
muitas das que são as novas empresas de tecnologia
em Portugal. Posso dar como exemplo todo o trabalho
que fizemos conjuntamente com a Farfetch para o desenvolvimento
da sua plataforma, para poderem servir
o mundo e estarem, hoje, cotados em Bolsa, como de
facto uma nova pequena startup que tem na verdade
quase uma década, mas o trabalho conjunto para globalizar
o negócio é um dos exemplos. Temos outros
exemplos quer de banca, quer de indústria, acima de
tudo, em quatro grandes áreas: por um lado, aquilo que
é a modernização da forma de trabalhar das empresas,
por outro, a forma de interagir com a cadeia de valor,
seja ela a relação com clientes, seja a relação com fornecedores;
muitos projetos de otimização de operações,
de criação de eficiências, que vão desde a mera
desmaterialização de processos até à robotização.
Como é que ajudamos a criar as eficiências necessárias
nos processos para, em muitos casos, libertar investimento
e libertar a capacidade de investir em inovação e
em modernização de produto. Por outro lado, até mesmo
na criação de novas formas de estar no mercado. O
exemplo da banca digital, a utilização de novos assistentes
pessoais, os ditos bots, para fazerem a interação
com os clientes e, portanto, uma modernização daquilo
que são os serviços prestados em empresas de todas
as dimensões. Penso que é de realçar que, de facto, a
tecnologia está, hoje, acessível a empresas de todas
as dimensões pela tipologia de modelos em que está
disponível. No passado era preciso fazer investimentos
muito elevados para criar essas capacidades e só
grandes empresas podiam ter acesso a estas tecnologias.
Hoje, elas funcionam em modelo de subscrição,
mal comparando é como subscrever a eletricidade, é
tão simples quanto isso: subscrever muitas das tecnologias,
quer de produtividade, quer de operações, quer
de interação e de dados, que é, talvez a área menos
explorada naquilo que são as pequenas e médias empresas
portuguesas.
“TECNOLOGIA COMO UM SERVIÇO”
PME Mag. – Para a Microsoft foi dura esta mudança
de paradigma?
P. P. – Nós próprios fizemos uma transformação
grande, que teve uma maior projeção com a entrada
do nosso novo CEO [n. d. r. Satya Nadella], há cerca
de quatro, cinco anos. O que fizemos foi essa mesma
viragem. Éramos uma empresa que desenvolvia
software, continuamos a ser uma empresa que, acima
de tudo, desenvolve software, o nosso core não mudou,
mas servíamo-lo como se fosse um bem, vendíamos
uma licença que entregávamos para o cliente utilizar
e hoje fornecemos tecnologia como um serviço. Nós
próprios transformámos o nosso modelo de negócio
de um modelo mais transacional para um modelo
mais de prestação de serviço. Com tudo o que isso
significa do ponto de vista da alteração cultural e de
transformação de cultura e de DNA da empresa que
tem de acontecer, porque prestar serviço a um cliente
significa acompanhar o cliente desde a pré-venda, o
período de utilização, o pós-venda, a manutenção.
“Transformámos o nosso modelo
de negócio de um modelo mais
transacional para um de prestação
de serviços"
Há um ciclo de acompanhamento da tecnologia e da
utilização da tecnologia por parte do cliente muito
diferente neste novo modelo. Foi essa transformação
que nós próprios fizemos, além de uma mudança
de estratégia para uma plataforma aberta – coisas
que no passado seriam impensáveis são, hoje,
possíveis pela mudança de estratégia que fizemos.
Era conhecida alguma rivalidade entre a Microsoft e
outras empresas de tecnologia e hoje servimos a nossa
suite de produtos Office, por exemplo, para sistemas
7
figura de destaque
operativos da Apple, da Google,
corremos em IOS, em Android, tal
como corremos em Windows, ou
corremos máquinas de Linux, como
corremos máquinas de Windows
naquilo que é a nossa plataforma de
cloud. Esta abertura da tecnologia
da Microsoft a todo o ecossistema
de tecnologia no mercado foi o que
nos permitiu mudar de um mercado
que operávamos só no nosso
ecossistema, para endereçarmos
tudo aquilo que é, hoje, o potencial
de tecnologia. Isso é muito mais
giro.
PME Mag. – Referiu, há tempos,
que 50% da faturação foi em serviços
cloud. Que fatia desta faturação
diz respeito a empresas?
P. P. – É praticamente toda do setor
empresarial. Mais interessante
até é poder dizer que, desses 50%
de cloud eles se distribuem não só
nas grandes empresas, mas uma
parcela muito interessante já nas
pequenas e médias empresas portuguesas.
Hoje, temos cerca de três
mil parceiros em Portugal, muitos
são eles próprios PME, que nos
permitem fazer uma cobertura nacional
e com muita capilaridade naquilo
que é o suporte de tecnologia
às empresas portuguesas. Muitas
dessas PME também já adotaram
estes novos modelos de tecnologia
e fizeram, com isso, a atualização.
Fizemos, no ano passado, um
estudo junto de cerca de 200 PME
em Portugal para aferirmos quais as
principais áreas de preocupação,
mas também em que anteviam investimento.
Claramente, uma delas
é a segurança e os ataques informáticos.
Há uma preocupação cada
vez maior – e bem. Os paradigmas
de segurança alteraram-se e as
Serviço cloud é a grande aposta da tecnológica para o futuro
8
empresas têm, hoje, uma preocupação
muito maior com aquilo que
é a utilização de tecnologia atualizada.
Um dos principais problemas
para os ataques informáticos é a
tecnologia obsoleta, portanto, há
uma preocupação muito maior na
renovação e é isso que estes novos
modelos de subscrição e de cloud
também permitem às PME: é terem
acesso a atualizações sempre servidas
e não terem de estar a fazer
esses processos muito longos de
atualização. A preparação do canal
de parceiros foi fundamental,
porque são eles que, hoje, estão no
terreno a ajudar as PME a fazerem a
adoção dessas tecnologias.
PME Mag. – A quantas PME chega
a Microsoft em Portugal?
P. P. – Hoje, temos uma penetração
de cerca de três mil empresas
a quem fazemos venda direta, ou
seja, licenciamento direto, mas depois
temos muitos destes nossos
parceiros que são revendedores e
que fazem eles próprios a revenda
às PME. Portanto, esse é um
dado que não temos, mas tenderia
a dizer que quase todas as PME em
Portugal operam na nossa suite de
produtividade. Quando falamos de
Excel, de Word, Power Point ou de
Outlook, a grande maioria das PME
em Portugal está a fazer utilização
da nossa tecnologia. Já quase metade
da nossa faturação para PME
também é no modelo de cloud.
“ACESSO MAIS SEGURO”
PME Mag. – Ainda há muita resistência
em relação à cloud?
P. P. – Há alguma resistência. Devo
dizer que o ano passado, tudo o
que foi o trabalho feito à volta de
RGPD, a necessidade de que todas
as empresas se consciencializaram
de fazer uma boa prática e um
bom cumprimento da norma no que
diz respeito a segurança e a privacidade
de dados trouxe, também,
a clarificação de que, hoje em dia,
ter acesso a estas tecnologias de
cloud, é, na verdade, ter acesso a
tecnologias muito mais seguras do
que aquilo que consigo fazer de
manutenção de tecnologia dentro
de casa. A subscrição da tecnologia
permite isso mesmo: estar sempre
atual, estar sempre segura. Tivemos,
nos últimos tempos, situações
em que já foi ao contrário e foi o presidente,
o gestor da PME ou de uma
empresa que nos diz: “Eu preciso
que vocês vão lá, porque a minha
gente ainda está muito renitente e
eu já tenho consciência que, hoje, a
cloud é mais segura do que aquilo
que eu consigo manter dentro de
casa”. Penso que ultrapassámos a
barreira de dúvidas relativamente
à segurança, estar do outro lado e
percecionar que estou mais seguro
porque, acima de tudo, tenho atualizações,
tenho novas ferramentas
que me permitem fazer uma gestão
diferente da identidade dos empregados.
Hoje em dia, o maior risco
que as empresas correm relativamente
à segurança é a facilidade ou
a dificuldade com que se consegue
aceder às credenciais de cada um
dos indivíduos. Todos temos dispositivos
pessoais e profissionais,
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
Diretora-geral sublinha “papel distintivo” das startups na transformação digital
todos fazemos acesso à informação
das empresas em mobilidade e isso
criou a necessidade de novos paradigmas
de segurança e é isso que a
maioria da indústria de tecnologia,
hoje em dia, consegue: é assegurar
que, nestes modelos, permite um
acesso muito mais seguro.
PME Mag. – Como é que a
Microsoft tem ajudado as PME
portuguesas na sua transformação
digital?
P. P. – Estamos num momento em
que o sentido de urgência já existe
e é, cada vez, maior. Há, claramente,
uma perceção de que há
uma necessidade cada vez maior
de modernizar. As empresas portuguesas
podem – e devem – ser
competitivas, mas têm de o ser
também de forma diferenciada. E
para se diferenciarem têm de melhorar
aquilo que são as formas de
trabalhar dos seus empregados e
talvez a produtividade e a mobilidade
tenha sido o principal fator de
modernização nas PME. Estamos a
ver agora avanços grandes em duas
áreas: primeiro, naquilo que é a relação
com os clientes, como é que
giro a minha relação com os clientes,
como é que giro a minha carteira
de clientes, os meus contactos,
as oportunidades, como é que faço
uma boa presença na internet, como
é que crio a minha página, como é
que disponibilizo o meu negócio,
como é que crio a interação com os
clientes online, porque há cada vez
mais esse sentido de urgência de
que, ou modernizo, ou o meu negócio
vai acabar por morrer. Hoje, o
consumidor procura cada vez mais
empresas que tenham essas competências.
A área dos dados e o
trabalho com os dados talvez seja
aquele que está ainda menos desenvolvido
nas PME em Portugal,
mas há algumas áreas, nomeadamente
aquilo que é a utilização da
sensorização, da manutenção preditiva,
vai levar a que, de facto, a
informação em tempo real e aquilo
que conseguimos fazer com essa
informação torne, cada vez mais, as
empresas portuguesas capazes na
utilização da informação enquanto
melhor fator para tomada da decisão
de gestão.
PME Mag. – As startups têm um
papel importante nesta viragem?
P. P. – Claramente têm um papel
muito distintivo. Aliás, enquanto
país fizemos uma aposta consciente
naquilo que foi a agenda da criação
de investimento e de incubação
de novos negócios e de novas
startups, acima de tudo tecnológicas.
Se há momento na história da
economia do mundo em que o local
e a dimensão do país não são relevantes
é este, porque podem hoje
nascer negócios de Portugal para o
mundo. Estive numa sessão com o
Nuno Sebastião [n. d. r. CEO da Feedzai],
em que ele partilhou uma informação
que, confesso, nunca tinha
olhado para ela desta forma: as
quatro grandes unicórnios em Portugal,
entre a Farfetch, OutSystems,
Talkdesk e a Feedzai têm hoje uma
capitalização similar áquilo que é a
Sonae, o Millennium BPC, a Montaengil
e os CTT todos juntos. São
realidades em que estamos a falar
de exatamente o mesmo capital,
talvez com a diferença de que estas
últimas são empresas que operam
em Portugal, enquanto todas
as outras são empresas que, tendo
a propriedade intelectual baseada
em Portugal, porque todo o RnD [n.
d. r. Research and Development, em
português Pesquisa e Desenvolvimento]
destas empresas está aqui,
operam de Portugal para o mundo e
já todas têm escritórios em todo o
mundo, equipas de vendas em todo
o mundo. Esta aposta nas startups
parece-me muito acertada, principalmente,
as de tecnologias, que
vão impulsionar o desenvolvimento
da economia em Portugal. Temos
promovido muito a interação entre
empresas portuguesas mais estabelecidas
e as startups portuguesas,
ou mesmo não portuguesas,
mas startups que podem acelerar a
transformação nas empresas. Esse
é, talvez, um dos paradigmas que
se alterou. Hoje em dia, é possível
juntar peças quase como este meu
“Se há momento
na história em que
o local e a dimensão
do país não são
relevantes é este"
painel de borel de cores diferentes
para construir a melhor solução
para a minha empresa. Eu não tenho
de fazer tudo dentro de casa,
não tenho de comprar tudo a um
fornecedor único, vou olhando para
cada um dos processos que quero
alterar e vou indo buscar empresas
que possam trazer essa solução: se
preciso de um call center na hora
que fique a funcionar hoje daqui a
dez minutos, posso ir buscar a solução
da Collab; se preciso de fazer
gestão de ativos, posso ir buscar
9
figura de destaque
a solução da NextBitt; se preciso
de fazer uma gestão documental,
posso ir buscar o Edoclink. E estou
a dar exemplos de soluções de parceiros
portugueses, desenvolvidas
em Portugal, que estão a ser adotadas
por empresas em Portugal e
no mundo. Esta interação entre a
empresa e as empresas mais inovadoras
é, claramente, algo a promover
no futuro, é isso que acelera
a modernização das empresas portuguesas.
“PME MAIS PREPARADAS”
PME Mag. – Sente que as PME
portuguesas estão preparadas
para o que aí vem?
P. P. – Sinto que estão cada vez
mais preparadas. O sentido de urgência
é muito premente e mais
premente do que víamos no passado.
Enquanto país, atravessámos
a fase da economia que fez com
que mais restrições acontecessem.
Hoje, há uma capacidade maior de
investir para modernizar. Na agricultura
temos, hoje, alguns clientes
com quem estamos a trabalhar
com as mais avançadas tecnologias
para produzir o mais tradicional dos
produtos: vinho, azeite, queijo…
E estão a fazer a utilização destas
tecnologias muito avançadas que
modernizaram os seus processos
produtivos e os seus processos de
gestão para poderem estar a operar
“Temos clientes
com quem estamos
a trabalhar com as mais
avançadas tecnologias
para o mais tradicional
dos produtos"
10
Centro de suporte português da Microsoft serve clientes na Europa, Médio Oriente e África
com um produto muito diferenciado,
de muito valor, num setor que
é muito tradicional. Outros exemplos
na área da indústria, em que
este tipo de tecnologias está a ser
usado para trabalhos, quer na linha
de produção, quer na gestão de
negócio. É aí e na internacionalização
destes negócios que também
temos estado a ajudar os nossos
clientes, como é que conseguem
ter dashboards de gestão quando
estão a expandir para novas geografias,
como é que podemos ajudá-los
a criar plataformas de gestão
que lhes permitem tomar as
decisões para outros países, apesar
de estarem baseados em Lisboa?
Trabalhamos, por exemplo,
com o Grupo Pestana em todo este
tipo de plataformas de colocação
da oferta no mercado internacional
e com muitos setores diferentes.
Hoje, as PME portuguesas estão
mais preparadas do que nunca, mas
cabe-me dizer que devem recorrer
aos parceiros de tecnologia para
ajudar a fazer este caminho. Não é
preciso fazer tudo dentro de casa,
não temos a resposta para todas
as questões dentro de nenhuma
empresa – eu também não tenho.
E, hoje, estas empresas que estão
a trabalhar tecnologia em Portugal
estão cada vez mais preparadas
para fazer, não apenas a instalação
de tecnologia, que era o que faziam
no passado, mas muito mais do que
isso: ajudar na consultoria do que é
preciso e qual é a melhor solução
para o meu negócio.
PME Mag. – Que balanço faz do
trabalho do centro de suporte da
Microsoft?
P. P. – Começámos o centro de
suporte em Portugal há uns anos,
com cerca de 30, 40 pessoas. Hoje,
temos mais de 450 engenheiros a
fazer suporte a partir de Portugal
para todo o espaço da Europa, Médio
Oriente e África. É um enorme
orgulho ter visto crescer esta plataforma
de serviço a clientes. Só
prestamos aqui serviço de engenharia,
se quiserem, o segundo nível
de suporte técnico. Portanto, é
um nível que já requer um profissionalismo
e um conhecimento muito
grande por parte do operador e isto
só foi possível porque, como país
– e podemos orgulhar-nos disso
– nos últimos anos tivemos a capacidade
de elevar os nossos cursos
universitários, quer de gestão,
quer de engenharia. Temos, hoje,
uma oferta de recém-licenciados,
mas também de profissionais na
área da tecnologia que permitiu fazer
este crescimento, mas também
devo dizer que já temos muitos estrangeiros
que querem vir trabalhar
para Portugal, para o nosso centro
de suporte. Temos características,
enquanto país, muito especiais e
espero que continuemos a conseguir
atrair talento, porque temos
esse talento aqui, mas atrair mais
talento vai ser importante, porque
a procura é capaz de ser maior do
que a oferta que conseguimos preparar.
