*Junho/2019 - Revista Biomais 33
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Diversificação necessária: especialista defende ampliação da matriz energética<br />
9 7 7 2 35 9 4 58 0 6 1 0 0 0 3 3<br />
EM EXPANSÃO<br />
MERCADO DE BIOMASSA<br />
CRESCE NO BRASIL<br />
ENERGIA LIMPA<br />
MARROCOS FOCA<br />
EM SUSTENTABILIDADE<br />
RESÍDUO DE MADEIRA<br />
PELLETS GANHAM MERCADO
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SUMÁRIO<br />
04 | EDITORIAL<br />
Pequenos grandes passos<br />
06 | CARTAS<br />
08 | NOTAS<br />
14 | ENTREVISTA<br />
18 | PRINCIPAL<br />
24| PELO MUNDO<br />
Marrocos quer ser exemplo sustentável<br />
30| TECNOLOGIA<br />
Escola que gera conhecimento<br />
e energia limpa<br />
34| CASE<br />
Energia limpa<br />
40 | ECONOMIA<br />
46 | EVENTO<br />
Evento destaca setor de bioenergia<br />
50 | ARTIGO<br />
56 | AGENDA<br />
58| OPINIÃO<br />
Energia solar fotovoltaica: a próxima<br />
onda do mercado livre de energia<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
03
EDITORIAL<br />
A imagem de capa da edição<br />
ilustra a variedade de combustíveis<br />
sustentáveis que está à disposição<br />
do mercado brasileiro<br />
PEQUENOS<br />
GRANDES PASSOS<br />
A<br />
pesar de ter demorado a investir no setor das energias limpas, o Brasil tem mostrado grande<br />
potencial para implementar práticas sustentáveis no mercado energético. Nesta edição, a<br />
REVISTA BIOMAIS traz na reportagem principal o panorama do atual cenário de biomassa no<br />
Brasil - a crescente promessa de um negócio lucrativo para os próximos anos. Já a entrevista<br />
deste mês, aborda o projeto do pesquisador da Embrapa, Bruno Laviola, que criou um sistema que<br />
mapeia e organiza as informações das biomassas no agronegócio brasileiro. Além disso, contamos com<br />
reportagens especiais nas editorias de Tecnologia, Economia e Pelo Mundo. Ótima leitura!<br />
EXPEDIENTE<br />
ANO VI - EDIÇÃO <strong>33</strong> - JUNHO <strong>2019</strong><br />
Diretor Comercial<br />
Fábio Alexandre Machado<br />
(fabiomachado@revistabiomais.com.br)<br />
Diretor Executivo<br />
Pedro Bartoski Jr<br />
(bartoski@revistabiomais.com.br)<br />
Redação<br />
Rafael Macedo - Editor<br />
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(criacao@revistareferencia.com.br)<br />
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Dash7 Comunicação - Joseane Cristina Knop<br />
Dep. Comercial<br />
Gerson Penkal, Jéssika Ferreira,<br />
Tainá Carolina Brandão (comercial@revistabiomais.com.br)<br />
Fone: +55 (41) <strong>33</strong><strong>33</strong>-1023<br />
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Cassiele Ferreira - Supervisão<br />
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ASSINATURAS<br />
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produtores e consumidores de energias limpas e alternativas, produtores de resíduos<br />
para geração e cogeração de energia, instituições de pesquisa, estudantes universitários,<br />
órgãos governamentais, ONG’s, entidades de classe e demais públicos, direta e/<br />
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didáticos.<br />
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energy producers and consumers, producers of residues used for energy generation and<br />
cogeneration, research institutions, university students, governmental agencies, NGO’s, class<br />
and other entities, directly and/or indirectly linked to the Segment. REVISTA BIOMAIS does<br />
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04 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Caldeiras Alfa Laval Aalborg para<br />
queima de biomassa
CARTAS<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
A utilização do gás natural traz benefícios relevantes para o meio ambiente. Parabéns por<br />
abordarem o tema!<br />
Vitor Bastos – Niterói (RJ)<br />
Foto: divulgação<br />
CASE<br />
Excelente reportagem sobre a primeira usina termelétrica movida a biomassa de madeira no Mato Grosso do Sul (MS).<br />
Continuem retratando iniciativas como essa!<br />
Gabriel Oliveira – Rondonópolis (MT)<br />
PARCERIAS<br />
Ótima entrevista com o professor Leonardo Gomes Tavares, mostrando que a universidade pode ser parceira no<br />
desenvolvimento de iniciativas sustentáveis.<br />
Rafael Baltazar – Betim (MG)<br />
INOVAÇÃO<br />
Tecnologias como a do veículo movido a biometano retratadas na REVISTA BIOMAIS são<br />
essenciais para que o setor continue crescendo.<br />
Felipe Farah – Santos (SP)<br />
Foto: divulgação<br />
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06 www.REVISTABIOMAIS.com.br
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NOTAS<br />
BIOTECNOLOGIA NO<br />
PARANÁ<br />
O Fiep (Sistema Federação das Indústrias do Estado<br />
do Paraná) lançou um estudo para analisar o desenvolvimento<br />
da biotecnologia no Paraná e as transformações<br />
socioeconômicas e tecnológicas. Lançado como<br />
parte do programa Rotas Estratégicas para o Futuro da<br />
Indústria Paranaense, o estudo Roadmap Biotecnologia<br />
