05.07.2019 Views

RCIA - ED. 154 - MAIO 2018

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Valvoline Racing, aquele impagável<br />

run run runnn run ruuuuuuuuunn...<br />

run run....<br />

A VIAGEM<br />

Ceccotto (1) e Adu (4)<br />

em duelo sensacional<br />

nas curvas de Interlagos<br />

deroso chefe da equipe venezuelana,<br />

o melhor traçado para se pilotar em<br />

Interlagos. Suas mãos, uma sobre a<br />

outra, levemente distantes, movimentos<br />

contorcidos, mostrando o comportamento<br />

da Yamaha número 1 nas<br />

saídas de curva, a sua observação<br />

do desgaste dos pneus que ele carinhosamente<br />

acariciava, gesto que eu<br />

tietando, na sua companhia, repeti<br />

agachado no lado oposto da motocicleta.<br />

A EXPECTATIVA<br />

Neste fim de semana, três pilotos<br />

em especial chamavam minha atenção:<br />

Adu Celso, que poucos dias antes<br />

sagrou-se vencedor do Grand Prix<br />

da Espanha, tornando-se o primeiro<br />

piloto brasileiro a vencer uma prova,<br />

numa categoria Especial do Campeonato<br />

Mundial, deixando pra trás nada<br />

mais nada menos que Billie Nelson e<br />

Patrick Pons, ambos oficiais Yamaha.<br />

Johnny Ceccotto, que mesmo muito<br />

jovem já dava prenúncio da lenda que<br />

mais tarde se tornaria e Evaldo Salerno,<br />

o melhor piloto de Araraquara<br />

e um dos melhores do país na categoria<br />

50cc. Salerno, parceiro nesta<br />

prova de Edivilmo Queiroz, tinha uma<br />

“tocada” extremamente técnica, estilosa,<br />

trazia a motocicleta na mão,<br />

fundida no seu próprio corpo, muito<br />

bonito de se contemplar. Se eu e Pinho<br />

modestamente nos inspirávamos<br />

Evaldo Salerno<br />

brilhante na<br />

reta oposta,<br />

antecedendo<br />

a tomada da<br />

Curva do Sol<br />

Chegamos em São Paulo na sexta<br />

feira à noite, a corrida foi no domingo<br />

e o sábado, por mais incrível que<br />

pareça, foi o dia mais festejado, foi o<br />

dia mais especial, foi uma verdadeira<br />

festa. Circulávamos por todos os boxes,<br />

observando, admirando e ficando<br />

encantados. Tudo ali era mágico. Imagine<br />

Adu e Tognochi discutindo sobre<br />

como acertar a sua motocicleta ou<br />

o melhor, andando ali do nosso lado<br />

juntamente com Walter Barchi, Denísio<br />

Casarini, Zezzo Ponticelli e Paulé<br />

Salvalágio. Ali também naquele momento,<br />

no ostracismo, nascia outra<br />

lenda do motociclismo nacional: o<br />

genial Carlos Alberto Pavan, consagrado<br />

posteriormente como “Jacaré”,<br />

piloto humilde, exacerbado e amigo<br />

de Araraquara.<br />

Nem em sonho pensaria na possibilidade<br />

de estar ao lado de Ceccotto,<br />

explicando para Dom Hipólito, o poem<br />

Ceccotto, Nezinho como chamamos<br />

até hoje, tinha o estilo limpo de<br />

Giácomo Agostini, igualmente imitado<br />

por Baiano Faito.<br />

No domingo, dada a largada estilo<br />

Le Mans, uma corrida inesquecível.<br />

Walter Barchi (Tucano) e Adu largaram<br />

muito bem e alternaram a liderança<br />

em bonito duelo. Tucano, o melhor<br />

piloto que atuava no Brasil, mostrava<br />

para Adu que tinha muito talento e<br />

que venderia caro a liderança. Ceccotto<br />

não conseguiu largar bem, sua<br />

moto não pegou na largada, deixando<br />

sua corrida na parceria de Ferruccio<br />

Della Fusine, totalmente prejudicada.<br />

Tentando descontar a diferença para<br />

os líderes Adu e Tucano, Johnny acelerava<br />

tão forte que acabou caindo na<br />

entrada da ferradura, levantando-se<br />

rapidamente e indo direto para o posto<br />

médico, enquanto os seus mecânicos<br />

consertavam o equipamento, que<br />

lhe rendeu um atraso de oito voltas<br />

completas. Se para ele foi difícil, pura<br />

sorte para nós amantes de uma boa<br />

corrida. Daquele instante até o finzinho<br />

da prova (100 voltas no traçado<br />

antigo, 8 km) descontou quatro voltas<br />

até encontrar Adu. Travaram ali<br />

um dos mais belos espetáculos que<br />

Interlagos já assistiu. O autódromo<br />

inteiro ficou de pé, Adu não permitia<br />

Ceccotto tirar mais uma volta de atraso,<br />

Ceccoto por sua vez, obstinado<br />

não aliviou seu acelerador, até ultrapassar.<br />

Roda com roda, carenagens<br />

grudadas como irmãs siamesas, o<br />

locutor da prova ensandecido e para<br />

nós uma aula do impossível.<br />

A prova foi vencida então por Adu<br />

e Paolo Tognochi, seguidos pela dupla<br />

venezuelana Pedro Betancourt e<br />

Domingos Cortez. Ceccotto e Ferrucio,<br />

vencendo as adversidades, chegaram<br />

brilhantemente em terceiro. Salerno<br />

e Edivilmo em décimo segundo, na<br />

classificação geral, realizando ambos,<br />

um corridaço.<br />

71|

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!