Temos feito algum trabalho
de requalificação de pessoas para
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
O mundo está em constante evolução e a transformação digital das empresas e organizações
é inevitável se pretendem ter um futuro com sucesso. Conte com a experiência, conhecimento
e inovação da PT Empresas para a modernização da sua atividade.
Ligue-se à PT Empresas e projete um futuro melhor.
16 206 | Gestor | ptempresas.pt
11
UMA REDE DE POSSIBILIDADES
figura de destaque
estas novas tecnologias, em conjunto com os nossos
parceiros, temos trabalhado com alguns politécnicos
na criação de currículos e de academias que permitam
preparar cada vez mais pessoas para estas novas
tecnologias, porque talvez essa seja a maior dificuldade.
A tecnologia está pronta, as pessoas vão ter de se
preparar rapidamente, quer para trabalhar com ela intensivamente,
como é o caso dos nossos engenheiros,
quer mesmo enquanto utilizadores dentro das empresas.
A área das qualificações é uma das áreas que as
empresas mais têm procurado connosco, como é que
podem criar plataformas de aprendizagem, plataformas
de learning e requalificação dos seus empregados,
porque essa vai ser uma das realidades que todos
vamos enfrentar. Para nós, é um orgulho e continuaremos
a fazer o nosso trabalho para tornar Portugal um
dos principais centros de suporte da Microsoft para o
mundo. É atrair investimento, é atrair emprego e, para
nós, isso é um fator de orgulho, mas também diferenciador.
PME Mag. – A falta de mão de obra qualificada tem
sido um desafio?
P. P. – Está a tornar-se um desafio cada vez maior e espero,
em conjunto – e a Microsoft tem trabalhado, quer
com a plataforma in code do Governo, quer junto dos
nossos parceiros, quer junto de associações a que pertencemos,
como a APDC e outras – enquanto indústria,
criarmos condições para que cada vez mais sejam requalificadas
pessoas com estas competências, porque
rapidamente a procura vai ser maior do que a oferta.
Está a tornar-se cada vez mais difícil encontrar as pessoas
para fazer face a tudo aquilo que procuramos. De
qualquer modo, temos vários programas em que recrutamos
pessoas, mesmo de cursos que não sejam assim
tão tecnológicos, porque fazemos formação muito
intensiva e há sempre uma margem de manobra maior
do que quem procura expertise muito formado e sénior.
Mas há um equilíbrio que, enquanto país, temos de encontrar
naquilo que são as qualificações que estamos a
criar, hoje, para os empregos do futuro.
PME Mag. – Qual a importância da Microsoft Portugal
no panorama mundial da empresa?
P. P. – Enquanto centro de suporte, somos um dos
principais oito hubs de suporte a nível global. Enquanto
país, naquilo que é a nossa operação comercial em
Portugal, fazemos parte de uma geografia que junta 12
países, entre o Sul, Centro e Norte da Europa. Somos
aquilo a que chamamos um país médio desenvolvido,
já com um nível de maturidade de tecnologia bastante
mais avançada, até porque fazemos parte do espaço
europeu, mas obviamente temos a escala que temos
enquanto país. A nossa aposta para continuar a crescer
– e temos estado a fazê-lo nestes últimos dois anos a
mais de dois dígitos – passa também por captar estas
novas empresas que estão a nascer em Portugal e
que se desenvolvem com negócio a nível internacional
e por fazer evoluir e transformar o tecido empresarial
português.
Falta de mão de obra qualificada é um dos desafios apontados por Paula Panarra
12
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
“EQUIPAS DIVERSAS”
PME Mag. – Como vê o papel das mulheres na liderança
e desenvolvimento das tecnológicas?
P. P. – Se calhar alargava mais o tema para vos dizer
que acredito que as empresas são mais bem sucedidas
quando têm as equipas mais diversas. Equipas diversas
significa diversidade em muitos aspetos: diversidade
de background, de experiência, de género, diversidade
etária. É muito importante que essa diversidade seja
conseguida, porque é daí que vão nascer as melhores
soluções dentro das empresas. Isso é garantidamente
válido nas tecnológicas, mas certamente é válido
em todas as empresas. Penso que há uma parte do
desenvolvimento da carreira das mulheres que passa,
também, por algumas escolhas individuais, mas outras
também por alguma educação social. Eu tenho três
filhas e acredito que a geração delas já vai, provavelmente,
ser diferente da minha geração, porque a sociedade
também evoluiu nesse sentido, de proporcionar
a igualdade de possibilidades e de oportunidades a
“As empresas são mais bem
sucedidas quando têm equipas
mais diversas"
nível da educação e é normalmente daí que nascem os
grandes movimentos sociais e de alteração social. Temos,
hoje, a sair da faculdade cada vez mais mulheres
e acredito que, no futuro, teremos cada vez mais mulheres
também em carreiras de gestão e no topo das
empresas, porque as empresas que têm maior diversidade
vão ser, certamente, sempre as empresas mais
bem sucedidas.
PME Mag. – Qual foi até hoje o seu maior desafio
como diretora-geral da Microsoft Portugal?
P. P. – O maior desafio é manter as equipas com a
energia, a paixão, e a entrega ao projeto Microsoft para
Portugal, esse é talvez o meu desafio de todos os dias,
porque ter a equipa connosco é a melhor forma de termos
os clientes e os parceiros junto de nós, a acreditar
que é possível, através da tecnologia, transformar o
país e tornar o país mais competitivo. É também o maior
privilégio que tenho, porque tenho uma equipa fantástica.
PME Mag. – Como conjuga a sua vida pessoal com a
profissional?
P. P. – Como lhe digo, tenho três filhas com faixas etárias
diferentes: a mais velha já tem 22 e a mais nova tem
13, com uma de 18 pelo meio, portanto há muitos anos
que faço gestão da vida pessoal com a vida profissional.
Passa por uma escolha pessoal: preciso das duas
para ser uma pessoa mais feliz e para mim é importante
o equilíbrio de uma e da outra. Não nego que isso
requer alguma disciplina. Acima de tudo, se tivermos
claro o que é importante para nós e as fronteiras que
estabelecemos entre uma coisa e outra é possível gerir
ambas.
Paula Panarra aponta diversidade como ponto forte das empresas
PME Mag. – Quais os planos da empresa para os
próximos anos?
P. P. – Os planos são de continuar a fazer, enquanto
empresa, um crescimento que vem, acima de tudo,
da introdução destas novas tecnologias de cloud, é
aí que vai assentar toda a nossa estratégia de crescimento.
Isso é possível à medida que formos ajudando
e conseguindo transformar, conjuntamente, o tecido
empresarial português e trabalhando em conjunto com
os nossos parceiros. A nossa plataforma de cloud é a
aposta do ponto de vista de negócio. Ela permite-nos
trabalhar junto de soluções de negócio e não apenas
junto de soluções no IT e esse é, talvez, o maior desafio
que temos enquanto organização: é termos a capacidade
de poder estar presentes em todas as conversas
que acontecem dentro de uma empresa para, através
da tecnologia, ajudarmos as empresas portuguesas a
serem empresas melhores.
13
figura de destaque
PAULA
Panarra
Há oito anos nos quadros da Microsoft Portugal,
Paula Panarra começou como diretora de Marketing,
com responsabilidades pelo mercado empresarial,
de consumo e digital, tendo como principais funções
o planeamento e a execução da comunicação com
clientes, parceiros e consumidores.
Ao fim de três anos, foi nomeada diretora de
Marketing e Operações, tendo a seu cargo a atividade
operacional e desenvolvimento do negócio e os
investimentos na área de marketing. Assumiu depois
a direção do Setor Público e, em dezembro de 2016,
foi nomeada diretora-geral da Microsoft Portugal,
depois de ocupar a posição interinamente durante
alguns meses.
Licenciada em Engenharia Química e Biotecnologia
pelo Instituto Superior Técnico, e com mais de 20
anos de experiência profissional, Paula Panarra
assumiu ao longo da sua carreira diversas funções
nas áreas financeira e de marketing, tendo passado
pela Procter & Gamble, onde esteve 15 anos e foi
responsável, primeiro, pela gestão financeira, e
depois pela gestão da comunicação e marketing
operacional da companhia em Portugal.
14
PT-BIO-03
Agricultura Portugal
CASOS DE SUCESSO
QUANDO DOIS PROJETOS
SE FUNDEM PARA O SUCESSO
Sendys Group emprega, atualmente, 140 pessoas
Ana Rita Justo
Sendys Group
A Sendys Group é o resultado de 35 anos de história: da Alidata, software house portuguesa mais antiga, e do
Sendys, produto que deriva da Capgemini. Um caso de sucesso português que o chairman, Fernando Amaral,
apresenta à PME Magazine.
Hoje é um só grupo, mas há 35 anos nasciam dois projetos
em Portugal completamente independentes: de
um lado a Alidata nascia em Leiria, sendo a software
house mais antiga do país, do outro a Prológica, onde
mais tarde nasceria o Sendys. A Sendys Group é, hoje,
uma consultora, o culminar de 35 anos de história e de
dois projetos de sucesso.
A Prológica enquanto empresa nasce em 1984, com
softwares mais ligados ao setor dos serviços, dando em
1991 lugar à Geslógica, que em 1997 é adquirida pela
multinacional Capgemini.
Fernando Amaral, atual chairman da Sendys Group, entra
para a Prológica enquanto estudava Direito, fazendo
um percurso que o fez chegar a senior manager da
Capgemini.
“Atingi um patamar em que achava que devia abrir a
minha própria empresa e, em 2009, fizemos o spin-off
da Sendys. Saímos na altura 13 pessoas.” Nesse lote de
pessoas encontrava-se também o irmão, Pedro Amaral,
um dos sócios do grupo.
Assim começa a aventura da Sendys enquanto projeto
independente. Mais tarde, em 2011, a Sendys adquire
a Alidata, complementando os seus produtos com o
software daquela empresa leiriense, mais destinado à
16
área da manutenção e indústria. Nasce, assim, o grupo
Sendys Alidata, em que 2016 virou Sendys Group.
Pelo caminho, o grupo adquiriu ainda a Masterstrategy,
com um software “para clientes que procuram uma solução
simples, mais direta, na nuvem, que não requeira
tanta manutenção”, explica Fernando Amaral.
“Temos uma visão de mercado diferente: enquanto os
outros players têm uma visão de um software que serve
todas as empresas, nós temos produtos diferentes
para áreas de negócio diferentes. Um cliente na área
da indústria tem requisitos muito diferentes dos processos
de um escritório de contabilidade”, advoga.
Só em 2018, o grupo faturou oito milhões de euros,
sendo 40% dessa faturação relativa ao mercado externo.
INTERNACIONALIZAÇÃO FOI “SIMPLES”
O spin-off da Sendys confunde-se com a internacionalização
da empresa, uma decisão estratégia que permitiu
à empresa crescer e alargar o espetro de atuação.
Os países africanos de expressão portuguesa, nomeadamente
Angola, Moçambique e Cabo Verde foram os
principais alvo, mas não só: o grupo tem escritório próprio
também em São Paulo (Brasil) e Macau.
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
A decisão de internacionalizar foi “simples“, diz o chairman,
pois já havia conhecimento dos mercados.
“Na altura em que saímos já tínhamos 20, 25 anos de
atividade, portanto, já tínhamos uma maturidade do
negócio”, explica, adiantando que em 2010 foi iniciado
um processo e “internacionalização mais sério”, mas
desde 2003 que a empresa tinha “frequência nos
PALOP”, principalmente devido ao acompanhamento
de outros clientes.
“Foi como se iniciássemos o caminho para a Índia, mas
previamente nos dessem um mapa de onde é que devíamos
passar.”
Grupo Sendys conta atualmente
com escritórios em Angola, Cabo
Verde, Moçambique, São Paulo
(Brasil) e Macau
Tanto em Portugal como no estrangeiro, continuam a
ser as pequenas e médias empresas os maiores clientes
do grupo. Ao todo, a empresa conta com “mais de
dez mil implementações” em clientes, refere o responsável.
miúdo diz com orgulho que até aos 35 anos sai de cada
dos pais e isso não é bom, nem é mau. É assim.”
O chairman recorda que, antigamente, “se se teve filhos,
uma hipoteca de uma casa para pagar, metade do
processo de retenção está feito”.
“Temos de criar uma envolvência diferente com as pessoas”,
defende Fernando Amaral.
Por isso, entre as políticas da empresa para gestão de
recursos humanos está a motivação e valorização dos
trabalhadores, a elaboração de planos individuais de
carreira, bem como outros benefícios, como a autonomia,
flexibilidade para gerir o horário de trabalho, a
possibilidade de levar os filhos para o trabalho sempre
que necessário, ou de trabalhar remotamente, a disponibilização
de fruta, o seguro de saúde, ou os dias extra
de férias.
“O ativo mais importante, hoje em dia, não são os
clientes, são os recursos e hoje é mais difícil encontrar
recursos capazes do que clientes. É um problema em
quase todas as áreas de negócio.”
UM SOFTWARE PARA TODOS
Uma das mais recentes novidades do grupo foi a criação
do Sendys Explorer, um software de gestão de
impressão que permite, entre outras coisas, saber os
consumos de impressão exatos de uma empresa, criar
perfis de impressão para trabalhadores, reduzindo assim
custos e o impacto ambiental da empresa. O desafio
foi lançado pela multinacional japonesa OKI, que
faz toda a assistência de primeira linha do produto, enquanto
o desenvolvimento e apoio de backoffice é feito
pela Sendys.
“No YouTube, há explicações sobre o software em russo,
italiano, até em português, feitas por técnicos locais,
não por pessoas nossas, o que nos deixa bastante
orgulhosos. Hoje, temos uma solução que é usada no
mundo inteiro”, enfatiza o chairman.
O apoio de backoffice é prestado pelo centro de desenvolvimento
da Sendys em Leiria.
GERIR A EQUIPA E DESCENTRALIZAR
Fazendo um balanço positivo destes 35 anos de atividade,
Fernando Amaral refere que, atualmente, o maior
desafio com que se depara é na gestão de recursos humanos.
Com uma equipa de 140 colaboradores para
gerir, o responsável considera que os “gestores têm de
se adaptar a uma nova fornada de recursos que está a
aparecer”.
“As pessoas, hoje, são da geração dos três ‘L’: tanto
trabalham em Leiria, como em Lisboa, como em Londres,
é muito diferente do que há 20 anos. Hoje, um
Fernando Amaral concluiu spin-off da Sendys em 2009
Por isso, nos planos de futuro do grupo está a consolidação
da operação em Portugal e além-fronteiras,
bem como uma aposta forte na valorização do interior.
Além do centro de desenvolvimento em Leiria, a Sendys
conta também com um centro de desenvolvimento
em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã, de
forma a ajudar o país na diminuição das desigualdades
territoriais, um esforço, refere o fundador, para “empurrar
equipas de desenvolvimento para o interior do
país”.
“A verdadeira qualidade de vida está no interior, não
está em Lisboa. Hoje, quem vive em Proença-a-Nova
está a hora e pouco de Lisboa e se calhar demora o
mesmo tempo do que alguém que vive em Cascais.” E
termina: “O difícil é fazer o clique”.
17
INVESTIMENTO
UM DOUTOR DEDICADO
ÀS FINANÇAS DE CADA UM
Denisse Sousa
Doutor Finanças
Começaram com cinco, em 2014, e em 2019 já são
90 os profissionais do Doutor Finanças, especializados
para cuidar da saúde financeira dos portugueses
e ajudar a fazer melhores escolhas que compensarão
no futuro.
