EMPREENDA REVISTA - Ed. 24 - Maio 2019
Edição Especial de aniversário da Empreenda Revista. Revista de negócios focada em conteúdo empreendedor
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42<br />
PRODUTIVIDADE<br />
GUILHERME BAUMWORCEL,<br />
CRIA PLATAFORMA DIGITAL<br />
E SE PREPARA PARA CON-<br />
QUISTAR O BRASIL<br />
Texto e entrevista de: Pedro Paiva<br />
“Constância e resiliência”, esse é o lema de Guilherme<br />
Baumworcel, CEO e fundador do Rupee, plataforma digital<br />
que já possui hoje mais de 3.000 clientes cadastrados.<br />
Com apenas 32 anos, o contador carioca já possui<br />
muita experiência, tanto na contabilidade quanto na difícil<br />
tarefa de empreender em tecnologia no Brasil. Sem<br />
olhar para trás, Guilherme largou uma carreira estável e<br />
de sucesso para tentar a sorte com seu negócio próprio<br />
e, pouco depois, desenvolvendo uma ferramenta em<br />
nuvem de gerenciamento contábil, fiscal e de folha de<br />
pagamento. E não é que deu certo?<br />
A contabilidade, porém, não foi a primeira escolha de<br />
Guilherme. “Eu fazia engenharia mecânica na UFRJ mas<br />
estava muito insatisfeito, não era o que eu queria fazer”,<br />
disse. “Eu cheguei pro meu pai e falei: quero sair.<br />
Ele respondeu: cara, como pai eu já fiz o meu papel.<br />
Se você quer mudar, você tem que mudar sozinho”. E<br />
foi isso o que o Guilherme fez. Ele estava decidido que<br />
queria estudar finanças e, por isso, escolheu a contabilidade.<br />
“Pô, tá aí, deve ser uma coisa que eu possa fazer”,<br />
ele pensou.<br />
Já no primeiro período da faculdade, Guilherme começou<br />
a trabalhar como bolsista do CNPQ e como monitor,<br />
produzindo artigos pela CAPES. No segundo período, já<br />
estava estagiando no Grupo Icatu, um grupo renomado<br />
do mercado financeiro. Perguntado se se incomodava<br />
com alguma coisa, na época, a resposta foi não. “Primeiro<br />
eu entrei na Icatu, entrei dentro de um processo estruturado,<br />
e depois fui trabalhar em multinacional de<br />
auditoria, as famosas Big Four, fui até gerente nelas.<br />
Nesse caminho nada me incomodava, muito pelo contrário.<br />
Os processos serem tão bem definidos faziam<br />
com que eu pudesse crescer na carreira muito rápido.<br />
Eu era gerente em uma multinacional com 26 anos”.<br />
Quando trabalhava em uma empresa de auditoria, a<br />
PWC, Guilherme estava em constante contato com donos<br />
de empresas e tomadores de decisões. Foi ali que<br />
ele viu a oportunidade de abrir sua própria empresa de<br />
consultoria tributária. Logo depois, veio a ideia de vender<br />
o serviço de contabilidade, “o famoso escritório de<br />
contabilidade. Eu não gosto muito de usar esse termo,<br />
mas... era”, ele fala rindo. Foi aí que Guilherme se deparou<br />
com seu primeiro grande desafio: criar um processo<br />
definido, um método, para o seu negócio. Nessa jornada,<br />
Guilherme testou diversas ferramentas e sistemas:<br />
“testei tudo que existia, de Work Flow, de Kanbam, de<br />
Scrum e nada funcionava. Até que eu tomei uma multa”.<br />
Quase R$50.000,00, entre multa e juros. Esse foi o valor<br />
que a então empresa do Guilherme teve que pagar<br />
à receita. O motivo? Um funcionário que esqueceu de<br />
enviar um tributo para um cliente. “E a multa e o juros,<br />
quando você esquece de enviar para o cliente, você tem<br />
que pagar”, explica. Daí surgiu o estalo: “nenhum desses<br />
sistemas que eu estava usando estavam funcionando.<br />
Então pensei, vamos procurar no mercado o que tem”.<br />
Guilherme não conseguiu encontrar aquilo que ele precisava<br />
e, então, veio a ideia de criar o Rupee e logo em<br />
seguida já começou a desenvolver o sistema.<br />
“A primeira maior dificuldade foi conciliar o tempo. Eu<br />
usei meu time para testar sem saberem que a ferramenta<br />
era minha, para eu poder ouvir as críticas”, explica.<br />
“Se não, talvez não fossem fazer críticas reais”.<br />
Naquele momento, o difícil era atender os clientes do<br />
seu escritório e, ao mesmo tempo, desenvolver o produto,<br />
mas Guilherme nunca pensou em desistir.<br />
No final de 2017 começaram a chegar muitos elogios ao<br />
Rupee e, em 15 de janeiro de 2018, a plataforma foi lançada<br />
no mercado: “foi aí que eu vi que era isso que eu<br />
queria”, disse com um sorriso no rosto. A partir desse<br />
momento, Guilherme se desfez do escritório de contabilidade<br />
e começou a se dedicar 100% ao sistema. “Foi um<br />
processo me desfazer, ninguém fecha uma empresa do<br />
dia pra noite. E o legal é que quando eu fechei a empresa<br />
eu consegui que todos os [ex] funcionários fossem<br />
empregados em algum lugar”.<br />
Hoje, no 35º andar da Almirante Tower, no centro do<br />
Rio, com uma bela vista para o Pão de Açúcar, o sonho<br />
do Guilherme não é mais o mesmo de quando entrou<br />
na Universidade: “o sonho de todo estudante de contabilidade<br />
da UFRJ era ser sócio de uma empresa de<br />
auditoria, esse era o meu sonho. Hoje eu tenho o Rupee<br />
que já tem mais de 3.000 clientes cadastrados. Eu<br />
quero, esse ano ainda, conquistar o Brasil, no sentido<br />
de escalar a empresa, e, no futuro, a longo prazo, ir pra<br />
fora do país”.<br />
Gui, como é chamado no escritório, também<br />
dá uma dica aos futuros contadores<br />
e empreendedores: “Pra quem está<br />
entrando na faculdade de contabilidade<br />
agora, o negócio é se especializar<br />
o máximo. O futuro da contabilidade,<br />
cada vez mais, terá ferramentas que<br />
farão os processos de rotina. É importante ser muito<br />
técnico e entender muito a contabilidade. Para quem<br />
está começando a empreender, eu gosto muito de duas<br />
palavras: constância e resiliência. Constância porque<br />
você tem que manter. Eu brinco que o empreendedor é<br />
um esportista profissional, a gente tem que estar bem<br />
todos os dias porque tem gente, famílias, clientes, que<br />
dependem da gente. Resiliência porque existirão momentos<br />
duros, difíceis, decisões a serem tomadas e erros<br />
que acontecem e você precisará resistir. Eu nunca<br />
desisti porque sempre pensei em como bater de frente<br />
com os problemas e resolver”.