2031 prevê o desenvolvimento de estratégias para<br />
o setor de biotecnologia do Paraná. O trabalho analisou<br />
questões voltadas para a economia, tecnologia,<br />
sociedade, de acordo com acontecimentos voltados<br />
para a biotecnologia no estado. Dentre os resultados,<br />
destaca-se que a maior parte das atividades biotecnológicas<br />
do Brasil estão localizadas nas regiões Sul<br />
e Sudeste. Quanto ao número de empresas voltadas<br />
para o setor, o Paraná ocupa o quinto lugar, sendo 80%<br />
das empresas voltadas para a área alimentar.<br />
Foto: divulgação<br />
ONU E ITAIPU<br />
Uma parceria firmada entre a Itaipu Binacional e o programa<br />
de desenvolvimento da ONU (Organização das Nações<br />
Unidas) visa desenvolver a região Oeste do Paraná de forma<br />
sustentável. O objetivo da iniciativa é promover o cumprimento<br />
dos objetivos de desenvolvimento sustentável no oeste do<br />
Paraná. O projeto abrange 54 municípios da região. O objetivo<br />
é desenvolver metas para eliminar a pobreza, a fome e as<br />
desigualdades da região, além de fortalecer o desenvolvimento<br />
econômico, preservar o meio ambiente e combater as mudanças<br />
climáticas. A iniciativa contempla projetos de desenvolvimento<br />
sustentável em diversas áreas, como a produção de<br />
biofertilizante e biogás por meio de dejetos da pecuária e o<br />
terraceamento de áreas agrícolas, processo que faz a drenagem<br />
correta das chuvas e aumenta a retenção de água no solo.<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
PARCERIA PARA<br />
BIOMETANO<br />
Uma parceria entre a iniciativa privada e os municípios de<br />
Presidente Prudente (SP) e Pirapozinho (SP) pretende aumentar a<br />
produção e distribuição de biometano no Estado. A parceria é parte<br />
de um projeto pioneiro nos sistemas de distribuição do biogás. De<br />
acordo com o governo do Estado de São Paulo, a expectativa é que<br />
230 mil pessoas sejam beneficiadas com a medida. A produção será<br />
feita a partir dos resíduos como bagaço, vinhaça e palha da cana-de-<br />
-açúcar. A GasBrasiliano, responsável pela distribuição de gás natural<br />
na região noroeste paulista, investirá R$ 30 milhões e a Usina Cocal<br />
investirá outros R$ 130 milhões para a produção de combustível.<br />
08 www.REVISTABIOMAIS.com.br
BIOGÁS EM CORRIDAS<br />
O biogás passou a ser utilizado no Honda Indy Grant Prix do Alabama,<br />
nos EUA (Estados Unidos da América). A competição conta com duas equipes<br />
abastecidas com biogás, utilizado como substituto aos combustíveis convencionais,<br />
inclusive o gás natural. O combustível renovável utilizado pelas duas<br />
equipes é produzido pela empresa American Biogas Council e Gess International,<br />
uma das maiores empresas de biogás dos EUA. Segundo o representante<br />
da Associação Comercial que representa a indústria do biogás nos EUA, Patrick<br />
Serfass, a adoção do biogás traz benefícios de sustentabilidade para o planeta.<br />
A produção de biogás compreende a reciclagem de restos de comidas<br />
e resíduos agrícolas que podem ser retirados do meio ambiente, reduzindo o<br />
acúmulo de resíduos e de emissões de gases do efeito estufa.<br />
Foto: divulgação<br />
BIOMASSA<br />
LENHOSA<br />
Estudo desenvolvido pelo Utia (Instituto<br />
de Agricultura da Universidade de Tennessee),<br />
nos EUA (Estados Unidos da América),<br />
pretende favorecer a logística da biomassa<br />
lenhosa para produção de biocombustível<br />
nos EUA. O principal objetivo em longo<br />
prazo é acelerar o ritmo de desenvolvimento<br />
do setor de biocombustível celulósico<br />
norte-americano. A pesquisa pretende focar<br />
em parâmetros-chave para sistemas de<br />
logística de matéria-prima para a produção<br />
de biomassa lenhosa de alta qualidade para<br />
biorrefinarias na região sudeste dos EUA. A<br />
equipe responsável pelo estudo determinará<br />
a qualidade da biomassa lenhosa no<br />
sudeste do país e identificará a relação com<br />
o desempenho de conversão. Com subsídio<br />
de quase um milhão de dólares, a pesquisa<br />
levará três anos para ser concluída.<br />
MAIS EMPREGOS<br />
A construção da nova usina da Eldorado, a Usina Termoelétrica Onça Pintada,<br />
em Três Lagoas (MS), deverá gerar mais de 1,5 mil empregos. As contratações vão<br />
ocorrer de acordo com o andamento da obra, e o número é corresponde ao pico<br />
da construção, que está prevista para o final deste ano. A previsão de conclusão<br />
das obras é para o segundo semestre de 2020, e as atividades deverão ser<br />
iniciadas em janeiro de 2021. Com investimento de R$ 328 milhões, a usina vai<br />
disponibilizar 50 MWh de energia elétrica para o sistema nacional. O volume é<br />
suficiente para abastecer uma cidade de aproximadamente 300 mil habitantes.<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
09
NOTAS<br />
SOLAR MAIS BARATA<br />
Um projeto apresentado pelo primeiro-secretário da Assembleia Legislativa<br />
do Mato Grosso, deputado estadual Max Russi (PSB), pretende reduzir a taxa<br />