Para Rui Bairradas, CEO Doutor Finanças, a necessidade
de abrir a própria empresa surgiu pouco após uma
reunião com a vereadora da Câmara Municipal de Cascais.
Havia a necessidade de criar um projeto que chegasse
às pessoas de forma fácil. Daí surge o Doutor Finanças.
“Porque não ligar a área da saúde à área financeira? Na
verdade, todos nós somos um bocadinho médicos.
Aconselhamos alguém se tiver uma dor de cabeça,
para tomar um Aspegic ou Ben-u-ron. Achámos que
isso seria um grande desbloqueador se utilizássemos
na área financeira termos de medicina que as pessoas
estivessem mais habituadas a usar e foi um sucesso”,
começa por explicar Rui Bairradas.
Noventa por cento do trabalho é totalmente dedicado
a pessoas particulares. Para as empresas, o Doutor Finanças
chega aos colaboradores através de workshops
para ajudá-los a ter uma vida financeira mais saudável.
“TIRÁMOS A GRAVATA E COLOCÁMOS A BATA”
O Doutor Finanças está para as nossas finanças como
um médico de família está para a nossa saúde. Aliás,
segue exatamente os mesmos passos na identificação
de um problema: um check-up, um diagnóstico, uma
prescrição e um tratamento.
“Quisemos ter uma relação mais próxima com as pessoas.
Estamos muito habituados, na área financeira,
às empresas esconderem-se e nós desde a primeira
hora que demos a cara. Tirámos a gravata e colocámos
a bata para ficarmos mais próximos das pessoas”, explica
o CEO.
Parte desta relação próxima vem da criação de artigos
para os mais variados meios. Além disso, recebem
mais de quatro mil pedidos de ajuda por mês nas várias
áreas das finanças pessoais.
18
Rui Bairradas criou a empresa em 2014
Segundo Rui Bairradas, em média uma família tem sete
créditos: “Parece um número assustador, mas quando
abrimos as carteiras as pessoas esquecem-se que
têm cartões do IKEA, da FNAC, da Norauto, do Jumbo
e, apesar de associarmos estes cartões a descontos,
rapidamente se podem tornar num crédito”.
“Em média uma família
tem sete créditos”
No Doutor Finanças, tratam do crédito habitação, tanto
para quem está a comprar uma casa e precisa de ajuda
na escolha do melhor banco, como para quem já tem
crédito habitação e não sabe que pode melhorá-lo.
Também ajudam a identificar um banco que ofereça
melhores condições e assim melhorar a vida financeira
das famílias. Operam também na parte do crédito pessoal
e crédito consolidado.
SAÚDE FINANCEIRA STEP BY STEP
Quando se vai a uma consulta, seja de saúde seja de
finanças, o primeiro passo é fazer um check-up e tentar
perceber o que é que a pessoa ou família tem. Mesmo
que a pessoa não saiba, com dois documentos é fácil
chegar a uma conclusão.
“Pedimos dois documentos: o mapa de responsabilidade
de crédito do Banco de Portugal, que é um documento
acessível online e mostra-nos o que é que
aquela pessoa tem atualmente junto dos bancos e financeiras.
Depois, pedimos o IRS, que nos permite
perceber quais os rendimentos que a pessoa tem e o
agregado, de modo a ver como podemos ajudar. Com
base nesses dois documentos vamos diagnosticar, ver
o que é que tem, quanto é que paga e ver se conseguimos
melhorar.”
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
melhorar nas mais variadas vertentes – bancos, financeiras,
seguros, telecomunicações, despesas.
O maior erro das pessoas, diz, é não saberem quanto
dinheiro têm e isso dá origem a erros que poderiam ser
facilmente corrigíveis com alguma análise.
Ao fazer este exercício de um orçamento e identificar
aquilo que é gasto para a seguir tentar melhorar pode
ficar com um rendimento disponível entre 30 a 40%.
“Não há aumento nenhum que nenhum patrão me dê
anualmente que seja destes valores. Não preciso de
ganhar nem mais um euro. Só olhando para aquilo que
já tenho consigo melhorias entre 30 a 40%.”
“Não há aumento nenhum
que nenhum patrão me dê
anualmente que seja
destes valores”
Feito o check-up, é necessário avançar com o diagnóstico
e uma prescrição para melhorar o mais rapidamente
possível.
"Por exemplo, no diagnóstico chegamos à conclusão
de que a pessoa ou família está a pagar muito de
casa. Na prescrição, se calhar transferimos a casa,
caso a avaliação permita, vamos liquidar estes dois
créditos pessoais no cartão de crédito e vai baixar 40%
do valor das prestações. Depois, nós próprios tratamos
do processo daquela pessoa ou agregado do princípio
ao fim.”
“Há coisas ridículas, como descobrir que pago o seguro
de um carro que já não tenho. É urgente e eu tenho que
saber. Nós desvalorizamos o dinheiro, trabalho um mês
e no fim recebo um salário, que no fim desvalorizo porque
não sei para onde foi esse dinheiro", alerta.
“Também temos que conseguir deixar a vergonha de
lado. Não falamos com amigos sobre o dinheiro, escondemos
dos nossos familiares, chega a ser um tabu.
Deveria ser um tema como o futebol. O dinheiro devia
ser uma coisa positiva. Uma coisa que nos ajuda a ter
melhor qualidade de vida e não uma coisa má”, remata.
A vantagem de recorrer ao Doutor Finanças para qualquer
operação financeira ou bancária é que, contrariamente
ao mais comum dos mortais que se vê fora da
linguagem e condições dos bancos e financeiras, o
Doutor Finanças detém do poder negocial e experiência.
COMO CUIDAR DAS NOSSAS FINANÇAS?
“É importante saber onde é que estou, como é que estou.
Depois, é importante as pessoas responderem à
pergunta: ‘Para onde foi o meu dinheiro?’. Eu vou ao
multibanco e levanto 20 euros e pergunto: ‘Mas que
raio, para onde foi o meu dinheiro?’. Por isso, é urgente
tomarmos conta das nossas próprias finanças”, alerta
Rui Bairradas.
Segundo o CEO, há sempre a necessidade de fazer um
orçamento. Perceber quanto se ganha e onde foi gasto
é o essencial para uma boa saúde financeira. Depois de
perceber o que se tem, há que ver o que se consegue
Doutor Finanças ajuda pessoas na sua saúde financeira
19
INVESTIMENTO
RGPD E AS RELAÇÕES LABORAIS:
UMA RELAÇÃO (DES)COMPLICADA?
Sandra Laranjeiro dos Santos, João Costa e Rita Guerra, LS Advogados
LS Advogados
O início da aplicação do RGPD gerou uma grande agitação
no tecido empresarial português, por força da
consagração de um novo conjunto de obrigações sancionadas
por um quadro contraordenacional severo, o
qual, no limite, pode chegar a 4% do volume de negócios
anual considerado a nível mundial ou 20 milhões
de euros, consoante o valor que for superior. Desta
forma, a compliance do RGPD tornou-se uma preocupação
central para as empresas. Destacamos, por isso,
alguns aspetos que devem nortear quem lida com estes
assuntos diariamente.
Uma das principais novidades introduzidas pelo RGPD
foi o abandono de um paradigma de controlo a priori,
mediante a emissão de autorizações de tratamento
por parte da CNPD, e a passagem para um modelo
que coloca ónus na accountability das empresas
responsáveis por tratamentos de dados, as quais devem
manter os registos organizados. Isto implica, inter alia,
uma análise escrupulosa dos fundamentos de licitude
(o consentimento, o cumprimento de obrigações
legais, a execução de contrato, o interesse legítimo do
responsável pelo tratamento, e demais fundamentos
previstos no RGPD) e das finalidades do tratamento.
Relativamente ao consentimento, o RGPD determina
que este deve ser explícito e específico – podendo ser
retirado a todo o tempo sem que tal invalide a licitude
do tratamento com base no consentimento previamente
prestado –, o que implica um especial cuidado na
redação de cláusulas opt-in/opt-out.
“A compliance do RGPD
tornou-se uma preocupação
central para as empresas"
O princípio da transparência implica o cumprimento
de um conjunto de deveres de informação por parte
dos responsáveis pelo tratamento de dados pessoais
quer estes sejam recolhidos junto do titular ou não (por
exemplo, informar o titular sobre os contactos do Encarregado
da Proteção de Dados, informar o titular sobre
os fundamentos de licitude do tratamento, informar
o titular sobre os direitos de que dispõe, entre muitos
outros).
O RGPD veio, também, reforçar os direitos dos titulares
dos dados, como sendo o direito à informação, o
Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados
direito de acesso, o direito à oposição ao tratamento,
o direito à portabilidade dos dados, o direito à retificação,
o direito ao apagamento e o direito à limitação do
tratamento.
A nomeação de um Encarregado da Proteção de Dados
é obrigatória para as entidades públicas e para as entidades
privadas que tratem dados em grande escala ou
dados sensíveis, e deve ser comunicada à CNPD. Em
matéria de deveres de comunicação à CNPD, acrescenta-se,
ainda, os casos em que ocorre um incidente
de proteção de dados (data breach), o qual deve ser
comunicado no prazo de 72 horas após o conhecimento.
O não cumprimento deste dever constitui igualmente
a mais grave das infrações ao RGPD.
20
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
Justamente para evitar incidentes de violação de proteção
dados, as empresas devem adotar medidas técnicas,
organizativas e de segurança adequadas, respeitando
as exigências de privacy by design e by default.
Ademais, certos tipos de tratamento que impliquem um
elevado risco para os direitos e liberdades das pessoas
singulares (por exemplo, a introdução de uma nova
tecnologia) poderão estar sujeitos a avaliação de impacto
de proteção de dados (data protection impact assessment).
“A nomeação de um Encarregado
da Proteção de Dados é obrigatória
para as entidades públicas
e para as privadas que tratam
dados em grande escala ou dados
sensíveis”
Por fim, um programa de compliance do RGPD deve ter
por referência a interpretação das disposições aplicáveis
plasmada nos acórdãos do TJUE, nas diretrizes e
nos pareceres do Comité Europeu para a Proteção de
Dados e da CNPD, bem como – quando necessário –
de outras autoridades de controlo europeias. Deverão,
“As empresas devem adotar
medidas técnicas, organizativas
e de segurança adequadas,
respeitando as exigências
de privacy by design e by default”
também, ser tidos em conta, quando aplicáveis, os códigos
de conduta e as certificações.
É, ainda, fundamental não descurar todo o arsenal de
legislação especial aplicado a cada setor económico
(por exemplo, o regime do exercício da atividade de
segurança privada 1 , o regime da privacidade no setor
das comunicações eletrónicas 2 , entre muitos outros),
que estabelece regras e obrigações específicas.
1 Lei n.º 34/2013, de 16 de maio.;
2 Lei n.º 41/2004, de 18 de agosto.
// o que fazer
Obrigações
das Entidades:
Identificação de quem recolheu
os dados;
Identificação do meio de recolha
dos dados;
Dados do Encarregado de Proteção
de Dados (se existir);
Identificação da finalidade da recolha
(ex: gestão de processamento de
salários, gestão de sanções disciplinares,
controlo de assiduidade, gestão de
clientes, marketing, gravação de chamadas
na relação contratual, gestão de
processos clínicos, gestão de crédito e
solvabilidade);
Identificação de qual o mecanismo
de proteção de dados usado.
Direitos
dos Utilizadores:
Tem de dar autorização expressa
à recolha;
Tem de saber quais os meios e finalidades
da recolha;
Tem de ter contacto para exercer
o direito de informação/oposição/esquecimento;
Identificação da finalidade da recolha
(ex: gestão de processamento de
salários, gestão de sanções disciplinares,
controlo de assiduidade, gestão de
clientes, marketing, gravação de chamadas
na relação contratual, gestão de
processos clínicos, gestão de crédito e
solvabilidade);
Identificação de qual o mecanismo
de proteção de dados usado.
21
INTERNACIONAL
CINCO MILHAS DE NEGÓCIOS EM PORTUGUÊS
Denisse Sousa
Five Thousand Miles
Pedro Hipólito é o CEO da Five Thousand Miles,
empresa portuguesa que gere e cria oportunidades de
negócio no continente africano. Nascido em Maputo,
este empresário vê naquele continente um mundo de
oportunidades para empresas que procuram alcançar
o potencial da internacionalização e chegar mais longe.
A distância que separa Maputo de Lisboa são exatamente
cinco mil milhas. A distância que Pedro Hipólito
percorreu na viagem que fez daquele país africano para
Portugal em criança e é essa mesma distância que,
hoje, enquanto empresário, procura diminuir através
do desenvolvimento de relações empresariais entre
continentes. Desta forma procura melhorar a vida de
milhões de pessoas e facilitar negócios intercontinentais
nas mais diversas áreas.
Com quase 40 colaboradores, a Five Thousand Miles
tem escritórios em Lisboa, Lagos, na Nigéria, e Durban,
na África do Sul. Além dos escritórios e equipa local,
operam também noutros países africanos como Angola,
Argélia, Camarões, Chade, Congo, Gana, Moçambique
e Somália.
“Temos também celebrado vários negócios com empresas
brasileiras e planeamos abrir uma empresa subsidiária
no Brasil ainda no primeiro trimestre de 2019”,
acrescenta o CEO.
A Five Thousand Miles ajuda os empresários a ultrapassar
os desafios da internacionalização inerentes a
apostar num mercado onde muitas vezes não são conhecidos.
Fá-lo através do know-how de parceiros locais,
organizados em cada segmento de mercado para
apoiar as empresas a compreender a forma como a
economia do país está organizada, qual a melhor forma
de abordagem e com quem falar. Tudo isto é acompanhado
de um processo de validação contínuo de contactos
para que os parceiros se reúnam com as pessoas
mais alinhadas com aquilo que pretendem.
“Um dos principais obstáculos que um exportador enfrenta
num novo mercado é que ninguém o conhece. É
preciso estabelecer relações de confiança e criar reputação.
A Five Thousand Miles já tem estes ativos nos
mercados onde está presente e empresta capital de relação
e reputação à empresa parceira”, explica Pedro
Hipólito.
Num balanço inicial, as empresas que já trabalharam a
sua internacionalização em África com a Five Thousand
22
Miles investiram cerca de dois milhões de euros. Mas
como provar às restantes empresas que África é o mercado
perfeito para se investir?
DAS PME ÀS MULTINACIONAIS
Falemos de números: segundo o "Five Thousand Miles
Africa Ranking" de 2018, o continente africano cresceu
mais rapidamente do que a Europa, América do Norte
ou América do Sul. As duas economias que mais cresceram
no mundo foram de dois países africanos, Etiópia
e Costa do Marfim, com crescimento estimado de
7,5% e 7,4% respetivamente. Com crescimento entre
6,7% e 7,2%, Ruanda, Senegal e Djibouti fazem parte
do top 10 de economias com maior crescimento a nível
mundial.
Em 2018, a maioria dos países melhorou o índice de
facilidade de fazer negócio, segundo o relatório do
Banco Mundial, especialmente a Nigéria, Maurícias
e Malawi, subindo mais de 20 lugares no ranking. Em
comparação com 2017, o número de países com maior
nível de transparência subiu de 11 para 16, com Cabo
Verde, Egito, Maurícias, Marrocos, África do Sul, Tunísia
e Uganda com melhores níveis de transparência.
“A população africana é já de 1.216 mil milhões de
pessoas e é a população que cresce mais depressa no
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
“A fase inicial de prospeção de mercado pode ser feita
com cerca de 50 mil euros. A partir daqui, depende
muito do setor económico e do plano industrial de cada
empresa, mas o volume de negócios que for sendo gerado
pode em parte ser reinvestido no mercado para
crescer.”
UM RETRATO DE ÁFRICA
Em 2018, a empresa lançou a mais recente edição do
"Five Thousand Miles Africa Ranking", relatório criado
em 2016. Com base em sete indicadores relevantes –
população, PIB nominal, taxa do crescimento do PIB,
PIB per capita, balança corrente do país, reservas cambiais
internacionais e o ranking anual de Facilidade de
Negócio do Banco Mundial – este relatório empresarial
pretende traçar o retrato sobre o potencial de negócios
em cada um dos 54 países africanos.
