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propmark.com.br<br />
ANO 55 - Nº 2790 - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> R$ 15,00<br />
cONexãO viRtuAl é<br />
<strong>de</strong>sAfiO às AgêNciAs<br />
Uma série <strong>de</strong> dilemas<br />
está em jogo com o<br />
trabalho à distância.<br />
Po<strong>de</strong> gerar insegurança<br />
e medo. A psicanalista<br />
Fabiana Guntovitch faz<br />
diagnóstico. pág. 34<br />
ANselmO RAmOs sugeRe<br />
cAmiNhOs cONtRA cRise<br />
Sócio-fundador da<br />
GUT, que completa<br />
dois anos, afirma que o<br />
melhor marketing agora<br />
é justamente ajudar,<br />
ajustar o tom e não<br />
per<strong>de</strong>r o foco. pág. 18<br />
pNt cONfiRmA sbt<br />
cOmO vice-lí<strong>de</strong>R<br />
Pesquisa da Kantar<br />
mostra que emissora<br />
<strong>de</strong> Silvio Santos teve<br />
média <strong>de</strong> 4,9 pontos <strong>de</strong><br />
audiência em 12 meses.<br />
Betty, a feia é atração<br />
do canal. pág. 14<br />
Montagem sobre foto da Pixabay<br />
marcas geram valor e confiança<br />
com ações que vão além do discurso<br />
iniciativas solidárias, prestação <strong>de</strong> serviços e informações formam tripé utilizado por gran<strong>de</strong>s empresas que<br />
se <strong>de</strong>stacam em meio à pan<strong>de</strong>mia da covid-19. Agências e anunciantes avaliam que o propósito tem ganhado<br />
protagonismo nas campanhas, assim como atitu<strong>de</strong>s que impactam empregos e a saú<strong>de</strong> são igualmente relevantes.<br />
Já os veículos <strong>de</strong> mídia abrem conteúdo outrora exclusivo <strong>de</strong> assinantes e promovem novida<strong>de</strong>s no combate à crise.<br />
busca pela ativida<strong>de</strong> jornalística cresce e profissão <strong>de</strong>ve sair fortalecida do cenário atual. pág. 26
#Fique<br />
SAIBA MAIS EM<br />
WWW.SAOPAULO.SP.GOV.BR/CORONAVIRUS
CONTRA O<br />
CORONAVÍRUS,<br />
SIGA O QUE DIZEM<br />
OS ESPECIALISTAS:<br />
EmCasa<br />
EM MEIO À CRISE MUNDIAL DE SAÚDE PÚBLICA,<br />
OUÇA O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS EM PANDEMIA,<br />
OS GOVERNANTES DOS PAÍSES MAIS AFETADOS PELA DOENÇA<br />
E A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE: FIQUE EM CASA.<br />
A ECONOMIA A GENTE TRABALHA E RECUPERA.<br />
A VIDA DE QUEM A GENTE AMA NÃO DÁ PARA RECUPERAR.<br />
Secretaria da<br />
Saú<strong>de</strong>
editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
Problemas brasileiros<br />
São muitos e difíceis <strong>de</strong> enumerá-los, numa época em que não param <strong>de</strong><br />
crescer. Mesmo assim, temos <strong>de</strong> acreditar em uma solução, ainda que<br />
paliativa, para que os seus 200 milhões <strong>de</strong> habitantes possam, no mínimo,<br />
nutrir esperanças <strong>de</strong> melhora.<br />
Para que isso a nosso ver aconteça, temos <strong>de</strong> manter no tabuleiro do jogo político<br />
nacional, por ora, as mesmas peças que formam o conjunto <strong>de</strong>sse jogo,<br />
sem o que correríamos o risco <strong>de</strong> uma ruptura institucional que a própria<br />
história já <strong>de</strong>monstrou ser inútil.<br />
Logo após as diversas rupturas que tivemos, o Brasil <strong>de</strong> uma certa forma<br />
ficou pior, redundando no que po<strong>de</strong>mos enxergar neste momento: um país<br />
<strong>de</strong> povo dividido, com gran<strong>de</strong> parte não sabendo sequer enten<strong>de</strong>r a fundo o<br />
regime político em que vivemos.<br />
Essa anormalida<strong>de</strong> nos leva a crer que o menos pior é prosseguir como estamos,<br />
lutando e pressionando por acertos mínimos que se fazem necessários.<br />
Vamos começar pelo presi<strong>de</strong>nte da República, acostumado no Brasil a ser a<br />
maior autorida<strong>de</strong> pátria, o que o faz em tese respeitado por tudo e por todos.<br />
Neste momento <strong>de</strong> embate <strong>de</strong> forças políticas divergentes, teria <strong>de</strong> prevalecer<br />
a figura <strong>de</strong>ssa autorida<strong>de</strong> máxima, que todavia se <strong>de</strong>sfaz em meio a<br />
erros primários, muito provavelmente mais por teimosia do que falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>.<br />
tes: Bolsonaro aparentemente passou a evitá-los, preocupando-se mais<br />
com o seu mandato atual do que com um eventual e quase impossível,<br />
até aqui, segundo mandato. Não po<strong>de</strong>ríamos encerrar esse comentário,<br />
jornal tradicional do meio publicitário brasileiro que somos (há 55 anos<br />
consecutivos a serem completados em maio), sem uma observação muito<br />
particular e na qual muito apostamos o <strong>de</strong>sgaste do atual presi<strong>de</strong>nte: sua<br />
aversão à propaganda.<br />
Des<strong>de</strong> quando tomou posse em 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2019, Bolsonaro tem se mostrado<br />
avesso às armas da comunicação em larga escala, com severas críticas<br />
principalmente à publicida<strong>de</strong>, algo incompreensível nos dias atuais, quando<br />
mais e mais são utilizados esses recursos da comunicação, principalmente<br />
entre disputantes a cargos eletivos.<br />
Sua aversão à propaganda chega a tal ponto, que mesmo as estatais ligadas<br />
ao governo fe<strong>de</strong>ral abandonaram ou minimizaram sua propaganda, embora<br />
atuando em mercados competitivos, com outras congêneres da iniciativa<br />
privada que se valem da força da publicida<strong>de</strong> para subirem na preferência<br />
popular. Para o presi<strong>de</strong>nte, a propaganda não po<strong>de</strong> ser a alma do negócio.<br />
Ele prefere o embate, geralmente corpo a corpo, o que muitas vezes lhe trai,<br />
quando se <strong>de</strong>fronta com um adversário com dose superior <strong>de</strong> recursos próprios<br />
<strong>de</strong> comunicação.<br />
***<br />
Vejamos a questão que mais nos atormenta e ameaça neste momento, que<br />
é o novo coronavírus: por muito pouco e provavelmente por um incompreensível<br />
ciúme da capacida<strong>de</strong> do seu ministro Man<strong>de</strong>tta, no que diz respeito<br />
à saú<strong>de</strong> pública, terrivelmente abalada pela progressão da pan<strong>de</strong>mia em<br />
nosso país, S.Exa. esteve a ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>miti-lo lá atrás, o que só não <strong>de</strong>ve<br />
ter ocorrido porque o ministro colocou a saú<strong>de</strong> pública brasileira acima das<br />
questões digamos assim pessoais com Bolsonaro.<br />
Para muitos, o recuo do ministro foi uma <strong>de</strong>rrota, para nós um gesto <strong>de</strong> sabedoria<br />
e humilda<strong>de</strong> porque, em meio ao combate a essa terrível pan<strong>de</strong>mia<br />
que ainda nos assola, o profissional médico levou mais em conta seu compromisso<br />
com Hipócrates do que o <strong>de</strong> menor monta com o presi<strong>de</strong>nte.<br />
Do lado <strong>de</strong> cá, o presi<strong>de</strong>nte Jair Bolsonaro dá claras evidências do seu <strong>de</strong>scontentamento<br />
em manter o médico Man<strong>de</strong>tta no seu Ministério, principalmente<br />
após o reconhecimento pelo ministro <strong>de</strong> que a medida tomada pelo<br />
governador João Doria em São Paulo, com um “feriadão” jamais visto na<br />
história brasileira, era necessária para se <strong>de</strong>ter o avanço do novo coronavírus,<br />
facilitado pelas aglomerações da população em <strong>de</strong>terminados locais e<br />
momentos do dia e da noite.<br />
Sem dúvida, um pouco <strong>de</strong> razão restava ao presi<strong>de</strong>nte, ao prever que a economia<br />
brasileira seria seriamente abalada com isso, como estamos vendo<br />
em nosso cotidiano.<br />
Mas a opção presi<strong>de</strong>ncial po<strong>de</strong>ria causar um estrago irreparável em todo o<br />
país, mal se sabendo até on<strong>de</strong> iriam as suas consequências. Por outro lado,<br />
tínhamos o governador João Doria, candidato ainda não oficialmente <strong>de</strong>clarado<br />
à sucessão <strong>de</strong> Bolsonaro na Presidência da República, travando um embate<br />
quase que diuturno com este, pouco importando as condições locais.<br />
Doria, mais bem preparado do que Bolsonaro e acostumado em suas li<strong>de</strong>s<br />
profissionais e empresariais a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r com clareza e luci<strong>de</strong>z seus pontos <strong>de</strong><br />
vista, aproveitou-se <strong>de</strong>ssa superiorida<strong>de</strong> em relação a Bolsonaro para firmar<br />
junto à opinião pública brasileira a evidência <strong>de</strong> quem sairá vencedor nas<br />
próximas eleições presi<strong>de</strong>nciais, caso eles se encontrem no segundo turno.<br />
Para uma coisa que julgamos boa neste momento, serviram esses emba-<br />
Como praticamente todos os setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s empresariais e profissionais,<br />
o mercado publicitário brasileiro se retraiu diante da pan<strong>de</strong>mia do<br />
novo coronavírus, com muitos profissionais trabalhando em home office e<br />
as agências fechadas por <strong>de</strong>terminação legal no estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Mesmo assim, algumas poucas campanhas e peças isoladas têm sido veiculadas<br />
na mídia, em número maior as que falam da pan<strong>de</strong>mia, recomendando<br />
o recolhimento. As opiniões <strong>de</strong> empresários do setor são no sentido <strong>de</strong><br />
que, uma vez terminado o prazo do recolhimento e em sensível baixa o exército<br />
inimigo, a propaganda voltará ao mercado com força total, procurando<br />
seus anunciantes recuperar no todo ou pelo menos em parte os prejuízos<br />
que todos tivemos com a paralisação, plenamente justificáveis porém em<br />
virtu<strong>de</strong> da causa. A mídia torce para que assim seja.<br />
***<br />
Faleceu na última semana João Natale Neto, que na presidência da APP –<br />
Associação Paulista <strong>de</strong> Propaganda - adquiriu, através <strong>de</strong> uma criativa passagem<br />
<strong>de</strong> chapéu junto às empresas <strong>de</strong> comunicação po<strong>de</strong>rosas da época, a<br />
se<strong>de</strong> da entida<strong>de</strong> na Rua Hungria, em um dos pontos mais movimentados<br />
<strong>de</strong> São Paulo. Natale chegou a ser sócio <strong>de</strong> uma metalúrgica pertencente à<br />
família do seu pai. Foi nela que cunhou grandiosamente as primeiras medalhas<br />
metálicas conferidas aos responsáveis pela criação e aprovação dos<br />
trabalhos premiados nas primeiras versões do Prêmio Colunistas. Trocando<br />
mais recentemente a publicida<strong>de</strong> pelo jornalismo, Natale era membro da<br />
Aca<strong>de</strong>mia Paulista <strong>de</strong> Jornalismo, em cujas reuniões sempre se <strong>de</strong>stacou em<br />
<strong>de</strong>fesa das causas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />
***<br />
Um dos maiores gênios da propaganda brasileira e até por isso chamado<br />
<strong>de</strong> “o pai <strong>de</strong> todos”, Alexandre José Periscinoto, o Alex <strong>de</strong> tantos amigos<br />
e histórias, completou, neste 8 <strong>de</strong> <strong>abril</strong>, 95 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A ele, a quem o<br />
PROPMARK muito <strong>de</strong>ve, os nossos mais sinceros cumprimentos e maiores<br />
homenagens por ter conduzido sua riquíssima carreira profissional, formando<br />
profissionais e não abandonando jamais uma das maiores virtu<strong>de</strong>s do ser<br />
humano, em nosso idioma grafada como ética. Salve Alex, nos 96 faremos<br />
outro registro!<br />
4 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
Índice<br />
Marcas e<br />
veículos ganham<br />
relevância na crise<br />
Ações solidárias, como doações,<br />
além <strong>de</strong> iniciativas para a<br />
preservação <strong>de</strong> empregos,<br />
geram valor; imprensa se <strong>de</strong>staca<br />
por credibilida<strong>de</strong> na pan<strong>de</strong>mia.<br />
caPa<br />
26<br />
Pixabay<br />
Fotos: Divulgação<br />
entrevista<br />
anselmo ramos<br />
reflete sobre crise<br />
Sócio-fundador da GUT fala que pan<strong>de</strong>mia do<br />
novo coronavírus é território completamente<br />
impensável. “Quem disser que sabe<br />
exatamente o que fazer, parabéns, por favor<br />
liga pra mim. O melhor marketing agora<br />
é justamente ajudar”, avalia ele, que fala<br />
também sobre os dois anos da agência. pág. 18<br />
agências<br />
MÍdia<br />
BuzzFeed po<strong>de</strong> fechar<br />
escritório no Brasil<br />
Marca norte-americana <strong>de</strong> mídia, sucesso<br />
na internet por suas famosas listas <strong>de</strong><br />
curiosida<strong>de</strong>s, procura parceiros para<br />
não <strong>de</strong>scontinuar a operação brasileira.<br />
A equipe local já teve salários reduzidos<br />
<strong>de</strong>vido à crise com a pan<strong>de</strong>mia. pág. 16<br />
coronavÍrus<br />
especialistas<br />
recomendam empatia<br />
Como o novo coronavírus é uma crise que<br />
não estava formatada nos manuais <strong>de</strong><br />
comunicação, o momento exige ações<br />
ainda mais bem pensadas, avalia Milena<br />
Fiori, da InPress Porter Novelli. pág. 32<br />
Mercado<br />
em 2019, publicida<strong>de</strong><br />
cresceu 8% no país<br />
Levantamento da Kantar Ibope Media aponta<br />
que o investimento publicitário chegou a<br />
R$ 158,7 bilhões no ano passado, contra R$ 147<br />
bilhões em 2018. De acordo com o ranking,<br />
houve variação positiva para os meios TV<br />
aberta, internet, OOH e cinema. pág. 12<br />
FcB global dispensa<br />
Joanna Monteiro<br />
Publicitária brasileira não teve o seu contrato<br />
como diretora <strong>de</strong> criação para projetos globais<br />
renovado com a re<strong>de</strong>. Joanna é consi<strong>de</strong>rada<br />
uma das criativas <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque da<br />
sua geração. Ela estava na FCB <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2012,<br />
on<strong>de</strong> ganhou vários prêmios. pág. <strong>13</strong><br />
editorial ................................................................4<br />
Última hora ..........................................................8<br />
curtas ..................................................................10<br />
Mercado ..............................................................12<br />
agências .............................................................<strong>13</strong><br />
Mídia ...................................................................14<br />
inspiração ..........................................................17<br />
entrevista ...........................................................18<br />
arena do esporte ...............................................20<br />
storyteller ..........................................................21<br />
Beyond the Line ................................................22<br />
Quem Fez ............................................................23<br />
We Love MKt ......................................................24<br />
Produtoras ..........................................................25<br />
coronavírus ........................................................26<br />
d&ad <strong>2020</strong> .........................................................36<br />
supercenas .........................................................37<br />
Última Página ....................................................38<br />
6 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
conexões<br />
do editorial brasileiro. São pouco<br />
comerciais, atraem poucos patrocinadores,<br />
ficam ancorados<br />
<strong>de</strong>mais num i<strong>de</strong>al editorial antigo<br />
e/ou gringo. Deveriam mudar o<br />
mindset e colocar em posição estratégica<br />
gente com visão mais <strong>de</strong><br />
marketing.<br />
Rommel Vaz Cantalice<br />
última Hora<br />
Fotos: Divulgação<br />
Facebook<br />
BuzzFeed po<strong>de</strong> fechar operação<br />
no Brasil<br />
Uma pena, mas, sinceramente...<br />
sempre achei que eles tinham<br />
uma postura pouco comercial pra<br />
realida<strong>de</strong> brasileira. Aliás, esse é<br />
um mal bem comum ao mercadorinHo<br />
Rommel Vaz Cantalice, concordo<br />
plenamente. Permeiam a ditadura<br />
Olivetiana como um segmento<br />
padrão, não existe regra na publicida<strong>de</strong><br />
que não possa ser modificada,<br />
tudo se transforma.<br />
Diogo Silva<br />
Triste... no ano passado eles já<br />
dispensaram uma barca.<br />
George Soares<br />
Instagram<br />
Após apelo da torcida e famosos,<br />
a @fiatbr vai dar um carro<br />
para @babusantana, participante<br />
do #bigbrotherbrasil<br />
Obrigada, Fiat, por vocês realizarem<br />
o sonho do Babu!<br />
san.tos462<br />
EDUCAÇÃO<br />
O canal Foras <strong>de</strong> Série está se transformando em<br />
plataforma <strong>de</strong> educação executiva/corporativa e<br />
consultoria para marcas que operam no universo digital.<br />
Lançado há cinco anos com o plano <strong>de</strong> “inspirar pessoas<br />
através <strong>de</strong> histórias <strong>de</strong> quem realmente mete a mão na<br />
massa”, nesta nova fase, investe no posicionamento <strong>de</strong><br />
“trazer apoio ao empreen<strong>de</strong>dor que busca mudar o seu<br />
ecossistema, seja no trabalho, em casa ou no próprio<br />
negócio com informação, referência e inspiração”.<br />
A mudança tem a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> André Barros (criador<br />
do canal Desimpedidos), Rafael Cappelli (publicitário)<br />
e Alison Paese (sócio-executivo da XP Investimento),<br />
na foto acima.<br />
DIGITAL<br />
IT Mídia, do CEO André Cavalli, entra no digital com o IT<br />
ForON. A i<strong>de</strong>ia é integrar a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> TI com geração<br />
<strong>de</strong> conteúdo no contexto <strong>de</strong> crise.<br />
fUsÃO<br />
As agências Solo Propaganda e ED Interactive, ambas <strong>de</strong><br />
Campinas, São Paulo, anunciaram na semana passada a<br />
fusão das operações, que resulta na Solo ED. Na carteira<br />
<strong>de</strong> negócios estão marcas como McDonald’s, Xbox, Bosch,<br />
Danone, Sanofi e 3M. “Com toda expertise conquistada ao<br />
longo da história das duas empresas, estamos preparados<br />
para inspirar clientes e prontos para oferecer estratégias<br />
fortes e transformá-las em resultados, tanto na região<br />
<strong>de</strong> Campinas como em todo território nacional”, disse<br />
o sócio Rogério Souza, à direita na foto acima, com<br />
Fernando Boccia (centro) e Fábio Lima.<br />
CAMPANHA<br />
Criação da Y&R, Vivo lança campanha para o segmento<br />
empresarial com oferta <strong>de</strong> digitalização às empresas.<br />
O filme <strong>de</strong>monstra soluções que “vão muito além <strong>de</strong><br />
conectivida<strong>de</strong>”. A ação reforça o propósito da marca:<br />
Digitalizar para Aproximar.<br />
8 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
o que é 55 Para você?<br />
55<br />
Para o ProPmark é uma vida inteira <strong>de</strong>dicada ao mercado <strong>de</strong> comunicação.<br />
Vêm aí os 55 anos do ProPmark.
