HISTÓRIAS O lado bom “C uritiba é um ovo!”, “nossa, esta cidade é muito fria!”, “curitibano é tudo antipático!” e “o tempo em Curitiba (PR) é imprevisível!” são algumas das frases que mais ouço sobre a capital paranaense. Todo mundo tem um amigo, conhecido ou colega que fala isso todo santo dia, religiosamente. Fala ainda como quem está infeliz, está incomodado e frustrado com as características da cidade. Curitiba, de fato, é um ovo! Saímos para comer, ir ao shopping, aos parques ou só andar na rua e sempre vamos encontrar alguém que conhecemos. Ou conhecer alguém novo em um bar ou uma balada que conhece algum amigo nosso. Ou pior, algum ex nosso! Que pavor! A cidade é muito fria e muito imprevisível! Em nossas mochilas, uma sombrinha e uma japona só por precaução, né? E sempre bastante espaço para que, quando chegar o almoço, possamos como cobras trocar de pele e nos preparar para o calor do meio dia. Que incômodo! E o curitibano é super antipático! Fora algumas pessoas, sempre que estou no elevador ou no transporte o papo é pouco. E quando falamos, é sobre o tempo e desrespeitamos Curitiba! Dizemos: - Essa cidade é um horror, é muito fria! - Quer ver que ao meio dia vai estar um calor enorme? - Nem me fale, que desgraça! São esses os poucos e constantes diálogos que nós, os “antipáticos” curitibanos, temos. Agora pense... Será que esses são mesmo defeitos? Recentemente saí de Curitiba e vim para Florianópolis (SC). Acordo pela manhã e está muito frio! Logo penso: ao meio dia vai sair um sol certeza, acho que vou de bermuda! Mas o sol não sai, e passo um baita frio. E, na mesma hora, bate uma vontade de trocar de pele na hora do almoço! Era algo tão gostosinho. A minha cabeça está cheia, não estou com clima ou vontade de conversas pequenas em elevador ou enquanto me dirijo aos compromissos do dia. Só quero ficar um pouco no meu canto. Esqueça! Terá mais e mais diálogos que não incluem o tempo ou o horror que é a cidade, mas sim o que se pensa sobre assunto x ou y sem nunca realmente me conectar com a pessoa. Que saudades do meu espaço. Mas esse nem é o pior. O ruim mesmo é sair pra ir ao mercado, ao parque, à praia ou ao shopping e não ter um mísero conhecido sequer. Ir ao bar e não ter um conhecido de um amigo. Ah, como queria que Floripa fosse um ovo. Como queria sentir uma conexão com alguém “do nada” pelo simples fato de termos estudado no mesmo colégio ou termos um amigo, amiga ou ex em comum. Falando em ex... Curitiba, aí que saudade de você. Saudades do seu frio que vira calor e depois vira chuva e, então, volta a ser frio. Saudades de ficar quieto no elevador pensando em minha vida. Saudades de fazer novos amigos graças aos velhos amigos e ao fato de simplesmente ser um ovo. Talvez eu seja apenas um apaixonado, mas esses seus “defeitos” me parecem o lado bom de Curitiba. Foto: divulgação Por Gabriel Witiuk 82 setembro 2019 revistavoi.com.br
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