A empresa desenvolveu também um indicador interno,
o Índice de Transparência, que tem em conta a disponibilidade
dos dados locais de cada país e respetivas
atualizações.
“Fomos fazendo este exercício duas vezes por ano e
desenvolvendo a nossa metodologia de análise e comparação
de mercados. Este ano concluímos que este
conhecimento é útil para um leque muito alargado de
instituições e empresas, pelo que decidimos partilhar
gratuitamente com aqueles que se interessam por África”,
explica Pedro Hipólito.
FiveThousandMiles tem escritórios em Lisboa, Lagos e Durban
mundo. Os factos falam por si”, reitera Pedro Hipólito.
Na Five Thousand Miles, as parcerias celebradas vão
desde PME que faturam um milhão de euros por ano
a grandes empresas que chegam aos 500 milhões de
faturação. Para o CEO, a dimensão da empresa não é
determinante para o sucesso da operação.
Tomando em consideração os oito elementos indicados,
a Five Thousand Miles construiu um índice com
100 pontos. Neste sistema, os pontos são calculados
em diferença com o valor mais baixo, dividido pela máxima
diferença (entre o valor mais alto e mais baixo),
dando os espetros de 0 a 100 pontos.
“É a atitude da gestão que faz a diferença. Uma atitude
de andar para a frente, com tolerância ao risco e personalidade
positiva é determinante no sucesso de uma
operação de crescimento empresarial.”
“As empresas que já trabalharam
a sua internacionalização
em África com a Five Thousand
Miles investiram cerca
de dois milhões de euros”
A empresa detém projetos nas áreas de tecnologias de
informação, alimentar e industrial, mas trabalha com
todos os setores económicos e o investimento pode
rondar os 50 mil euros. A maioria dos processos de internacionalização
são executados entre seis a 18 meses.
Pedro Hipólito, CEO da Five Thousand Miles
A pontuação final de cada país é a soma de todos os
pontos em todos os setores do índice. O ranking toma
também em consideração os valores publicados pelo
Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e o
World Factbook da CIA.
23
AMBIENTE
AS TROTINETAS VIERAM PARA FICAR
Ana Rita Justo
Divulgação
Um movimento que começou em Lisboa e, passo a
passo, começa a espalhar-se pelo país. As trotinetas
elétricas partilhadas estão na moda e vieram
para ficar. Falámos com algumas das operadoras
do meio para perceber melhor este novo desafio
da mobilidade.
Começa a tornar-se um hábito ver
pessoas a fazer pequenos percursos
de trotineta elétrica, principalmente
em cidades como Lisboa. A mobilidade
é uma preocupação cada vez
maior das populações, fazê-lo no
menor tempo possível e de uma forma
mais verde também. Assim surgem
movimentos como os das bicicletas
partilhadas e, mais recentemente,
das trotinetas. Uma moda que veio
para ficar.
A forma de funcionamento é transversal:
basta descarregar uma das
aplicações para o smartphone, fazer
o registo, localizar o aparelho, desbloqueá-lo
e começar a andar. A facilidade
e rapidez de utilização são
vistas como grandes vantagens no
uso deste inovador meio de transporte,
nunca esquecendo a vertente
ambiental.
Lime já regista mais de 53 mil utilizadores
A norte-americana Lime foi uma das
primeiras empresas de trotinetas
partilhadas a implementar-se em
Portugal, neste caso em Lisboa, em
outubro do ano passado, com o objetivo
de “melhorar a estratégia de mobilidade”
da cidade, diz-nos Luís Pinto,
diretor de expansão em Portugal.
24
Hive já conta com 120 mil quilómetros percorridos
“Escolhemos Lisboa pela sua visão
inovadora relativamente à mobilidade
urbana, alterações climáticas
e questões ambientais”, sublinha.
A Lime já regista mais de 53 mil
utilizadores em Lisboa e, recentemente,
chegou a Coimbra,
mostrando que não só na capital
é possível promover movimentos
ecológicos e sustentáveis.
Apesar de não divulgar números,
Luís Pinto refere que a Lime “já
está a gerar receita” e que está focada
em “ter uma oferta adequada
à estratégia urbana de cada cidade”
em que opera, disponibilizando
“trotinetas nas melhores condições
e nos locais mais acessíveis”.
UM MOVIMENTO
PARA FICAR
Também a Bungo esteve entre as
primeiras empresas a começar a
operar em Lisboa, contando com
100 trotinetas na capital.
Uma das vantagens, diz-nos João
Pedro Cândido, um dos fundadores
da Bungo, é a “possibilidade
de pagar por multibanco”, quando
na maioria dos casos é necessário
cartão de crédito para usar este
tipo de serviços.
“As trotinetas sem doca são um
meio que veio para ficar. No começo
há grandes desafios, mas
à medida que estes forem sendo
vencidos, a solução torna-se cada
vez mais atraente”, advoga.
Nos planos desta marca está o objetivo
de “tornar-se uma referência
do mercado português”, estando
prevista a chegada a outras cidades
do país.
Bungo conta com 100 bicicletas em Lisboa
HIVE A CRESCER
Já a Hive entrou no mercado português
à boleia da myTaxy e passou,
recentemente, a ser um serviço independente.
“Fazia todo o sentido independentizarmo-nos,
criarmos uma equipa
própria, para dar seguimento a todo
o crescimento que se prevê para
a marca, não só a nível nacional,
como também internacional”, considera
Thiago Ibrahim, responsável
pela expansão da Hive em Portugal.
Com a frota em crescendo, apesar
de não revelar o número de trotinetas
em Lisboa, o responsável adianta
que “já foram realizados mais de
120 mil quilómetros desde o lançamento”
do serviço na capital, “o que
equivale a três voltas à terra”.
Para Thiago Ibrahim, “todos os serviços
que melhoram a vida dos cidadãos
e a dinâmica nas cidades são
rentáveis, porque são soluções para
o futuro”.
SUSTENTABILIDADE
Também a startup sueca VOI está já
presente em mais do que uma cidade
em Portugal. Depois de Lisboa,
foi a vez de Faro conhecer estas trotinetas
partilhadas, estando a marca
em “plena fase de expansão”, assegura
Frederico Venâncio, diretor-
-geral da VOI para Portugal.
“Contamos já com vários milhares
de utilizadores inscritos na plataforma
e temos vindo sempre a registar
um aumento semanal do número de
viagens realizadas”, salienta.
Para o responsável, “Lisboa e Faro
são exemplos claros desta viragem
para uma mobilidade mais verde e,
afinal, mais eficiente”.
Recentemente, a VOI fechou uma
ronda de investimento de 50 milhões
de dólares para pôr em marcha
o “ambicioso plano de expansão”
previsto para este ano.
CIDADANIA PRIMEIRO
Apesar das vantagens claras, muitas
têm sido as queixas sobre alguma
má utilização das trotinetas partilhadas.
Os entrevistados asseguram estarem
a trabalhar em colaboração
com as entidades locais no sentido
de sensibilizarem a população para
o bom uso dos equipamentos, tendo
inclusivamente nas ruas equipas
próprias para recolha e para ajudar
os utilizadores com esta nova realidade.
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
BICICLETAS TAMBÉM GANHAM TERRENO
Não só as trotinetas elétricas
estão a despertar a atenção
pelas cidades. Também as bicicletas
partilhadas são já uma
realidade.
Em Lisboa, a Gira, iniciativa de
bicicletas partilhadas da Empresa
Municipal de Mobilidade
e Estacionamento (EMEL),
oferece bicicletas clássicas e
elétricas por toda a cidade, de
segunda a domingo, entre as
6h00 e as 2h00 da manhã.
Recentemente, também a Uber
lançou o seu serviço de bicicletas
partilhadas, as Jump. Estas
são apenas elétricas e estão
disponíveis para utilização 24
horas por dia.
Em Loulé, uma rede de bicicletas
partilhadas está para breve.
Agora, é só pedalar.
“As cidades portuguesas têm feito um esforço visível para
se tornarem mais sustentáveis e reduzirem ativamente a utilização
do veículo privado. Este esforço traduz-se na rápida
aceitação de soluções de mobilidade leve.”
Frederico Venâncio | Diretor-geral da VOI
“A trotineta é um ótimo meio de transporte para pequenas
viagens, centenas de usuários já contam com o nosso serviço
diariamente para ir e voltar do trabalho. Percurso que
antes era feito de carro ou a pé.”
João Pedro Cândido | Fundador do Bungo
Jump já circulam por Lisboa
“Lisboa é uma ótima cidade para implementar soluções
inteligentes de mobilidade, visto ser uma das mais internacionais,
diversificadas e atrativas na Europa e estar a mudar
rapidamente.”
Luís Pinto | Diretor de expansão da Lime em Portugal
VOI já está em Lisboa e em Faro
“Surgimos numa era em que a transformação digital está
patente nas novas gerações. Faz parte dos seus dias, das
suas vidas, ao mesmo tempo que os jovens valorizam cada
vez menos a posse de bens.”
Thiago Ibrahim | Diretor de expansão da Hive em Portugal
25
RESPONSABILIDADE SOCIAL
A NOVA ESCOLA DE PROGRAMAÇÃO EM LISBOA
COM APOSTA NO FEMININO
Denisse Sousa
Wild Code School
A Wild Code School, projeto que nasceu nos arredores
em Laloupe, França, e que se tornou numa rede
europeia de escolas, chega a Lisboa com um curso
de Web Development e oferece cinco bolsas de estudo
a mulheres.
A Wild Code School nasceu em 2014 pela mão da CEO,
Anna Stépanoff, professora universitária, que percebeu
que o ensino não estava preparado para as exigências
do mercado de trabalho na área das tecnologias. Em
conjunto com Romain Coeur, criou uma escola em Lalupe,
França, e desde então tornou-se numa das principais
escolas de código em França com 14 unidades e
mais de 900 alunos.
Após o crescimento em França, esta escola de código
chega agora a Lisboa com uma oferta diferenciadora
através de um curso de Web Development especificamente
desenhado para mulheres. A razão desta iniciativa
deve-se ao facto de a escola procurar contrariar a
tendência da predominância masculina nesta área.
Wild Code School tornou-se numa
das principais escolas de código
em França com 14 unidades
e mais de 900 alunos
“Temos cerca de 25% de estudantes do sexo feminino
nas nossas escolas e, sabendo que é muito pouco, quisemos
fazer um investimento para alterar esta tendência
nas novas escolas da Europa”, explica Ana Sofia Martins,
gestora do campus de Lisboa da Wild Code School.
26
A Wild School detém o curso mais longo de Web Development em Portugal
As candidatas a bolsa para o curso de Web
Development foram selecionadas com base num teste
técnico feito online, finalizando numa entrevista presencial.
Para Sofia Rocha, engenheira civil de 29 anos,
todo o processo para fazer parte da Wild Code School
decorreu rapidamente.
Wild Code School nasceu em 2014 pela mão da CEO, Anna Stépanoff
“Fiquei a adorar o conceito da escola, desde ser um curso
de cinco meses, cheio de workshops, ao facto de o último
projeto ser algo no mundo real de trabalho”, disse
à PME Magazine.
Após o teste inicial, teve uma pequena entrevista com
um dos professores em França, onde pôde colocar em
prática os conhecimentos adquiridos. Daí até obter o
“sim” de aquisição de bolsa e aceitação na escola foi um
passo.
“No fundo, este curso é uma forma de explorar outras
possibilidades e de alargar as minhas competências
profissionais”, acrescenta Raquel Moreira, jornalista de
22 anos que também recebeu a bolsa.
Candidaturas a bolsa para o curso de
Web Development foram selecionadas
com base num teste técnico feito
online
"A entrevista foi uma espécie de teste ao raciocínio lógico.
Com este curso, espero perceber se este pode ser
um caminho para mim. Esta é uma área exigente e que
nada tem a ver com o que tenho feito até hoje. É, portanto,
um verdadeiro desafio”, conclui.
“O nosso curso dura cinco meses e é muito focado no
verdadeiro ambiente de trabalho. Os nossos alunos têm
três projetos e o último é sempre um projeto real com
empresas. Neste, os alunos fazem reuniões de status
semanais e entregam no final um protótipo à empresa.
Fica no portfeólio deles, mas pertence à empresa parceira”,
reitera Ana Sofia Martins.
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
Além disso, a Wild Code School permite um sistema de
aprendizagem por método combinado, onde os alunos
podem fazer o curso de Web Development num programa
intensivo de 40 horas semanais ou em regime pós-
-laboral, em 10 meses.
A Wild Code School detém, atualmente, o curso mais
longo de Web Development em Portugal com mais ênfase
em soft skills. Aqui, os alunos têm acesso à transição
necessária da antiga profissão para aquilo que é realmente
o mercado tech, desde simulações de reuniões,
simulações de entrevistas e têm semanalmente convidados
para falar com os alunos, sejam eles recrutadores
da área tecnológica ou de recursos humanos.
UMA ESCOLA FRANCESA
A NÍVEL EUROPEU
Implementar uma escola desta envergadura num outro
país teve os seus custos. Além do investimento em bolsas
de estudo, investiu-se ainda na aquisição do espaço,
constituição da empresa e todos os custos burocráticos
associados, num total de 25 mil euros.
À semelhança do que fizeram em França, procuram abrir
escolas em zonas que mais precisam em Portugal e ajudar
pessoas de cidades mais pequenas a conseguirem
melhores perspetivas de trabalho.
“Demorámos muito tempo a abrir em Paris por uma questão
estratégica. Queríamos contribuir para o desenvolvimento
de cidades mais pequenas e ajudar a construir o
mercado tecnológico e a integração de pessoas desempregadas
do interior”, explica Ana Sofia Martins.
Ana Sofia Martins, gestora do campus de Lisboa da Wild Code School
Com mais de 1000 developers formados, em França a
Wild Code School está em Paris, Biarritz, Bordéus, Lalupe,
Lile, Lyon, Marselha, Nantes, Orleans, Reims, Estrasburgo,
Toulouse e Tours. Na Europa, já está em Bruxelas,
Madrid, Berlim e Lisboa, pretendendo iniciar em
setembro em Londres e Bucareste.
Wild Code School permite
aos alunos poderem fazer o curso
de Web Development num programa
intensivo de 40 horas semanais
ou em regime pós-laboral,
em 10 meses
“Iremos abrir até 2020 mais escolas pela Europa com o
objetivo dos alunos que começarem o curso em Lisboa
poderem terminar o último mês do projeto noutras cidades
em ambientes multiculturais. Afinal, a rede é europeia.”
Como em França, procura abrir escolas em zonas que mais precisam em Portugal
Recentemente, a Wild Code School assinou uma parceria
com a Siemens, a fim de garantir que no fim do curso
os alunos têm estágios com integração em projetos diretos
internos e externos à empresa.
27
empreendedorismo
LUSITAN: MOBILIÁRIO CONFORTÁVEL
COM ALMA PORTUGUESA
Denisse Sousa
Lusitan Furniture
A Lusitan Furniture nasceu da mente de João Miguel
Rodrigues, como parte do projeto de mestrado em
Design, em 2014. Apaixonado pelo design de mobiliário,
viu aqui a oportunidade de juntar o seu gosto
pessoal ao potencial para criar o seu próprio negócio.
Apesar de ser uma marca nova, aproveita todas
as oportunidades para criar o seu espaço no mercado
mobiliário português.
O projeto Lusitan Furniture começou a ser pensado enquanto
João Miguel Rodrigues estava no seu mestrado
em Design. O design de mobiliário sempre foi do seu
interesse, por isso, conjugar um gosto pessoal com a
possibilidade de ter o seu próprio negócio tornou-se
na oportunidade perfeita. Após alguma experiência na
área, trabalhando com várias empresas do setor, surgiu
em 2018 a janela de oportunidade para avançar
com um projeto de autor, fruto do seu instinto.
Com um investimento a rondar os cinco mil euros, a
Lusitan Furtunite quer-se confortável, duradoura,
com qualidade dos materiais e um design inovador.
O feedback positivo tem servido de motivação para
investir ainda mais a fundo. A vontade de criar um projeto
singular que possa contribuir para a proliferação do
bom design em Portugal é o que o move. Acredita que
Portugal tem ótimas capacidades no que toca ao design
para o mercado internacional, apesar das dificuldades.