curtas<br />
sunsetDDB e BV falam em filme<br />
sobre a importância do abraço<br />
O comercial integra a campanha #LeveASerio e será veiculado naTV fechada<br />
A importância <strong>de</strong> um abraço,<br />
<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> afeto que<br />
está atualmente limitada com<br />
o distanciamento social para<br />
combater o novo coronavírus,<br />
é o ponto central <strong>de</strong> uma nova<br />
campanha criada pela Sunset-<br />
DDB para o banco BV. O trabalho<br />
conta com um filme que<br />
começou a ser veiculado na<br />
AnDré MArques DeixA WMccAnn<br />
semana passada, e convida as<br />
pessoas a participarem <strong>de</strong> uma<br />
iniciativa do banco BV para<br />
arrecadar recursos financeiros<br />
<strong>de</strong>stinados a causas sociais durante<br />
a pan<strong>de</strong>mia da Covid-19<br />
no Brasil. As doações po<strong>de</strong>m<br />
ser feitas na plataforma digital<br />
Abrace uma causa. O BV já fez<br />
doação <strong>de</strong> R$ 30 milhões.<br />
A Tilibra, em parceria<br />
com a Bololofos – empresa<br />
que promove oficinas<br />
criativas ao público<br />
infantil –, lança uma nova<br />
opção <strong>de</strong> entretenimento<br />
para unir a família por<br />
meio da criativida<strong>de</strong>. A<br />
parceria ren<strong>de</strong>u uma ação<br />
exclusiva para as re<strong>de</strong>s<br />
sociais da Tilibra. A partir<br />
<strong>de</strong>sta semana a empresa<br />
apresenta um ateliê virtual<br />
para ser replicado <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> casa. Com <strong>de</strong>senhos<br />
infantis e matéria-prima<br />
da Tilibra, o objetivo da<br />
ação é estimular a relação<br />
entre pais e filhos, aproximando<br />
as duas gerações<br />
com muita criativida<strong>de</strong> e<br />
trabalho manual. A ação<br />
é criada e assinada pela<br />
Talent Marcel.<br />
WhATsApp AlerTA sOBre gOlpes<br />
tilibra lança ateliê virtual para<br />
entreter pais e filhos na quarentena<br />
Fotos: Divulgação<br />
A maleta do médico é uma das opções <strong>de</strong><br />
brinquedo e homenagem a pessoal da saú<strong>de</strong><br />
MeDiAMOnks cOnTrATA DireTOrA<br />
Marques era vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> criação na agência<br />
A conta da Amazon saiu da WMcCann<br />
e migrou para a IPG MediaBrands. Com<br />
isso, <strong>de</strong>ixou a agência o vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> criação, André Marques, que estava no<br />
cargo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2018. Segundo informações,<br />
a transferência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte<br />
da equipe <strong>de</strong>dicada à conta da Amazon já<br />
estava certa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> março, bem<br />
como a reestruturação do time. Mas, <strong>de</strong>vido<br />
à urgência causada pela pan<strong>de</strong>mia, foi<br />
necessário postergar o reajuste na WMc-<br />
Cann, li<strong>de</strong>rada pelo chairman e CEO Hugo<br />
Rodrigues. Antes da WMcCann, Marques<br />
foi CMO do Habib’s por três anos e já passou<br />
pelas agências Africa e Publicis.<br />
Campanha foi criada pela AlmapBBDDO<br />
Em tempos <strong>de</strong> afastamento social <strong>de</strong>vido<br />
ao avanço do novo coronavírus, o Whats-<br />
App tem sido uma das principais ferramentas<br />
para manter, ainda que à distância, o<br />
contato com amigos, familiares e colegas<br />
<strong>de</strong> trabalho. Mas a plataforma também tem<br />
sido usada para o roubo <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> usuários<br />
para aplicação <strong>de</strong> golpes. O alerta foi<br />
feito pelo próprio aplicativo, que acaba <strong>de</strong><br />
lançar no Brasil uma campanha que orienta<br />
os usuários a fazer o uso mais seguro do<br />
serviço. Criada pela AlmapBBDO, a comunicação<br />
tem <strong>de</strong>sdobramentos em mídia impressa,<br />
jornais e revistas, majoritariamente<br />
no digital.<br />
Luciana Haguiara vai comandar as entregas criativas<br />
A MediaMonks contratou luciana haguiara<br />
como diretora-executiva <strong>de</strong> criação.<br />
A profissional vai li<strong>de</strong>rar as principais contas<br />
da Circus e da MediaMonks no Brasil,<br />
projetos ABInbev (Ambev) para América<br />
Latina, além <strong>de</strong> Havaianas, globalmente.<br />
Segundo a companhia, a contratação significa<br />
mais um passo em direção à integração<br />
da Circus e da MediaMonks no país. Com<br />
mais <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> carreira, Luciana vai<br />
comandar as entregas criativas em projetos<br />
que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> campanhas publicitárias até<br />
soluções <strong>de</strong> tecnologia para problemas <strong>de</strong><br />
negócio. Ela possui passagens pelas agências<br />
AlmapBBDO e Suno United Creators.<br />
Diretor-presi<strong>de</strong>nte e jor na lis ta<br />
res pon sá vel<br />
Ar man do Fer ren ti ni<br />
Editora-chefe: Kelly Dores<br />
Editores: Neu sa Spau luc ci, Paulo<br />
Macedo e Alê Oliveira (Fotografia)<br />
Editores-assistentes: Danúbia<br />
Paraizo e Leonardo Araujo<br />
Repórteres: Alisson Fernán<strong>de</strong>z, Jéssica<br />
Oliveira e Marina Oliveira<br />
Revisor: José Carlos Boanerges<br />
Arte: Adu nias Bis po da Luz, Anilton<br />
Rodrigues Marques e Lucas Boccatto<br />
Departamento Comercial<br />
Gerentes: Mel Floriano<br />
mel@editorareferencia.com.br<br />
Tel.: (11) 2065-0748<br />
Monserrat Miró<br />
monserrat@editorareferencia.com.br<br />
Tel.: (11) 2065-0744<br />
Diretor Executivo: Tiago A. Milani<br />
Ferrentini<br />
tferrentini@editorareferencia.com.br<br />
Departamento <strong>de</strong> Assinaturas<br />
Coor<strong>de</strong>nadora: Regina Sumaya<br />
regina-sumaya@editorareferencia.com.br<br />
Assinaturas/Renovação/<br />
Atendimento a assinantes<br />
assinatura@editorareferencia.com.br<br />
São Paulo (11) 2065-0738<br />
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O PrO PMar k é uma pu bli ca ção da Edi to ra re fe rên cia Ltda.<br />
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CEP: 01524-030 Tel.: (11) 2065-0766<br />
as ma té rias as si na das não re pre sen tam ne ces sa ria men te a<br />
opi nião <strong>de</strong>s te jor nal, po <strong>de</strong>n do até mes mo ser con trá rias a ela.<br />
IMPRESSO EM CASA<br />
10 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
Solidarieda<strong>de</strong><br />
Criativa<br />
A Simplicida<strong>de</strong> Criativa sempre<br />
foi o resultado <strong>de</strong> pensar fora<br />
da caixinha. Mesmo <strong>de</strong> casa,<br />
as campanhas insistem em sair.
meRcado<br />
Faturamento da publicida<strong>de</strong><br />
em 2019 foi <strong>de</strong> R$ 158,7 bilhões<br />
Crescimento, pela métrica da Kantar Ibope Media, foi <strong>de</strong> 8%, maior que<br />
do PIB; especialistas acreditam que Covid-19 vai impactar setor em <strong>2020</strong><br />
Paulo Macedo<br />
momento não remete a otimismo.<br />
Não uma há medi-<br />
O<br />
ção oficial sobre o volume <strong>de</strong><br />
investimento em compra <strong>de</strong><br />
mídia no primeiro trimestre <strong>de</strong><br />
<strong>2020</strong>, mas certamente não haverá<br />
perdas substanciais em relação<br />
ao mesmo período fiscal<br />
do ano passado.<br />
As principais agências, segundo<br />
fonte cre<strong>de</strong>nciada, já<br />
estavam com o comprometimento<br />
assegurado para ações<br />
nas TVs, OOH, rádios, digital e<br />
em outros canais antes do sinal<br />
<strong>de</strong> alerta da Covid-19 ser aceso,<br />
que ocorreu a partir do dia 20<br />
<strong>de</strong> março.<br />
A fonte explica que se o Q1<br />
não <strong>de</strong>ve gerar pânico, no Q2,<br />
<strong>de</strong> <strong>abril</strong> a junho, o cenário <strong>de</strong>ve<br />
ser o oposto. Em sua opinião,<br />
muitas campanhas foram mantidas<br />
no primeiro trimestre e algumas<br />
foram adaptadas.<br />
“Algumas gran<strong>de</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
varejo tinham campanhas no<br />
ar e elas tiveram <strong>de</strong> ser revistas.<br />
Muitas marcas direcionaram as<br />
ações para suas plataformas <strong>de</strong><br />
e-commerce, que são menores<br />
do que as lojas físicas. Portanto,<br />
diminui o investimento, mas<br />
não o trabalho da agência”, disse<br />
o executivo.<br />
“As ações <strong>de</strong> Páscoa e Dia<br />
das Mães também ficaram mais<br />
inibidas, mesmo porque há<br />
outras priorida<strong>de</strong>s. As marcas<br />
também estão em busca <strong>de</strong> um<br />
tom mais a<strong>de</strong>quado nessa hora<br />
em que o mercado foi tomado<br />
pelo novo coronavírus. Muitas<br />
buscam uma voz <strong>de</strong> engajamento<br />
solidário, mas estão fora<br />
da mídia se valendo mais das<br />
relações públicas. Certamente<br />
este ano não começou <strong>de</strong>pois<br />
do Carnaval”, pon<strong>de</strong>rou outra<br />
fonte, que também prefere<br />
manter o anonimato.<br />
Se há nítida apreensão em<br />
relação a <strong>2020</strong>, a Kantar Ibope<br />
Media disse com exclusivida<strong>de</strong><br />
que o volume <strong>de</strong> compra <strong>de</strong><br />
mídia em 2019 anotou cresci-<br />
Foto e gráfico: Divulgação<br />
Kantar Ibope Media está concluindo o Retrospectiva & Perspectiva Insights/2019, mas já sabe que compra <strong>de</strong> mídia cresceu 8%<br />
mento <strong>de</strong> 8% em relação a igual<br />
tempo <strong>de</strong> 2018. O levantamento<br />
<strong>de</strong> 2018 da Kantar mostrou faturamento<br />
<strong>de</strong> R$ 147 bilhões.<br />
Com aumento <strong>de</strong> 8% no ano<br />
passado, o movimento foi <strong>de</strong> R$<br />
158,7 bilhões.<br />
“É um crescimento acima<br />
da inflação e da previsão mais<br />
recente do PIB”, argumenta<br />
o estudo confeccionado pelo<br />
instituto (ver gráfico abaixo),<br />
que está finalizando a análise<br />
Retrospectiva & Perspectiva Insights/2019.<br />
As 50 maiores agências <strong>de</strong><br />
9,00%<br />
8,00%<br />
7,00%<br />
6,00%<br />
5,00%<br />
4,00%<br />
3,00%<br />
2,00%<br />
1,00%<br />
0,00%<br />
“é Um crescimento<br />
acima da inflação<br />
e da previsão mais<br />
recente do piB”<br />
Investimento Publicitário Bruto versus<br />
Indicadores Econômicos - variações 2019<br />
4,31%<br />
Inflação<br />
1,17%<br />
PIB (previsão BC)<br />
8%<br />
GAV<br />
publicida<strong>de</strong> do mercado, pela<br />
métrica GAV (Gross Advertising<br />
Value) da Kantar, que contempla<br />
o preço pleno das tabelas <strong>de</strong><br />
preços dos veículos <strong>de</strong> comunicação,<br />
sem <strong>de</strong>scontos e negociações<br />
com os meios, tiveram<br />
faturamento bruto <strong>de</strong> aproximadamente<br />
R$ 84 bilhões no<br />
ano passado.<br />
“Houve variação positiva<br />
(crescimento) para os meios TV<br />
aberta, internet, OOH e cinema,<br />
porém estes três últimos<br />
tiveram aumento <strong>de</strong> cobertura<br />
com inclusão <strong>de</strong> novas praças<br />
e/ou exibidoras em 2019 e este<br />
aumento compõe parcialmente<br />
o crescimento. Já a TV aberta<br />
cresceu com a mesma cobertura<br />
do ano anterior. Entre janeiro<br />
e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2019 tivemos<br />
mais 65 mil anunciantes apresentando<br />
mais <strong>de</strong> 93 mil marcas<br />
nos meios e veículos aferidos”,<br />
informou a Kantar.<br />
O volume <strong>de</strong> inserções nas<br />
TVs (abertas e por assinatura),<br />
rádio, jornal, revista, OOH e cinema<br />
foi superior a 5o milhões.<br />
“Sendo que o último trimestre<br />
concentrou 29% <strong>de</strong>stes impactos<br />
com pico em outubro.”<br />
12 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
como Ford Caminhões e Grupo<br />
Flytour.<br />
A carioca Izabella Soares<br />
fez a cobertura digital da CoagênCias<br />
Joanna Monteiro <strong>de</strong>ixa FCB global e<br />
afirma ter projetos em andamento<br />
Criativa acredita que po<strong>de</strong>ria ter contribuído mais com a re<strong>de</strong> se tivesse<br />
se mudado do Brasil, mas revela que não tinha planos <strong>de</strong> ir para o exterior<br />
Paulo Macedo<br />
Joanna Monteiro não teve o<br />
seu contrato renovado com<br />
a FCB Worldwi<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> chegou<br />
em julho <strong>de</strong> 2019 para trabalhar<br />
diretamente com a CCO global<br />
Susan Credle e com a missão<br />
<strong>de</strong> prestar serviços à re<strong>de</strong> em<br />
projetos especiais. Pouco antes,<br />
ela havia <strong>de</strong>ixado a posição<br />
<strong>de</strong> diretora-geral <strong>de</strong> criação<br />
da unida<strong>de</strong> brasileira da FCB,<br />
da holding IPG (Interpublic<br />
Group), em que estava <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
2012. Seu lugar foi ocupado por<br />
Ricardo John.<br />
Ela é uma das profissionais<br />
<strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque na área <strong>de</strong><br />
criativida<strong>de</strong> da sua geração. Os<br />
números dão sustentação ao<br />
seu <strong>de</strong>sempenho. Apenas na<br />
FCB Brasil, foram 41 Leões no<br />
Festival <strong>de</strong> Cannes e também<br />
0 Grand Prix do Mobile Lions<br />
em 2014 com o case Nivea<br />
Fotos: Divulgação<br />
Joanna Monteiro tem projetos em andamento, mas prefere manter em segredo o futuro<br />
Sun, para o cliente Nívea. Com<br />
Joanna no time criativo, ao<br />
lado <strong>de</strong> Max Geraldo, a agência<br />
<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser reconhecida<br />
apenas pelo foco em planejamento<br />
e em negócios. Em<br />
2015, ela presidiu o júri do Mobile<br />
Lions.<br />
“Foi uma parceria muito<br />
legal. Gosto muito da Susan,<br />
dos seus métodos e da sua li<strong>de</strong>rança.<br />
Ela trabalha duro<br />
para levantar a parte criativa<br />
da agência no mundo. Acho<br />
que po<strong>de</strong>ria ter contribuído<br />
mais se tivesse me mudado do<br />
Brasil para fora. Mas, por uma<br />
série <strong>de</strong> razões, não tenho planos<br />
<strong>de</strong> ir para o exterior. Não<br />
apenas para a FCB, mas para<br />
qualquer outra re<strong>de</strong>. Recebi<br />
convites, mas não dá. Estou<br />
costurando projetos, os quais<br />
não posso revelar”, disse Joanna,<br />
que é presi<strong>de</strong>nte do Clube<br />
<strong>de</strong> Criação <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Purple Cow apresenta novos nomes<br />
para as áreas <strong>de</strong> mídia e negócios<br />
O setor <strong>de</strong> community também foi reforçado e novas profissionais vão<br />
atuar pelo sistema home office adotado pelo CEO Marcelo Bernar<strong>de</strong>s<br />
agência Purple Cow anunciou<br />
na semana passada a<br />
A<br />
chegada <strong>de</strong> Michelly Vasconcellos<br />
como diretora <strong>de</strong> mídia;<br />
<strong>de</strong> Rafaela Corner como coor<strong>de</strong>nadora<br />
<strong>de</strong> business e <strong>de</strong> Izabella<br />
Soares como supervisora<br />
<strong>de</strong> community manager.<br />
Michelly estava na iProspect<br />
e já atua no mercado<br />
publicitário há 10 anos, período<br />
que inclui passagem pela<br />
própria Purple C0w, em 2018,<br />
quando trabalhou para os<br />
anunciantes Samsung e Grupo<br />
Campari. Michelly também<br />
<strong>de</strong>senvolveu estratégias digitais,<br />
com foco em branding e<br />
performance, para marcas da<br />
Rafaela Corner, Michelly Vasconcellos e Izabella Soares chegam ao time da Purple Cow<br />
Procter & Gamble. Antes disso,<br />
aten<strong>de</strong>u clientes dos segmentos<br />
<strong>de</strong> tecnologia, turismo,<br />
e caminhões para marcas<br />
pa do Mundo <strong>de</strong> 2014 como<br />
analista <strong>de</strong> conteúdo no Globo<br />
Esporte. Também atuou com<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> conteúdo<br />
<strong>de</strong> estratégia nas Olimpíadas<br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Há três anos<br />
em São Paulo, já foi community<br />
manager sênior <strong>de</strong> Visa,<br />
na sua passagem pela Almap-<br />
BBDO. Na Tracylocke, trabalhou<br />
na campanha Setembro<br />
Amarelo, para a farmacêutica<br />
Libbs.<br />
Rafaela Corner tem passagens<br />
pela J. Walter Thompson/GTB,<br />
on<strong>de</strong> trabalhou para<br />
Ford. Ela também atuou na<br />
Repense, on<strong>de</strong> integrou o time<br />
do Banco Itaú.<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> <strong>13</strong>
mídia<br />
Painel Nacional <strong>de</strong> Televisão mostra<br />
que SBT é vice-lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> audiência<br />
Segundo Kantar Ibope Media, canal teve 4,9 pontos <strong>de</strong> média nos últimos<br />
12 meses; em março volume <strong>de</strong> telespectadores chegou a 152 milhões<br />
SBT está em festa. No último<br />
mês <strong>de</strong> março a emisso-<br />
O<br />
ra do apresentador Silvio Santos<br />
contabilizou 152,3 milhões<br />
<strong>de</strong> telespectadores no Brasil e<br />
registrou, na média das 24 horas<br />
do PNT (Painel Nacional da<br />
Televisão), que representa os 15<br />
mercados brasileiros aferidos<br />
pela Kantar Ibope Media, 4,9<br />
pontos <strong>de</strong> média e completou<br />
12 meses seguidos na segunda<br />
colocação.<br />
No comunicado, a emissora<br />
fala que no mesmo período e<br />
faixa horária a emissora terceira<br />
colocada registrou 4,8<br />
pontos <strong>de</strong> média (não i<strong>de</strong>ntificada,<br />
mas é a Record TV) e a<br />
lí<strong>de</strong>r (Re<strong>de</strong> Globo) encerrou o<br />
período com 14,4 pontos.<br />
“Além <strong>de</strong> ser a segunda<br />
emissora mais vista no Brasil<br />
pelo 12º mês consecutivo, o<br />
SBT ainda superou a terceira<br />
colocada com ampla diferença<br />
Divulgação/Lourival Ribeiro<br />
Tiago Abravanel com o elenco da novela infantil Aventuras <strong>de</strong> Poliana, da gra<strong>de</strong> do SBT<br />
aos domingos no mês <strong>de</strong> março.<br />
No principal dia para a publicida<strong>de</strong><br />
na TV aberta, o canal<br />
registrou 5,7 pontos <strong>de</strong> média.<br />
Índice 40% superior ao registrado<br />
pela emissora terceira<br />
colocada, que no mesmo período<br />
e faixa horária ficou com<br />
apenas 4,1 pontos <strong>de</strong> média”,<br />
<strong>de</strong>talhou o documento do SBT.<br />
Na média dos três primeiros<br />
meses do ano, o SBT também<br />
ocupa a segunda colocação no<br />
PNT, como informa o comunicado,<br />
que acrescenta: “Entre<br />
janeiro e março <strong>de</strong> <strong>2020</strong>, na<br />
média das 24 horas, o canal<br />
acumula 4,9 pontos. A terceira<br />
colocada está com 4,6 <strong>de</strong> média.<br />
O SBT se mantém na vice-<br />
-li<strong>de</strong>rança pelo 8º ano seguido<br />
no PNT. Des<strong>de</strong> 20<strong>13</strong> é a segunda<br />
emissora mais vista no Brasil.”<br />
No maior mercado do país,<br />
em share <strong>de</strong> audiência e faturamento<br />
publicitário, o SBT comemora<br />
os índices registrados<br />
na Gran<strong>de</strong> São Paulo: em março,<br />
o canal impactou 16,1 milhões<br />
<strong>de</strong> telespectadores e alcançou,<br />
na média das 24 horas,<br />
5,8 pontos <strong>de</strong> média, <strong>de</strong> acordo<br />
com seu comunicado à imprensa.<br />
“São três anos seguidos à<br />
frente da terceira colocada, que<br />
encerrou o mês com 5,1 pontos<br />
<strong>de</strong> média. A lí<strong>de</strong>r registrou 14,7<br />
pontos na média”, finaliza.<br />
Carros <strong>de</strong> som levam comunicação<br />
às comunida<strong>de</strong>s carentes e bairros<br />
Mídia 10 opera em 5 estados para varejo, operadoras <strong>de</strong> telefonia e <strong>de</strong><br />
energia elétrica, mas foco social ganhou relevância com novo coronavírus<br />
PAulo MAcedo<br />
Com uma equipe composta<br />
por 12 prossionais e operação<br />
própria em São Paulo e Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, mas com representantes<br />
espalhados em Brasília,<br />
Curitiba e Porto Alegre, a Mídia<br />
10 teve <strong>de</strong> mudar o foco nesses<br />
tempos <strong>de</strong> coronavírus. Se antes<br />
costumava aten<strong>de</strong>r o mercado<br />
<strong>de</strong> varejo para marcas como<br />
O Boticário, Pernambucanas,<br />
C&A e Lea<strong>de</strong>r, por exemplo,<br />
além <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> telecomunicações,<br />
energia e organismos<br />
públicos, agora está <strong>de</strong>dicada<br />
às informações <strong>de</strong> alerta sobre<br />
a pan<strong>de</strong>mia.<br />
Divulgação<br />
Ação realizada pelo GDF (Governo do Distrito Fe<strong>de</strong>ral) para estimular isolamento social<br />
“Os sócios Marcelo Freitas e<br />
Carlos Alberto Santana dizem<br />
que a Mídia 10 grava os conteúdos<br />
em MP3 nos formatos<br />
<strong>de</strong> 30”, 45”, 60”. O percurso é<br />
monitorado por GPS, “além <strong>de</strong><br />
checking fotográfico, filmagem<br />
e pesquisa <strong>de</strong> audiência<br />
já contratada e que em breve<br />
estará disponível ao mercado<br />
<strong>de</strong> agencias <strong>de</strong> propaganda e<br />
anunciantes”, explica Marcelo,<br />
que acrescenta.<br />
“Alguns contratos foram suspensos<br />
com varejo por questões<br />
naturais, mas, <strong>de</strong>vido ao alcance<br />
do carro <strong>de</strong> som, tivemos um<br />
aumento significativo <strong>de</strong> comunicados<br />
<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública.”<br />
14 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
APURAR.<br />
CHECAR.<br />
RECHECAR.<br />
INFORMAR.<br />
Combater<br />
a <strong>de</strong>sinformação,<br />
para combater<br />
o Cor0navírus.<br />
Notícias falsas se espalham pelas re<strong>de</strong>s<br />
Notícias falsas se espalham pelas re<strong>de</strong>s<br />
sociais como um vírus, contaminando todos<br />
sociais como um vírus, contaminando todos<br />
que acreditam nelas. Proteja-se. Duvi<strong>de</strong> do que<br />
que acreditam nelas. Proteja-se. Duvi<strong>de</strong> do que<br />
circula pelas re<strong>de</strong>s sociais. Jornalismo profissional<br />
circula pelas re<strong>de</strong>s sociais. Jornalismo profissional<br />
é o melhor antídoto contra a <strong>de</strong>sinformação.<br />
é o melhor antídoto contra a <strong>de</strong>sinformação.
