REVISTA SETCEPAR VII
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COMJOVEM<br />
Transporte no Brasil e suas<br />
constantes mudanças. Você está preparado?<br />
por Tiago Dallagrana, membro do COMJOVEM<br />
Desde a criação da Lei 12.619/<br />
2012, o transporte rodoviário<br />
brasileiro sofreu uma grande<br />
transformação, sem qualquer<br />
tempo adaptativo, a partir da<br />
vigência da lei, as transportadoras<br />
passaram a estar sujeitas<br />
a jornadas de trabalho de<br />
seus motoristas, assim como<br />
já habitualmente tínhamos na<br />
maioria dos segmentos, com<br />
funcionários trabalhando in<br />
loco. Com isso, podemos dizer<br />
que a produtividade do principal<br />
ativo das transportadoras<br />
- seus caminhões - caiu cerca<br />
de 40%, aumentando de forma<br />
bastante impactante os<br />
custos de suas operações.<br />
Em meio a este cenário, as empresas<br />
precisavam encontrar<br />
novos modelos de trabalho que<br />
a curto prazo pudessem solucionar<br />
parte destes problemas,<br />
visto que o mercado também<br />
não aceitou um repasse imediato<br />
dos valores de serviço de<br />
transporte. A partir deste mo-<br />
mento a figura do autônomo<br />
e do agregado (vamos chamar<br />
de terceiros) começa a roubar a<br />
cena, uma vez que o veículo do<br />
transportador é conduzido por<br />
um colaborador CLT, sujeito a<br />
jornadas diárias de 8 horas de<br />
condução. Os terceiros por sua<br />
vez continuaram a rodar por<br />
jornadas muito mais extensas<br />
que estas e, portanto, ofereciam<br />
uma melhor alternativa de produtividade<br />
e custo.<br />
Este modelo caminhou muito<br />
bem até meados do ano de<br />
2015, ano em que o país mergulhou<br />
em uma profunda crise<br />
econômica. Desde então as<br />
empresas de transporte detentoras<br />
das cargas passaram a ter<br />
dificuldades graves de ajustar<br />
seus fretes de acordo com a<br />
alta de seus insumos. Sendo assim,<br />
a fim de preservarem suas<br />
empresas e manterem de alguma<br />
forma sua rentabilidade,<br />
os empresários também não<br />
repassavam reajustes a seus<br />
terceiros, que neste estágio já<br />
eram responsáveis por grandes<br />
parcelas dos transportes realizados<br />
no país. Este cenário acabou<br />
levando estes profissionais<br />
a operarem em uma situação<br />
financeira bastante crítica, forçando<br />
a elevar suas horas de<br />
trabalho e até mesmo abdicar<br />
de manutenções importantes<br />
para segurança de seus veículos<br />
em busca de viabilizar a sua<br />
prestação de serviços sem os<br />
reajustes necessários.<br />
Esta situação se estendeu até<br />
meados de 2017, quando o governo,<br />
sem muitas alternativas<br />
para melhorar a sua arrecadação,<br />
decidiu aumentar as alíquotas<br />
dos combustíveis, levando os<br />
terceiros a completa inviabilidade<br />
- caso não houvesse reajuste<br />
nos valores dos fretes pagos a<br />
estes. A adequação nos preços,<br />
na maioria dos casos, não ocorreu<br />
e quando eventualmente<br />
aconteceram não foi o suficiente<br />
para cobrir os aumentos de<br />
custos acumulados desde 2015<br />
e agora agravados. Deste modo<br />
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