João Rodrigues, fundador da Lusitan Furniture
“Somos extremamente competentes e, acima de tudo,
penso que esta geração já está a trabalhar para mudar
o rumo do país na próxima década”, explica o fundador.
“No entanto, os ordenados que se ainda praticam a
nível nacional nas empresas incentivam os bons profissionais
a irem lá para fora, ou então a criarem o seu
próprio posto de trabalho, o que até pode ser bom no
incentivo da criação de novas empresas”, contrapõe.
28
Estúdio da Lusitan Furtuniture, em Ovar
Passar algo imaterial para algo concreto tem os seus
entraves e João Rodrigues rapidamente percebeu que
trazer a Lusitan Furniture para o plano real não seria
possível sem os seus desafios.
“Tive que fazer mil e um protótipos até chegar à forma
final e ao conforto desejado. Foram muitas noites acordadas
a desenhar e fins de semana a cortar madeira na
garagem com ferramentas elétricas simples”, explica o
criador.
A INSPIRAÇÃO QUE O LEVA MAIS LONGE
Considera-se um jovem perfecionista que nunca está
satisfeito com um primeiro resultado. Para isso, conta
com os melhores parceiros que o ajudaram a resolver
problemas técnicos nos primeiros protótipos e com
quem continua a trabalhar para melhorar as peças. As
mesmas, por serem peças artesanais, demoram entre
três a cinco semanas a serem totalmente produzidas.
A inspiração, essa, vem de todos os lados, em
particular de blogues de design ou arquitetura, como
Leibal.com ou Dezeen.com, mas principalmente do
trabalho inovador de Dieter Rams, o mesmo cujo design
inspirou os produtos da Apple.
“Desde criança que gostava da forma do origami e isso
também foi uma influência chave no meu tipo de desenho.
No entanto, baseio-me num trabalho em particular,
no “pai” do design industrial, um senhor não muito
conhecido pela maioria das pessoas, mas que influenciou
muito esta área a nível mundial, o Dieter Rams.”
De momento trabalha com a marca britânica Camira
Fabrics, cujos tecidos de qualidade e certificados servem
como base para a inspiração.
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
Para o futuro, João Rodrigues espera continuar a
desenvolver a ideia e levar a Lusitan Furniture muito
mais longe, ao mesmo tempo que trabalha no estúdio
de design em nome próprio, o RS.
“Somos uma pequena empresa “de garagem”, mas com
muitos sonhos, vontade de trabalhar e ter sucesso. E,
acima de tudo, crescer de forma sustentada, sempre
oferecendo um ótimo produto ao cliente. Para já, o
nosso foco é Portugal, mas sabemos que a internacionalização
é fundamental e inevitável a curto prazo nesta
área, pelo que estamos abertos a colaborações com
estúdios de arquitetura e lojas de decoração no espaço
europeu.”
“Nesta fase estou a trabalhar com dois tipos de tecidos,
o tecido “Blazer” em lã 100% virgem, dando um aspeto
mais rugoso e sólido à peça, sendo no entanto bastante
acolhedor e confortável; e o tecido “Era” em poliéster,
mais suave e duradouro, virado para a vertente de hotelaria,”
explica.
"Somos competentes, e penso que
esta geração já está a trabalhar para
mudar o rumo do país"
A inspiração vem em particular de blogues de design ou arquitetura
Acredita que se diferencia pelo seu estilo minimalista,
pelos materiais que usa e pelo conforto inesperado das
peças. Segue à risca a velha máxima de Miles van der
Rohe: “Menos é mais”.
“Felizmente, já existem algumas marcas de norte a sul
do país que seguem estas boas práticas de design amplamente
defendidas na Escandinávia e no Japão. Na
Lusitan Furniture, somos diferentes. Acreditamos nas
boas práticas do design, no conforto, na durabilidade
do produto, na qualidade dos materiais e, finalmente,
no desenho inovador.”
As suas almofadas “Alma Mater” estão à venda apenas
online e as mesas de canto “Trindade” estarão a partir
de junho em lojas. “Já temos mais algumas ideias, e
poderemos, entretanto, lançar mais produtos na área
do homewear”, adianta.
UM FUTURO PELA FRENTE
Para já, as suas peças ainda só estão disponíveis na
região Norte, no entanto, João Rodrigues está de momento
à procura de lojas a Sul que estejam interessadas
em colaborar com a Lusitan Furniture.
Mesa de canto "Trindade", da Lusitan Furniture
29
empreendedorismo
JOIAS PORTUGUESAS CONQUISTAM O MUNDO
Ana Rita Justo
Cinco Store
Uma brincadeira enquanto blogger tornou-se num
negócio. Li Furtado, heterónimo online de Cátia
Furtado, 36 anos, dá vinda à Cinco Store, uma marca
portuguesa de joias minimalistas feitas à mão em
prata esterlina a partir de Coimbra. As vendas que
são feitas online para o mundo inteiro. Em entrevista
à PME Magazine, a mentora do projeto, natural
de Santiago do Cacém e formada em Geografia e
Planeamento do Território, fala sobre os desafios e
vantagens de gerir um negócio que já está na boca
das maiores influenciadoras digitais.
PME Magazine – Como surgiu a Cinco?
Li Furtado – A Cinco começa oficialmente em 2017
quando me despedi e comecei a estar presente diariamente
no projeto. Até aí era um projeto, quase uma
brincadeira em part-time. Era quase um passatempo
que me dava prazer, mas feito de uma forma muito
experimental. Na verdade, foram esses anos de teste
que me permitiram perceber melhor o mercado e determinar
qual seria a verdadeira orientação da Cinco. O
"como" não tem explicação, mas acho que foi a minha
necessidade de criar algo meu e de me envolver mais
na área da moda.
PME Mag. – Qual a razão do nome?
L. F. – Quando surgiu pela primeira vez esta ideia de
ter uma marca online tinha que registar um domínio.
Como nasci a cinco do cinco experimentei ver se Cinco
estava disponível. Na altura não teve qualquer estratégia,
mas acabou por funcionar, pois é um nome fácil de
memorizar e que não é exclusivo ao mercado nacional.
PME Mag. – Começou sozinha?
L. F. – Sim. Eu era uma espécie de blogger anónima,
porque a moda não combinava com a minha profissão
de consultora. Enquanto blogger aprendi a estudar tendências
e, principalmente, aprendi a ser crítica na relação
entre marcas e influenciadores, além de que era
uma consumidora online ativa. Estas pequenas skills
fizeram com que num dia criasse um site e uma marca!
Em 2017 despedi-me e a marca deu o salto que precisava.
PME Mag. – O que diferencia a Cinco de outras marcas
de joias?
L. F. – Não diria que temos algo altamente diferenciador,
mas acho que conseguimos criar uma marca com a
qual as nossas clientes se identificam muito. Acho que
temos um pouco de love brand, o que é altamente motivador
para nós.
30
Li Furtado foi consultora durante 11 anos até se dedicar em exclusivo à Cinco
PME Mag. – Quantas pessoas emprega a Cinco neste
momento?
L. F. – Atualmente, somos dois sócios e uma colaboradora
a tempo inteiro. Depois temos uma designer e um
fotógrafo que colaboram connosco. Na produção subcontratamos
a uma única empresa, serão umas sete a
dez pessoas.
“Conseguimos criar uma marca
com a qual as nossas clientes
se identificam muito"
PME Mag. – Como caracteriza o mercado da Cinco?
L. F. – O mercado da Cinco é global: 75% das nossas
vendas são para o mercado externo. Os países que
mais nos procuram são: Portugal (22%), Estados Unidos
(18%), Coreia do Sul (13%), Reino Unido (10%),
Hong Kong (5%), Alemanha (5%), Canadá (3%), Espanha
(3%) e depois os restantes 22% oscila muito, desde
União Europeia ou a realidades menos próximas, como
o Peru, México, Filipinas ou Qatar. Temos cerca de
1000 encomendas por mês. No último ano, vendemos
mais de 6000 Ginger, que é o nome da nossa peça mais
vendida.
PME Mag. – Quais os principais desafios do negócio?
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
Peças são feitas à mão em prata esterlina
L. F. – Sustentabilidade num mundo assente em redes
sociais e em dinâmicas muito voláteis. Precisamos de
garantir que o nome da marca está cada vez menos
dependente de redes sociais. Felizmente 50% das
pessoas que visitam o nosso site já vem diretamente,
mas ainda há um longo percurso. Por exemplo, há
muito pouco tempo os clientes vinham do Facebook,
agora vêm do Instagram, um dia vai ser outra rede. Isto
é um desafio permanente. Outro desafio é o returning
customer: garantir que o cliente se fideliza na marca é
muito importante e para isso precisamos de qualidade
e de uma estratégia coerente ao nível da forma como
comunicamos a Cinco.
PME Mag. – Quais as vantagens de gerir uma marca
como a Cinco online?
L. F. – Gestão de tempo. Consigo gerir tudo a qualquer
hora do dia em qualquer local. Os custos para arrancar
com uma marca online também são muito inferiores, a
Cinco nasceu a partir do blogue de Li Furtado
Cinco começou por ser um computador e o stock dentro
de um armário da minha casa.
PME Mag. – Qual a importância da comunidade digital
da Cinco para o negócio?
L. F. – É fundamental, essa comunidade é a Cinco. Diariamente,
cerca de 20 pessoas de todo o mundo postam
uma imagem e identificam a marca. Grande parte
das imagens transmitem um lifestyle associado à Cinco.
Isto promove novas vendas, novas seguidoras e,
principalmente, reforça a comunidade e a marca.
PME Mag. – Que planos para o futuro da marca?
L. F. – O próximo grande passo é desenvolver um novo
site, com ferramentas mais adequadas para continuarmos
a apostar nos mercados exteriores, mas também
no mercado nacional. Com o intuito de chegar a novos
públicos, temos ainda prevista uma linha em ouro.
Ginger é a peça mais vendida da marca portuguesa
Medalhas em forma de coração da Cinco
31
APRESENTAÇÃO DA 12.ª EDIÇÃO
DA PME MAGAZINE COM A PALESTRA DE
PAULA
Panarra
10 DE ABRIL | DAS 18H ÀS 21H
FÓRUM TECNOLÓGICO | Lispolis
Estrada Paço do Lumiar 44, 1600-546 Lisboa
EXPOSIÇÃO E NETWORKING
ENTRADA GRATUITA
Para participar e divulgar a sua PME na área de networking
e ou na revista, contacte: publicidade@pmemagazine.com
empreendedorismo
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
BABY LOOP: ECONOMIA CIRCULAR
APLICADA AOS BEBÉS
Denisse Sousa
João Portugal, Baby Loop
Criada pela mesma equipa que desenvolveu uma
plataforma de reutilização de livros e pela apresentadora
Carolina Patrocínio, a Baby Loop aplica a
mesma estratégia da economia circular a outro setor:
o dos bebés, com o intuito de ajudar as famílias a
dar uma segunda vida a equipamentos que não terão
mais utilização.
Para a empresa fazia todo o sentido aplicar a mesma
fórmula da Book in Loop noutras áreas de negócio e,
para a apresentadora Carolina Patrocínio, mãe de três
filhas, ainda mais sentido fazia dar uma segunda vida
aos equipamentos de bebé que não ia dar mais uso.
Juntaram-se as duas forças de vontade e assim nasceu
a Baby Loop.
“Nos últimos anos, tenho estado muito focada na família
e no meu trabalho e, por isso, não tinha sequer
ponderado ter um negócio meu, mas, no ano passado,
tive a ideia para a Baby Loop e achei que faria todo o
sentido avançar com ela", explica Carolina Patrocínio,
apresentadora e fundadora da Baby Loop.
Carolina Patrocínio e os fundadores da Baby Loop
A Baby Loop promove novos e mais inteligentes hábitos
de consumo, mais inteligentes. Com apenas um
mês de lançamento, a comunidade Baby Loop conta já
com 37 mil seguidores no Instagram, enquanto os utilizadores
ativos na plataforma rondam os sete mil. Conta
com mais de 2000 submissões de produtos que já
avaliou positivamente e mais de 700 produtos que os
seus utilizadores escolheram entregar no Continente,
ou pela recolha ao domicílio. Até agora, têm cerca de
150 produtos em stock, o que representa um valor de
cerca de 30 mil euros.
“Com um mês de atividade, a aceitação tem sido incrível,
com muita gente a querer vender e comprar, o que
demonstra que, de facto, o projeto faz todo o sentido e
é útil para as famílias,” acrescenta.
O processo em si é muito fácil: aos interessados basta
Os artigos entregues passam por uma avaliação de qualidade e segurança
ter equipamentos para venda, enviar duas fotografias
através do site, ou aplicação móve e em 12 horas conhecem
o valor que a Baby Loop pagará pelo produto,
caso aceitem. O item é avaliado, desde os materiais à
funcionalidade. É feita uma avaliação muito criteriosa,
para ter a certeza de que está em boas condições.
“O envio para nós pode ser feito através de uma empresa
de transporte ou deixado numa das 78 lojas Continente
aderentes. Quando recebemos o equipamento,
verificamos o seu estado e confirmamos que está nas
devidas condições”, explica Ricardo Morgado, diretor
executivo da Baby Loop.
Atualmente, a Baby Loop aceita apenas equipamentos
mais pesados como trios, carrinhos, cadeiras automóvel
e berços de um leque restrito de marcas, como
Chicco, Cybex, Bebe Confort, Quinny, entre outras.
DA SELEÇÃO DE PRODUTOS À QUALIDADE
A partir do momento em que produto chega à Baby
Loop, os vendedores não têm mais de se preocupar,
uma vez que a empresa trata de tudo e avisa quando
surgir um cliente interessado.
“Outra vantagem é o facto de, garantidamente, receberem
um produto que está em boas condições, o que
pode não acontecer com outras plataformas onde não
é feita uma curadoria”, acrescenta Ricardo Morgado.
Para o comprador, há uma salvaguarda da garantia de
qualidade e segurança, questões que não são averiguadas
nas restantes plataformas.
E, referindo as vantagens económicas, comprando e
vendendo um equipamento na Baby Loop, os pais podem
poupar até 80% do valor original do equipamento.
A título de exemplo, num carrinho de gama média que
custe 400 euros, as famílias conseguirão poupar cerca
de 320 euros.
“Num cabaz completo para os primeiros anos de vida
do bebé - berço, carrinho, cadeira para o carro - que
habitualmente custa entre 920 e 2.130 euros, a poupança
pode variar, em média, entre os 736 e ao 1.704
euros, o que terá um grande impacto para as famílias,
já que sabemos que, em Portugal, 30% da população
recebe o salário mínimo e que o salário médio é de 887
euros”, acrescenta o diretor executivo.
33
RH
A "FELICIDADE" NAS EQUIPAS DE ALTA PERFORMANCE
Luis Granja, autor e especialista em felicidade e produtividade
Luís Granja
A “confiança” é o expoente máximo das relações humanas.
Sendo uma equipa de alta performance uma
constante interação entre seres humanos, a maneira
como “confiam” uns nos outros determinará os resultados
de excelência que irão alcançar. Saber gerir a
“confiança” numa equipa irá determinar o sucesso que
qualquer líder de uma equipa/empresa ambiciona para
o seu negócio. Com ela, tudo flui e faz-se muito mais
com muito menos recursos e aumentam-se os níveis de
produtividade da equipa.
Os colaboradores são autónomos e, por confiarem
uns nos outros, delegam tarefas. Gerem melhor o seu
tempo e sentem-se donos dele. Cada elemento que a
compõe sente que está a explorar todo o seu potencial
interior. Uma equipa que transpire “confiança” é uma
equipa feliz.
É esse o segredo para a produtividade nas equipas de
alta performance.
Pela experiência que tenho no treino de equipas, este
cenário não é de todo o mais comum. As rotinas criadas,
a gestão de stress e a velocidade com que tudo
acontece determinam que os elos de “confiança” entre
pares se vão quebrando. Surgem mal entendidos e os
bloqueios relacionais entre pessoas aparecem. Desta
erosão relacional surgem três consequências com claros
impactos no normal funcionamento da equipa: ambientes
de trabalho “definhados”; índices de produtividade
alterados; e recalcamento do potencial humano
da equipa.