mídia<br />
BuzzFeed busca parceiro para evitar<br />
fechamento do escritório no Brasil<br />
Devido à crise com<br />
o novo coronavírus,<br />
empresa já reduziu<br />
o salário da equipe<br />
kelly dores<br />
BuzzFeed po<strong>de</strong> fechar o escritório no<br />
O Brasil, caso não encontre um parceiro<br />
para continuar a operação no país, até 30<br />
<strong>de</strong> <strong>abril</strong>. Em comunicado enviado na semana<br />
passada ao time no mercado brasileiro,<br />
Matt Drinkwater, diretor-geral do BuzzFeed<br />
Internacional, afirma que a medida terá<br />
<strong>de</strong> ser tomada se esse parceiro não surgir,<br />
em função da crise instalada com a pan<strong>de</strong>mia<br />
do novo coronavírus. No entanto, há<br />
informações <strong>de</strong> que o veículo já recebeu<br />
propostas <strong>de</strong> empresas interessadas em fazer<br />
a parceria <strong>de</strong> mídia.<br />
“Estamos fazendo o possível para minimizar<br />
o impacto da crise e proteger o<br />
nosso negócio. Mas, se não encontramos<br />
um parceiro até 30 <strong>de</strong> <strong>abril</strong>, infelizmente,<br />
vamos ter <strong>de</strong> fechar a nossa operação no<br />
Brasil”, disse Matt.<br />
No comunicado, a empresa <strong>de</strong>staca que<br />
a marca BuzzFeed no Brasil se tornou muito<br />
forte e tem sido bastante transparente<br />
sobre as condições da empresa, assegurando<br />
que se trata <strong>de</strong> um negócio viável,<br />
e ressalta os números no país, como os 35<br />
milhões <strong>de</strong> visitantes únicos das páginas<br />
do BuzzFeed Brasil no Facebook e no Instagram,<br />
e os nove milhões <strong>de</strong> visitantes<br />
únicos/mês no site.<br />
O executivo afirma que o BuzzFeed se<br />
tornou em cinco anos uma das publicações<br />
com maior awareness no Brasil, superando<br />
concorrentes como Huffington<br />
Post, Vice e Hypeness, e cita ainda o sucesso<br />
da plataforma Tasty Demais na área<br />
<strong>de</strong> gastronomia.<br />
Com origem nos Estados Unidos, o BuzzFeed<br />
fez história na internet com seus<br />
famosos testes e listas <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong>s.<br />
“O nosso objetivo é i<strong>de</strong>ntificar parceiros<br />
que estejam entusiasmados com o potencial<br />
e o futuro do nosso negócio no país”,<br />
afirmou Matt Drinkwater, que agra<strong>de</strong>ce ao<br />
time brasileiro pela paciência e compreensão,<br />
uma vez que a equipe teve uma significativa<br />
redução <strong>de</strong> salário por causa da<br />
crise.<br />
No fim do ano passado, o BuzzFeed reforçou<br />
a equipe brasileira <strong>de</strong> conteúdo. E,<br />
no início <strong>de</strong>ste ano, uma novida<strong>de</strong> foi a saída<br />
da diretora-geral, Luciana Rodrigues,<br />
que assumiu como CEO na Grey Brasil.<br />
Gabriel ‘Sukita’ Matos, Gaspar José (em pé), Cris Dias e Gaía Passarelli. Equipe foi anunciada em outubro <strong>de</strong> 2019<br />
Divulgação<br />
16 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
inspiração<br />
Marcas mais humanas<br />
Fotos: Arquivo pessoal<br />
“Outra visão, atestada pela Forrester, indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as marcas<br />
construírem confiança para compensar a perda <strong>de</strong> energia dos clientes”<br />
Lais MeLo<br />
especial para o PRoPMaRK<br />
Todo o mundo está sentindo os impactos<br />
da quarentena em razão da pan<strong>de</strong>mia<br />
do novo coronavírus.<br />
E para a indústria da publicida<strong>de</strong> não é<br />
diferente.<br />
São mudanças muito rápidas, sem que<br />
qualquer marca ou profissional mais visionário<br />
tenha previsto.<br />
Diante <strong>de</strong> todo esse novo contexto, minha<br />
reflexão: qual papel das marcas nesse<br />
cenário tão <strong>de</strong>safiador? Como querem ser<br />
lembradas lá na frente, quando tudo isso<br />
passar?<br />
As marcas <strong>de</strong>vem voltar seus investimentos<br />
<strong>de</strong> marketing para missões e causas<br />
que possam contribuir com o combate<br />
ao vírus e auxílio às pessoas.<br />
Diversas marcas, <strong>de</strong> vários segmentos,<br />
estão se posicionando e tendo atitu<strong>de</strong>s<br />
práticas <strong>de</strong> ajuda aos que estão sofrendo<br />
os impactos da crise <strong>de</strong> forma mais agressiva.<br />
E o segmento <strong>de</strong> OOH tem um papel relevante<br />
nesse contexto, <strong>de</strong> oferecer informação<br />
e prestar serviço àqueles que não<br />
po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa.<br />
Esse é um gran<strong>de</strong> ativo do meio, estar<br />
próximo ao cidadão.<br />
Por isso, a hora é <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar o propósito<br />
da empresa, reforçar seu compromisso.<br />
Marcas mais humanas serão mais valorizadas<br />
e sairão mais fortes <strong>de</strong>sse tsunami.<br />
O mais importante é que a estratégia<br />
esteja sempre alinhada aos valores das<br />
companhias, que <strong>de</strong>vem avaliar minuciosamente<br />
que tipo <strong>de</strong> comunicação vão veicular,<br />
evitando que mensagens sejam mal<br />
interpretadas ou soem como oportunismo.<br />
Com a disseminação da Covid-19, é fato<br />
que as pessoas estão se voltando ao digital<br />
como um meio para obter não só informações,<br />
mas também suprimentos, o que faz<br />
com que as empresas tenham <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar<br />
ou aprimorar os seus canais <strong>de</strong> comércio<br />
eletrônico.<br />
De acordo com recente pesquisa feita<br />
pela Kantar com 25 mil consumidores em<br />
30 países, a expectativa em relação às empresas<br />
anunciantes que mantiverem os<br />
seus investimentos é positiva.<br />
Outra visão, atestada pela Forrester, indica<br />
a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as marcas construírem<br />
confiança para compensar a perda <strong>de</strong><br />
“energia” por parte dos clientes.<br />
A mídia exterior está a serviço da população,<br />
para engajar e informar.<br />
É tempo <strong>de</strong> seguir com campanhas<br />
conscientes, que incluam os clientes no<br />
controle das informações, que priorizem a<br />
saú<strong>de</strong> das pessoas e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> juntar<br />
esforços para enfrentar esse momento.<br />
Precisamos ser responsáveis, mas também<br />
criativos para trabalhar uma imagem<br />
<strong>de</strong> um novo mundo, lançando mão do alcance<br />
do OOH, das tecnologias disponíveis,<br />
sempre com serieda<strong>de</strong> e excelência.<br />
À medida que as pessoas retornarem<br />
ao espaço público, após o término das<br />
restrições, é importante concentrar esforços<br />
no intuito <strong>de</strong> facilitar o envolvimento<br />
dos consumidores com o OOH <strong>de</strong> maneira<br />
consciente, refletindo a sensação <strong>de</strong> lar e<br />
<strong>de</strong> pertencimento nas ruas.<br />
Lais Melo é head <strong>de</strong> marketing da Otima<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 17
entrevista<br />
anselmo ramos<br />
sócio-fundador da GUT<br />
nesse momento,<br />
as ações falam<br />
muito mais alto<br />
que as palavras<br />
Com 25 anos <strong>de</strong> carreira e passagens por<br />
diversas agências nacionais e internacionais,<br />
Anselmo Ramos é apontado pelo mercado<br />
publicitário como um dos gran<strong>de</strong>s criativos<br />
brasileiros. Inquieto, <strong>de</strong>ixou há dois anos uma posição<br />
confortável na David para construir a própria agência<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, a GUT, que já conta com escritórios<br />
em Miami, Buenos Aires e São Paulo, e completa dois<br />
anos em <strong>abril</strong>. Nesta entrevista, o executivo faz um<br />
balanço da sua trajetória, dos prós e contras <strong>de</strong> abrir<br />
um negócio próprio e do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> explorar outros<br />
mercados. Além disso, fala sobre o atual momento <strong>de</strong><br />
pan<strong>de</strong>mia causado pela Covid-19 e como as marcas<br />
po<strong>de</strong>m enfrentar este período <strong>de</strong> crise.<br />
Alisson Fernán<strong>de</strong>z<br />
A GUT completa em <strong>abril</strong> dois anos<br />
<strong>de</strong> atuação no mercado. Que balanço<br />
você faz <strong>de</strong>sta trajetória?<br />
A GUT Miami e a GUT Buenos<br />
Aires completaram dois anos no<br />
dia 9 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong>. E a GUT São<br />
Paulo, um ano em 11 <strong>de</strong> março <strong>de</strong>ste<br />
ano. Nem acredito. Está tudo<br />
acontecendo tão rápido. Nem nos<br />
nossos sonhos mais loucos a gente<br />
imaginou que fosse ocorrer tanta<br />
coisa em tão pouco tempo. Estamos<br />
com mais <strong>de</strong> 100 pessoas em<br />
3 países, EUA, Brasil e Argentina. E<br />
trabalhando com marcas incríveis.<br />
Por um lado, eu fico arrependido<br />
<strong>de</strong> não ter feito isso antes. Mas, por<br />
outro, agora é relativamente mais<br />
fácil e mais rápido, graças à reputação<br />
criativa e os relacionamentos<br />
que construímos ao longo da<br />
carreira. Nunca estive tão <strong>de</strong>sconfortável<br />
na vida. Mas nunca estive<br />
tão feliz. No meu caso, <strong>de</strong>sconforto<br />
gera felicida<strong>de</strong>.<br />
Esperava essa rápida aceitação e conquista<br />
<strong>de</strong> contas em São Paulo?<br />
Sou otimista por natureza. Então,<br />
sempre achei que fosse bem.<br />
Mas nunca imaginei que fosse tão<br />
bem. A GUT foi a agência que mais<br />
cresceu o ano passado no Brasil. E<br />
começamos em <strong>abril</strong>. E o melhor,<br />
estamos crescendo na maioria dos<br />
casos sem concorrência. Nós não<br />
somos fãs <strong>de</strong> concorrências. Não<br />
achamos que é necessariamente o<br />
melhor jeito <strong>de</strong> escolher uma agência.<br />
Preferimos dating em vez <strong>de</strong><br />
pitching. Achamos fundamental<br />
agência e cliente conversarem muito<br />
sobre a publicida<strong>de</strong> e a vida e ver<br />
se realmente os dois lados querem a<br />
mesma coisa. Não é só o cliente que<br />
tem <strong>de</strong> avaliar a agência, a agência<br />
também precisa avaliar o cliente.<br />
Quando estávamos consi<strong>de</strong>rando<br />
abrir a GUT no Brasil, começamos<br />
a perguntar para algumas pessoas o<br />
que elas achavam. Teve dois tipos<br />
<strong>de</strong> respostas. O primeiro grupo dizia<br />
‘esquece, não venha nunca para<br />
o Brasil, é um país complicado, um<br />
mercado cheio <strong>de</strong> fórmulas, vocês<br />
são muito gringos, não vai dar certo’.<br />
O segundo grupo dizia ‘por favor<br />
venha, vocês são diferentes, e o<br />
mercado brasileiro está precisando<br />
<strong>de</strong> um chacoalhão, está muito acomodado,<br />
vai chover cliente’. Ainda<br />
bem que <strong>de</strong>cidimos ouvir o segundo<br />
grupo.<br />
No Brasil, você ajudou a construir a<br />
história das agências Ogilvy e David.<br />
Fundar a própria agência sempre foi o<br />
seu sonho?<br />
Ter a própria agência sempre foi<br />
meu sonho. Des<strong>de</strong> a ESPM, já brincava<br />
<strong>de</strong> ter agência. Nosso grupo <strong>de</strong><br />
trabalho fingia que era a ‘Braga Cardillo<br />
Ramos’. Na Colucci, o Miguel<br />
Bemfica me chamava <strong>de</strong> ‘Anselmo<br />
Propaganda’. Ele já sabia antes do<br />
que eu mesmo. A David foi o mais<br />
próximo que cheguei <strong>de</strong> ter uma<br />
agência. Mas, apesar <strong>de</strong> ter sido<br />
fundador e sócio, a agência era da<br />
WPP, não era minha. Com a GUT,<br />
finalmente estou realizando meu<br />
sonho. Demorou, mas chegou. E<br />
valeu a espera. Não po<strong>de</strong>ria ter<br />
encontrado um sócio-fundador<br />
melhor do que o Gaston Bigio. Somos<br />
muito diferentes, ele é tango,<br />
eu sou bossa-nova, e é por isso que<br />
funciona. O importante é que somos<br />
dois obcecados pela publicida<strong>de</strong>.<br />
Gaston e eu também não po<strong>de</strong>ríamos<br />
ter sócios melhores.<br />
Quais são os prós e contras <strong>de</strong> ter uma<br />
agência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte?<br />
Tem milhares <strong>de</strong> prós e só um<br />
contra. Os principais prós são liberda<strong>de</strong><br />
total e absoluta. Não ter <strong>de</strong><br />
ligar pra NYC antes <strong>de</strong> tomar uma<br />
<strong>de</strong>cisão, rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> operação, cometer<br />
mais erros, po<strong>de</strong>r falar ‘não’,<br />
escolher os clientes certos, trabalhar<br />
só com quem a gente gosta.<br />
O contra, não contar mais com o<br />
dinheiro <strong>de</strong> uma holding company.<br />
Como nós <strong>de</strong>cidimos não ter investidores<br />
e ser 100% in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />
os dois primeiros anos tivemos <strong>de</strong><br />
apertar o cinto e investir tudo na<br />
GUT. Valeu a pena o sacrifício.<br />
Os clientes estão mais abertos a este<br />
mo<strong>de</strong>lo?<br />
Os clientes vão estar sempre<br />
abertos a agências que sabem o que<br />
querem. Nossa indústria passa tanto<br />
tempo pensando em posicionamento<br />
<strong>de</strong> marcas para nossos clientes<br />
que, às vezes, a gente esquece<br />
do próprio posicionamento como<br />
agência. Que tipo <strong>de</strong> agência você<br />
quer ser? Que tipo <strong>de</strong> trabalho você<br />
quer fazer? Que tipo <strong>de</strong> clientes você<br />
quer? São perguntas básicas, mas<br />
que muitas vezes não são feitas. Nós<br />
temos sorte <strong>de</strong> ter um nome que já<br />
vem com uma filosofia clara. Queremos<br />
fazer um trabalho corajoso<br />
para clientes corajosos. Um cliente<br />
que não queira fazer um trabalho<br />
bom, não vai ligar para uma agência<br />
chamada GUT. Então nosso nome é<br />
um filtro. Os clientes precisam cada<br />
vez menos <strong>de</strong> uma agência com 200<br />
escritórios pelo mundo. O que eles<br />
precisam mesmo é paixão, comprometimento,<br />
confiança e obsessão. E<br />
isso uma agência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte tem<br />
<strong>de</strong> sobra.<br />
Mas você não <strong>de</strong>scarta a hipótese <strong>de</strong><br />
no futuro realizar a fusão com algum<br />
grupo internacional, certo?<br />
Neste momento, estou sendo<br />
100% purista e romântico. Estou<br />
tão contente, que quero ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
pra sempre. Não sei se o<br />
Gaston concorda necessariamente<br />
comigo. Se um dia o Martin me ligar,<br />
eu passo o telefone pro Gaston.<br />
Quero chegar num ponto em que as<br />
pessoas da GUT parem <strong>de</strong> me convidar<br />
pra entrar em reuniões porque<br />
vou acabar dormindo, babando<br />
e falando alguma merda. Pra mim<br />
é uma questão lógica e estratégica.<br />
Estamos num creative business.<br />
Estamos no business que ven<strong>de</strong><br />
criativida<strong>de</strong>. Se você partir do princípio<br />
<strong>de</strong> que in<strong>de</strong>pendência gera<br />
criativida<strong>de</strong>, então consequentemente<br />
ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>veria<br />
gerar mais business.<br />
Há planos para abrir novos escritórios<br />
pelo mundo?<br />
Sim. O plano é tipo aquela carta<br />
do War: ‘Objetivo: Conquistar o<br />
Mundo’. Vamos abrir a GUT Europa,<br />
“quem disser<br />
que sabe<br />
exatamente<br />
o que fazer,<br />
parabéns,<br />
por favor<br />
liga pra<br />
mim”<br />
18 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
GUT Africa e GUT Ásia. A razão pela<br />
qual estou usando continentes e<br />
não cida<strong>de</strong>s, é porque ainda não <strong>de</strong>cidimos<br />
as cida<strong>de</strong>s. Recentemente,<br />
até fiz um post público falando disso,<br />
e teve várias pessoas pelo mundo<br />
que entraram em contato com<br />
a gente dizendo que estão prontas<br />
para abrir a GUT nesses mercados.<br />
Com 25 anos <strong>de</strong> carreira e passagens<br />
por diversas agências, como você avalia<br />
as constantes transformações do<br />
mercado?<br />
Precisava falar que tenho 25 anos<br />
<strong>de</strong> carreira? Comecei minha carreira<br />
fazendo past-up num estúdio. Colando<br />
letraset com cola <strong>de</strong> benzina,<br />
junto com o Xã Vilela, da Havas+.<br />
Depois virei redator e escrevia em<br />
máquina <strong>de</strong> escrever usando corretor<br />
<strong>de</strong> texto. Acompanhei o nascimento<br />
da internet. O primeiro site<br />
que entrei foi da Fallon McElligott,<br />
em Mineápolis. E nunca mais parei<br />
<strong>de</strong> acompanhar as mudanças. O segredo<br />
é ter curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criança.<br />
É ter obsessão pela vida. É ler tudo,<br />
é ver tudo, é viajar. É estar aberto a<br />
apren<strong>de</strong>r. Estou no momento fazendo<br />
o curso OPM em Harvard e não<br />
é nada confortável ter aula <strong>de</strong> finanças<br />
a essa altura. Mas adoro essa<br />
sensação. A única coisa que temos<br />
certeza na vida é que as coisas vão<br />
mudar. Então ter uma boa relação<br />
com a mudança é fundamental.<br />
A diversida<strong>de</strong> ajuda no processo criativo?<br />
A diversida<strong>de</strong> é fundamental no<br />
processo criativo. Se todo mundo for<br />
igual na agência, as i<strong>de</strong>ias vão sair todas<br />
iguais. Quanto mais diversida<strong>de</strong><br />
você tiver, mais criativo você vai ser.<br />
Mas diversida<strong>de</strong> não é fácil. Na minha<br />
carreira, eu sempre fui o estrangeiro,<br />
o “latino”, o cara que falava com sotaque,<br />
o cara que tinha <strong>de</strong> escrever<br />
com um dicionário do lado. Mas justamente<br />
por causa disso eu era diferente.<br />
Sempre tive <strong>de</strong> buscar essa<br />
mistura entre confiança e humilda<strong>de</strong>.<br />
Confiança em propor algo diferente<br />
para aquela cultura, e humilda<strong>de</strong><br />
para enten<strong>de</strong>r que não sou daquela<br />
cultura. Encontrar o equilíbrio certo<br />
entre confiança e humilda<strong>de</strong> é fundamental<br />
num ambiente diverso. A<br />
diversida<strong>de</strong> é como a criativida<strong>de</strong>. É<br />
um mindset e uma atitu<strong>de</strong> constante.<br />
Você nunca vai chegar num ponto<br />
on<strong>de</strong> vai dizer “agora sou diverso o<br />
suficiente” ou “agora sou criativo o<br />
suficiente”. Sempre dá para ter mais<br />
diversida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong>. É uma<br />
eterna busca. Nós estamos apenas<br />
começando. E, nos dois casos, ainda<br />
temos muito a apren<strong>de</strong>r.<br />
Qual a melhor forma para a construção<br />
<strong>de</strong> marcas com performance?<br />
Hoje existe uma obsessão por<br />
dados. Só se fala nisso. Mas dados<br />
não são nada sem coragem. Hoje é<br />
fácil ter acesso a dados. As marcas<br />
têm dados chegando <strong>de</strong> tudo quanto<br />
é lado, do app, do site, do ponto <strong>de</strong><br />
Divulgação<br />
venda, da promo, da campanha, <strong>de</strong><br />
todo e qualquer brand touch point.<br />
A questão é o que fazer com tantos<br />
dados? Qual dado é o mais relevante<br />
para fazer diferença para o negócio?<br />
É aí que entra o ‘gut instinct’, a<br />
intuição. A intuição ajuda a filtrar e<br />
selecionar o melhor dado. Depois,<br />
é importante executar esse dado <strong>de</strong><br />
um jeito ‘gutsy’, corajoso. E quando<br />
você faz isso, você conecta emocionalmente<br />
com as pessoas, tocando o<br />
coração. Que, por sua vez, gera ainda<br />
mais interações com a marca, e consequentemente<br />
mais dados.<br />
Você tem se mostrado muito ativo nas<br />
re<strong>de</strong>s sociais sobre este momento <strong>de</strong><br />
pan<strong>de</strong>mia. Qual a sua análise sobre o<br />
assunto e como o profissional <strong>de</strong> comunicação<br />
<strong>de</strong>ve se portar?<br />
Ultimamente ando dividindo<br />
tudo o que penso nas re<strong>de</strong>s sociais.<br />
É um jeito <strong>de</strong> tentar ajudar, inspirar,<br />
provocar o mercado. É claro que na<br />
agência eles me criticam, dizem<br />
que estou entregando todos nossos<br />
segredos. Mas que segredos, se<br />
ninguém sabe nada? E se ninguém<br />
sabe nada no dia a dia, imagina durante<br />
uma pan<strong>de</strong>mia? É um território<br />
completamente impensável para<br />
todos nós. Quem disser que sabe<br />
exatamente o que fazer, parabéns,<br />
por favor liga pra mim. É um evento<br />
sem prece<strong>de</strong>ntes, além das nossas capacida<strong>de</strong>s<br />
e conhecimentos. Temos<br />
<strong>de</strong> acessar o evento todo dia, e ajustar<br />
os planos a partir dos acontecimentos.<br />
Nesse momento, as ações falam<br />