para energia solar e beneficiar a população de baixa renda no Mato Grosso.<br />
O objetivo é estimular a produção própria de energia limpa e renovável no<br />
Estado, além de viabilizar a economia nos gastos com eletricidade. “Com essa<br />
medida, a aquisição fica mais viável para o consumidor”, garante o deputado.<br />
Segundo ele, o uso desta fonte renovável também contribui para anular o<br />
problema da degradação ambiental. “Tem a questão da escassez de água e mudanças<br />
climáticas e, por isso, a energia solar é a melhor alternativa. As pessoas<br />
de baixa renda precisam ter esse acesso mais facilitado”, afirma.<br />
Foto: divulgação<br />
DESCARBONIZAÇÃO<br />
DE BIOENERGIA<br />
Uma iniciativa da empresa de energia britânica<br />
Drax pretende tornar a empresa negativa<br />
em relação à emissão de gases poluentes. O<br />
método para isso será a captação do dióxido<br />
de carbono através de um armazenamento<br />
de bioenergia. Chamado de Beccs, o projeto é<br />
pioneiro no mundo e contou com investimento<br />
de 400 mil libras. A tecnologia desenvolvida pela<br />
Escola de Química da Universidade de Leeds usa<br />
um solvente orgânico para capturar carbono dos<br />
gases de combustão da usina. O desenvolvimento<br />
da tecnologia pelos especialistas ocorreu em<br />
conjunto com a Drax. A parceria permitiu que o<br />
solvente desenvolvido fosse compatível com o<br />
gás de combustão da biomassa na estação. Os<br />
planos da usina incluem a captura de 10 mil t<br />
(toneladas) de CO2 por dia de cada uma das suas<br />
quatro unidades espalhadas pela Europa.<br />
SUCROENERGIA NA FRENTE<br />
Em 2018, a biomassa produzida pelo setor sucroenergético foi responsável<br />
por 82% da bioeletricidade ofertada no Brasil. O volume corresponde<br />
a biomassa de bagaço de cana-de-açúcar que alimentou a geração de<br />
bioeletricidade no país, segundo o Boletim Mensal de Energia, divulgado<br />
pelo Ministério de Minas e Energia. De acordo com o boletim, a energia hidrelétrica<br />
permanece em primeiro lugar, com 67% do total da Oferta Interna<br />
de Energia Elétrica no Brasil, seguida pelo gás natural com 8,5%, e a fonte<br />
biomassa aparecendo na terceira posição, que gerou 52,5 TWh. Do total de<br />
biomassa, o bagaço de cana-de-açúcar corresponde a 82% do volume.<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
10 www.REVISTABIOMAIS.com.br
NOTAS<br />
Participe do m<br />
de Biomassa<br />
Presença dos prin<br />
BIOMASSA DE SORGO<br />
O sorgo de seis metros é uma alternativa O maior na geração de encontro<br />
energia a partir de biomassa, segundo a Embrapa. As vantagens<br />
da planta incluem o rápido crescimento e o alto potencial<br />
Mais de 1000 con<br />
produtivo, podendo alcançar 150 toneladas por hectares de<br />
www.congressob<br />
massa verde e cerca de 35 toneladas por hectares de massa<br />
seca por semestre, de acordo com pesquisadores da entidade.<br />
O período de semeio do sorgo é restrito aos meses de outubro<br />
a dezembro. A sensibilidade da planta à luz solar reduz sua<br />
produtividade nos plantios de janeiro. Devido ao seu ciclo de<br />
produtividade, o sorgo pode fornecer matéria prima entre os<br />
meses de março a abril, quando há falta de bagaço de cana-de-<br />
-açúcar, suprindo a demanda das usinas que ficam paradas ou<br />
estão em início de safra no período.<br />
Foto: divulgação<br />
ENERGIA DE<br />
RESÍDUOS<br />
O Paraná terá a primeira estação do Brasil a gerar<br />
energia através de esgoto e resíduos orgânicos. Com<br />
capacidade de produzir 2,8 MW (megawatts) de eletricidade,<br />
a usina de biogás transformará resíduos em<br />
eletricidade para abastecer cerca de 2 mil residências<br />
na região. A licença para a empresa CS Bioenergia foi<br />
concedida pelo Instituto Ambiental do Paraná. Além<br />
do biogás, a usina também produzirá biofertilizante.<br />
A matéria-prima será proveniente de estações de<br />
tratamento de esgoto e coleta de lixo. A estimativa é<br />
que este uso desvie 1000 m³ (metros cúbicos) de lodo<br />
de esgoto e 300 toneladas de lixo orgânico dos aterros<br />
sanitários.<br />
25,26 e 27<br />
de junho de<br />
<strong>2019</strong><br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
12 www.REVISTABIOMAIS.com.br<br />
SOLAR PARA AGROPECUÁRIA<br />
A Coopercitrus (Cooperativa de Produtores Rurais) inaugurou em<br />
Bebedouro (SP) a maior usina de geração de energia solar voltada<br />
ao setor agropecuário no Estado de São Paulo. A usina abastecerá<br />
integralmente 28 unidades do grupo e deverá reduzir em mais de<br />
50% os gastos com energia elétrica na cooperativa. Com investimento<br />
inicial de R$ 5 milhões, o complexo conta com 3,6 mil placas fotovoltaicas<br />
espalhadas por uma área de 10 mil m2 (metros quadrados)<br />
próximo à Rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326). Hoje, a produção<br />
anual da usina pode chegar a quase 2 GW (gigawatts). A expectativa<br />
é triplicar a capacidade de geração do complexo em até dois anos.