Como conseguir, então, soltar o potencial humano da
equipa? Como conseguir que cada colaborador esteja
no máximo das suas capacidades, ou ainda como
manter a coesão e o foco dos colaboradores num único
propósito.
Como dizem os ingleses: “that’s the million dollar
question”.
A resposta a esta e outras questões está na “mochila”
de uma única pessoa. O líder da equipa. É ele o elemento
facilitador do potencial que emana na equipa.
Porquê? Por diversas razões. A primeira, porque tem
essa responsabilidade de “ser líder”. É ele que cruza os
interesses das pessoas que gere com os interesses do
negócio em si e tem a responsabilidade de os saber comunicar.
Em segundo, porque ao ter essa responsabilidade
permite-se a ser ele próprio o elemento chave de
34
Luís Granja é especialista em felicidade e produtividade
construção de uma teia de relações de confiança que
permitam que as pessoas consigam interagir livremente,
sem “apatia” e/ou “ansiedade”. Em terceiro porque
é ele que, conhecendo cada elemento, saberá posicionar
as competências das pessoas consoante os desafios
que são colocados. Em último, mas não menos importante,
é ele que delega, é ele que corrige, é ele que
comunica, é ele que dá feedback. É ele que faz a máquina
fluir. É ele o termómetro da confiança da equipa.
“O líder é o elemento
facilitador do pontecial
que emana na equipa"
Como dinamizador de “relações humanas” o líder precisa
de “semear”, “regar”, “cuidar” e “colher” confiança
no seu sistema humano, de modo a obter novas redes
de colaboração interpessoal. “Humano” é talvez a palavra
que mais se ouve no cotexto atual da liderança e
será por isso determinante que o líder consiga espalhar
“humanismo” em torno de todo o seu sistema, de modo
a conseguir encontrar novas formas de produtividade
nas equipas de alta performance.
Obriga-o a “parar para pensar” e a ter a capacidade de
se afastar e ver a “floresta” em detrimento da “árvore”.
É o líder que potencia a mudança que quer ver na equipa.
O tão ambicionado segredo para a “felicidade” global.
RH
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
A AMBIÇÃO É MÁ PARA O SUCESSO?
Ana Ganhão, humanistic professional coach
Ana Ganhão
Começo o processo de coaching com uma equipa, colocando
a pergunta: quem é ambicioso?
Gera-se um silêncio na sala, seguido de algum desconforto.
Ninguém quer assumir que é ambicioso, ou
simplesmente nunca pensou nisso.
Existe um estigma sobre esta palavra que nos remete
para a ideia de que alguém ambicioso é alguém sem
caráter. O que não é totalmente verdade, pois o caráter
e valores não se definem pela ambição de uma pessoa.
O desejável será ser ambicioso e ter bons valores.
Talvez por se associar, erradamente, ganância à ambição,
se acredite que esta última é negativa. No entanto
são duas características bem diferentes.
Comecemos por perceber que a ganância é um desejo
exacerbado de ter, ou de ser mais do que os outros,
está subjacente uma sensação de que nada lhe é suficiente
e um desejo latente de superioridade.
Por outro lado, a ambição é uma forte aspiração de ser
melhor, fazer melhor, saber mais, superar os seus limites,
saber relacionar-se melhor, ter mais conhecimento,
ter mais habilidades e competências. É uma vontade
constante de criar a melhor versão de si todos os dias,
não por comparação nem competição com o outro, mas
pelo seu próprio crescimento pessoal e profissional.
Na minha visão do mundo, é nossa obrigação enquanto
seres humanos sermos ambiciosos, pois só assim evoluímos.
“Ambição é uma forte aspiração de
ser melhor, fazer melhor, saber mais,
superar os seus limites,
saber relacionar-se melhor,
ter mais conhecimento"
A ambição é um motor para o crescimento pessoal e
das empresas.
Imagine uma empresa onde todos os seus colaboradores
estão empenhados em fazer melhor todos os dias,
munidos de coragem e resiliência, com mentes positivas,
focadas na solução.
Imagine os resultados mensais e anuais que poderiam
ter e a satisfação que dava a cada um dos intervenien-
Ana Ganhão colabora pontualmente com a PME Magazine
tes olhar para o resultado com o sentimento de superação
e de missão cumprida.
Deixo um desafio: crie o hábito de fazer hoje 1% melhor
do que fez ontem, de ser hoje 1% melhor nesta ou
naquela competência do que foi ontem e por aí adiante.
Aplique ao que achar necessário (relacionamentos,
alimentação, exercício físico, estudo, organização).
Lembre-se: é apenas 1%. Adote o desafio durante um
mês e depois avalie o resultado.
Conto com o seu feedback!
35
BI
Ana Rita Justo
Divulgação
Vanessa Canteiro
na Human Profiler
Vanessa Canteiro é a nova business unit manager da Human
Profiler tendo assumido as novas funções em fevereiro. Com
experiência de mais de uma década, iniciou a sua carreira na
área do trabalho temporário, passando, mais tarde, para a
formação. Licenciada em Gestão, foi na área de Recursos
Humanos que Vanessa se especializou.
“Vanessa Canteiro é um quadro com enorme experiência nas
áreas de Recursos Humanos, Formação e Gestão de Equipa,
o que vai ao encontro do objetivo definido pela empresa em
reforçar a sua proposta de valor nesta área”, refere Matilde
Honrado, COO da Human Profiler.
Vanessa Canteiro tem vasta experiência em recursos humanos e formação
Teresa Virtuoso
nomeada pela Kianda em Portugal
Teresa Virtuoso é a regional sales
manager da Kianda para Portugal,
uma plataforma de automatização de
processos nascida na Irlanda e que
agora chega ao nosso país. Foi sales
manager na Bitwizards, Own Company
e channel specialist na Iten Solutions.
Na Kianda é responsável pela área das
vendas, parcerias e acompanhamento
de projetos em clientes.
CCA Ontier
com três novos sócios
A CCA Ontier nomeou três novos
sócios, Martim Bouza Serrano, Marta
Duarte e Pedro Antunes, que irão
juntar-se aos oito existentes. Os
novos sócios irão desempenhar um
importante papel no desenvolvimento
e consolidação do negócio
e da marca CCA em Portugal e na
prossecução dos seus objetivos de
crescimento a nível internacional.
Rogério Canhoto
na administração da PHC
A PHC Software contratou Rogério Canhoto
para o cargo de chief business officer.
Rogério Canhoto fica responsável
pelo negócio da empresa, assumindo a
administração das áreas de negócio, do
marketing e da gestão do produto. Com
esta contratação, a PHC passa a ser
gerida por Ricardo Parreira como CEO,
Miguel Capelão como Strategy Risk &
Control Officer e Rogério Canhoto.
36
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
Manuel Alvarez assume
Associação de Franchising
Euromadi nomeia Cristina
Mesquita como diretora-geral
Oscar Herencia responsável
pela Metlife no Sul da Europa
Manuel Alvarez, presidente da Remax
Portugal, foi eleito para assumir
a liderança da Associação Portuguesa
de franchising, cargo que
ocupará até 2022. “É urgente tornar
este organismo ainda mais forte e
dinâmico, por forma a prestar um
apoio de excelência ao setor”, referiu,
citado em comunicado.
A Euromadi Portugal nomeou
Cristina Mesquita para sua diretorageral.
Com um percurso profissional
de mais de duas décadas no setor
do retalho e cosméticos, a nova
responsável tem vasta experiência
em posições de gestão e direção,
não só em Portugal, mas também
em Espanha e Brasil.
Oscar Herencia, atual diretor-geral
da Metlife para Portugal e Espanha,
vai assumir também a gestão das
operações de Itália, Grécia e Chipre.
Responsável pelo mercado português
desde 2007, Oscar Herencia é
licenciado em Gestão Organizacional
e Liderança e mestre em Liderança
e Inteligência Emocional.
Homero Figueiredo responsável
pelo Low-Code da Noesis
Homero Figueiredo é o novo diretor
de Low-Code Solutions da Noesis. O
responsável conta com mais de 10
anos de experiência e demonstrou
em grandes organizações como a
OutSystems a sua capacidade nas
áreas de desenvolvimento, arquitetura
aplicacional, consultoria e gestão,
em diferentes geografias.
José António Ramos
lidera Salsa
O espanhol José António Ramos é
o novo CEO da Salsa, agora mais
focada no mercado internacional.
Durante seis anos, foi chief
commercial officer da marca alemã
Esprit e, antes, membro da comissão
executiva do Carrefour Espanha.
Tiago Duarte nomeado
diretor da Stratesys Portugal
Tiago Lopes Duarte foi nomeado
diretor da Stratesys Portugal, depois
de nove anos na multinacional
espanhola de serviços digitais,
assumindo a responsabilidade e
gestão do mercado português,
considerado estratégico para a
empresa.
37
MEDIR PARA GERIR
CINCO REGRAS PARA GERIR O SEU TEMPO
EMPRESARIAL
Teresa Botelho, coach executiva
Teresa Botelho
Estas regras são precisamente para si, que está a pensar
que não tem tempo para ler este artigo. Se gostava
de ver o seu negócio crescer, mas as 24 horas do dia
lhe parecem insuficientes para fazer tudo aquilo que
quer, ponha em prática estas cinco regras e passe a fazer
uma gestão muito mais eficaz do seu tempo.
Temos que concordar que a vulgar “falta de tempo” não
é provocada pela falta de tempo em si – até porque os
dias não encolhem – mas por falta de controlo sobre a
sua vida profissional. Só isso explica que existam pessoas
que são mais produtivas, mais felizes e mais motivadas
e conseguem ter melhores resultados nas suas
empresas. Será que têm dias de 48 horas? Na verdade,
essas pessoas simplesmente aprenderam a fazer uma
excelente gestão do seu tempo. E agora você também
pode ser uma delas! Se ter tempo é aquilo que mais
quer, mas sente que é também aquilo que costuma usar
da pior forma, siga estas regras e aplique-as de forma
a conseguir gerir o tempo empresarial de forma impecável.
1.º
38
Entenda profundamente qual é a sua relação com o tempo
O tempo que dedica à sua empresa é o seu ativo mais
importante. Se o controlar, controla o seu futuro e com
isso consegue alcançar os resultados que pretende. Se
se descontrolar, o resultado vai ser inverso e acaba por
gastar o seu precioso tempo em tarefas de menor valor,
que vão acabar por dificultar o seu caminho.
Por isso, a primeira coisa a fazer é pensar qual é a minha
relação com o tempo. É uma pessoa que gasta tempo
ou investe o seu tempo. Investe? Ótimo! Está no bom
caminho e pode passar à segunda regra para aprender
a rentabilizar ainda mais o tempo.
Sente que gasta o tempo e, muitas vezes, chega ao fim
do dia exausto e com a sensação de que não conseguiu
avançar? Então foque-se e perceba como inverter essa
situação. Não é complicado, é importante que estabeleça
regras e melhore a sua capacidade de disciplina.
Respeite o seu tempo e repare que enquanto não se
valorizar a si mesmo, não vai ser capaz de dar valor ao
seu tempo. Por isso, comece agora mesmo a acreditar
no seu potencial, e deixe de ser um empresário reativo
(que está sempre a apagar fogos) e torne-se num empresário
proativo (que tem uma estratégia e prevê os
acontecimentos) e que tem tempo de sobra.
2.º
Decida o que vai mesmo mudar
Teresa Botelho, coach executiva
Mesmo partindo do princípio de que é uma pessoa motivada,
organizada e empenhada em aproveitar da melhor
forma o seu tempo no trabalho, para chegar a um
nível de excelência tem de conseguir fazer uma gestão
de tempo eficaz. Isso quer dizer que consegue transformar
o seu tempo e o seu esforço em real valor para
a empresa.
Também é importante que aumente o seu autoconhecimento.
Conhecer o seu perfil como empresário é essencial
para fazer uma boa gestão de tempo. Por isso,
prepare-se para uma autoanálise honesta e responda,
pelo menos, a esta pergunta: Quais são as tarefas
que não faz particularmente bem e que o fazem perder
imensa energia e tempo? Vejamos: é possível que
se entretenha no Facebook mal chega ao escritório,
que passe pelo Instagram antes de abrir a agenda ou
que inicie o seu dia sem estar organizado. Se for esse
o caso, pare! Faça uma reflexão e veja por que é que
ainda não abandonou hábitos prejudiciais que o levam
a ter uma péssima gestão de tempo. Depois avance e
comprometa-se a eliminá-los. Só assim pode alterar a
sua situação!
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
3.º
Redefina as atividades e as prioridades
Neste ponto já percebeu que a desculpa “não tenho
tempo” não leva a nenhum lado, correto? E que a terceira
regra vai levá-lo(a) a redefinir as suas prioridades
através de uma análise profunda da sua gestão de
tempo. Nessa análise aconselhamo-lo(a) a priorizar
as suas atividades profissionais de acordo com o grau
de urgência e importância para perceber onde anda
a desperdiçar energias. Precisa de ajuda? Atente nas
designações que se seguem, por ordem decrescente.
Há quatro tipos de tarefas:
Tipo 4: Tarefas que não são nem urgentes nem importantes
As suas atividades do tipo 4 não têm luz vermelha e,
por isso, por norma, remetem para a distração. Por
exemplo, tem de escolher a empresa de catering para
um evento que vai realizar daqui a seis meses e até enceta
as suas pesquisas online, mas em poucos minutos
dá por si entretido(a) no Facebook ou a tomar um
cafezinho com o colega do lado. Quem nunca se distraiu
que ponha o dedo no ar! Agora, o importante é
perceber que só implementando técnicas de controlo
do tempo é que se consegue focar completamente em
tarefas que podem – a verdade é essa – ser adiadas,
mas que com alguma força de vontade também podem
ser cumpridas em tempo recorde.
Tipo 3: Tarefas que surgem como urgentes, mas
não são importantes
As tarefas urgentes mas não importantes são uma verdaeira
armadilha porque lhe dão a ilusão de que tem de
responder imediatamente, mas de facto não são uma
prioridade. Porquê? Porque ao tratar, por exemplo, de
um email ou telefonema urgente, de um trabalho administrativo,
de uma reunião ou de qualquer outra atividade
que possa exigir a sua presença ou resposta
imediata, mas que não é verdadeiramente importante,
o que acontece é que fica com a ilusão de que está
ocupado(a) quando não está a ser produtivo(a).
Tipo 2: Tarefas verdadeiramente urgentes e importantes
As tarefas urgentes e importantes já se situam numa
zona em que é fundamental agir. Seja como for, são
situações que tem mesmo de resolver: enviar uma proposta,
entregar um produto, fazer uma apresentação,
participar de uma reunião, qualquer compromisso que
tem o seu deadline e que é fundamental que fique resolvido.
Tipo 1: Tarefas que não sendo urgentes, são muito
importantes
Estas tarefas podem ser adiadas, mas ao fazê-lo está
também a adiar o sucesso da sua vida empresarial.
Exemplos: trabalhar com um coach, implementar sistemas,
fazer a sua análise estratégica, fazer networking,
assistir à formação, etecetera. O seu sucesso é diretamente
proporcional ao tempo investido neste tipo de
atividades que se situam na zona mais produtiva. Para
melhorar o seu nível de produtividade e liderança tem
de trabalhar esta zona. Se o fizer, vai ver que dentro de
alguns meses vai estar noutro patamar.
4.º
Se está resolvido(a) a trabalhar a zona produtiva, deve
começar hoje mesmo a implementar técnicas, hábitos
e comportamentos que permitam controlar o tempo
de modo a controlar também as suas atividades, com
disciplina e método! Cada empresário deve ajustar as
técnicas ao seu perfil, claro, mas desde já o(a) aconselhamos
a fazer o seguinte:
Seja sempre pontual;
Não aceite interrupções sistemáticas do seu
trabalho;
Controle o uso do telefone, e-mail, internet;
Crie uma agenda por blocos temporais de duas
a três horas;
Faça sempre o fecho de dia em três, cinco minutos;
E dedique mais três, cinco minutos a preparar o dia seguinte,
se possível elaborando uma lista de coisas a
fazer.