muito mais alto que as palavras. O<br />
melhor marketing agora é justamente<br />
ajudar. Como, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada marca.<br />
E com o <strong>de</strong>correr da crise, pouco<br />
a pouco, todos nós vamos precisar <strong>de</strong><br />
muitas coisas: informação, esperança,<br />
otimismo, distração, até mesmo<br />
humor. O importante é não per<strong>de</strong>r o<br />
foco, não esquecer o posicionamento<br />
da marca. Cada marca po<strong>de</strong> ajudar <strong>de</strong><br />
um jeito diferente. O nosso gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>safio agora é ajudar cada cliente a<br />
navegar essa crise, ajustar o tom e encontrar<br />
a melhor ação ou mensagem<br />
nesse novo contexto. Estamos todos<br />
vivendo o melhor curso <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança<br />
que existe.<br />
“o melhor<br />
marketing<br />
agora é<br />
justamente<br />
ajudar”<br />
O mercado sairá diferente <strong>de</strong>pois da<br />
Covid-19? Qual a sua expectativa?<br />
Por um lado, acho que o mundo<br />
nunca mais vai ser o mesmo. Outro<br />
dia alguém estava reclamando no<br />
Twitter que não queria estar vivendo<br />
um momento histórico. Nunca<br />
mais vamos esquecer <strong>de</strong> <strong>2020</strong>. E<br />
talvez vamos dar mais valor às coisas<br />
mais essenciais da vida. E pensar<br />
um pouco mais na comunida<strong>de</strong><br />
e em como o mundo está muito<br />
mais conectado do que parece.<br />
Por outro lado, o ser humano tem<br />
uma tendência a voltar muito rápido<br />
à normalida<strong>de</strong>, ao conforto, ao<br />
comportamento “<strong>de</strong>fault”. Então,<br />
assim que essa crise passar, dá pra<br />
imaginar todo mundo se abraçando,<br />
lotando bares e restaurantes, e<br />
fazendo <strong>de</strong> tudo para compensar o<br />
“tempo perdido”. Sinto que vamos<br />
ter uma felicida<strong>de</strong> exacerbada, mas<br />
ainda com a dor <strong>de</strong> um trauma recente.<br />
Mas realmente não dá pra<br />
prever o que vai acontecer. Temos<br />
<strong>de</strong> viver um dia atrás do outro. Lavar<br />
as mãos, praticar o distanciamento<br />
social, manter a calma, e<br />
fazer o máximo para ajudar quem<br />
mais precisa.<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 19
arena do esPorte<br />
Danúbia Paraizo danubia@propmark.com.br<br />
Fotos: Divulgação<br />
sufoco 1<br />
O adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio <strong>2020</strong> para 23 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2021 foi<br />
o movimento que faltava para completar a sucessão <strong>de</strong> cancelamentos ou interrupções<br />
no calendário esportivo <strong>de</strong>vido à pan<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Covid-19. Sem torneios como Champions<br />
League, Libertadores da América, NBA e F-1, entre uma série <strong>de</strong> outras competições,<br />
os impactos econômicos no esporte começam a ser calculados. Segundo levantamento<br />
da consultoria Sports Value, o mercado global <strong>de</strong> esportes movimenta mais <strong>de</strong> US$ 756<br />
bilhões anualmente. Em meio ao pico da doença em alguns países, como Estados Unidos,<br />
novo epicentro da crise, as perdas globais po<strong>de</strong>m chegar a US$ 15 bilhões, equivalente a<br />
2% do faturamento em todo o mundo.<br />
sufoco 2<br />
As principais perdas para clubes e ligas se concentram na venda <strong>de</strong> ingressos em estádios,<br />
direitos <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> TV, vendas <strong>de</strong> produtos e patrocínios. Segundo levantamento<br />
da revista Forbes, as ligas profissionais dos Estados Unidos <strong>de</strong>vem sofrer baque <strong>de</strong> US$<br />
5 bilhões em receitas. Só a MLB, Liga <strong>de</strong> Baseball, terá perdas <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> US$ 2,2 bilhões<br />
com receitas em estádios, li<strong>de</strong>rando a lista, seguida por NFL, NHL e NBA. Em outros países,<br />
a situação é semelhante. A Premier League, da Inglaterra, <strong>de</strong>ve per<strong>de</strong>r US$ 718 milhões;<br />
a La Liga espanhola, US$ 544 milhões; a Série A do Campeonato Brasileiro, US$ 200<br />
milhões. Vale lembrar que os números contemplam apenas faturamento com estádios.<br />
Área<br />
Os clubes <strong>de</strong> futebol têm se aproximado do<br />
cenário <strong>de</strong> eSports nos últimos 2 anos, não<br />
à toa, o Flamengo tem equipes profissionais<br />
com expressão, como o time <strong>de</strong> League of<br />
Legends, atual campeão brasileiro do torneio.<br />
Agora, em um cenário em que as pessoas<br />
estão em casa para conter a Covid-19,<br />
alguns clubes se movimentam para criar as<br />
próprias competições esportivas digitais.<br />
Na semana passada, a Fe<strong>de</strong>ração Cearense<br />
<strong>de</strong> Futebol (FCF) promoveu a 1ª Copa<br />
Cearense <strong>de</strong> Futebol Digital Pro Clubs <strong>2020</strong>.<br />
O torneio-teste do game Fifa <strong>2020</strong> teve a<br />
participação das três principais equipes do<br />
estado: Ceará, Ferroviário e Fortaleza, clube<br />
que i<strong>de</strong>alizou o projeto. As partidas foram<br />
transmitidas nos canais sociais dos times.<br />
Mente sã<br />
A Asics está promovendo em seu Instagram<br />
ativida<strong>de</strong>s para serem feitas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa.<br />
A iniciativa faz parte do <strong>de</strong>safio lançado<br />
pela marca <strong>de</strong> fazer as pessoas ficarem com<br />
o corpo e mente saudáveis - seguindo a filosofia<br />
da empresa Mente sã, corpo são. O ator<br />
Nicolas Prattes, embaixador da Asics, <strong>de</strong>u<br />
o pontapé inicial ao projeto, que propõe<br />
uma corrente <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios simples, como<br />
citar livros favoritos ou indicar pequenos<br />
negócios para o consumo <strong>de</strong>livery.<br />
Play<br />
Enquanto os torneios esportivos<br />
presenciais seguem interrompidos,<br />
a NBA encontrou uma<br />
maneira <strong>de</strong> manter seus fãs<br />
engajados. A liga <strong>de</strong> basquete<br />
está promovendo o NBA2k<br />
Players, competição <strong>de</strong> eSports<br />
que convida 16 jogadores reais<br />
para uma disputa em ambiente<br />
virtual com o Xbox One. Kevin<br />
Durant, do Brooklyn Nets, e Andre<br />
Drummond, do Los Angeles<br />
Lakers, estão entre os gamers.<br />
As partidas são transmitidas pelos canais ESPN e perfis sociais da NBA. O campeão terá o<br />
direito <strong>de</strong> escolher qual instituição <strong>de</strong> carida<strong>de</strong> receberá o prêmio <strong>de</strong> US$ 100 mil.<br />
20 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
STORYTELLER<br />
Bruno Martins/Unsplash<br />
Cuidado com<br />
o Chico Cunha!<br />
Tenho sauda<strong>de</strong>s da minha rua,<br />
dos botequins, da roda <strong>de</strong> amigos<br />
LuLa Vieira<br />
Eu tenho acompanhado o que está acontecendo<br />
no mundo todo. Procuro me<br />
informar, pois, além <strong>de</strong> estar preocupado<br />
com o futuro <strong>de</strong> minha família e com o<br />
meu, também pertenço a esta enorme família<br />
humana, que está hoje lutando contra<br />
um inimigo cruel e covar<strong>de</strong>, que se escon<strong>de</strong><br />
na sua pequenez para nos atacar. Esta<br />
foi talvez a única vantagem <strong>de</strong>sta pan<strong>de</strong>mia.<br />
Nos fazer enten<strong>de</strong>r que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos<br />
uns dos outros. Minha primeira vonta<strong>de</strong> foi<br />
fugir, como muita gente fez, procurando<br />
se alhear do noticiário. Mas rapidamente<br />
aprendi que é pior. Hoje tenho certeza que<br />
o mais sábio é ficar atento a tudo, inclusive<br />
à busca que estamos fazendo no mundo inteiro<br />
para encontrar armas que nos permitam<br />
vencer a doença. Estando na categoria<br />
mais ameaçada, por causa <strong>de</strong> minha ida<strong>de</strong>,<br />
tenho mais razões para me trancar e não<br />
me expor. Mas não fugir da realida<strong>de</strong>.<br />
Outra razão para ficar, digamos, ligado,<br />
é que quando nos afastamos da realida<strong>de</strong><br />
uma parte <strong>de</strong> nossa cabeça continua funcionando,<br />
criando uma história por conta<br />
própria, mesmo que a gente não tenha<br />
consciência disso. Em consequência, temos<br />
só a sensação do medo que po<strong>de</strong>, aos poucos,<br />
se transformar em pânico, capaz até <strong>de</strong><br />
provocar distúrbios físicos. Faço regularmente<br />
por telefone a ronda entre aqueles<br />
que amo, como filhos e amigos. Dou e recebo<br />
notícias, troco impressões e não perco a<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dizer, com todas as letras,<br />
que os amo. Continuo trabalhando em casa,<br />
escrevendo, o que é, aliás, a minha profissão.<br />
Mas também estou viajando muito. Tenho<br />
ido a lugares on<strong>de</strong> participo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
aventuras, e também tenho procurado me<br />
conhecer melhor, através do pensamento<br />
<strong>de</strong> quem conseguiu mergulhar mais fundo<br />
na alma humana. Tive maravilhosas<br />
conversas sobre todas as coisas, com gente<br />
que sabe mais do que eu. Sem contar com<br />
os romances que tenho vivido, com mulheres<br />
fantásticas. Você, inteligente, percebeu<br />
que estou falando dos livros, on<strong>de</strong> vivo<br />
aventuras que ocorrem tanto em mundos<br />
diferentes do nosso, como <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />
quarto. Apesar <strong>de</strong>sta vida aventureira, tenho<br />
sauda<strong>de</strong>s da minha rua, dos botequins,<br />
da roda <strong>de</strong> amigos. Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> abraçar minhas<br />
netas, que só consigo ver através do<br />
telefone. Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> abraçar e beijar, jogar<br />
pra cima, sentir o cheiro, ouvir as gargalhadas<br />
sem ser pelo celular. Os parentes todos,<br />
cuja imagem viaja pela tecnologia para me<br />
acalmar um pouco. Meus filhos...tanta gente!<br />
E, para meu sossego, continuo otimista.<br />
Talvez você me consi<strong>de</strong>re meio louco (ou<br />
completamente louco), mas sou assim <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
criança. Como na velha história, vejo<br />
sempre o copo meio cheio em vez <strong>de</strong> meio<br />
vazio. Não, como você já percebeu, que eu<br />
esteja gostando <strong>de</strong>sta merda. Mas já que<br />
estamos nela até o pescoço, é melhor fazer<br />
as contas do que lucramos com isso. Estou<br />
fazendo planos para quando pu<strong>de</strong>r sair.<br />
Quando o carcereiro invisível abrir as portas<br />
para a rua, para o mundo. De uma coisa<br />
eu estou certo.<br />
Consigo viver bem com menos dinheiro<br />
do que pensava. E muito do que até aqui me<br />
parecia fundamental não tem a menor importância.<br />
No sentido inverso, um abraço,<br />
um beijo, um carinho valem muito. São artigos<br />
<strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong>. Ah, perdão!<br />
Não posso me esquecer: tenho acompanhado<br />
o esforço <strong>de</strong> muita gente disposta a ajudar<br />
os outros. Falo <strong>de</strong> bombeiros, policiais,<br />
profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. E falo também <strong>de</strong><br />
voluntários arrecadando comida, roupas,<br />
brinquedos. Fazendo rondas noturnas para<br />
cuidar da população <strong>de</strong> rua. Levando para<br />
os bairros pobres algumas coisas que po<strong>de</strong>m<br />
tornar essa quarentena menos cruel.<br />
Tentando encontrar coisas amenas para estes<br />
tempos sombrios anotei mentalmente a<br />
história que minha cozinheira contou pelo<br />
telefone. Sua neta perguntou por que a polícia<br />
não prendia esse tal <strong>de</strong> Chico Cunha<br />
que fazia mal para tanta gente. E minha<br />
neta, do alto <strong>de</strong> sua sapiência <strong>de</strong> 3 anos,<br />
começou a explicar como era o vírus. Tive<br />
<strong>de</strong> pedir para ela parar. Já estava gostando<br />
do bichinho pequenininho que adora mão<br />
suja. Para acabar, <strong>de</strong>sejo sinceramente a<br />
você, leitora e leitor, que passe incólume<br />
por esses dias. Nunca é <strong>de</strong>mais repetir para<br />
tomar cuidado. Há perigo lá fora.<br />
Lula Vieira é publicitário, diretor do Grupo Mesa<br />
e da Approach Comunicação, radialista, escritor,<br />
editor e professor<br />
lulavieira.luvi@gmail.com<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 21
eyOnd the line<br />
Unsplash<br />
O durante e o <strong>de</strong>pois<br />
do novo coronavírus<br />
É preciso que nos preparemos para o momento<br />
da retomada, que virá, apesar dos perrengues<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
Há muito por fazer ainda, durante a fase<br />
mais aguda da crise provocada pelo novo<br />
coronavírus. Depois <strong>de</strong> tantos pleitos dirigidos<br />
ao governo, fica a sensação <strong>de</strong> que o que<br />
se conseguiu até agora (este artigo foi escrito<br />
há uma semana) é insuficiente para garantir<br />
minimamente a sobrevivência <strong>de</strong> boa parte<br />
das empresas.<br />
E, com empresas se arrastando para sobreviver,<br />
não há como segurar empregos e o efeito<br />
dominó é inevitável.<br />
Sabemos que não há soluções simples para<br />
aplacar essa crise sem prece<strong>de</strong>ntes, mas é<br />
preciso uma ação mais efetiva do governo,<br />
principalmente em garantir fôlego financeiro<br />
para empresas <strong>de</strong> todos os portes. Sob risco<br />
<strong>de</strong> ter sobreviventes tão fragilizados, que mal<br />
terão forças para a retomada que virá. Sim, a<br />
crise vai passar e a retomada virá.<br />
Precisamos manter essa esperança, mas<br />
dar mínimas condições para que, quando a<br />
luz no fim do túnel aparecer, tenhamos força<br />
para atravessar o túnel.<br />
Todos aqueles que representam alguma<br />
coletivida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>scansar nessa luta<br />
por sensibilizar o governo no sentido <strong>de</strong><br />
socorrer os mais necessitados com urgência,<br />
mas, também, as empresas, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> virão os<br />
empregos na retomada.<br />
As empresas, entre si, têm sabido flexibilizar<br />
as suas relações, aceitando rever contratos,<br />
minimizando o impacto da crise sobre<br />
seus negócios. Mas isso só não basta. É preciso<br />
ajuda <strong>de</strong> fora <strong>de</strong>ssas relações. Repito: o<br />
governo precisa entrar em campo com ações<br />
realmente efetivas!<br />
Ainda durante a crise, é preciso o engajamento<br />
<strong>de</strong> todos os que têm condições, no<br />
sentido <strong>de</strong> apoiar as iniciativas sociais, tão<br />
importantes, que fazem chegar recursos<br />
àqueles que não po<strong>de</strong>m esperar mais um dia<br />
por socorro.<br />
Os que têm ainda acesso à informação <strong>de</strong>vem<br />
também colaborar, ajudando os <strong>de</strong>mais<br />
a encontrar caminhos legais para aplicar<br />
medidas que garantam sua sobrevivência.<br />
Todos têm <strong>de</strong> estar unidos, contribuindo na<br />
fase mais aguda da crise. Não po<strong>de</strong>mos nos<br />
dispersar. Bem, mas a crise vai passar, ninguém<br />
tem dúvida. E aí vem aquela máxima:<br />
Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>sperdiçar uma crise. Já escrevi<br />
neste mesmo espaço sobre isso, mas,<br />
permita-me retomar: qual será o legado <strong>de</strong>ssa<br />
crise?<br />
Qual será o efeito positivo <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>la?<br />
Sim, por mais dolorosa que seja, toda crise<br />
<strong>de</strong>ixa efeitos positivos sobre a socieda<strong>de</strong>.<br />
Qual o efeito darwiniano haverá na socieda<strong>de</strong>,<br />
criando seres – físicos e jurídicos – mais<br />
adaptados <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ssa provação bíblica, sem<br />
prece<strong>de</strong>ntes?<br />
Não me refiro somente aos hábitos <strong>de</strong> higiene,<br />
que, certamente, serão incorporados<br />
às nossas vidas. Também não me refiro ao uso<br />
<strong>de</strong> ferramentas virtuais, que já fazem parte<br />
do nosso dia a dia e ganharam ainda mais espaço.<br />
Há muito mais por apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>pois da<br />
dor <strong>de</strong>ssa crise. Analisemos mais profundamente<br />
o campo das relações entre empresas.<br />
Como serão os entendimentos entre contratantes<br />
e contratados <strong>de</strong>pois da crise? Estarão<br />
os contratantes mais sensíveis e empáticos<br />
às dores dos mais frágeis entre os<br />
stakehol<strong>de</strong>rs – os contratados? Mudarão as<br />
regras <strong>de</strong> procurement <strong>de</strong> empresas que impõem<br />
até 120 dias <strong>de</strong> prazo para pagamento<br />
aos fornecedores?<br />
As empresas encararão seus fornecedores<br />
como verda<strong>de</strong>iros parceiros na retomada ou<br />
simplesmente como objetos <strong>de</strong> condições leoninas,<br />
sabendo que todos estarão ávidos por<br />
trabalho, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> terra arrasada?<br />
Saberão os contratados se organizar e resistir<br />
às práticas nocivas que grassam há anos<br />
no nosso mercado?<br />
Por mais difícil que esteja o dia a dia <strong>de</strong> todos<br />
nós, cumprindo o necessário isolamento<br />
e recebendo informações massacrantes diárias<br />
sobre o número <strong>de</strong> infectados e mortos<br />
pelo país e o mundo, é preciso serenida<strong>de</strong> e<br />
mente elevada para tentar focar no futuro.<br />
É preciso que nos preparemos – todos – para<br />
o momento da retomada, que virá, apesar<br />
<strong>de</strong> todos os perrengues que teremos <strong>de</strong> passar.<br />
Que chegue logo e num ambiente mais<br />
respeitoso e sustentável para todos.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é presi<strong>de</strong>nte-executivo da<br />
Ampro (Associação <strong>de</strong> Marketing Promocional)<br />
alexis@ampro.com.br<br />
22 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
quem fez<br />
Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />
AlíVIO<br />
O Bálsamo Bengué está veiculando novos filmes<br />
que apresentam as situações em que o<br />
produto po<strong>de</strong> ser aplicado. Em um <strong>de</strong>les, uma<br />
mulher tem dor na mão e faz uso da versão<br />
pomada. Há ainda as versões aerosol e gel.<br />
Em todos os comerciais, os personagens “Nano<br />
Tanakas” personificam os ativos da fórmula,<br />
que age no foco da dor.<br />
WE<br />
EMS<br />
Fotos: Divulgação<br />
Título: Bengué; direção executiva <strong>de</strong> criação: Armando<br />
Araújo e Christian Fontana; criação: Alessandra<br />
Silva e Augusto dos Anjos; produção: Vapt<br />
Filmes; direção <strong>de</strong> cena: Kiko Lomba; aprovação:<br />
Marcus Sanchez, Guilherme Tavares, Luana Montagnini<br />
e Marcela Jorente.<br />
HUMOR<br />
A ação proposta pela Sompo Seguros nos<br />
canais <strong>de</strong> mídia usa humor para listar os<br />
atributos da marca e apresentar “conceito<br />
<strong>de</strong> pertencimento” da companhia <strong>de</strong> origem<br />
japonesa. O plano é fortalecer o reconhecimento<br />
da marca (brand awareness) e<br />
reforçar o posicionamento da companhia<br />
como a seguradora faixa-preta.<br />
REF+<br />
SOMpO SEgUROS<br />
Título: Conhece a Sompo Seguros?; CCO: Renato<br />
Pereira; criação: Carlos Mazanek, Ricardo<br />
Frezza, Felipe Higashi, Daniel Zalaf e Ramires<br />
Capistrano; COO: Ricardo Calfat; produção: Black<br />
Door Filmes; aprovação: Aline Telis, André<br />
Gouw e Juliana Montilha.<br />
INCENTIVO<br />
Foram <strong>de</strong>senvolvidas peças para 36 painéis<br />
digitais em Curitiba e região metropolitana,<br />
com o objetivo <strong>de</strong> chamar a atenção dos micro<br />
e pequenos empresários, setor que gerou<br />
91% dos novos empregos do Paraná em 2019.<br />
Os sensores nos painéis digitais captaram<br />
uma audiência, em 18 dias, <strong>de</strong> 4,7 milhões <strong>de</strong><br />
pessoas e <strong>13</strong> milhões <strong>de</strong> impactos.<br />
TIF<br />
OUTDOORMÍDIA<br />
Produto: OOH/Institucional; diretor <strong>de</strong> criação:<br />
Thiago Biazetto; redator: Allan Falcone; diretor <strong>de</strong><br />
arte: Rodrigo Duarte; planejamento <strong>de</strong> mídia:<br />
Rejane Lemes; atendimento: Carol Zimann; aprovação:<br />
Thiago Biazetto e Helisson Pantarola (Outdoormídia).<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 23
we<br />
mkt<br />
Felipe Pelaquim/Unsplash<br />
Fusca: quantos anos<br />
vive um produto?<br />
“Eu tenho um Fusca preto, que já<br />