aior Participe evento do do maior setor evento do setor<br />
e Energias de Biomassa Renováveis e Energias Renováveis<br />
cipais<br />
Presença<br />
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do<br />
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setor.<br />
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25,26 e 27<br />
de junho de<br />
the Date<br />
<strong>2019</strong><br />
Save<br />
the Date<br />
<br />
feira internacional de biomassa e energia<br />
<br />
feira internacional de biomassa e energia<br />
O setor de Biomassa e<br />
O setor de Biomassa Energias e renováveis<br />
Energias renováveis tem encontro marcado<br />
tem encontro <br />
marcado<br />
<br />
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ORGANIZAÇÃO E REALIZAÇÃO<br />
ORGANIZAÇÃO E REALIZAÇÃO
ENTREVISTA<br />
Foto: divulgação<br />
ENTREVISTA<br />
JOSÉ<br />
FREDERICO<br />
REHME<br />
Formação: Engenheiro Eletricista e Mestre<br />
em Ciências (Msc), ambos pela Utfpr<br />
(Universidade Tecnológica Federal do<br />
Paraná)<br />
Cargo: Professor dos cursos de Engenharia<br />
de Energia e Engenharia Elétrica da<br />
Universidade Positivo (UP) e sócio diretor<br />
da empresa de projetos e instalações GTD<br />
Global<br />
DIVERSIFICAR FONTES<br />
EVITARIA NOVOS<br />
APAGÕES<br />
T<br />
ornar a eficiência energética uma prática comum em todos os setores da economia é um<br />
grande desafio. Por isso, é preciso uma participação cada vez mais relevante das fontes<br />
renováveis na matriz energética; a estabilidade do sistema elétrico demanda a adoção de<br />
novas tecnologias e a diversificação das fontes. Em entrevista à REVISTA BIOMAIS, o professor<br />
José Frederico Rehme aborda possibilidades de crescimento e a importância de demanda e<br />
capacidade instalada andarem lado a lado para evitar novos apagões. Confira:<br />
14 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
15
16 www.REVISTABIOMAIS.com.br
PRINCIPAL<br />
DE PATINHO FEIO<br />
À PROTAGONISTA<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
18 www.REVISTABIOMAIS.com.br
TRATADA COMO<br />
TABU DURANTE<br />
MUITO TEMPO,<br />
A PRODUÇÃO<br />
DE BIOMASSA<br />
NO BRASIL JÁ SE<br />
TRANSFORMOU<br />
NA TERCEIRA<br />
MAIOR FONTE DE<br />
ENERGIA NO PAÍS<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
19
PRINCIPAL<br />
C<br />
om grande extensão territorial, o Brasil é<br />
um país de contrastes que também estão<br />
presentes na infraestrutura e na matriz<br />
energética brasileira. Apesar do crescimento<br />
e diversificação da matriz energética brasileira,<br />
muitas cidades, principalmente no interior do país,<br />
ainda sofrem com a carência de energia elétrica. Nesse<br />
cenário, a energia gerada a partir de biomassa é uma<br />
alternativa para acabar com a carência de energia.<br />
“A biomassa é uma saída muito interessante para a<br />
carência energética”, explica o analista de Produtividade<br />
e Inovação da Abdi (Agência Brasileira de Desenvolvimento<br />
Industrial), Antônio Tafuri, em entrevista<br />
ao Diário do Comércio. “Com os resíduos é possível<br />
fazer energia própria, que pode aumentar a rentabilidade<br />
da empresa e da região como um todo, inclusive<br />
criando mais empregos.”<br />
Essa fonte de geração de energia segue uma<br />
tendência de crescimento no país. A potência instalada<br />
em usinas de biomassa de cana atingiu 10 GW<br />
(gigawatts) no ano passado, segundo dados da Aneel<br />
(Agência Nacional de Energia Elétrica). O número representa<br />
cerca de 7% da capacidade total instalada no<br />
país, posicionando a biomassa como terceira maior<br />
fonte de energia do Brasil, atrás de energia hidrelétrica<br />
(62%) e gás natural (9%).<br />
Nos últimos anos, a biomassa superou em 250%<br />
a capacidade instalada média de térmicas a base<br />
de óleo combustível e diesel, e é cerca de três vezes<br />
maior que a do carvão, segundo informações de Zilmar<br />
de Souza, gerente da Unica (União das Indústrias<br />
de Cana-de-Açúcar).<br />
Segundo a Unica, se considerar as diversas biomassas,<br />
a produção de bioeletricidade para a rede<br />
20<br />
www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 21
22 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
23
PELO MUNDO<br />
MARROCOS QUER SER<br />
EXEMPLO<br />
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25
PELO MUNDO<br />
C<br />
onhecido por suas grandes extensões de<br />
desertos, o Marrocos está prestes a se tornar<br />
reconhecido também pela sustentabilidade.<br />
O país é o segundo mais sustentável<br />
do mundo, segundo o Climate Change Performance<br />
Index de <strong>2019</strong>, índice que classifica os esforços de um<br />
país para prevenir as mudanças climáticas analisando<br />
uma combinação de fatores, como emissões de gases<br />
de efeito estufa, energia renovável, uso de energia e<br />
política climática. O país ficou atrás apenas da Suécia e<br />
é o único da África a entrar para o ranking.<br />
A classificação é resultado da urgência com que<br />