5.º
Implemente técnicas que permitem de facto controlar o tempo
Delegue eficazmente e saiba como controlar
A última regra não é uma novidade para si. É óbvio que
já estava a pensar em delegar tarefas, mas se ainda não
o fez, ou se o faz muito raramente é porque esta forma
de alavancar o seu negócio não está clara para si.
É importante que entenda que é através das pessoas,
de mais e melhores colaboradores e da implementação
e cumprimento de métodos e procedimentos que vai
chegar a uma gestão do tempo empresarial impecável.
Sem isso, o seu trabalho será sempre muito deficiente
e muito frustrante.
Por isso, foque-se e implemente os aspetos que são
para si mais fáceis. Depois, aos poucos, vá avançando
e implementando mais regras. Vai ver que, quando der
por si, a sua gestão de tempo já está noutro patamar.
Lembre-se que pode ser disciplinado(a) e ter uma melhor
qualidade de vida, ou pode decidir não fazer nada
e continuar permanentemente esgotado(a) e a apagar
fogos. A decisão é sua!
39
MEDIR PARA GERIR
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
CERTIFICAÇÃO COMO MAIS-VALIA PARA AS EMPRESAS
Patrícia Franguito, diretora de Certificação
do Bureau Veritas Portugal
Bureau Veritas Portugal
A certificação é uma ferramenta fundamental para as
organizações que se querem destacar a nível nacional
e internacional. Num mercado cada vez mais competitivo,
apostar na certificação da sua organização permite-lhe
obter, em períodos de tempo regulares, uma
visão externa, independente e credível de auditores
devidamente qualificados.
As novas versões das normas ISO estão alinhadas com
os desafios de crescimento e sustentabilidade das organizações.
Assim, surge, desde logo, a preocupação
com o contexto organizacional da mesma, quer numa
vertente interna, quer externa. Continua determinante
a participação do líder para com os compromissos do
sistema de gestão, assim como a vantagem de inserção
do pensamento baseado em risco. Considero que as
normas ISO (e normas portuguesas já alinhadas com o
anexo SL) procuram manter o negócio e as suas variáveis
dentro dos Sistemas de Gestão.
Toda a arquitetura de um sistema de gestão, planeamento,
execução e controlo devem ser pensados face
aos desafios e estratégia das organizações, desde
crescimento, promoção de produtos, melhoria de serviços,
design e desenvolvimento e o mesmo deve ser
estruturante, auxiliando os colaboradores nas suas tarefas
diárias e garantindo dados e decisões acertadas
por parte dos líderes.
É pedido às empresas que inovem, que forneçam melhores
produtos, serviços com mais qualidade, tantas
vezes serviços e produtos personalizados, cumprimento
de prazos, melhorias de layouts, diminuição de
“Toda a arquitetura de um sistema
de gestão deve ser pensado
face aos desafios e estratégia
das organizações”
índices de acidentes, menos desperdícios e consumos,
garantia de cumprimento legal (em qualquer atividade),
proteção da informação e branding, melhoria de
condições de trabalho e políticas de responsabilidade
social, e claro, o lucro. Queremos contribuir para que
cada auditoria realizada seja um momento de re-avaliação
de um conjunto de informação e que, fruto desse
exercício, se obtenham melhorias, pistas e, eventualmente,
correções necessárias.
Existe, atualmente, um portefólio de normas publicadas,
umas nacionais outras internacionais, umas de
caráter mais técnico outras com um pensamento mais
Patrícia Franguito, diretora de Certificação do Bureau Veritas Portugal
global a nível de gestão. As normas de sistemas de
gestão da qualidade, ambiente e segurança (ISO 9001,
ISO 14001 e ISO 45001) continuam a verificar o maior
número de certificados emitidos. Mas com a proliferação
de normas é também mandatório abordar outros
referenciais como a NP 4457, cujo âmbito se centra na
gestão da investigação, desenvolvimento e inovação.
Sendo o conhecimento a base da geração de riqueza
nas sociedades avançadas e a investigação e o desenvolvimento
pilares da criação desse conhecimento, é a
inovação que cria a oportunidade de transformar esse
conhecimento em desenvolvimento económico. Outra
referência, esta nacional, é a NP 4552 – sistema de
gestão da conciliação entre a vida profissional, familiar
e pessoal – e que, atendendo às preocupações crescentes
das organizações, os seus princípios basilares
apontam para valores que visam elevar o bem-estar,
qualidade de vida e satisfação geral das partes interessadas
em matérias de conciliação.
Se nos direcionarmos para o setor food teremos outras
referências como a ISO 22000 como garantia de um
sistema de gestão de segurança alimentar, ou mesmo
referenciais específicos como o IFS (Internacional Food
Standard) ou BRC (British Retail Consortium), cuja aplicabilidade
encaixa em todos os operadores da cadeia
alimentar, desde fabricantes, produtores, distribuidores,
armazenistas e retalhistas. Com a tecnologia a ser
um aliado fundamental nas empresas, e os consumidores
a utilizarem-na diariamente, é expectável que as
certificações pela ISO 27001 tenham um crescimento
considerável nos próximos anos.
Não existindo limitações, uma empresa deve selecionar
as suas certificações em função da sua estratégia
de médio, longo prazo, do reconhecimento que espera
obter das partes interessadas, dos mercados alvo,
da imagem e branding que pretende construir e das
necessidades e consolidações internas que pretenda
melhorar.
41
Marketing
BEM-VINDOS AO MUNDO DO YOUTUBE
Fábio Jesuíno, CEO da 3WX - Digital Creative Agency
3WX - Digital Creative Agency
O YouTube tornou-se na mais influente fonte de entretenimento
atual no mundo com uma população de 1,5
mil milhões de pessoas.
Este mundo começou a ser criado em fevereiro de
2005, depois de três funcionários do PayPal (empresa
de pagamentos online) Chad Hurley, Steve Chen e
Jawed Karim, se terem deparado com um problema,
a dificuldade de partilhar vídeos de uma festa na
internet. O primeiro vídeo foi publicado no dia 23 de
abril de 2005, com o título “Me at the zoo”, onde um
dos fundadores aparece no jardim zoológico de San
Diego, nos Estados Unidos da América. Em novembro
do mesmo ano, o vídeo publicitário da Nike com o
futebolista Ronaldinho foi o primeiro a ser visto por
mais de um milhão de pessoas.
O YouTube, que também é uma rede social, teve de
imediato um grande sucesso. Em 2006 eram inseridos
65 mil vídeos todos os dias na plataforma, com 100 milhões
de visualizações diárias. Todo este sucesso despertou
o interesse do Google, que concluiu a compra
no mesmo ano por 1.650 milhões de dólares. A revista
TIME constatou que era o início de uma grande mudança
e, por esse motivo, elegeu o YouTube, como a
personalidade do ano de 2006 com a mítica capa “You”
onde destacava a explosão dos conteúdos criados e
acessíveis a todos.
Em 2008, este grande mundo digital lançou a versão
mobile e, no ano seguinte, em 2009, surgiram os vídeos
em HD e o reconhecimento de voz. Também nesta altura
começou a lucrar com a implementação dos anúncios
nos vídeos, o Content ID para pagamentos dos
direitos de autor e o importante programa de parcerias.
Esta plataforma digital criou, em 2011, os vídeos em direto,
nasceu assim o YouTube Live, uma autêntica inovação
na época pela sua simplicidade de utilização que
foi também uma oportunidade para divulgar ao vivo em
grande escala as manifestações da Primavera Árabe
que ocorreram em vários países no Médio Oriente e no
Norte da África.
O YouTube foi crescendo e para além de ser um dos
principais meios de entretenimento, também se tornou
numa grande plataforma de partilha de conhecimento e
de ensino. Para aumentar a criação e qualidade desses
conteúdos, foi criado, em 2013, o canal Youtube Edu,
um projeto exclusivo de conteúdos educativos dividido
por disciplinas, implementado em vários países. A
Fábio Jesuíno, fundador e CEO da 3WX
42
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
Youtube é um principais meios de entretenimento e uma grande plataforma de partilha e conhecimento e de ensino
aposta na educação cresceu e, recentemente, a plataforma
do Google investiu 20 milhões de euros no You-
Tube Learning, uma iniciativa que visa apoiar e incentivar
a sua comunidade de utilizadores a partilharem o
conhecimento.
Atualmente, o vídeo é um conteúdo muito popular e o
YouTube tem contribuído, facilitando a qualquer pessoa
partilhar, produzir ou transmitir em direto sem precisar
de nenhum equipamento profissional, e incentivando
a sua qualidade através da partilha dos valores
da publicidade.
“Atualmente, o vídeo é um conteúdo
muito popular e o YouTube tem
contribuído, facilitando a qualquer
pessoa partilhar, produzir
ou transmitir em direto”
Com o sucesso desta plataforma de vídeos surgiu uma
nova profissão, os youtubers, pessoas que se dedicam
a criar conteúdos em exclusivo para esta ferramenta de
partilha de vídeos, em alguns casos, altamente lucrativa
e com um impacto global.
Os youtubers são grandes influenciadores digitais,
muitos deles têm uma legião de fãs, que os tratam
como ídolos, principalmente junto dos jovens. Uma influência
que desperta o interesse de muitas marcas e a
sua inclusão em campanhas de marketing e de publicidade
com níveis de sucesso muito elevados, sendo
neste momento um dos canais de comunicação digital
com maior crescimento.
O YouTube popularizou a criação de conteúdos de vídeo
e contagiou as restantes redes sociais, onde são
destacados em relação aos restantes conteúdos, como
acontece no Facebook. Foram também criadas formas
inovadoras de consumir os vídeos, como a criação das
Histórias, lançadas em 2013 pela aplicação e rede social
Snapchat, vídeos com a duração de 10 segundos
que são apagados após de 24 horas, um conceito que
se tornou muito popular.
“O Youtube popularizou a criação
de conteúdos de vídeo e contagiou
as restantes redes sociais,
como acontece com o Facebook”
Neste mundo onde o vídeo é rei, a música sempre esteve
em grande destaque, onde alguns do principais canais
e vídeos com maiores visualizações e sucesso são
musicais. Nessa perspetiva, a empresa decidiu lançar,
no ano passado, um novo serviço, ao qual deu o nome
de YouTube Music. Este serviço de streaming de música
permite aproveitar todas as funções já disponíveis na
plataforma e adicionar algumas extras, como a pesquisa
inteligente, de modo a que quem ouve consiga
encontrar de uma forma fácil uma determinada música.
Com um custo adicional e sem publicidade, o utilizador
pode ouvir a música em fundo e fazer downloads. Um
serviço que está a ter sucesso e promete ser um grande
gerador de receita para o universo Google.
Existem muitos desafios neste mundo, um deles é a
proteção dos menores. Para isso, a plataforma lançou
uma versão dedicada ao público infantil, o YouTube
Kids, uma aplicação que recomendo, que serve para
restringir o acesso aos conteúdos e possibilita aos pais
selecionarem manualmente quais os vídeos disponíveis
para os filhos, negando o acesso a conteúdos fora
da lista escolhida. Esta versão também dispõe de um
novo algoritmo de classificação de comentários de vídeos.
Os vídeos são o maior consumidor de tráfego da internet,
onde a plataforma do Google se destaca na liderança.
Uma em cada cinco pessoas em todo o mundo
passa todos os meses por esta plataforma.
43
tecnologia
“A TRANSIÇÃO PARA O DIGITAL
É CADA VEZ MAIS NECESSÁRIA”-
Denisse Sousa
Epson
RAÚL Sanahuja
A Epson marcou presença na 8.ª edição do Portugal
Print, Packaging e Labeling, na FIL, onde deu a conhecer
as suas soluções de grande formato para impressão
têxtil, fotográfica e de sinalética. Falámos
com Raúl Sanahuja, responsável de comunicação da
Epson em Portugal, sobre os novos desafios que a
indústria têxtil enfrenta na digitalização e otimização
de processos e no trabalho que está a ser feito
pela tecnológica japonesa nesse sentido.
PME Magazine –Quais foram as soluções apresentadas
no Portugal Print 2019?
Raúl Sanahuja – O Portugal Print reúne toda a indústria
portuguesa de impressão profissional, de todos os
setores, e, como tal, não queríamos deixar de aproveitar
esta oportunidade para aproximar as nossas soluções
de grande formato destes profissionais. Para esta
edição especificamente, e dadas as características do
mercado português, apresentámos as nossas soluções
de impressão digital têxtil e de personalização, assim
como soluções de impressão de sinalética.
PME Mag. – Qual o balanço que fazem sobre a participação
no evento?
R. S. – Considerando a importância do mercado da
indústria de produção têxtil em Portugal, o principal
objetivo era apresentar a Epson como o partner tecnológico
ideal na transição para o digital neste setor
e acreditamos que esta missão foi bem conseguida. O
balanço que fazemos desta feira não se traduz apenas
no número de visitantes do nosso stand, mas sim na
Raúl Sanahuja, responsável de comunicação da Epson
qualidade dessas mesmas visitas. Esperamos que os
contactos realizados tenham recebido a nossa mensagem,
que indica que trabalhar com um modelo de produção
digital no setor têxtil aumenta a eficiência, reduz
os custos e melhora os índices de sustentabilidade.
PME Mag. – Quais são os maiores desafios na criação
e implementação destas novas soluções?
R. S. – Qualquer transformação envolve um desafio.
Tradicionalmente, os processos de produção no setor
têxtil têm sido sempre analógicos e têm-se externalizado
para outros países que apresentam um valor de
mão de obra mais reduzido. O grande desafio é ajudar
os decisores a compreender que a tecnologia digital
44
Epson apresentou soluções de impressão têxtil no Portugal Print
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
aplicada à indústria têxtil resulta num benefício económico,
ambiental e, inclusivamente, social. Um benefício
triplo. É produzido para responder unicamente à
procura exata verificada (eficiência e benefício económico);
controla-se a produção e reduz-se o consumo
de água em 60% face aos processos tradicionais, sem
necessidade de componentes contaminantes (benefício
ambiental); e recupera-se a produção realocando
as fases de produção (benefício social).
“O grande desafio é ajudar decisores
a compreender que a tecnologia
digital aplicada à indústria têxtil
resulta num benefício económico,
ambiental e social"
PME Mag. – Como podem as empresas beneficiar
destas soluções?
R. S. – Na maioria dos casos, dependendo dos volumes
de produção, as empresas começam por integrar
soluções parciais com tecnologia de impressão digital,
que não cobrem a totalidade da sua produção. Mas, na
realidade, a necessidade de mudanças constantes em
coleções, e, por sua vez, mudanças na procura por parte
dos seus clientes faz com que a transição para o digital
seja cada vez mais necessária. Estamos preparados
para tal e temos já soluções de alta produção têxtil
em digital e também soluções para pré-impressões ou
provas de design, assim como pequenas tiragens com
tecnologia de sublimação de tinta. Como comentava
anteriormente, tudo isto são benefícios.
PME Mag. – Quais as boas práticas de sustentabilidade
da Epson ?
R. S. – Já anteriormente comentada, a poupança no
consumo de água, um bem escasso e precioso em Portugal,
será, sem dúvida, uma primeira medida sustentável.
Por outro lado, também, o desenvolvimento de
um sistema de tintas eco-solventes permite trabalhar
em ambientes totalmente controlados, sem necessidade
de medidas especiais de evacuação de gases;
algo que ocorre com outros sistemas. E, para além do
mais, a nossa tecnologia de impressão permite trabalhar
praticamente no frio, sem necessidade de altas
temperaturas, o que resulta numa elevada influência
positiva nas emissões de CO2.
PME Mag. – De que forma uma empresa como a Epson
mantém a consciência ecológica?