foi fora <strong>de</strong> moda, mas agora as mina<br />
pira, porque meu Fusca é foda...”.<br />
Marcos e Mancini<br />
FRANCISCO ALBERTO MADIA DE SOUZA<br />
Na estatística <strong>de</strong> produtos e marcas que<br />
sobrevivem os primeiros 3 anos, menos<br />
<strong>de</strong> 90% completam 10. Dos que ultrapassam<br />
10, meta<strong>de</strong> chega aos 20. Assim, <strong>de</strong><br />
cada 100 que passam dos 3, 10 passam dos<br />
<strong>de</strong>z e 5 ultrapassam 20. Desses 5 sobreviventes<br />
restará 1 no fim <strong>de</strong> 50 anos, com sorte...<br />
Uma Coca-Cola caminha firme e forte,<br />
ainda que em curva suavemente <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte<br />
em direção aos 200 anos; já o Fusquinha<br />
aposentou-se <strong>de</strong>finitivamente e em todo o<br />
mundo no ano passado, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> gloriosos<br />
e mais <strong>de</strong> 80 anos.<br />
Adolf Hitler sempre sonhou em construir<br />
o Carro do Povo. Assim, no início<br />
dos anos 1930, dá início ao projeto. Três<br />
engenheiros são convocados. Josef Ganz,<br />
Edmund Rumpler e Ferdinand Porsche.<br />
Em 1933, uma primeira reunião <strong>de</strong> Hitler e<br />
Porsche. Hitler passa a receita do que queria<br />
para o Carro do Povo: - Um carro capaz<br />
<strong>de</strong> comportar dois adultos e duas crianças;<br />
- Alcançar e manter uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100<br />
km/hora; - Consumo <strong>de</strong> combustível nunca<br />
superior a <strong>13</strong> km/litro; - Carro refrigerado<br />
a ar; - Capaz <strong>de</strong> transportar, sempre que<br />
necessário, três soldados e uma metralhadora;<br />
- O preço não po<strong>de</strong>ria custar mais do<br />
que uma boa motocicleta.<br />
Em 17 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1934, Porsche manda<br />
seu projeto para Hitler, que concorda com<br />
tudo, menos com a estimativa <strong>de</strong> preço. Teria<br />
<strong>de</strong> ser vendido por menos que 1.500 marcos.<br />
No dia 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1934, superadas<br />
todas as divergências, Porsche é contratado<br />
para colocar seu projeto rodando. A historia<br />
é longa. No dia 12 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1936,<br />
os dois primeiros pré-protótipos são apresentados.<br />
Ainda apresentavam problemas<br />
no freio e no virabrequim. Em 1937, saem<br />
da fábrica 30 mo<strong>de</strong>los da versão finalmente<br />
aprovada. Em conjunto, os 30 rodaram<br />
mais <strong>de</strong> 2,4 milhões <strong>de</strong> quilômetros nas<br />
mãos <strong>de</strong> integrantes da SS, tropa <strong>de</strong> elite <strong>de</strong><br />
Hitler. Em 26 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1938, foi assentada<br />
a pedra fundamental da fábrica, sem a presença<br />
<strong>de</strong> Hitler, mas com o testemunho <strong>de</strong><br />
70 mil pessoas. No dia 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1940,<br />
o primeiro Fusquinha, o Volkswagen TYP<br />
1, sai da linha <strong>de</strong> produção e ganha as ruas.<br />
Azul escuro acinzentado. Até 1944, apenas<br />
640 mo<strong>de</strong>los produzidos. A guerra praticamente<br />
congelou a <strong>de</strong>colagem do Fusca.<br />
Corta para 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2019. Puebla,<br />
México. 17h15 min. Sai, pela porta da frente<br />
da fábrica da Volkswagen, o último Fusquinha.<br />
Assim, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 60 anos, quase<br />
3,5 milhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s, chegou ao fim a<br />
história do Fusquinha. Será que não volta,<br />
perguntam alguns. Definitivamente não,<br />
respon<strong>de</strong> o novo mundo em processo <strong>de</strong><br />
construção. O conceito e o entendimento<br />
<strong>de</strong> automóvel, a partir <strong>de</strong> <strong>2020</strong>, não passam<br />
nem pelo Fusquinha nem por todos os <strong>de</strong>mais<br />
mo<strong>de</strong>los que ainda povoam as ruas do<br />
mundo. Há um novo carro a caminho, em<br />
todos sentidos: <strong>de</strong>sign, tamanho, funções,<br />
uso, compra, combustível, autonomia... Ou<br />
seja, e <strong>de</strong>sta vez, o Fusca se foi para sempre.<br />
Entra para a história do primeiro gran<strong>de</strong><br />
ciclo da indústria automobilística no<br />
mundo, 90 anos, como um dos best-sellers.<br />
Brigando com o Toyota Corolla e outros 3<br />
mo<strong>de</strong>los pela primeira colocação.<br />
Quanto dura um produto? Não existe<br />
uma resposta <strong>de</strong>finitiva e conclusiva, mas,<br />
em termos conceituais e genéricos, quanto<br />
mais e melhor respon<strong>de</strong>r o que um dia Al<br />
Ries e Jack Trout celebrizaram. Causar, no<br />
lançamento, “Primeiras e Ótimas Impressões”.<br />
E <strong>de</strong>pois, contrariar o que Al Ries e<br />
Jack Trout ostentaram durante décadas como<br />
a primeira das 22 Leis Consagradas do<br />
Marketing: Afirmavam “É mais importante<br />
ser o primeiro do que ser o melhor”. Era...<br />
Agora não é mais. É bom ser o primeiro,<br />
mas vital ser o melhor, sempre. Quando se<br />
<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser O Melhor, per<strong>de</strong>-se a razão <strong>de</strong><br />
ser, e <strong>de</strong>spe<strong>de</strong>-se. Como acabou <strong>de</strong> acontecer,<br />
finalmente, e coberto <strong>de</strong> glórias, com o<br />
sexagenário Fusquinha. Descanse em paz!<br />
Mais que merece!<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
24 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
Produtoras<br />
Cave apresenta filme Aseptic com<br />
alusão ao discurso <strong>de</strong> Larry Kramer<br />
Diretor Rafael Kent usa imagens captadas em 2019 para amplificar a i<strong>de</strong>ia<br />
<strong>de</strong> que o isolamento social se faz necessário e sobre a liberda<strong>de</strong> perdida<br />
Paulo Macedo<br />
Em novembro <strong>de</strong> 2019 o coreógrafo<br />
e bailarino Rubens<br />
Oliveira performou na Avenida<br />
Paulista, em São Paulo, solo<br />
capturado pelo diretor Rafael<br />
Kent, da produtora Cave. O resultado<br />
é o filme Aseptic, lançado<br />
na semana passada após<br />
a prorrogação da quaretena por<br />
mais duas semanas no estado.<br />
A i<strong>de</strong>ia é mostrar que o isolamento<br />
é uma perda temporária<br />
<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Mas é vital. “Os<br />
movimentos intensos e catárticos<br />
convidam a se libertar das<br />
amarras e valorizar a vida plenamente,<br />
apesar da perda <strong>de</strong><br />
liberda<strong>de</strong> e insegurança atual”,<br />
contemporiza o diretor<br />
O roteiro faz referência ao<br />
discurso do ativista norte-<br />
-americano Larry Kramer, que<br />
<strong>de</strong>finiu o HIV como uma praga.<br />
“Assim como naquela época,<br />
Divulgação<br />
O balé protagonizado pelo coreógrafo e bailarino Rubens Oliveira cujas imagens foram capturadas em novembro <strong>de</strong> 2019 em São Paulo<br />
sobram informações truncadas<br />
e faltam políticas públicas<br />
para lidar com a pan<strong>de</strong>mia. A<br />
responsabilida<strong>de</strong> individual, e<br />
ao mesmo tempo social, é essencial<br />
para evitar o contágio e<br />
a disseminação ainda maior <strong>de</strong><br />
pan<strong>de</strong>mias”, justificou Kent,<br />
que no epílogo cita a obra A peste,<br />
<strong>de</strong> Albert Camus.<br />
O audiovisual é ambientado<br />
com a música Atlântico, do<br />
produtor e DJ baiano Ubunto,<br />
responsável pela trilha sonora<br />
<strong>de</strong> Aseptic. Kent finaliza: “Isolamento<br />
e esterilização são as<br />
únicas alternativas possíveis<br />
para evitar o contágio.”<br />
Piloto se adapta com captação <strong>de</strong><br />
imagens por celular e gestão online<br />
Área <strong>de</strong> pós-produção e equipes <strong>de</strong> animação não foram afetadas com<br />
impedimento do live-action; rotina com agências está sendo retomada<br />
Assim com as <strong>de</strong>mais produtoras<br />
<strong>de</strong> audiovisual, a<br />
Piloto teve efeito sintomático<br />
nas suas ativida<strong>de</strong>s com a Covid-19.<br />
Segundo o sócio-diretor<br />
Daniel Soro, o primeiro <strong>de</strong>safio<br />
foi colocar a operação online. O<br />
elemento facilitador foi o home<br />
office adotado pelas agências.<br />
“O convívio é 100% digital.<br />
Estamos retomando os<br />
processos com a utilização<br />
<strong>de</strong> soluções remotas, como<br />
filmar usando celular, dirigir<br />
à distância e outros recursos<br />
similares. A pós-produção e<br />
as equipes <strong>de</strong> animação estão<br />
funcionando normalmente”,<br />
afirmou.<br />
Divulgação<br />
Daniel Soro está recorrendo a gravações por celular para aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>mandas da Piloto<br />
Soro explica que as reuniões<br />
estão sendo realizadas coletivamente<br />
e “com aceitação<br />
impressionante.” Ele diz mais:<br />
“Usamos plataformas como<br />
Zoom, Whereby, Hangouts etc.<br />
Fiz algumas soluções com muitas<br />
pessoas, como plataformas<br />
<strong>de</strong> colaboração <strong>de</strong> projetos, e<br />
<strong>de</strong> edição <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os, que já estavam<br />
ao nosso redor e agora<br />
estão no centro dos processos.<br />
Mas o que mais importa é a disposição<br />
das pessoas para usar<br />
novas ferramentas e enfrentar<br />
a situação. Acho que <strong>de</strong>pois da<br />
quarentena, muito disso vai ficar<br />
consagrado no nosso dia a<br />
dia”, finaliza.<br />
PM<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 25
coronaVírus mídia<br />
Veículos vão além das notícias e<br />
usam influência para ajudar na crise<br />
Interesse por jornalismo cresce, enquanto emissoras e sites buscam<br />
combater a pan<strong>de</strong>mia com campanhas e ações <strong>de</strong> conscientização<br />
leonardo araujo<br />
crise do novo coronavírus<br />
po<strong>de</strong> fortalecer a ati-<br />
A<br />
vida<strong>de</strong> jornalística. Segundo<br />
o estudo Kantar Barometer,<br />
a busca do público pela ativida<strong>de</strong><br />
é tão alta que 11 das 20<br />
maiores audiências televisivas<br />
dos últimos cinco anos<br />
foram registradas durante<br />
a crise da Covid-19. O estudo<br />
também aponta que 79%<br />
da audiência consi<strong>de</strong>ra a TV<br />
o meio mais confiável para<br />
se obter informações sobre<br />
o novo coronavírus. Nas re<strong>de</strong>s<br />
sociais, segundo o mesmo estudo,<br />
o gênero jornalismo é<br />
o que mais pauta conversas,<br />
per<strong>de</strong>ndo apenas para reality<br />
shows, algo compreensível<br />
em tempos <strong>de</strong> BBB.<br />
“Os acessos online têm<br />
crescido bastante nesse período.<br />
Se compararmos a primeira<br />
com a terceira semana <strong>de</strong><br />
março, exatamente o ‘antes e<br />
<strong>de</strong>pois’ do início <strong>de</strong>sse crescimento,<br />
nossos acessos mais<br />
que dobraram. E isso traz reflexo<br />
também em nossas assinaturas”,<br />
revela Leonardo<br />
Contrucci, diretor-executivo<br />
<strong>de</strong> mercado leitor & estratégias<br />
digitais do Estadão.<br />
Des<strong>de</strong> março, o periódico<br />
liberou para não assinantes<br />
uma série <strong>de</strong> conteúdos sobre<br />
o novo coronavírus. “A<br />
melhor forma <strong>de</strong> prevenção<br />
é estar bem informado. Siga o<br />
fio e veja as matérias que estão<br />
livres <strong>de</strong> paywall”, diz o<br />
periódico em post no Twitter.<br />
A Folha <strong>de</strong> S.Paulo e O Globo,<br />
entre outros, também liberaram<br />
conteúdo sobre o novo<br />
coronavírus.<br />
“Em um momento <strong>de</strong> notícias<br />
pulverizadas, <strong>de</strong> fake<br />
news, a mídia essencial ganha<br />
relevância e protagonismo<br />
entre o público. Durante<br />
a crise, o GaúchaZH está disponibilizando<br />
gratuitamente<br />
os conteúdos <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />
pública sobre a pan<strong>de</strong>mia. Em<br />
Priscila Stoliar, gerente <strong>de</strong> marketing do SBT: participação do casting da<br />
emissora reforça a importância da a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> todos à mudança <strong>de</strong> hábitos<br />
“separamos as<br />
cores da nossa<br />
marca, passando<br />
ao público a<br />
mensagem do<br />
isolamento<br />
seguro”<br />
março, a plataforma atingiu<br />
74,4 milhões <strong>de</strong> pageviews<br />
(o recor<strong>de</strong> anterior era 56,1<br />
milhões, em jan/2019) e 30,1<br />
milhões <strong>de</strong> usuários (recor<strong>de</strong><br />
anterior era <strong>de</strong> 18,4 milhões,<br />
em mar/2019)”, revela Marcelo<br />
Leite, diretor-executivo<br />
<strong>de</strong> marketing do Grupo RBS.<br />
“É um momento <strong>de</strong>safiador<br />
para o jornalismo, mas, ao<br />
mesmo tempo, a ativida<strong>de</strong><br />
nunca foi tão imprescindível<br />
à socieda<strong>de</strong>”, completa o<br />
executivo.<br />
Fotos: Divulgação<br />
26 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
Outra potência do online<br />
é o UOL, que durante a crise<br />
bateu recor<strong>de</strong>s. Em março,<br />
<strong>de</strong> acordo com o Google<br />
Analytics, o conteúdo produzido<br />
pela redação gerou 951<br />
milhões <strong>de</strong> sessões, superando<br />
o recor<strong>de</strong> anterior, em outubro<br />
<strong>de</strong> 2018, mês das últimas<br />
eleições.<br />
O jornalismo televisivo não<br />
fica atrás e está crescendo. “O<br />
número <strong>de</strong> aparelhos ligados<br />
aumentou e, em gran<strong>de</strong> parte,<br />
trata-se <strong>de</strong> um público que<br />
está em busca <strong>de</strong> informação.<br />
As pesquisas do Ibope mostram<br />
que alguns <strong>de</strong> nossos<br />
jornalísticos cresceram entre<br />
10% e 30% no mês <strong>de</strong> março”,<br />
revela Antonio Guerrero, VP<br />
<strong>de</strong> jornalismo da Record TV.<br />
O executivo afirma que o<br />
fortalecimento do jornalismo<br />
já é um fato. “Até poucos<br />
dias atrás, muitos ainda não<br />
haviam se conscientizado da<br />
gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confiar em notícias<br />
sem qualquer origem<br />
comprovada. Então, num momento<br />
<strong>de</strong> crise, a população, e<br />
não só no Brasil, mas no mundo,<br />
percebeu a importância<br />
do jornalismo profissional”,<br />
comenta. “Vivemos uma situação<br />
limite em que notícias<br />
falsas po<strong>de</strong>m significar vida<br />
ou morte, e isso trouxe, em<br />
meio ao caos, efeitos positivos:<br />
o fortalecimento do jornalismo<br />
e o reconhecimento<br />
do papel dos jornalistas na socieda<strong>de</strong>”,<br />
complementa.<br />
As audiências <strong>de</strong> RBS TV<br />
também são <strong>de</strong>staque. “A<br />
gra<strong>de</strong> jornalística da emissora<br />
foi ampliada. O Jornal do<br />
Almoço do dia 24 teve média<br />
<strong>de</strong> 588 mil <strong>de</strong> telespectadores<br />
por minuto e alcançou 920<br />
mil pessoas na região, sendo<br />
uma das edições mais assistidas<br />
das últimas duas décadas.<br />
Além disso, no dia 23, o<br />
RBS Notícias registrou o seu<br />
melhor <strong>de</strong>sempenho do ano.<br />
Os números <strong>de</strong> audiência alcançaram<br />
cerca <strong>de</strong> 750 mil<br />
telespectadores por minuto e<br />
alcance <strong>de</strong> 922 mil pessoas na<br />
região”, revela Leite.<br />
Des<strong>de</strong> o início do avanço<br />
da doença no Brasil, tanto a<br />
TV Globo como a GloboNews<br />
mexeram em suas programações<br />
para trazer mais informação<br />
ao público que está em<br />
casa. “Informação relevante<br />
é, até o momento, o único remédio<br />
comprovado que ajuda<br />
Guerrero: “Notícias falsas po<strong>de</strong>m significar vida ou morte”<br />
“a população,<br />
e não só no<br />
brasil, mas no<br />
mundo, percebeu<br />
a importância<br />
do jornalismo<br />
profissional”<br />
a conter a expansão da pan<strong>de</strong>mia”,<br />
afirma a comunicação<br />
da emissora.<br />
Na TV aberta, o jornalismo<br />
fica 11 horas consecutivas<br />
ao vivo, <strong>de</strong> 4h da manhã às<br />
3h da tar<strong>de</strong>. O canal lançou<br />
o programa Combate ao Coronavírus,<br />
com duas horas<br />
<strong>de</strong> duração, apresentado por<br />
Marcio Gomes. À noite, o Jornal<br />
Nacional teve a sua duração<br />
estendida. A GloboNews<br />
está com o sinal aberto nas<br />
principais operadoras <strong>de</strong> TV<br />
por assinatura e com sua programação<br />
ao vivo disponível,<br />
gratuitamente, no G1 e no Globosat<br />
Play.<br />
Fotos: Divulgação<br />
Marcelo Leite: “É um momento <strong>de</strong>safiador para o jornalismo”<br />
Troca<br />
Os veículos celebram a boa<br />
audiência, mas estão preocupados<br />
em dar algo em troca<br />
para o público.<br />
“Estamos usando nossa força<br />
<strong>de</strong> marca - incluindo aqui os<br />
nossos artistas, que estão produzindo<br />
diversos conteúdos<br />
direto <strong>de</strong> suas casas - para influenciar<br />
as pessoas com uma<br />
mensagem mais otimista,<br />
na medida do possível. Já há<br />
anos temos uma plataforma<br />
<strong>de</strong> marca ativa para embalar<br />
esses conteúdos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />
social, chamada SBT<br />
do Bem”, explica Fred Müller,<br />
diretor-comercial e <strong>de</strong> marketing<br />
da emissora.<br />
Sua colega <strong>de</strong> empresa,<br />
Priscila Stoliar, gerente <strong>de</strong><br />
marketing do canal <strong>de</strong> Silvio<br />
Santos, <strong>de</strong>stacou as iniciativas<br />
<strong>de</strong> marca da emissora.<br />
“Começamos nossos esforços<br />
espalhando mensagens, na<br />
TV e em todas nossas plataformas<br />
digitais, <strong>de</strong> prevenção<br />
à Covid-19, usando a força <strong>de</strong><br />
nossos comunicadores. Depois,<br />
separamos as cores da<br />
nossa marca, passando ao<br />
público a mensagem do isolamento<br />
seguro, com a #Distância<br />
Salva. Além disso, o SBT<br />
vem produzindo diariamente<br />
uma série <strong>de</strong> conteúdos informativos<br />
sobre a Covid-19<br />
em todas nossas plataformas,<br />
como boletins e lives, contando<br />
também com a participação<br />
do casting da emissora,<br />
para reforçar a importância<br />
da a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> todos à mudança<br />
<strong>de</strong> hábitos e ao isolamento<br />
social”, enumera.<br />
Na Record TV, o foco dos programas<br />
foi praticamente todo<br />
direcionado ao tema. “Além<br />
das nossas 14 horas <strong>de</strong> jornalismo<br />
ao vivo por semana, alguns<br />
programas foram ampliados,<br />
como o Fala Brasil – Edição <strong>de</strong><br />
Sábado, um matinal que ganhou<br />
mais duas horas, e ainda<br />
estreamos, em 19 <strong>de</strong> março, o<br />
Coronavírus - Plantão, exibido<br />
nas noites <strong>de</strong> quinta-feira”, explica<br />
Guerrero.<br />
Já a Globo, vale <strong>de</strong>stacar,<br />
ce<strong>de</strong>u computadores da área<br />
<strong>de</strong> inovação da empresa para<br />
a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Stanford,<br />
que realiza simulações computacionais<br />
para enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
que modo diversas doenças<br />
evoluem e quais os melhores<br />
caminhos para combatê-las.<br />
A emissora também lançou<br />
a plataforma ParaQuemDoar.<br />
com. Nela, interessados em fazer<br />
uma doação po<strong>de</strong>rão entrar<br />
em contato diretamente com a<br />
iniciativa que <strong>de</strong>sejam ajudar.<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 27
coronavírus marcas<br />
Empresas ganham valor e confiança<br />
com mais ação e menos discurso<br />
Propósito norteia comunicação, mas atitu<strong>de</strong>s práticas geram credibilida<strong>de</strong><br />
aos anunciantes; cenário é benéfico para conteúdos que encurtem distâncias<br />
Danubia Paraizo<br />
Confiança, responsabilida<strong>de</strong><br />
e informação. Este tem sido<br />
o tripé das marcas que estão<br />
gerando valor e relevância em<br />
tempos incertos <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>mia.<br />
Segundo o relatório E<strong>de</strong>lman<br />
Trust Barometer <strong>2020</strong>, que fez<br />
um levantamento no Brasil<br />
sobre o grau <strong>de</strong> confiança da<br />
população nas marcas durante<br />
a propagação da Covid-19, são<br />
bem percebidas aquelas que seguem<br />
essa tría<strong>de</strong> da responsabilida<strong>de</strong><br />
com propósito e ação.<br />
Não à toa, para 91% dos brasileiros,<br />
é necessário que as<br />