o governo assumiu a redução das emissões e adaptação<br />
às mudanças climáticas. Por não possuir recursos<br />
naturais de petróleo, o Marrocos tem o terceiro menor<br />
PIB (Produto Interno Bruto) per capita do Oriente Médio<br />
e norte da África e importa quase 95% de sua energia.<br />
Sua região também é a mais vulnerável a secas e outros<br />
desastres associados à escassez de água.<br />
Considerando estes aspectos, o governo do país<br />
introduziu uma política de desenvolvimento sustentável<br />
que compartilha um papel na estratégia ambiental<br />
de longo prazo pela proteção do meio ambiente e<br />
os recursos naturais do país, o controle constante do<br />
governo sobre a natureza no nível local e o desenvolvimento<br />
das operações destinado a melhorar o ambiente<br />
natural dos cidadãos.<br />
Uma das medidas principais é o estabelecimento de<br />
meta para energia renovável. O objetivo é ter 52% da<br />
capacidade energética do país proveniente de fontes<br />
renováveis até 2030. E o país já está no caminho certo:<br />
um novo estudo mostra que todo o país poderia ser<br />
movido a energia renovável até 2050 - a média global<br />
para o período é entre 10 e 20%.<br />
A meta é parte de uma ambiciosa Estratégia<br />
Energética desempenhada desde 2009, que também<br />
pretende aumentar a produção de energia solar, eólica<br />
e hidroelétrica em 2 GW (gigawatts) cada, bem como<br />
um programa de eficiência energética que visa alcançar<br />
12% de economia de energia até 2020.<br />
26 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
27
28 www.REVISTABIOMAIS.com.br
precisão<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
29
TECNOLOGIA<br />
ESCOLA QUE GERA CONHECIMENTO<br />
E ENERGIA LIMPA<br />
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30 www.REVISTABIOMAIS.com.br
A PARTIR DE PARCERIAS COM A INICIATIVA<br />
PRIVADA, UNIVERSITÁRIOS PRETENDEM ADAPTAR<br />
UMA ESCOLA MUNICIPAL QUE INTEGRARÁ<br />
ENERGIA RENOVÁVEL, EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E<br />
MODERNOS PROJETOS ARQUITETÔNICOS<br />
U<br />
ma tecnologia inédita pretende tornar uma<br />
escola em Piraquara (PR) mais sustentável e<br />
mais confortável para os usuários. O projeto<br />
desenvolvido por professores e estudantes<br />
da Ufpr (Universidade Federal do Paraná) ficou entre<br />
os finalistas de uma competição internacional nos EUA<br />
(Estados Unidos da América). A construção da escola<br />
deverá começar no fim deste ano, com apoio de uma<br />
empresa de São José dos Pinhais (PR).<br />
A construção gera a própria energia elétrica, reaproveita<br />
a água das chuvas e garante conforto térmico<br />
por meio de uma tecnologia inédita desenvolvida<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
31
TECNOLOGIA<br />
por pesquisadores da Ufpr. A tecnologia, batizada de<br />
capacidade térmica remota, faz o ar externo circular<br />
no subsolo, usando ventiladores para enviá-lo para<br />
dentro do edifício por cavidades nas paredes, explica<br />
o coordenador da equipe que desenvolveu o projeto,<br />
Aloísio Leoni Schmid, professor do Departamento de<br />
Arquitetura e Urbanismo da Ufpr.<br />
“Os tubos de ar ainda passam por dentro de uma<br />
piscina de contenção de cheias, o que acelera o processo.<br />
Esse ar é previamente filtrado e desbacterizado<br />
e tem doses certas e locais estratégicos para ser insuflado<br />
na construção de modo a trazer a temperatura<br />
dos ambientes para a faixa desejada sem necessidade<br />
de ar-condicionado ou aquecedor”, destaca Schmid.<br />
O professor explica ainda que a sustentabilidade do<br />
projeto também fica por conta da construção: utiliza<br />
uma estrutura de madeira laminada colada, tecnologia<br />
que está crescendo e reduz o impacto ambiental de<br />
escolas convencionais.<br />
A construção gera a<br />
própria energia elétrica,<br />
reaproveita a água<br />
das chuvas e garante<br />
conforto térmico por<br />
meio de uma tecnologia<br />
inédita desenvolvida por<br />
pesquisadores da Ufpr<br />
A escola projetada é capaz de gerar a própria<br />
energia elétrica por meio de painéis fotovoltaicos,<br />
que aproveitam a radiação solar, distribuídos no pátio<br />
e nas janelas. Além disso, o projeto leva em conta o<br />
entorno da escola e suas características específicas.<br />
“A estrutura também foi pensada para uma região<br />
com problemas de violência, buscando integrar a<br />
comunidade. A ideia apresentada foi disponibilizar<br />
equipamentos ao público aos fins de semana, como<br />
auditório, biblioteca e refeitório, criando um sentimento<br />
de pertencimento e responsabilidade pela escola”,<br />
explica o professor.<br />
RECONHECIMENTO INTERNACIONAL<br />
O trabalho foi destaque no Solar Decathlon Design<br />
Challenge, nos EUA (Estados Unidos da América). A<br />
equipe de professores e alunos de pós-graduação da<br />
Ufpr responsável pelo projeto ficou entre finalistas da<br />
competição internacional, com o primeiro lugar na<br />