R. S. – A sustentabilidade faz parte do ADN da Epson
enquanto organização. Na nossa visão ambiental
2050, estabelecemos já como objetivo uma redução
progressiva e continuada de emissões de CO2. Fomos
também pioneiros noutras metas sustentáveis quando
retirámos o CFC (clorofluorcarboneto) da nossa produção
ou quando reduzimos o número de packagings
e, ainda, com a utilização de materiais sustentáveis em
fases de processos da economia circular. No contexto
da impressão profissional presente no Portugal Print
e, mais concretamente, no âmbito da impressão têxtil
digital, podemos adiantar que estamos a preparar o
lançamento de uma iniciativa ligada à economia circular
com uma componente de responsabilidade social e
ambiental. B·Searcular é um projeto baseado em parcerias
com a Seagual, a LCI Barcelona Design School e
o Maza Coatelier para elaborar um processo completo
de economia circular para a indústria do fast fashion.
Retiramos e recuperamos plásticos do Mar Mediterrâneo
(na costa de Barcelona), reciclamo-los e transformamo-los
em fio de poliéster reciclado, fabricamos
novos tecidos que imprimimos com a tecnologia de
impressão Epson e, finalmente, oferecemos aos novos
talentos da Universidade de Design a possibilidade de
criarem as suas coleções para os seus projetos de final
de curso. Apoiamos o talento e a economia circular. Um
modelo que esperamos implementar em Portugal numa
segunda etapa do projeto B·Searcular.
Participação excedeu expectativas
PME Mag. – Quais são os próximos passos para a
Epson em Portugal?
R. S. – O principal objetivo é consolidar a Epson como
partner global para diversos mercados como o retalho,
o design e o contexto empresarial. Contamos com quatro
grandes áreas de inovação (impressão, projeção,
robótica e sensing), onde vamos continuar a crescer e a
evoluir para mantermos o nosso posicionamento como
empresa responsável, com um olhar permanente sobre
a sustentabilidade e com a capacidade de oferecer soluções
globais. Do têxtil à produção industrial, da tecnologia
doméstica às soluções empresariais, da saúde
à educação, a Epson continuará a superar as expectativas.
45
tecnologia
PORTUGAL ADERE À ERA DOS ROBÔS
DE SERVIÇO
Mafalda Marques
Beltrão Coelho
Há mais um robô de serviço em Portugal. Depois da
Sanbot, é a vez de o Cruzr fazer as maravilhas do
auxílio ao cliente.
Com braços e mãos, capaz de dar um aperto de mão ou
um abraço, o Cruzr é um robô de serviço humanoide e
chegou a Portugal no início deste ano.
O novo modelo, da gigante chinesa de robótica
UBTech, apresentado na CES 2019, em Las Vegas, vem
revolucionar o atendimento ao cliente.
Além de apertos de mão e abraços, este robô é capaz
de acenar e apontar, dançar decifrar as emoções da
pessoa com quem está a interagir, reagindo de acordo
com as mesmas.
Através de sensores, consegue seguir numa trajetória
de forma autónoma, detetando e contornando obstáculos.
Pode, por isso, fazer videovigilância durante o
dia e também durante a noite, recorrendo à câmara de
infravermelhos.
Cruzr é capaz de acenar e apontar,
dançar decifrar as emoções
da pessoa com quem está a interagir
É o equipamento ideal para fazer, por exemplo, uma visita
guiada num museu.
Cruzr chegou a Portugal no início deste ano
Segundo Eduardo Lucena, responsável de robótica da
Beltrão Coelho, citado em comunicado, “o Cruzr é um
dos modelos mais avançados de robôs humanoides, já
a ser utilizado por toda a Europa e Portugal não podia
ficar de fora”.
É, ainda, capaz de fazer reconhecimento facial, com
uma taxa de sucesso de 98%, podendo registar dados
de clientes de lojas, elevando assim a experiência do
cliente e melhorando a qualidade do serviço das empresas.
O Cruzr conta com uma bateria que se estende até 24
horas em standy by e entre cinco a oito horas quando
ativado. No caso de ficar sem bateria, o robô regressa
automaticamente ao posto de carregamento, sem necessidade
de interação humana.
O Cruzr é representado em Portugal pela Beltrão Coelho,
empresa pioneira na introdução da tecnologia dos
robôs de serviço em Portugal, inicialmente com a robô
Sanbot. O Cruzr pode ser adquirido pelas organizações,
estando também disponível através de sistema
de aluguer.
46
“Depois do sucesso com a robô Sanbot em 2018,
apresentamos agora uma versão melhorada de um robô
capaz de navegar sozinho e de forma autónoma em
ambientes desestruturados.”
Eduardo Lucena | Chefe da divisão de robótica da Beltrão Coelho
tecnologia
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
LISPOLIS REFORÇA APOIO
AO EMPREENDEDORISMO
Cíntia Costa, LISPOLIS
LISPOLIS
O apoio ao empreendedorismo sempre foi um dos pilares
fundamentais da atividade do LISPOLIS, através da
procura de financiamento e investimento para as novas
empresas, do estabelecimento de contactos e de parcerias
entre empresas e da organização de iniciativas
de networking e partilha de conhecimento.
Em 2017, o LISPOLIS reforçou a aposta na sua atividade
de apoio ao empreendedorismo ao criar, em parceria
com a software house 1STi, um concurso de ideias
para todas as idades e áreas de negócio: o StartupIN
Lisboa. Esta iniciativa tem como objetivo oferecer à
melhor ideia de negócio um MVP de uma APP no valor
de 10 mil euros e conta com duas edições já realizadas.
Depois de 50 candidaturas e 15 semifinalistas, as sete
melhores ideias apresentaram no LISPOLIS o seu pitch
de três minutos perante um júri diversificado e com vasta
experiência de empreendedorismo, que selecionou,
assim, o vencedor: na primeira edição venceu a Exbo,
uma aplicação para partilha de álbuns de fotografias
entre amigos e família, e na segunda edição o prémio
foi para o projeto Mypolis, que pretende aproximar os
políticos locais da população.
Mas foi em 2018 que o LISPOLIS ganhou destaque na
área de suporte ao empreendedorismo com o lançamento
de um programa de aceleração focado no retalho
online, o E-Commerce Experience, que é também o
primeiro em Portugal exclusivamente dedicado a este
setor.
Esta iniciativa proporciona a um total de 20 empresas a
oportunidade de criar o seu negócio online ou melhorar
a sua presença de e-commerce, caso já tenham um
modelo a funcionar. Nesta primeira edição, participam
10 grandes empresas já estabelecidas no mercado e 10
pequenas e médias empresas empenhadas em melhorar
continuamente o seu projeto de e-commerce. Entre
as empresas selecionadas estão a Worten, o Boticário,
o OLX, a Salsa, a Sacoor Brothers, a Delta Cafés e a
Quem Disse, Berenice.
O início do programa foi dado a 19 de setembro com o
evento de kick-off Bootcamp E-Commerce Experience,
que reuniu no Fórum Tecnológico do LISPOLIS mais
de 700 pessoas interessadas em aprofundar conhecimentos
sobre o estado do e-commerce em Portugal.
Nesta sessão, ficaram a conhecer-se as melhores prá
Cíntia Costa, LISPOLIS
ticas deste setor em Portugal e noutros países e também
vários casos práticos de plataformas de comércio
eletrónico de marcas portuguesas, como a Undandy ou
o grupo Sonae.
Desde aí que, todas as semanas, as equipas reúnem-se
para palestras em que podem ouvir as experiências e
partilhas de vários profissionais da área de e-commerce
e para visitas técnicas a diferentes empresas parceiras
do programa, como a LaRedoute em Leiria, a
Science4You em Loures e a Delta Cafés/Adega Mayor
em Campo Maior. Foram mais de 20 encontros e 90
horas de imersão, em que a partilha de experiências
foi constante, com de mais de 30 oradores de diversas
empresas como a VTEX, EASYPAY, Millennium Network,
SIBS, PLMJ, Google Analytics, SEMrush, Dinamize,
U5 Marketing, Chronopost, Smart Digital Lockers,
Paysafe, entre muitas outras.
“LISPOLIS ganhou destaque na área
de suporte ao empreendorismo
com o lançamento do programa
E-commerce Experience"
A equipa do LISPOLIS está empenhada em continuar
a dinamizar a comunidade empreendedora e a apostar
em novas iniciativas de apoio ao empreendedorismo. A
incubadora do LISPOLIS, o Centro de Incubação e Desenvolvimento,
tem atualmente mais de 60 empresas
instaladas e tem sido o ponto de partida para muitas
empresas se desenvolverem, já que o LISPOLIS tem
sempre a porta aberta para apoiar os novos projetos
a alcançarem mais rapidamente os seus objetivos. Se
tem uma ideia de negócio e não sabe como começar,
fale connosco!
47
Agenda
Ana Rita Justo
10 A 11
MAIO
E-TECH PORTUGAL
Cais 3 APSS, Setúbal
A E-Tech Portugal é um evento de
referência na área tecnológica,
que se realiza em Setúbal. Evento
único na área das tecnologias de
informação, comunicação e eletrónica
(TICE), dirigido ao público
em geral, empresários, professores,
alunos, investigadores e profissionais
da área.
Saiba mais aqui.
48
11
ABRIL
GROWTH
FORUM 2019
Fundação Champalimaud,
Lisboa
O Growth Forum 2019 – Portugal
como catalisador do desenvolvimento
internacional é um
evento internacional organizado
pela Câmara de Comércio e Indústria
Portuguesa que reunirá
na Fundação Champalimaud, em
Lisboa, figuras internacionais e
nacionais de destaque do mundo
da política e dos negócios com o
objetivo de consolidar e projetar
o papel de Portugal num cenário
global, presente e futuro.
Mais informações aqui.
15 A 17
World Employer Branding Day é o
maior evento do mundo em employer
branding. O objetivo é conectar empresas
de todo o mundo com os líderes
mundiais do employer branding,
agências e comunidades.
Saiba mais aqui.
MAIO
WORLD EMPLOYER
BRANDING DAY
Teatro Tivoli, Lisboa
15 A 16
A Fundação AIP lança mais um Portugal
Economia Social, uma feira que
pretende promover, dinamizar e qualificar
o setor da economia social portuguesa.
Um evento multidisciplinar
que se dedicará a mostrar e estimular
o potencial do setor da economia social.
Saiba mais aqui.
MAIO
PORTUGAL ECONOMIA SOCIAL
FIL, Lisboa
ABRIL 2019
WWW.PMEMAGAZINE.COM
16 A 18
MAIO
360 TECH INDUSTRY
Exponor, Matosinhos
A 360 Tech Industry – Feira Internacional da Indústria
4.0, Robótica, Automação e Compósitos
é um evento que convida todos os profissionais
do setor industrial a conhecer as mudanças
necessárias para rentabilizar o seu negócio e as
últimas novidades em inovação industrial.
Saiba mais aqui.
21 A 23
Portugal Smart Cities Summit congrega um
programa de conferências nas grandes temáticas
de smart cities, água e energia, e conta com
a participação nacional de projetos, startups,
spin-offs, universidades, entidades públicas e
privadas, empresas e empreendedores nacionais
e internacionais.
Saiba mais aqui.
MAIO
PORTUGAL SMART CITIES SUMMIT
FIL, Lisboa
WORLD LEADERSHIP FORUM
Centro de Congressos, Lisboa
Daniel Lamarre, presidente do Cirque du Soleil, e
Daniel Goleman, pioneiro em inteligência artificial
serão alguns dos rostos do World Leadership Forum,
que pretende reforçar e repensar o papel do
líder à frente das organizações.
Saiba mais aqui.
FIN PORTUGAL
FIL, Lisboa
21 E 22
6 E 7
MAIO
JUNHO
A FIN Portugal (Feira Internacional de Negócios)
faz parte de um projeto internacional da
Associação de Jovens Empresários Portugal-
-China que liga três continentes através de três
eventos anuais que decorrem em Portugal (junho),
Macau (outubro) e Brasil (março).
Saiba mais aqui.
49
OPINIÃO
AFINAL, O QUE É A MENTORIA?
Sandra Correia, empreendedora
Pedro Machado, CN Media
“Mentoria é o sistema em que uma pessoa mais velha e
experiente (mentor) orienta e encaminha outra mais jovem
e com menos experiência”, diz a Infopédia.
A mentoria tem vindo cada vez mais a ganhar espaço no
quotidiano da vida empresarial e no mundo dos negócios
em Portugal, embora ainda seja uma área em desenvolvimento,
ao invés dos Estados Unidos, onde a
mentoria faz parte da vida dos mentores e mentorados
como algo lógico e necessário.
A mentoria assenta, tal como tudo na vida, na partilha da
experiência vivida de uma pessoa, não necessariamente
mais velha, mas experiente que orienta e encaminha outros
menos inexperientes.
Os nossos avós fizeram isso connosco, os nossos pais
também, nós fazemos isso com os nossos filhos, afinal,
todos somos mentores, cada um à sua maneira.
A grande novidade é que a mentoria profissional começa
a ser cada vez mais real em Portugal, não só porque temos
bons mentores, mas porque nós também estamos
abertos a aprender e a partilhar as nossas experiências.
Na área dos negócios, a mentoria é fundamental, seja
para o empreendedor, seja para o empresário, seja para
o líder de equipa, seja para o colaborador ou funcionário,
seja para quem for.
Vou dar o meu exemplo: na minha carreira como empreendedora
e mulher de negócios abri mercados que não
estavam abertos, inovei, reinventei, falhei e tive sucesso!
Foi um caminho solitário e de enorme aprendizagem. Os
meus mentores não eram portugueses, eram americanos
com experiência de vida e o maior prazer que tinham
era ajudarem-me a evoluir no meu negócio através da
sua experiência.
A mentoria passou a ser algo natural na minha vida e
quando senti que já não era a paixão que me movia no
meu negócio, nem o elevado nível empresarial e de reconhecimento
que tinha alcançado, fiz uma mudança de
vida e comecei a partilhar com os outros a minha experiência,
a minha aprendizagem e tudo o que desenvolvi
ao longo da minha carreira para que os mentorados não
demorassem tanto tempo a chegar aos seus objetivos e
falhassem menos do que eu.
50
Sandra Correia, empreendedora e anterior figura de capa da PME Magazine
A importância da mentoria como parceiro de negócios é
fundamental, porque o mentor pode abrir portas através
do seu networking, pode criar estratégias de mercado
adaptadas ao mercado alvo com orientações fiéis e
assertivas, pode utilizar técnicas que mais rapidamente
tragam resultados imediatos e, sobretudo, pode encurtar
o caminho do mentorado para o sucesso, evitando as
falhas pelas quais o mentor já passou.
A mentoria é um investimento vital para a evolução de
qualquer negócio, porque os negócios são as pessoas e
se as pessoas tiverem uma mente aberta para aprender,
ouvir, rapidamente os resultados serão alcançados.
O tempo em que escondíamos o nosso negócio, os nossos
contactos, a partilha de como fiz, já terminou. O isolamento
não ajuda ao crescimento e esta consciência é
a base da transformação que estamos a viver no mundo.
É preciso abrir, porque mesmo que o outro faça igual a
mim, ele vai sempre fazer diferente, porque nem a cópia
consegue ser igual.
"A mentoria é um investimento
vital para a evolução de qualquer
negócio"
Criar estratégias de negócios, internacionalização,
marketing, comunicação, abrir ao investimento, uma
boa ideia, escalar um negócio, partilhar networking, são
os alicerces de uma boa mentoria, de um saber, de experiência
de vida direcionada para todos os que ousam,
na sua humildade, em querer aprender e, na sua visão,
querer voar e serem melhores.
Ser mentora é isto, sem estereótipos, mas de coração e
sabedoria abertos para que todos possam falhar menos,
aprender mais, ter mais sucesso e, sobretudo, serem felizes
ao contribuírem para o crescimento económico do
seu país, porque, ao fim ao cabo, empreendemos com
amor e #oamorexiste.
AQUI NÃO HÁ ESPAÇO PARA DÚVIDAS
TRABALHAMOS COM OS EMPREENDEDORES MAIS ASTUTOS,
ATENTOS E PROFISSIONAIS DO MERCADO..
FAÇA PARTE DESTA EQUIPA
CONTATOS:
+ 351 967 333 663
rh.grupoduploprestigio@remax.pt
Duplo Prestígio, Lda | AMI 5864 I Cada agência é de propriedade e gestão independente