marcas façam o que é certo,<br />
enquanto para 85%, as empresas<br />
<strong>de</strong>vem assumir o compromisso<br />
em garantir os empregos<br />
<strong>de</strong> seus colaboradores. Não distante,<br />
73% das pessoas gostariam<br />
que seu empregador compartilhasse<br />
informações sobre<br />
o novo coronavírus pelo menos<br />
uma vez ao dia.<br />
Os números trazem um panorama<br />
sobre o direcionamento<br />
que as marcas po<strong>de</strong>m seguir<br />
num cenário em que as ações<br />
e a postura para o público interno<br />
e externo dizem tanto ou<br />
até mais que o simples discurso.<br />
Para Ariel Grunkraut, VP <strong>de</strong><br />
marketing do Burger King Brasil,<br />
pelo tamanho <strong>de</strong> algumas<br />
marcas, elas precisam fazer mais<br />
e, apesar <strong>de</strong> em momentos críticos<br />
muitas empresas se recolherem<br />
com receio <strong>de</strong> reações<br />
negativas, é essencial que as<br />
companhias tomem posições.<br />
“Nosso papel é maior que ven<strong>de</strong>r<br />
hambúrger. Mais do que nunca é<br />
o momento <strong>de</strong> fazer, antes mesmo<br />
<strong>de</strong> falar. Isso vale para todas<br />
as marcas. Por isso, pensamos<br />
em fazer algumas ações, sermos<br />
transparentes e ajudar as pessoas<br />
com informações”.<br />
O Burger King foi uma das<br />
primeiras empresas a veicular<br />
campanha incentivando o distanciamento<br />
social. Reunindo<br />
filmagens caseiras <strong>de</strong> pessoas<br />
que passavam pela quarentena,<br />
Live na Garagem, com a dupla Jorge e Mateus, no YouTube, arrecadou mais <strong>de</strong> 16 toneladas <strong>de</strong> alimentos; patrocínio foi da Brahma<br />
“As pessoAs<br />
esperAm que suAs<br />
mArcAs sejAm<br />
exemplo e guiem<br />
A mudAnçA”<br />
Grunkraut, do BK: foco na segurança, proteção e higiene dos públicos interno e externo<br />
Fotos: Divulgação<br />
o filme criado pela David São<br />
Paulo trazia com bom humor<br />
algumas i<strong>de</strong>ias do que fazer em<br />
casa, além do mote Você está isolado,<br />
mas não sozinho. Um outro<br />
filme, <strong>de</strong>sta vez protagonizado<br />
por Iuri Miranda, presi<strong>de</strong>nte da<br />
companhia no país, apresentou<br />
quais seriam as medidas <strong>de</strong> segurança,<br />
higiene e proteção <strong>de</strong><br />
colaboradores e consumidores<br />
finais.<br />
“Informação tem sido fundamental.<br />
Aproveitamos esse filme<br />
com o presi<strong>de</strong>nte para anunciarmos<br />
que estaríamos também<br />
contribuindo com a socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> alguma maneira. Fizemos<br />
uma doação <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong><br />
reais para o Ministério da Saú<strong>de</strong><br />
para a compra <strong>de</strong> equipamentos<br />
<strong>de</strong> proteção individual dos profissionais<br />
que aten<strong>de</strong>m o SUS”,<br />
<strong>de</strong>staca Grunkraut.<br />
Para Marcelo Reis, co-CEO<br />
e CCO da Leo Burnett Tailor<br />
Ma<strong>de</strong>, a tría<strong>de</strong> pessoas, marcas<br />
e sustentabilida<strong>de</strong> só ten<strong>de</strong> a<br />
crescer <strong>de</strong>ntro das gran<strong>de</strong>s empresas.<br />
Ao mesmo tempo, se a<br />
marca não tiver esse propósito<br />
em sua essência, não adianta<br />
querer surfar a onda antes, durante<br />
ou <strong>de</strong>pois da pan<strong>de</strong>mia.<br />
A autenticida<strong>de</strong>, cada vez mais,<br />
ganha força na socieda<strong>de</strong>. “As<br />
pessoas esperam que suas marcas<br />
sejam exemplo e guiem a<br />
mudança, trazendo soluções<br />
práticas e que aju<strong>de</strong>m suas vidas.<br />
As marcas que já faziam<br />
isso, e reforçaram sua atuação<br />
durante a crise, <strong>de</strong>vem continuar<br />
pós-pan<strong>de</strong>mia”.<br />
A lógica é compartilhada<br />
por Kevin Zung, COO da WMc-<br />
Cann. O executivo <strong>de</strong>staca que,<br />
em momentos <strong>de</strong> crise, a população<br />
espera que as marcas<br />
tomem alguma atitu<strong>de</strong>. Nesse<br />
sentido, as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem<br />
28 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
mudar. “Estamos vendo empresas<br />
irem além do seu core<br />
business para ajudar as comunida<strong>de</strong>s,<br />
fornecedores e clientes.<br />
Quando vemos a GM parar<br />
<strong>de</strong> produzir carros para consertar<br />
respiradores, ou empresas<br />
como a Lupo fazendo máscaras<br />
para hospitais, a gente percebe<br />
que nada vai ser como antes. As<br />
priorida<strong>de</strong>s mudaram”.<br />
sEm volta<br />
É consenso entre os profissionais<br />
<strong>de</strong> comunicação e marketing<br />
que a pan<strong>de</strong>mia mudou<br />
as relações humanas e, consequentemente,<br />
a maneira <strong>de</strong> as<br />
marcas se relacionarem com as<br />
pessoas. Para Eduardo Picarelli,<br />
diretor do portfólio Craft e Não<br />
Alcoólicos do Grupo Heinekenno<br />
Brasil, esse novo contexto<br />
fez com que pessoas e marcas<br />
enxerguem a vida <strong>de</strong> forma diferente<br />
do que faziam antes. “A<br />
vida já está mudando, não precisaremos<br />
esperar até o fim da<br />
pan<strong>de</strong>mia para afirmar que é um<br />
caminho sem volta”, <strong>de</strong>staca.<br />
Para o executivo, ao mesmo<br />
tempo em que o digital passa a<br />
ser o gran<strong>de</strong> protagonista, faz<br />
também com que o consumidor<br />
seja impactado por uma quantida<strong>de</strong><br />
infinita <strong>de</strong> informações.<br />
“Será através <strong>de</strong> um propósito<br />
claro e bem <strong>de</strong>finido que as marcas<br />
se tornaram relevantes para<br />
os consumidores. Por quê? Porque<br />
o propósito trará afinida<strong>de</strong> e<br />
proximida<strong>de</strong>”.<br />
Foi com esse pensamento<br />
que o grupo Heineken criou<br />
o movimento Brin<strong>de</strong> do Bem,<br />
com objetivo <strong>de</strong> ajudar os estabelecimentos<br />
<strong>de</strong> todo o país a<br />
manter empregos, pagamentos<br />
e salários em dia. A i<strong>de</strong>ia é que a<br />
companhia dobre as doações <strong>de</strong><br />
consumidores feitas no site do<br />
projeto, no período <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong><br />
até 31 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> <strong>2020</strong>. “Pensar<br />
nos comerciantes menores foi<br />
uma maneira <strong>de</strong> impactarmos<br />
positivamente a parte mais afetada<br />
da nossa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor,<br />
que são os bares. Atualmente,<br />
estes estabelecimentos movimentam<br />
ao ano mais <strong>de</strong> R$ 200<br />
bilhões e geram por volta <strong>de</strong> 6<br />
milhões <strong>de</strong> empregos. Isso representa<br />
quase 2,5% do PIB.<br />
Muitos <strong>de</strong>sses bares correm o<br />
risco <strong>de</strong> fechar por conta da pan<strong>de</strong>mia”,<br />
ressalta Picarelli.<br />
Recentemente, a Ambev também<br />
anunciou medidas nesse<br />
sentido com o projeto <strong>de</strong> Stella<br />
Artois. O movimento Apoie um<br />
Restaurante criou uma plataforma<br />
<strong>de</strong> doações on<strong>de</strong> os consumidores<br />
po<strong>de</strong>rão comprar<br />
vouchers para serem utilizados<br />
após a crise e receberão o dobro<br />
Filme da W+K São Paulo para a Lacta usou criativida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong> como recursos em meio a restrições <strong>de</strong> gravações externas<br />
“A chAve pArA<br />
A solução<br />
<strong>de</strong>ssA crise é A<br />
colAborAção. essA<br />
será A grAn<strong>de</strong><br />
lição”<br />
para o consumo. O valor total<br />
será doado pela marca aos comerciantes.<br />
Na semana passada,<br />
Nestlé e Nespresso também<br />
a<strong>de</strong>riram, ampliando a ação<br />
para cafeterias e confeitarias.<br />
“A chave para a solução <strong>de</strong>ssa<br />
crise é a colaboração. Essa será<br />
a gran<strong>de</strong> lição que a pan<strong>de</strong>mia<br />
vai nos trazer. Estamos <strong>de</strong><br />
olho nas melhores práticas do<br />
mundo e enten<strong>de</strong>mos que, em<br />
momentos como esse, todos<br />
po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem fazer tudo que<br />
está ao seu alcance. E o setor<br />
privado, do qual fazemos parte,<br />
têm responsabilida<strong>de</strong> fundamental<br />
nesse cenário”, <strong>de</strong>staca<br />
Ricardo Dias, CMO da Ambev.<br />
colaboração<br />
A palavra solidarieda<strong>de</strong> tem<br />
Dias, da Ambev: colaboração será ainda mais essencial<br />
sido exercitada na prática neste<br />
cenário, dando novo significado<br />
para as parcerias entre marcas.<br />
A colaboração funciona como<br />
ferramenta para amplificar as<br />
boas ações. A Alpargatas, por<br />
exemplo, lançou o movimento<br />
Empatia Gera Empatia, que convida<br />
empresas a se unirem para<br />
doações e iniciativas sociais.<br />
Com o mote Vista as sandálias,<br />
que sugere que as pessoas se coloquem<br />
no lugar das outras, Havaianas,<br />
que faz parte do grupo,<br />
vai doar mais <strong>de</strong> 100 mil kits <strong>de</strong><br />
higiene e limpeza em parceria<br />
com a Colgate-Palmolive em comunida<strong>de</strong>s<br />
vulneráveis.<br />
O mesmo sentimento motivou<br />
também empresas como<br />
Fundação Casas Bahia, Grupo<br />
Pão <strong>de</strong> Açúcar (GPA) e Paypal<br />
a apoiarem o Fundo Periferia<br />
Empreen<strong>de</strong>dora, projeto emergencial<br />
<strong>de</strong> crédito que apoia microempreen<strong>de</strong>dores<br />
em comunida<strong>de</strong>s.<br />
I<strong>de</strong>alizada pela escola <strong>de</strong><br />
negócios Empreen<strong>de</strong> Aí, a plataforma<br />
<strong>de</strong> financiamento coletivo<br />
Firgun e a Impact Hub, a iniciativa<br />
prevê incentivos a negócios<br />
como salões <strong>de</strong> beleza, barbearias,<br />
oficinas <strong>de</strong> costura e reforma,<br />
entre outros serviços mais<br />
impactados pela pan<strong>de</strong>mia.<br />
Para Othon Vela, diretor <strong>de</strong><br />
marketing do Pão <strong>de</strong> Açúcar,<br />
toda essa mudança <strong>de</strong> cenário<br />
tem ressaltado as empresas que<br />
trabalham com base em seus<br />
propósitos. Para o executivo,<br />
esse será um valor que fortalecerá<br />
cada vez mais a conexão com<br />
os consumidores daqui para a<br />
frente. “Em meio à pan<strong>de</strong>mia,<br />
enten<strong>de</strong>mos que esse propósito<br />
se refletiu por meio da nossa<br />
missão, enquanto agentes transformadores<br />
da socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> trabalhar<br />
para manter as lojas abastecidas<br />
e seguras para os nossos<br />
consumidores e colaboradores e<br />
<strong>de</strong> investir em nossa capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> entrega em domicílio”.<br />
novo normal<br />
As condições <strong>de</strong> isolamento<br />
social criaram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
novas maneiras <strong>de</strong> fazer comunicação.<br />
Não apenas do ponto<br />
<strong>de</strong> vista da mensagem, mas<br />
também <strong>de</strong> formatos. Ainda que<br />
recursos como transmissões ao<br />
vivo no YouTube, por exemplo,<br />
Sarah, da Mastercard: foco em manter contato, ainda que distante<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 29
coronavírus marcas<br />
Reis, da Leo Burnett: propósito das marcas <strong>de</strong>ve estar na essência<br />
não sejam novida<strong>de</strong>, seu uso<br />
tem ganhado abordagens e aplicações<br />
diferentes no contexto<br />
<strong>de</strong> quarentena.<br />
No último dia 8 <strong>de</strong> <strong>abril</strong>, por<br />
exemplo, a cantora sertaneja<br />
Marília Mendonça entrou para<br />
a história da internet ao se tornar<br />
a transmissão mais vista do<br />
YouTube. Foram 3,3 milhões <strong>de</strong><br />
acessos simultâneos. A artista<br />
realizou um show <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> três<br />
horas em casa. A live foi patrocinada<br />
pela Havaianas e Stone,<br />
como forma <strong>de</strong> incentivar que a<br />
população priorize as compras<br />
em pequenos negócios locais<br />
durante a pan<strong>de</strong>mia. A fintech<br />
anunciou ainda R$ 30 milhões<br />
em iniciativas como isenção <strong>de</strong><br />
mensalida<strong>de</strong> e redução <strong>de</strong> taxas,<br />
além <strong>de</strong> R$ 100 milhões em microcrédito<br />
para os negócios mais<br />
atingidos com a crise.<br />
Uma semana antes, Brahma<br />
Duplo Malte, Rappi, Claro e<br />
Magazine Luiza patrocinaram<br />
a live da dupla Jorge e Mateus.<br />
Batizado <strong>de</strong> Live na Garagem, o<br />
projeto teve duração <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />
quatro horas <strong>de</strong> show e a doação<br />
<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 216 toneladas <strong>de</strong> alimentos,<br />
além <strong>de</strong> 10 mil frascos<br />
<strong>de</strong> álcool em gel. A iniciativa foi<br />
produzida pela J&M Produções,<br />
em parceria com R2 Produções,<br />
Brahma e suas agências Africa e<br />
Draftline. Para Dias, da Ambev,<br />
o momento é <strong>de</strong>safiador para a<br />
conexão das marcas e seus consumidores,<br />
e as ferramentas digitais<br />
ganham papel <strong>de</strong> entreter,<br />
informar e conscientizar. “As<br />
lives surgem como uma ótima<br />
forma <strong>de</strong> interação e entretenimento.<br />
Porém, mais do que isso,<br />
esse formato se mostra capaz <strong>de</strong><br />
conectar as pessoas em suas casas<br />
com suas famílias e amigos,<br />
com os artistas e com uma causa<br />
comum a todos nós”.<br />
Diante das experiências e<br />
aprendizados com esses recursos,<br />
a tendência é que eles se<br />
normatizem e abram oportunida<strong>de</strong>s.<br />
Essa é a aposta <strong>de</strong> Rafael<br />
Donato, VP executive creative<br />
director da David. “Certamente,<br />
quando a gente sair <strong>de</strong>ssa,<br />
todo mundo vai estar craque<br />
nesse relacionamento à distância.<br />
Eu enxergo com otimismo<br />
essa mudança. Por mais que<br />
tenha sido forçada, nos ajudou<br />
a encontrar novas soluções e<br />
isso me <strong>de</strong>ixa empolgado como<br />
comunicador. Não são tecnologias<br />
novas, mas o preconceito<br />
em comprar online ou pedir<br />
um <strong>de</strong>livery ten<strong>de</strong> a não existir<br />
mais. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> live não ser a<br />
mesma coisa que um show presencial,<br />
também. Esses preconceitos<br />
vão cair por terra porque<br />
as experiências não precisam<br />
ser menos genuínas ou autênticas<br />
por serem no digital”.<br />
sEparados, mas juntos<br />
A produção audiovisual também<br />
foi adaptada, assim como os<br />
objetivos das entregas <strong>de</strong> conteúdo.<br />
Para Fernando Taralli, CEO<br />
da VML, com o distanciamento<br />
social, todo o mercado precisou<br />
sair da zona <strong>de</strong> conforto. “Isso<br />
gera muita apreensão e instabilida<strong>de</strong>,<br />
mas, ao mesmo tempo,<br />
abre muitas janelas <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<br />
É, praticamente, um<br />
exercício criativo coletivo, em<br />
que todos estão buscando formas<br />
<strong>de</strong> se adaptar”.<br />
“todo mundo vAi<br />
estAr crAque nesse<br />
relAcionAmento<br />
à distânciA”<br />
Enquanto, <strong>de</strong> um lado, agências<br />
e produtoras precisam<br />
recorrer a edição <strong>de</strong> imagens,<br />
filmagens caseiras e um bom<br />
roteiro para substituir as produções<br />
feitas fora <strong>de</strong> casa, que<br />
estão suspensas em todo o Brasil.<br />
Por outro, as marcas estão<br />
priorizando olhares e narrativas<br />
que sejam úteis, informem e entretenham.<br />
Rafael Donato, da agência David: “Preconceitos com o digital cairão por terra”<br />
Fotos: Divulgação<br />
Onomono0<br />
Priorida<strong>de</strong>s das empresas mudam para o bem coletivo, diz Zung<br />
Alê Oliveira<br />
A Wie<strong>de</strong>n+Kennedy São Paulo,<br />
por exemplo, criou a campanha<br />
<strong>de</strong> Páscoa da Lacta se baseando<br />
em apenas uma imagem<br />
dividida em duas em referência<br />
ao distanciamento exigido durante<br />
a pan<strong>de</strong>mia. São quatro<br />
filmes que exploram diferentes<br />
tipos <strong>de</strong> relação, como vó e<br />
neto, irmãos, mãe e filha e médicos.<br />
As cartas narradas pelos<br />
personagens trazem as dores da<br />
distância em um período festivo<br />
como a Páscoa, mas reforçam o<br />
amor e os laços que os unem.<br />
Já a Mastercard trouxe suas<br />
contribuições para tornar o<br />
isolamento mais produtivo.<br />
Usando o recurso <strong>de</strong> websérie,<br />
a marca <strong>de</strong> pagamentos convidou<br />
o chef Alex Atala para<br />
estimular as pessoas a criarem<br />
novos hábitos. Com criação da<br />
WMcCann e produção da En<strong>de</strong>mol<br />
Shine Brasil, os ví<strong>de</strong>os<br />
no YouTube abordam temas<br />
como gastronomia consciente,<br />
sustentabilida<strong>de</strong> e bem-estar.<br />
“A iniciativa quer levar conteúdo<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e uma mensagem<br />
positiva neste momento. A<br />
companhia acredita na força das<br />
conexões e, com este material,<br />
<strong>de</strong>sejamos que o nosso consumidor<br />
insira novos hábitos em<br />
sua rotina e viva momentos que<br />
não têm preço ao lado daqueles<br />
que ama. Mais do que nunca,<br />
acreditamos em permanecer<br />
sem contato, mas unidos”, diz<br />
Sarah Buchwitz, VP <strong>de</strong> marketing<br />
e comunicação da Mastercard<br />
Brasil e Cone Sul.<br />
30 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
coronAvírus mercado<br />
Abap e Fenapro discutem cenários<br />
para as agências após crise passar<br />
Webinar promovido pelas entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>bateu os impactos da Covid-19 no<br />
planejamento financeiro das empresas e alternativas para enfrentamento<br />
MARINA OLIVEIRA<br />
Abap (Associação Brasileira<br />
<strong>de</strong> Agências <strong>de</strong> Publi-<br />
A<br />
cida<strong>de</strong>) promoveu na última<br />
segunda-feira (6), um webinar<br />
para <strong>de</strong>bater o impacto financeiro<br />
nas agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />
diante da Covid-19. Participaram<br />
Antônio Dudli, CFO do<br />
Grupo DAN; Antônio Lino Pinto,<br />
ex-sócio e CFO da Talent; e<br />
Daniel Queiroz, sócio da Ampla<br />
e presi<strong>de</strong>nte da Fenapro.<br />
Com mediação <strong>de</strong> Alexandre<br />
Gibotti, diretor-executivo da<br />
Abap, o trio falou sobre perspectivas<br />
e novas possibilida<strong>de</strong>s<br />
que surgem diante <strong>de</strong>ste novo<br />
cenário. Apesar <strong>de</strong> ser um momento<br />
crítico, segundo os especialistas,<br />
é hora <strong>de</strong> as agências<br />
reavaliarem suas gestões e serem<br />
claras com os funcionários.<br />
“Esqueça o lucro em <strong>2020</strong>”,<br />
disse Lino, que atentou ainda<br />
sobre o quanto essa crise é diferente<br />
das <strong>de</strong>mais enfrentadas<br />
pelo mercado. “Nada se compara<br />
com a situação que estamos<br />
vivendo. A crise <strong>de</strong> 2008,<br />
<strong>de</strong> repente, pareceu uma coisa<br />
minúscula. Não adianta ficar<br />
prevendo muito longe. Temos<br />
<strong>de</strong> pensar no hoje, tentar achar<br />
um caminho. Agora precisamos<br />
focar no que é concreto.”<br />
Lino acredita que a saída<br />
passa por solidarieda<strong>de</strong>, foco<br />
e calma. “Entrar em <strong>de</strong>sespero<br />
só agrava a situação porque<br />
saem todos correndo querendo<br />
tomar medidas e na verda<strong>de</strong><br />
acabam fazendo coisas impensadas.<br />
Teve empresa que já saiu<br />
dispensando todo mundo e<br />
acho uma precipitação”, diz.<br />
Segundo Dudli, o grupo DAN<br />
segue alinhado globalmente e a<br />
operação na Ásia vem avaliando<br />
a retomada <strong>de</strong> sua rotina. “Preservar<br />
a saú<strong>de</strong> e o emprego é o<br />
que <strong>de</strong>vemos fazer aqui no grupo.<br />
Ainda estamos tentando,<br />
diante <strong>de</strong>ste cenário, cada dia<br />
revisitar o orçamento para enten<strong>de</strong>r<br />
quanto será a receita do<br />
ano e esse é o papel primordial<br />
“é muito<br />
importante que<br />
as agências<br />
renegociem<br />
seus escopos <strong>de</strong><br />
entrega também”<br />
Marina Oliveira<br />
Em sentido horário: Antônio Lino Pinto, Daniel Queiroz, Antônio Dudli e Alexandre Gibotti discutiram o impacto financeiro nas agências<br />
dos financeiros. Se não fizermos<br />