votação de júri popular na categoria Escolas.<br />
O objetivo do evento é explorar a eficiência<br />
energética, isto é, reunir soluções para a economia<br />
de energia sem prejuízo dos serviços energéticos, e<br />
o fornecimento de energia de fontes renováveis para<br />
tornar os edifícios autônomos em energia. Os jurados<br />
avaliaram dez desafios principais, entre eles, o desempenho<br />
energético da construção, inovações para<br />
a construção civil, estrutura, arquitetura e viabilidade<br />
financeira. Para o evento, os pesquisadores criaram e<br />
apresentaram um modelo em realidade virtual.<br />
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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 35
CASE<br />
O<br />
Parque Barigui, em Curitiba (PR), está se<br />
tornando símbolo de energia limpa e<br />
renovável na região. O parque receberá<br />
a CGH (Central Geradora Hidrelétrica) Nicolau<br />
Klüppel, que já está em fase final de construção<br />
e deverá começar a operar no começo do segundo<br />
semestre. A usina é localizada no vertedouro do lago<br />
do parque e deverá gerar energia para o uso de todas<br />
as suas instalações.<br />
“Vamos economizar dinheiro e iluminar as pistas<br />
do parque com a eletricidade grátis deste rio que<br />
verte em direção ao Rio Iguaçu. Essa turbina é um<br />
símbolo para gerar consciência no Brasil”, projetou o<br />
prefeito do município, Rafael Greca.<br />
Quando entrar em operação, a usina terá capacidade<br />
de gerar cerca de 21.600 kwh/mês (kilowatts/<br />
hora). O volume corresponde à metade da energia<br />
consumida em todo o Parque Barigui mensalmente. A<br />
mesma quantidade seria capaz de atender ao consumo<br />
de 135 residências médias.<br />
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39
ECONOMIA<br />
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UTILIZAÇÃO DE PELLETS TEM<br />
IMPULSIONADO MERCADO DAS ENERGIAS<br />
RENOVÁVEIS NO BRASIL E NO MUNDO<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
41
ECONOMIA<br />
U<br />
ma das principais alternativas para geração<br />
de energia limpa, os pellets de madeira<br />
passam por um momento favorável no<br />
mercado mundial: o aumento nas vendas e<br />
na participação para a geração de energia limpa estão<br />
consolidando estes produtos provenientes de resíduos<br />
florestais no contexto global da sustentabilidade.<br />
A indústria de pellets começou no Brasil há cerca<br />
de 15 anos, mas agora parece viver o seu momento<br />
mais promissor. Os cilindros de biomassa vegetal,<br />
altamente compactados para concentrar o máximo de<br />
poder calorífico, possuem entre 6 e 8 mm (milímetros)<br />
de diâmetro e entre 4 e 40 mm de comprimento. Por<br />
seu alto potencial energético sustentável, o bioproduto<br />
está ganhando terreno na substituição da lenha e<br />
do carvão como fonte de energia renovável.<br />
Um dos pontos principais para o crescimento dos<br />
pellets é a sustentabilidade. Os produtos são 100%<br />
sustentáveis e permitem a redução da emissão de<br />
gases de efeito estufa. De acordo com a Abipel (Associação<br />
Brasileira das Indústrias de Pellets de Madeira),<br />
a utilização de pellets é favorável ao meio ambiente,<br />
pois o produto é neutro em carbono, além de serem<br />
derivados de resíduos de madeira que constituem um<br />
passivo ambiental.<br />
As vantagens já são percebidas pelo mercado internacional:<br />
a participação dos pellets brasileiros vem<br />
crescendo em todo o mundo, sobretudo na Europa.<br />
A estimativa é de crescimento para os próximos anos,<br />
tanto no mercado internacional quanto no mercado<br />
doméstico. Uma pesquisa recente da Grand View Research<br />
aponta que o mercado mundial de pellet está<br />
projetado para chegar a US$ 15,47 bilhões até 2025.<br />
Segundo a engenheira florestal madeireira Vivian<br />
Takahashi, consultora da empresa Vale do Tibagi, o<br />
consumo de pellets cresce na Europa porque os países<br />
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sucroenergético, acontecerá de 20 a 23<br />
de agosto em Sertãozinho (SP) - um dos<br />
principais polos da indústria sucroenergética e de<br />
produção de cana-de-açúcar. Em sua 27ª edição, o<br />
evento se consolida também como vitrine do setor de<br />
bioenergia, seguindo a tendência mundial de sustentabilidade.<br />
Além da vocação na geração de conhecimento e<br />
oportunidade de atualização para os profissionais do<br />
mercado, o evento apresentará soluções e conteúdos<br />
voltados para bioenergia. Através do tema “Renovando<br />
seus negócios”, a feira mostra como o setor<br />
oferece diversas possibilidades dentro de sua cadeia<br />
de produção.<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
47
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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
49
ARTIGO<br />
50 www.REVISTABIOMAIS.com.br
MINSKY E A<br />
FRAGILIDADE<br />
FINANCEIRA<br />
DAS DISTRIBUIDORAS DO<br />
SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
ERNANI TEIXEIRA TORRES FILHO<br />
Doutor em Economia e Professor do Instituto de<br />
Economia da UFRJ<br />
CAROLINE MIAGUTI<br />
Mestre em Economia Política Internacional pelo<br />
Instituto de Economia da UFRJ<br />
NORBERTO MARTINS<br />
Estudante do Doutorado em Economia pelo<br />
Instituto de Economia da UFRJ, Bolsista da Faperj<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
51
ARTIGO<br />
RESUMO<br />
risco de mercado, que é associado a flutuações imprevistas<br />
nas receitas esperadas do devedor e, portanto, inerente a<br />
qualquer empréstimo.<br />
Para avaliar a relevância do risco financeiro na economia,<br />
Misnky (1986) recomenda que as unidades econômicas<br />
de qualquer tipo - famílias, empresas ou governo<br />
- sejam classificadas em três tipos: hedge, quando o risco<br />
financeiro apresentado em seu balanço é muito baixo, relacionado<br />
apenas a frustrações muito fortes e inesperadas<br />
na demanda; especulativo, quando o risco financeiro da<br />
renegociação já prevista de passivos é considerado baixo; e<br />
Ponzi, quando a situação financeira da empresa é insus-<br />
E<br />
ste trabalho apresenta os resultados da aplicação<br />
da TIF (Teoria da Fragilidade Financeira) de Minsky<br />
ao setor de distribuição de energia elétrica no<br />
Brasil. Essa teoria permite identificar o risco de as<br />
empresas conseguirem saldar de forma sustentada suas<br />
dívidas em condições adversas de mercado. A TIF disponibiliza<br />
uma taxonomia que classifica as firmas conforme<br />
o nível de seu risco financeiro. Este trabalho adapta os<br />
indicadores e a taxonomia da TIF às condições do setor de<br />
distribuição de energia elétrica e os aplica aos dados da<br />
contabilidade regulatória de mais de 60 empresas entre<br />
2007 e 2015. Constitui uma iniciativa original pela sua<br />
aplicação a um setor específico da economia e também a<br />
um setor regulado pelo governo. Há estudos que contemplam<br />
essa mesma linha aplicada de pesquisa, entretanto<br />
essa literatura tem predominantemente uma preocupação<br />
diferente, de natureza macroeconômica. Os resultados<br />
mostram um aumento substantivo da fragilidade financeira<br />
das distribuidoras do setor elétrico brasileiro ao longo<br />
do período analisado.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A TIF foi desenvolvida pelo economista americano<br />
Hyman Minsky a partir de ideias de Keynes, com o objetivo<br />
de lidar com a recorrência de graves crises financeiras nos<br />
países capitalistas. A visão do autor contrasta com a interpretação<br />
dos economistas neoclássicos, que atribui esses<br />
eventos disruptivos a fatores exógenos ao sistema econômico.<br />
Na visão desses outros autores, o sistema econômico<br />
tenderia inexoravelmente ao equilíbrio, não fossem os<br />
erros de política econômica ou choques imprevistos.<br />
Para Minsky, em uma economia monetária em que<br />
existe um sistema financeiro razoavelmente desenvolvido,<br />
há uma tendência a que empresas e bancos especulem<br />
com seus fluxos de caixa futuros. Assim, são concedidos<br />
empréstimos no presente em troca da expectativa do<br />
recebimento de um fluxo de pagamentos (juros e amortizações)<br />
no futuro.<br />
Muitos financiamentos são efetivados mesmo quando<br />
a previsão de receitas operacionais líquidas do credor se<br />
mostra insuficiente para garantir o repagamento da dívida.<br />
Nesses casos, já se prevê o refinanciamento do empréstimo<br />
antes do fim do prazo contratado. Quando isso acontece,<br />
as empresas e seus bancos passam a estar sujeitos a um<br />
risco maior relacionado às condições de preço e prazo em<br />
que essa renegociação se dará no futuro. Esse fator estritamente<br />
financeiro dá lugar a um componente de cálculo<br />
da taxa de juros da operação que será adicional ao do<br />
52 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
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55
AGENDA<br />
JUNHO <strong>2019</strong><br />
CIBIO <strong>2019</strong><br />
Data: 25 a 27<br />
Local: Curitiba (PR)<br />
Informações: www.congressobiomassa.com<br />
DESTAQUE<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
FIEE (FEIRA INTERNACIONAL<br />
DA INDÚSTRIA ELÉTRICA)<br />
Data: 23 a 26<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: www.fiee.com.br<br />
POWER & ENERGY AFRICA <strong>2019</strong><br />
Data: 25 a 27<br />
Local: Nairobi (Kenia)<br />
Informações: http://expogr.com/kenyaenergy<br />
Imagem: divulgação<br />
AUSTRALIAN CLEAN ENERGY SUMMIT<br />
Data: 30 a 31<br />
Local: Sydney (Austrália)<br />
Informações: www.cleanenergysummit.com.au<br />
CIBIO<br />
Data: 25 a 27<br />
Local: Curitiba (PR)<br />
Informações:<br />
www.congressobiomassa.com/<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
AUSTRALIAN UTILITY WEEK <strong>2019</strong><br />
Data: 14 e 15<br />
Local: Melbourne (Austrália)<br />
Informações: www.australian-utility-week.com<br />