isso, não sabemos para on<strong>de</strong> vamos.<br />
É muito importante a preservação<br />
<strong>de</strong> todos os empregos,<br />
não tivemos uma <strong>de</strong>missão durante<br />
esse período e <strong>de</strong>sejo que<br />
não tenhamos, mas prezamos,<br />
principalmente, o cuidado com<br />
a saú<strong>de</strong> das pessoas”.<br />
Para Daniel Queiroz, este não<br />
será um ano <strong>de</strong> resultados para<br />
empresas pequenas e médias.<br />
O presi<strong>de</strong>nte da Fenapro lembrou,<br />
ainda, que o setor já sentia<br />
o impacto financeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
2014 e sabia que <strong>2020</strong> não seria<br />
um ano <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ganhos, no<br />
entanto, lembrou que uma crise<br />
como a da Covid-19 não chega<br />
sozinha. “Agora é preciso ter<br />
calma e paciência para tomar<br />
as <strong>de</strong>cisões, que precisam ser<br />
tomadas a curtíssimo prazo.<br />
Estamos fazendo planos para<br />
30 dias e em 30 dias, temos <strong>de</strong><br />
rever.”<br />
Agora, segundo Queiroz, não<br />
é sobre busca <strong>de</strong> resultados,<br />
mas sobre diminuir prejuízos.<br />
O criativo admitiu que teve <strong>de</strong><br />
fazer cortes pontuais e houve<br />
redução <strong>de</strong> salários. Mas propõe<br />
uma saída para as agências.<br />
“Nos cortes que os clientes vêm<br />
fazendo <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r mídia e<br />
reduzir ou eliminar contratos<br />
<strong>de</strong> fee, é muito importante que<br />
as agências renegociem seus<br />
escopos <strong>de</strong> entrega também.”<br />
Para os três, negociação é<br />
a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m. E, para o<br />
pós-crise, será fundamental<br />
que as agências reavaliem comportamentos<br />
e compreendam<br />
novas possibilida<strong>de</strong>s.<br />
“Vai ter o momento <strong>de</strong> retomada.<br />
E nada será como antes<br />
para nenhum setor. É só pensar<br />
em o quão para o presente<br />
foram trazidas tendências <strong>de</strong><br />
comportamento das pessoas. O<br />
próprio home office. Para quem<br />
tinha gran<strong>de</strong>s estruturas será<br />
repensada essa posição. Muita<br />
coisa vai mudar, estou citando<br />
o home office, mas têm as coisas<br />
que vão mudar também do<br />
lado do cliente porque ele também<br />
está fazendo as revisões<br />
<strong>de</strong>le e temos <strong>de</strong> estar preparados<br />
para uma retomada não<br />
no sentido <strong>de</strong> voltar ao que era<br />
antes, mas <strong>de</strong> como será daqui<br />
para frente”, conclui.<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 31
coronavírus mercado<br />
Empatia <strong>de</strong>ve ser novo mantra para<br />
marcas conterem possíveis crises<br />
Especialistas alertam que anunciantes precisam estar alinhados ao<br />
público interno e passar mensagens com autenticida<strong>de</strong> e relevância<br />
MARINA OLIVeIRA<br />
Des<strong>de</strong> a proliferação do novo coronavírus<br />
no Brasil, a Jotacom vem analisando<br />
dados referentes aos comportamentos<br />
das marcas e consumidores no ambiente<br />
digital e <strong>de</strong>tectou que os anunciantes têm<br />
se posicionado <strong>de</strong> forma ainda mais ativa<br />
neste período.<br />
O Mercado Livre, por exemplo, foi um<br />
dos primeiros a alterar seu logo - on<strong>de</strong> duas<br />
pessoas dão as mãos - para um cumprimento<br />
com os cotovelos. A ação imediatamente<br />
foi bem aceita nas re<strong>de</strong>s. Na outra ponta, o<br />
McDonald’s anunciou a separação <strong>de</strong> seus<br />
tradicionais arcos dourados em alusão ao<br />
distanciamento social, mas, até o momento<br />
<strong>de</strong> divulgação da peça, não estaria arcando<br />
com o seguro saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus funcionários nos<br />
Estados Unidos, gerando assim uma onda <strong>de</strong><br />
indignação dos consumidores.<br />
Para evitar possíveis crises como essa, a<br />
presença nas re<strong>de</strong>s em momentos extremos,<br />
diz João Passarinho Netto, VP <strong>de</strong> estratégia<br />
digital da Jotacom, passa pela autenticida<strong>de</strong><br />
da mensagem, relevância, cuidado com o<br />
branding e, principalmente, por ouvir o consumidor.<br />
Segundo dados da agência, 80% dos brasileiros<br />
acreditam que as marcas não <strong>de</strong>vem<br />
explorar o momento para se promover. Para<br />
88% do público, a mensagem esperada é<br />
<strong>de</strong> como os anunciantes po<strong>de</strong>m ser úteis<br />
nessa nova vida e quais esforços têm feito<br />
para enfrentar essa situação.<br />
Ainda <strong>de</strong> acordo com o levantamento,<br />
as pessoas estão engajadas e consumindo<br />
muito mais informação que o normal.<br />
Gran<strong>de</strong> parte das marcas pausou<br />
seus esforços em publicações para enten<strong>de</strong>r<br />
o momento e se <strong>de</strong>staca quem<br />
levanta a ban<strong>de</strong>ira da causa social e<br />
tem conteúdo relevante para compartilhar.<br />
Além disso, ações sociais<br />
têm impacto maior.<br />
“No momento <strong>de</strong> uma crise<br />
aguda, a marca tem <strong>de</strong> se posicionar<br />
<strong>de</strong> forma a ser empática. Esta é<br />
a gran<strong>de</strong> palavra-chave a que chegamos<br />
em nosso estudo. É preciso<br />
pensar com a cabeça do outro. Em<br />
como ajudar, como ser relevante.<br />
Agora, é preciso trabalhar o branding<br />
<strong>de</strong> forma a fazer a diferença<br />
na vida das pessoas”, aponta.<br />
Para o Sicredi, cliente da Jotacom,<br />
foi elaborada uma estratégia <strong>de</strong> contingenciamento.<br />
Por ser uma cooperativa<br />
“Se colocar no lugar do<br />
indivíduo e enten<strong>de</strong>r<br />
que a <strong>de</strong>ciSão a<br />
Ser tomada é para<br />
privilegiar a peSSoa e<br />
não o negócio é inédito”<br />
<strong>de</strong> crédito, as <strong>de</strong>cisões são <strong>de</strong>scentralizadas,<br />
o que dificulta as ações. A agência, pontua<br />
Netto, elaborou um war room remoto e enten<strong>de</strong>u<br />
que havia reclamações distintas para<br />
as diferentes regiões do país on<strong>de</strong> há atuação<br />
do cliente.<br />
“Fomos direcionando (os dados) para os<br />
vários chefes para chegar em um comum<br />
acordo”, aponta. “Na primeira semana que<br />
atuamos <strong>de</strong>ssa forma, o Social Bakers soltou<br />
uma pesquisa colocando o Sicredi, entre<br />
instituições <strong>de</strong> bancos e crédito, como<br />
a <strong>de</strong> maior e mais positivo engajamento<br />
no momento <strong>de</strong> crise.” Mesmo diante <strong>de</strong><br />
concorrentes gigantes como Itaú e Nubank,<br />
que concentram gran<strong>de</strong>s esforços em estratégias<br />
digitais, o Sicredi, aponta Netto, registrou<br />
20% a mais <strong>de</strong> engajamento que estes<br />
players.<br />
A agência notou ainda um pico nas reclamações<br />
com a chegada da pan<strong>de</strong>mia. “Cresceu<br />
<strong>de</strong> 400% a 500% e entramos neste regime<br />
<strong>de</strong> war room minimizando isso. Hoje<br />
a curva está mais baixa, um nível acima do<br />
normal, mas está controlada.” O teor das reclamações,<br />
diz, também mudou e o público<br />
adotou um tom mais agressivo. “Mas conseguimos<br />
acalmar os ânimos”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.<br />
Outro cliente que captou a importância<br />
da relevância social foi a Brasilcap, empresa<br />
<strong>de</strong> capitalização da BB Seguros. Por ser<br />
uma instituição estatal, a primeira reação,<br />
segundo Netto, foi parar os esforços <strong>de</strong><br />
comunicação. “Suspen<strong>de</strong>mos e ficamos<br />
enten<strong>de</strong>ndo os dados. Chegamos com<br />
insumos e convencemos a diretoria<br />
por meio <strong>de</strong>sses dados e agora vamos<br />
fazer o lançamento <strong>de</strong> uma nova marca<br />
da Brasilcap chamada Doadin. Vamos<br />
lançar essa marca em plena pan<strong>de</strong>mia<br />
para ela ajudar o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
os fundos do governo no combate ao<br />
novo coronavírus”, aponta.<br />
A estratégia do lançamento, ainda<br />
sob aprovação do cliente, mas prevista<br />
para <strong>abril</strong>, <strong>de</strong>ve ser crossmídia,<br />
com inserções no digital e com<br />
a combinação <strong>de</strong> outros meios.<br />
Público intErno<br />
Tão importante quanto fortalecer<br />
os laços com seus clientes, as<br />
empresas precisam dar atenção aos<br />
próprios funcionários. Gerir crises<br />
passa, necessariamente, por manter<br />
Milena Fiori, da InPress, aponta que<br />
li<strong>de</strong>ranças têm papel fundamental na crise<br />
32 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
João Netto: Jotacom analisa dados e faz reportes diários<br />
“no momento <strong>de</strong> uma<br />
criSe aguda a marca<br />
tem <strong>de</strong> Se poSicionar<br />
<strong>de</strong> forma a<br />
Ser empática”<br />
os canais internos ativos e com comunicação<br />
clara. Segundo Milena Fiori, diretora<br />
da área <strong>de</strong> comunicação interna da InPress<br />
Porter Novelli, o novo coronavírus é uma<br />
crise que não estava formatada nos manuais<br />
e que, por isso, <strong>de</strong>manda ações ainda mais<br />
bem pensadas.<br />
Quando se mapeiam pontos vulneráveis e<br />
<strong>de</strong> risco, diz, não há algo sobre uma “pan<strong>de</strong>mia<br />
que tiraria os funcionários <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da<br />
empresa e faria ela ter <strong>de</strong>, rapidamente, se<br />
articular <strong>de</strong> outra forma.”<br />
Para Milena, a chegada do vírus também<br />
interferiu na dinâmica <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />
sobre o público interno. Foi a primeira<br />
vez, aponta, que as organizações tiveram<br />
realmente <strong>de</strong> ter empatia com os funcionários.<br />
“Não po<strong>de</strong>riam tomar uma <strong>de</strong>cisão em<br />
favor <strong>de</strong> um grupo e em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outro.<br />
A organização teve <strong>de</strong> se colocar no lugar do<br />
funcionário e o lí<strong>de</strong>r estava tão angustiado<br />
quanto o contínuo da operação.”<br />
“Ter empatia e se colocar no lugar das pessoas<br />
é a primeira recomendação para a organização.<br />
Se colocar no lugar do indivíduo e<br />
enten<strong>de</strong>r que a <strong>de</strong>cisão a ser tomada é para<br />
privilegiar a pessoa e não o negócio, e isso é<br />
inédito”, reflete.<br />
Para Milena, as empresas que a<strong>de</strong>riram à<br />
MP 936/<strong>2020</strong>, que as autoriza a reduzirem,<br />
proporcionalmente, a jornada <strong>de</strong> trabalho e<br />
os salários, têm ainda mais responsabilida<strong>de</strong><br />
na comunicação com os seus funcionários.<br />
“A partir do momento que ela comunica que<br />
o negócio está fragilizado e dá o contexto<br />
todo, é mais fácil reter o profissional <strong>de</strong>pois.<br />
Se você não diz com clareza todas as medidas<br />
que a empresa está tomando para po<strong>de</strong>r<br />
sobreviver no mercado, fica mais difícil”,<br />
aponta.<br />
Nesse sentido, afirma Milena, a li<strong>de</strong>rança é<br />
fundamental. “Mais do que nunca ela precisa<br />
se comunicar com sua equipe e gerar diálogo<br />
neste momento que estão todos distantes e<br />
realmente ter informação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para<br />
passar para seu time. Dar o contexto <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />
estão e para on<strong>de</strong> vão.”<br />
A sugestão é que os presi<strong>de</strong>ntes das empresas<br />
se comuniquem com maior frequência<br />
com os funcionários. “Aten<strong>de</strong>mos uma<br />
re<strong>de</strong> <strong>de</strong> supermercados, que o presi<strong>de</strong>nte<br />
vai falar a cada 15 dias por um ví<strong>de</strong>o que ele<br />
mesmo faz do celular”, diz.<br />
Para ela, os diretores têm <strong>de</strong> manter a comunicação<br />
com o time <strong>de</strong> forma semanal.<br />
Para quem for mais próximo, o contato <strong>de</strong>ve<br />
ser diário ou a cada dois dias, o que é importante<br />
para manter os processos rodando.<br />
“Isso porque nunca o time esteve inteiro <strong>de</strong><br />
home office, e tem gente que vai ser mais ou<br />
menos produtivo, que ainda tem filhos, marido<br />
e outras coisas para dar conta naquele<br />
ambiente. Por isso, é preciso enten<strong>de</strong>r como<br />
as coisas estão funcionando e equilibrar com<br />
momentos <strong>de</strong> distração”, aponta.<br />
Às sextas-feiras, Milena e seu time, que<br />
atualmente tem 30 pessoas, se reúnem virtualmente<br />
para um happy hour. O momento,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, é <strong>de</strong> distração e eles contam como<br />
foi a semana trabalhando <strong>de</strong> casa, os <strong>de</strong>safios,<br />
experiências pessoais e outras situações<br />
interessantes que aconteceram ao longo<br />
do período. Para a executiva, essas medidas<br />
são importantes porque, além <strong>de</strong> aproximar<br />
os funcionários, são uma forma <strong>de</strong> humanizar<br />
a relação <strong>de</strong>les com a empresa e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestressar.<br />
Outro ponto relevante na gestão <strong>de</strong> crises<br />
internas, alerta, são os canais escolhidos para<br />
passar as mensagens da empresa. É preciso<br />
se fazer valer dos portais, grupos <strong>de</strong> Whats-<br />
App e <strong>de</strong>mais aplicativos e ferramentas oficiais<br />
da companhia. “Nunca utilizamos tanto<br />
estes canais para comunicar porque temos<br />
clientes que têm parte da produção parada e<br />
aquele time <strong>de</strong> produção que se comunicava<br />
só via lí<strong>de</strong>r, jornal mural ou TV corporativa,<br />
agora está se comunicando via aplicativo do<br />
celular da própria casa.”<br />
Além <strong>de</strong>sses cuidados, outro ponto relevante<br />
é a integração da comunicação entre<br />
agências <strong>de</strong> PR e publicida<strong>de</strong>. “Mais do que<br />
nunca, se você não trabalhar em conjunto,<br />
alguma coisa vai dar errado. Não dá para soltar<br />
uma campanha para o público externo e<br />
ter uma crise no interno. Todos os comitês <strong>de</strong><br />
crise e a equipe <strong>de</strong> comunicação ou colocam<br />
todo mundo para sentar junto ou vão bater<br />
cabeça. Esse também é um dos legados <strong>de</strong>ssa<br />
crise, o trabalho em conjunto”, conclui.<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 33
CORONAVíRuS MERCADO<br />
“País dividido é<br />
um organismo<br />
disfuncional”<br />
Divulgação<br />
“A<br />
vida não é a vida que vivemos, mas<br />
como a recordamos para contá-la.”<br />
A frase <strong>de</strong> Gabriel García Márquez é<br />
recorrente no repertório da psicanalista<br />
Fabiana Guntovitch, que está tendo <strong>de</strong> se virar nos<br />
30 nesses tempos <strong>de</strong> novo coronavírus. Além dos<br />
clientes regulares, no Brasil e exterior, seu pipeline<br />
inclui coaching para empresas em regime home office,<br />
que traz <strong>de</strong>safios como medo e insegurança mental.<br />
Mais do que isso: estimular a motivação no ambiente<br />
corporativo que vive inédito regime não presencial.<br />
“Estamos vivendo um momento <strong>de</strong> muitos medos.<br />
Para mudar o que vivemos, precisamos mudar nosso<br />
padrão <strong>de</strong> escolhas, para isso, precisamos mudar nossa<br />
visão <strong>de</strong> mundo”, diz Fabiana. Confira sua entrevista.<br />
Paulo Macedo<br />
PRESENCIAL<br />
O olho no olho numa reunião<br />
tem uma vantagem enorme<br />
sobre os encontros virtuais.<br />
A leitura sobre a interpretação<br />
e a percepção do interlocutor<br />
é mais fácil pessoalmente. No<br />
entanto, para que ela seja assertiva<br />
no online, é imperativo<br />
que as pessoas estejam extremamente<br />
presentes. A tentação<br />
<strong>de</strong> multitasking po<strong>de</strong> ser um<br />
imenso tiro no pé, em especial<br />
nos encontros pela internet,<br />
on<strong>de</strong> os participantes não têm<br />
acesso ao contexto das pessoas<br />
com quem estão se encontrando.<br />
Outra característica do<br />
comportamento humano que<br />
po<strong>de</strong> aflorar nesse cenário <strong>de</strong><br />
insegurança é a da conspiração<br />
por trás dos panos. Pessoas que<br />
temem ser mandadas embora,<br />
uma tentativa <strong>de</strong> manipular<br />
as <strong>de</strong>cisões e as relações comerciais<br />
<strong>de</strong>ntro das empresas<br />
para garantir seu emprego. Isso<br />
significa gastar mais energia<br />
confabulando do que focar no<br />
próprio trabalho. A i<strong>de</strong>ia é criar<br />
novas oportunida<strong>de</strong>s e projetos<br />
factíveis para durante e <strong>de</strong>pois<br />
da crise. Esse tipo <strong>de</strong> comportamento<br />
<strong>de</strong>veria ser realmente<br />
<strong>de</strong>sestimulado pelo RH das empresas.<br />
FIDELIDADE<br />
Clientes regulares estavam<br />
melhor preparados para lidar<br />
com a crise e com as angústias<br />
que a Covid-19 trouxe. Até para<br />
que eu consiga aten<strong>de</strong>r novas<br />
<strong>de</strong>mandas que estão surgindo,<br />
alguns abriram mão <strong>de</strong> atendimentos<br />
semanais e passaram<br />
para quinzenais. Há <strong>de</strong>mandas<br />
<strong>de</strong> pessoas que estão angustiadas<br />
com os <strong>de</strong>sdobramentos<br />
<strong>de</strong>ssa crise nas suas vidas - pessoais,<br />
afetivas e profissionais.<br />
As principais causas <strong>de</strong> angustia<br />
são a incerteza e a insegurança<br />
financeira, profissional e<br />
o caos nos relacionamentos.<br />
DILEmA<br />
As empresas e o ser humano<br />
têm <strong>de</strong> lidar com o dilema: salvo<br />
vidas ou sobrevivo financeiramente.<br />
É um novo ambiente<br />
ético, moral, social e pessoal.<br />
Envolve todas as esferas: individualida<strong>de</strong>,<br />
família, corporativo<br />
e governamental. Não é<br />
fácil. O ser humano precisa se<br />
lembrar que se <strong>de</strong>cidir no automático<br />
será emocional e não racional.<br />
Precisamos <strong>de</strong>ixar emoções<br />
pessoais <strong>de</strong> lado e sermos<br />
sempre estratégicos diante <strong>de</strong><br />
situações como a atual. E nos<br />
unir: família, empresa, pessoas.<br />
Um país dividido é um organismo<br />
disfuncional; doente.<br />
Fabiana Guntovitch explica que há um novo ambiente ético, moral, pessoal e social<br />
“um país dividido<br />
é um organismo<br />
disfuncional;<br />
doente”<br />
ISOLAmENTO<br />
Po<strong>de</strong> ajudar. Dando mais espaço<br />
para o profissional focar<br />
em projetos que a rotina diária<br />
não permitia. Ou abrir espaço<br />
para sofrimento emocional, angústia,<br />
ansieda<strong>de</strong>, medo, pessimismo.<br />
Ou seja, baixando a<br />
produtivida<strong>de</strong> e até levando o<br />
profissional a adoecer física e/<br />
ou mentalmente.<br />
CRIATIVIDADE<br />
Períodos <strong>de</strong> isolamento afetam<br />
o exercício criativo na área<br />
<strong>de</strong> comunicação? Não necessariamente.<br />
Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> como<br />
34 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
é a dinâmica criativa individual.<br />
Po<strong>de</strong> haver inclusive mais<br />
espaço criativo do que haveria<br />
num espaço corporativo, on<strong>de</strong><br />
interrupções e interações costumam<br />
ser frequentes. No entanto,<br />
a disciplina pessoal e a<br />
dinâmica familiar influenciarão<br />
diretamente na produtivida<strong>de</strong><br />
dos profissionais, tanto criativos,<br />
quanto executivos.<br />
FuNDAmENTAL<br />
As agências não po<strong>de</strong>m esquecer<br />
que se relacionam e se<br />
comunicam com pessoas. Essa<br />
interação precisa estar alinhada<br />
com a tendência comportamental<br />
do ser humano <strong>de</strong>ntro<br />
do contexto atual. Quando<br />
as agências conhecem e reconhecem<br />
as necessida<strong>de</strong>s e as<br />
dinâmicas comportamentais<br />
das pessoas impactadas por<br />
suas campanhas ou eventos, o<br />
resultado é positivo e se torna<br />
consequência <strong>de</strong> uma inter-<br />
-relação verda<strong>de</strong>ira e sólida; o<br />
contrário acontece quando o<br />
trabalho é pensado priorizando<br />
números.<br />
TOm<br />
Cuidadoso, verda<strong>de</strong>iro, real,<br />
emocional, otimista, flexível,<br />
conectado, ouvinte, parceiro e<br />
fazendo com que o cliente final<br />
se sinta pertencente e acolhido<br />
incondicionalmente. O trabalho<br />