EXPO EFICIENCIA ENERGÉTICA <strong>2019</strong><br />
Data: 21 a 23<br />
Local: Monterrey (México)<br />
Informações: http://expoeficienciaenergetica.com<br />
O Congresso Internacional de Biomassa é um<br />
evento anual que conta com o apoio das principais<br />
associações e entidades ligadas ao setor da biomassa<br />
no Brasil e exterior, estando já em sua 4ª edição. O<br />
congresso tem papel fundamental nesta nova fase<br />
da matriz energética brasileira, onde a busca por<br />
tecnologias limpas para geração de energia, se faz<br />
urgente para garantir o futuro e o crescimento do<br />
país. No meio desta busca por novas alternativas para<br />
gerar energia, temos acordos e compromissos firmados<br />
pelo Brasil com outros países, com o objetivo<br />
de diminuir as emissões de gases do efeito estufa na<br />
atmosfera.<br />
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OPINIÃO<br />
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ENERGIA SOLAR<br />
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PRÓXIMA ONDA DO<br />
MERCADO LIVRE DE<br />
ENERGIA<br />
D<br />
esde o início de <strong>2019</strong>, o mercado de energia solar<br />
fotovoltaica apresenta uma trajetória animadora<br />
tendo ultrapassado a energia nuclear e assumido<br />
a posição de sétima fonte mais representativa<br />
na matriz energética brasileira, superando a marca de 2.000<br />
megawatts (MW) de potência operacional.<br />
A estimativa é de que a fonte ultrapasse a marca de 3.000<br />
MW ainda em <strong>2019</strong>, atraindo ao Brasil mais de R$ 5,2 bilhões<br />
em novos investimentos privados, com a instalação de mais<br />
de 1.000 MW adicionais em sistemas de pequeno, médio e<br />
grande portes, segundo projeções da Associação Brasileira<br />
de Energia Solar Fotovoltaica. Os prognósticos são bons, mas<br />
ainda estão longe de representar o verdadeiro potencial que<br />
a energia solar fotovoltaica tem a oferecer ao Brasil, país com<br />
um dos maiores potenciais de geração desta fonte renovável<br />
no mundo.<br />
Atualmente, o crescimento da energia solar fotovoltaica<br />
ainda está fortemente dependente de projetos desenvolvidos<br />
no Ambiente de Contratação Regulada, ou seja, no chamado<br />
“mercado cativo”, composto por leilões de energia elétrica<br />
organizados pelo Governo Federal, como os A-4 e A-6 que<br />
ocorrerão neste ano, bem como por projetos de geração<br />
distribuída atendendo os consumidores cativos na baixa e<br />
média tensão.<br />
No entanto, há um outro universo ainda pouco explorado<br />
e de grande potencial de expansão para a fonte: o ACL<br />
(Ambiente de Contratação Livre), ou seja, o chamado mercado<br />
livre de energia. A fonte solar fotovoltaica oferece preços cada<br />
vez mais competitivos e já inferiores aos de outras fontes renováveis,<br />
como CGHs, PCHs e biomassa, resultado da redução<br />
de preços de equipamentos e da acirrada competição entre<br />
empreendedores. Com isso, a energia solar fotovoltaica tem<br />
todas as características necessárias para se tornar a mola propulsora<br />
do próximo grande salto do dinâmico mercado livre<br />
de energia no curto, médio e longo prazos.<br />
Adicionalmente, as transformações em andamento no<br />
setor elétrico contribuirão de maneira positiva para um<br />
cenário promissor da fonte solar fotovoltaica. A primeira delas<br />
é a nova configuração dos patamares de carga do setor, que<br />
entrou em vigor neste ano, trazendo uma importante valorização<br />
do preço da fonte, dado o seu pico de geração nos momentos<br />
de patamar de carga pesada, que passará de 3 para 12<br />
horas de vigência, do meio da manhã até o início da noite.<br />
Neste cenário, a fonte solar fotovoltaica terá nova valorização<br />
significativa, pois as simulações atuais de preços e horários<br />
apontam que a fonte oferta a maior parte de sua geração<br />
em horários nos quais a energia elétrica é mais demandada e,<br />
consequentemente, mais valiosa e com preço mais elevado.<br />
Dessa forma, além de ajudar o sistema, a fonte proporcionará<br />
uma maior economia aos consumidores e rentabilidade aos<br />
investidores, quando comparada com fontes que têm a maior<br />
parte de sua geração nos horários da noite e madrugada.<br />
Muito em breve, projetos de energia solar fotovoltaica no<br />
ACL representarão um novo mar de oportunidades e contribuirão<br />
para a competitividade de segmentos importantes da<br />
nossa economia, como shopping centers, supermercados,<br />
fábricas, entre outros. Isso será possível por meio da estruturação<br />
de produtos customizados, adequados especificamente<br />
às necessidades de consumidores com maior consumo de<br />
energia elétrica no período diurno, em horário comercial,<br />
quando a geração solar fotovoltaica mais se destaca. E a sua<br />
empresa, já está preparada para surfar esta nova onda do<br />
setor?<br />
Por Ronaldo Koloszuk<br />
Presidente do Conselho de Administração da Absolar<br />
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