em ambiente coletivo propicia<br />
tensões? Sim. Relações humanas<br />
propiciam tensões. Egos e<br />
metas ameaçadoras são extremamente<br />
estressantes. Quando<br />
uma corporação li<strong>de</strong>ra pelo<br />
medo e pela <strong>de</strong>sunião o ambiente<br />
se torna tóxico e insalubre.<br />
Metas e objetivos, quando<br />
bem alinhados e navegando sobre<br />
relações claras e objetivas,<br />
com valores e propósitos corporativos<br />
e pessoais em sinergia,<br />
são capazes <strong>de</strong> transformar<br />
ambientes até mesmo competitivos<br />
em espaços saudáveis <strong>de</strong><br />
crescimento e superação comunitária.<br />
CONTRADITÓRIO<br />
O isolamento não precisa<br />
ser social. Afinal, estamos mais<br />
conectados por meio da tecnologia.<br />
Só se isola e se <strong>de</strong>sconecta<br />
- se fechando para as opiniões<br />
diferentes das suas - quem<br />
quiser se tornar uma ilha em<br />
alto-mar. Somos seres sociáveis<br />
que precisam se relacionar para<br />
se conhecer, se perceber, evoluir,<br />
criar e viver com saú<strong>de</strong>.<br />
“Quando uma<br />
corporação li<strong>de</strong>ra<br />
pelo medo e<br />
pela <strong>de</strong>sunião<br />
o ambiente se<br />
torna tóxico<br />
e insalubre”<br />
mILLENNIALS<br />
As novas gerações são menos<br />
preconceituosas com o espaço<br />
online, tanto acadêmico quanto<br />
profissional. Existem prós e<br />
contras em ambas as formas <strong>de</strong><br />
produção. Pessoas perfeccionistas,<br />
focadas e disciplinadas<br />
que gostam <strong>de</strong> ir mais a fundo<br />
em conteúdos e que são autodidatas.<br />
Elas preferem po<strong>de</strong>r<br />
se <strong>de</strong>dicar sem interferências e<br />
sem per<strong>de</strong>r tempo com <strong>de</strong>slocamento.<br />
Por outro lado, pessoas<br />
que não são tão engajadas<br />
ou automotivadas precisam do<br />
compromisso presencial. Pois<br />
não confiam que produziriam<br />
se tivessem a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ligar o Netflix ou o Instagram.<br />
Na verda<strong>de</strong>, tudo se volta ao<br />
comprometimento, ao quanto<br />
cada um vê <strong>de</strong> valor, <strong>de</strong> propósito<br />
e <strong>de</strong> sentido na tarefa que<br />
está se dispondo a executar.<br />
TENSÃO<br />
Tensão é energia acumulada,<br />
e mal armazenada. Trabalhar a<br />
tensão é liberar essa energia <strong>de</strong><br />
formas que tragam prazer. Para<br />
algumas pessoas, é fazer exercício<br />
físico. Para outras, meditar,<br />
dançar e cantar. Isso é muito pessoal.<br />
O que não <strong>de</strong>vemos é fazer<br />
<strong>de</strong> conta que não temos energia<br />
acumulada, que estamos passando<br />
impune por esse período<br />
e empurrar mais uma vez para<br />
<strong>de</strong>baixo do tapete nossos medos<br />
e angustias. Se fizermos isso,<br />
quando menos percebermos,<br />
estaremos tendo pensamentos<br />
trágicos e nos <strong>de</strong>sconectaremos<br />
do presente, <strong>de</strong> nós mesmos e<br />
do que temos controle. Nos tornaremos<br />
reféns <strong>de</strong> emoções que<br />
não nos impulsionam estrategicamente<br />
para cruzar esse caminho<br />
<strong>de</strong> cura e <strong>de</strong> ressignificação<br />
do ser humano.<br />
CORONAVíRuS<br />
Trouxe uma oportunida<strong>de</strong><br />
quase imposta <strong>de</strong> retornar à<br />
fonte, <strong>de</strong> olhar para nós mesmo,<br />
para as nossas relações<br />
mais próximas. E não apenas<br />
<strong>de</strong> reorganizarmos nossas priorida<strong>de</strong>s.<br />
É hora <strong>de</strong> reflexão. De<br />
nos tirar <strong>de</strong> uma zona <strong>de</strong> conforto,<br />
<strong>de</strong> estados <strong>de</strong> negação<br />
justificados, escancarando relações<br />
<strong>de</strong>sajustadas que po<strong>de</strong>rão<br />
ser salvas, ou não, durante<br />
esse período <strong>de</strong> isolamento. E<br />
tensão social e pessoal trazido<br />
pelo novo coronavírus.<br />
EmOCIONAL<br />
Estamos todos fora da nossa<br />
zona <strong>de</strong> conforto. E não há<br />
tranquilida<strong>de</strong> emocional naturalmente<br />
fora da nossa zona <strong>de</strong><br />
conforto. O que não necessariamente<br />
é trágico. Ao contrário.<br />
É fora da zona <strong>de</strong> conforto que<br />
enxergamos novas formas <strong>de</strong><br />
nos posicionar, <strong>de</strong> nos relacionar.<br />
Ter mais oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
criar, <strong>de</strong> sermos flexíveis e <strong>de</strong><br />
enxergarmos o mundo sob novas<br />
perspectivas.<br />
GESTÃO<br />
O sistema <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />
do ser humano, diferentemente<br />
do que se i<strong>de</strong>aliza, não é<br />
racional e <strong>de</strong>liberado, pois, para<br />
cada <strong>de</strong>cisão estratégica, o cérebro<br />
<strong>de</strong>manda um gasto energético<br />
importante, e o ser humano<br />
não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r tanta<br />
energia se essa fosse a regra nas<br />
tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. A regra é<br />
a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão automática,<br />
instintiva, e principalmente<br />
emocional. Esse sistema, apesar<br />
<strong>de</strong> não ter um custo na manutenção<br />
do organismo, po<strong>de</strong><br />
acarretar um imenso custo nas<br />
consequências das escolhas fundamentadas<br />
nas emoções (e, infelizmente,<br />
na maioria das vezes,<br />
as emoções negativas são predominantes),<br />
nos mo<strong>de</strong>los mentais<br />
configurados pelas nossas crenças<br />
limitantes, e nas <strong>de</strong>fesas do<br />
nosso ego. A gestão baseada no<br />
medo e no pânico ativa ainda<br />
mais nosso sistema emocional<br />
e impulsivo, que não é capaz <strong>de</strong><br />
tomar <strong>de</strong>cisões estratégicas nem<br />
<strong>de</strong> viver o presente. Ele abre<br />
mão do próprio livre arbítrio e<br />
passa a navegar a situação <strong>de</strong>sconectado<br />
da realida<strong>de</strong> presente;<br />
conectado com seus medos,<br />
ansieda<strong>de</strong>s, angústias e suas<br />
percepções das experiências vividas<br />
ou ouvidas no passado que<br />
marcaram seu inconsciente.<br />
RAIVA<br />
É uma emoção necessária e<br />
impossível <strong>de</strong> ser erradicada<br />
do ser humano, apesar <strong>de</strong> não<br />
ser bem vista ou aceita pela<br />
socieda<strong>de</strong>. A raiva tem seu espaço<br />
na sobrevivência da espécie<br />
humana, mas não <strong>de</strong>ntro<br />
do ambiente corporativo. Por<br />
que não? Porque quando ela é<br />
realmente ativada, o cérebro<br />
sofre alterações químicas e físicas.<br />
Acontecem <strong>de</strong>scargas<br />
hormonais e <strong>de</strong> certos neurotransmissores,<br />
e algumas áreas<br />
do cérebro ficam hiperativas e<br />
outras hipoatilas. Adivinhe: a<br />
região límbica do cérebro responsável<br />
pelas emoções e pelas<br />
reações instintivas, impulsivas<br />
e automáticas é ativada e o corte<br />
pré-frontal, responsável pela<br />
estratégia, pelo planejamento,<br />
pela pon<strong>de</strong>ração e bom senso,<br />
“<strong>de</strong>sativada”. Agora quando é<br />
que no ambiente corporativo<br />
po<strong>de</strong>mos nos dar ao luxo <strong>de</strong><br />
nos <strong>de</strong>ixar levar pelos impulsos<br />
emocionais sem pon<strong>de</strong>rar, sem<br />
estratégia, sem bom senso, sem<br />
planejamento? Nunca, não é<br />
mesmo? A raiva <strong>de</strong>ve ser domada.<br />
O profissional que tem dificulda<strong>de</strong><br />
em domar sua raiva, a<br />
boa notícia é que não é difícil<br />
apren<strong>de</strong>r a lidar e a domá-la.<br />
Busque ajuda! É preciso ter a<br />
raiva sob seu domínio, usá-la a<br />
favor. E não ficar refém <strong>de</strong>la, na<br />
vida como um todo; não apenas<br />
na vida corporativa.<br />
FELICIDADE<br />
Não é uma dádiva. E sim uma<br />
busca, conquista pessoal e social.<br />
Felicida<strong>de</strong> não cai do céu.<br />
E todos nós somos responsáveis<br />
pela nossa felicida<strong>de</strong> e em<br />
parte pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong><br />
na nossa socieda<strong>de</strong>. A<br />
neurociência i<strong>de</strong>ntificou como<br />
importantes promotores <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong><br />
e bem-estar: conexão,<br />
não virtual, mas humana; construção<br />
<strong>de</strong> vínculos nas relações<br />
e sair da superficialida<strong>de</strong>; estar<br />
presente. Viver o presente sem<br />
ter espaço para ruminar o passado<br />
ou o futuro enquanto vive<br />
o presente. Altruísmo. Propósito.<br />
Gratidão. Fazer exercícios físicos,<br />
que promovem bem-estar<br />
cerebral e são anti<strong>de</strong>pressivos e<br />
ansiolíticos. Ter boa alimentação.<br />
E controlar o estresse.<br />
PSICANÁLISE<br />
É uma ferramenta maravilhosa<br />
<strong>de</strong> autoconhecimento e<br />
<strong>de</strong> ressignificação das dores da<br />
alma humana. A gran<strong>de</strong> sacada<br />
é trazer à tona conteúdos e esquemas<br />
mentais do inconsciente<br />
individual que impactam no<br />
funcionamento e na qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós.<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 35
d&ad <strong>2020</strong><br />
“Criativida<strong>de</strong><br />
sempre tem<br />
estratégia”<br />
Com a edição presencial do festival cancelada<br />
este ano em Londres <strong>de</strong>vido à pan<strong>de</strong>mia<br />
da Covid-19, o julgamento online do D&AD<br />
Awards <strong>2020</strong> está previsto para ocorrer<br />
entre maio e junho. A organização afirmou na época<br />
da <strong>de</strong>cisão que, na medida do possível, o objetivo<br />
era fazer o melhor pela comunida<strong>de</strong> criativa.<br />
Acreditava também que os melhores trabalhos dos<br />
últimos 12 meses mereciam ser premiados. Matias<br />
Menen<strong>de</strong>z, ECD da Africa, é um dos 14 brasileiros<br />
confirmados no júri. Ele vai julgar Entertainment,<br />
que em sua opinião <strong>de</strong>veria ser o objetivo número<br />
1 da comunicação. “Para mim, entretenimento<br />
significa criar alguma experiência, tanto física<br />
como visual para as pessoas. Po<strong>de</strong> fazer rir, chorar,<br />
refletir ou surpreen<strong>de</strong>r. No fim, é a experiência<br />
completa do consumidor que importa e é nela que<br />
precisamos pensar”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. Nesta entrevista, o<br />
criativo também fala sobre criativida<strong>de</strong>, tendências<br />
e suas expectativas com o festival. “Achei muito<br />
interessante que o júri se encontrará virtualmente,<br />
em várias sessões agendadas, acomodando da<br />
melhor forma as diferentes time zones dos jurados,<br />
para elegermos juntos os melhores trabalhos”.<br />
KELLY DORES<br />
Critério<br />
Na hora <strong>de</strong> avaliar um trabalho<br />
criativo eu sempre penso<br />
nas pessoas. Acredito que os<br />
trabalhos mais simples e mais<br />
provocadores são aqueles que<br />
as pessoas mais <strong>de</strong>sfrutam.<br />
EntErtainmEnt<br />
Entretenimento <strong>de</strong>veria ser<br />
o objetivo número 1 da comunicação.<br />
Para mim, entretenimento<br />
significa criar alguma<br />
experiência, tanto física como<br />
visual para as pessoas. Po<strong>de</strong><br />
fazer rir, chorar, refletir ou<br />
surpreen<strong>de</strong>r. No fim, é a experiência<br />
completa do consumidor<br />
que importa e é nela que<br />
precisamos pensar. Mais do<br />
que nunca, precisamos pensar<br />
no contexto em que ele vai<br />
receber a peça e nos sentimentos<br />
e emoções que queremos<br />
evocar, durante e <strong>de</strong>pois.<br />
tEndênCias<br />
A verda<strong>de</strong>, nua e crua, é que<br />
a tendência é sempre a mesma:<br />
ser provocador, valente e<br />
relevante para as pessoas.<br />
julgamEnto onlinE<br />
Essa será a minha primeira<br />
vez no júri do D&AD e não<br />
po<strong>de</strong>ria estar mais feliz com<br />
esta oportunida<strong>de</strong>. O D&AD<br />
é um festival que sempre admirei.<br />
Achei muito interessante<br />
que, após a primeira etapa<br />
<strong>de</strong> julgamento online <strong>de</strong> todo<br />
o material inscrito, o júri se<br />
encontrará virtualmente, em<br />
várias sessões agendadas, acomodando<br />
da melhor forma as<br />
diferentes time zones dos jurados,<br />
para elegermos juntos<br />
e premiarmos os melhores trabalhos.<br />
Hoje em dia estamos<br />
todos nos acostumando a trabalhar<br />
online. Isto será o futuro,<br />
sem sombra <strong>de</strong> dúvidas.<br />
Aliás, já é nosso presente. É<br />
Matias Menen<strong>de</strong>z é ECD da Africa e estará no júri online <strong>de</strong> Entertainment<br />
“Todo criaTivo<br />
precisa pensar<br />
esTraTegicamenTe<br />
para criar<br />
Trabalhos<br />
relevanTes”<br />
claro que se per<strong>de</strong> um pouco o<br />
fato <strong>de</strong> não estarmos juntos fisicamente,<br />
falar mais ao vivo,<br />
mas acho que não será um<br />
problema para julgar as peças.<br />
ExpEriênCia<br />
Já participei <strong>de</strong> vários outros<br />
festivais e também tive<br />
a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> júri. Sempre é uma<br />
experiência incrível e <strong>de</strong> enorme<br />
aprendizado. É muito fascinante<br />
o que sai <strong>de</strong> uma sala<br />
(agora virtual) com pessoas <strong>de</strong><br />
vários países, com backgrounds<br />
e culturas diferentes que<br />
estão reunidas para opinar sobre<br />
trabalhos <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>.<br />
Não tem como ser jurado<br />
<strong>de</strong> um festival e não sair dali<br />
um criativo melhor.<br />
Rodrigo Pirim/Divulgação<br />
lápis<br />
O D&AD é um dos festivais<br />
mais criteriosos e prestigiosos<br />
do mundo, então ganhar um Lápis<br />
acaba sendo ganhar um dos<br />
prêmios mais difíceis do mercado.<br />
E, justamente por isso, todo<br />
mundo <strong>de</strong>seja ganhar um pelo<br />
menos uma vez na vida.<br />
CriatividadE ou Estratégia?<br />
Acho impossível separar uma<br />
coisa da outra. Criativida<strong>de</strong> sempre<br />
tem estratégia. Todo criativo<br />
precisa pensar estrategicamente<br />
para criar trabalhos relevantes.<br />
apostas<br />
Apostas a gente sempre tem.<br />
Mas, há umas 24 horas, só ouço<br />
falar coisas sobre Moldy Whopper<br />
e acho que esse é um indicativo<br />
<strong>de</strong> job que tem gran<strong>de</strong>s<br />
chances <strong>de</strong> ganhar. O Brasil é<br />
uma referência mundial em<br />
criativida<strong>de</strong>, então não tenho<br />
dúvidas que <strong>de</strong>vem vir trabalhos<br />
bem fortes. Espero que a<br />
gente possa ver muitos trabalhos<br />
brasileiros se <strong>de</strong>stacarem e<br />
serem reconhecidos no festival,<br />
como vem acontecendo nos últimos<br />
anos.<br />
36 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
supercenas<br />
Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />
higiene<br />
Ativo nas re<strong>de</strong>s sociais com sua inconfundível<br />
verve, o publicitário Michael Conrad,<br />
com sua mulher, Helga, tem sido propositivo<br />
nesses tempos restritivos. Um dos posts<br />
mais viralizados foi em relação ao isolamento:<br />
o casal jantava na sua residência<br />
na Suíça, mas cada um ocupando uma das<br />
extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma enorme mesa, aliás<br />
com <strong>de</strong>coração impecável. O incentivo à<br />
lavagem das mãos ilustra a coluna. Uma<br />
ótima i<strong>de</strong>ia, não concorda? Autorida<strong>de</strong>s sanitárias<br />
do Brasil já contam com a prática,<br />
que cresceu pelo novo coronavírus, para<br />
diminuir outras doenças. Conrad é professor<br />
e presi<strong>de</strong>nte da Berlim School Creative<br />
Lea<strong>de</strong>rship e comandou a re<strong>de</strong> Leo Burnett.<br />
O início da carreira <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 30 anos<br />
na propaganda foi na Young & Rubicam <strong>de</strong><br />
Frankfurt, como redator.<br />
ATiTUDe<br />
A plataforma <strong>de</strong> entretenimento ao vivo<br />
Ingresse <strong>de</strong>senvolveu ações para esclarecimento<br />
do novo coronavírus. Além do<br />
#StopTheSpreadBR, conduzido pelo CEO<br />
Gabriel Benarrós, mudou logomarca: os<br />
dois tickets interligados <strong>de</strong>ram espaço<br />
a um coração. A empresa também criou<br />
a categoria <strong>de</strong> eventos #FiqueEmCasa.<br />
O objetivo é ajudar a base <strong>de</strong> usuários a<br />
se programar com eventos virtuais que<br />
estão rolando nesse movimento global<br />
solidário. “A i<strong>de</strong>ia é ajudar todas as pessoas<br />
que estão ficando em casa com uma<br />
agenda gratuita no mundo online”, justificou<br />
Benarrós.<br />
Arquivo Pessoal<br />
Michael Conrad, lenda da publicida<strong>de</strong> mundial, e a mulher, Helga, usam humor diante da pan<strong>de</strong>mia do novo coronavírus<br />
Divulgaçãso<br />
Divulgação<br />
Maurício Giamellaro fala que a ação Brin<strong>de</strong> do Bem representa solidarieda<strong>de</strong> ao tra<strong>de</strong><br />
CROWnDFUnDing<br />
A Heineken criou o movimento Brin<strong>de</strong> do Bem para motivar o<br />
tra<strong>de</strong>. O método é o crowndfunding <strong>de</strong>senvolvido com a Abacashi.<br />
O bar precisa preencher cadastro e criar gratuitamente<br />
campanha <strong>de</strong> arrecadação. A marca promete dobrar os valores<br />
computados no site do movimento até 31 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> <strong>2020</strong>. “É<br />
o momento <strong>de</strong> todos se solidarizarem e contribuírem”, disse<br />
Maurício Giamellaro, presi<strong>de</strong>nte da Heineken no Brasil.<br />
Maria Paula Capuzzo exibe seu sorriso Colgate: hora <strong>de</strong> olhar comunida<strong>de</strong>s carentes<br />
SORRiSO<br />
O movimento #EmpatiaGeraEmpatia, li<strong>de</strong>rado pela Havaianas,<br />
teve a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> primeira hora da Colgate-Palmolive, que doou<br />
100 mil unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sabonetes das marcas Protex e Palmolive<br />
para comunida<strong>de</strong>s carentes. “Se cada um fizer uma parte, juntos,<br />
po<strong>de</strong>mos fazer a diferença e construir um futuro em que<br />
todos possam sorrir”, afirma Maria Paula Capuzzo, presi<strong>de</strong>nte<br />
da multinacional, conhecida pelo mantra sorriso Colgate.<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 37
última página<br />
Unsplash<br />
para que serve<br />
o que eu sei?<br />
Stalimir Vieira<br />
Impossível, quando ficamos dias, semanas,<br />
isolados e atentos a ler e assistir os<br />
dramas causados pela pan<strong>de</strong>mia, não nos<br />
ocorrer que <strong>de</strong>vemos fazer alguma coisa<br />
que aju<strong>de</strong> a amenizar o sofrimento generalizado.<br />
Sempre fui um admirador ardoroso<br />
dos Médicos Sem Fronteiras. Se fosse<br />
médico, muito provavelmente estaria cerrando<br />
fileiras com eles. Mas não sou médico.<br />
Sou redator publicitário. E aí começa<br />
o questionamento que me acomete nesse<br />
dias <strong>de</strong> parança.<br />
Para o que eu, redator publicitário,<br />
sirvo? Talvez, melhor,<br />
ainda, seria perguntar para o que<br />
eu, publicitário, sirvo? Somos filhos<br />
diletos do sistema, como os<br />
nossos irmãozinhos que operam<br />
no mercado financeiro. Fomos<br />
forjados para ven<strong>de</strong>r, fazer dinheiro,<br />
gerar lucro. Nosso talento<br />
sempre esteve disponível para<br />
conquistar corações e mentes e,<br />
assim, promover <strong>de</strong>sembolsos na aquisição<br />
<strong>de</strong> bens e serviços fornecidos por quem nos<br />
interessa. Somos especialistas em abrir bolsos,<br />
bolsas e carteiras <strong>de</strong> consumidores em<br />
benefício <strong>de</strong> nossos clientes.<br />
Como ganhamos em cima <strong>de</strong> ganhos<br />
<strong>de</strong> terceiros, semelhantes a nossos irmãos<br />
operadores financeiros, quanto maior a<br />
nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover lucros,<br />
maior a nossa receita. Compomos uma<br />
espécie <strong>de</strong> elite da inteligência <strong>de</strong> mercado.<br />
Porque permanecemos atentos e atilados<br />
acima da média. Uma sacada nossa<br />
po<strong>de</strong> fazer a fortuna <strong>de</strong> um negócio.<br />
A experiência que acumulamos sobre o<br />
comportamento humano e suas tendências<br />
<strong>de</strong> a<strong>de</strong>são a <strong>de</strong>terminados apelos nos<br />
permite oferecer potenciais <strong>de</strong> consumo<br />
<strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ja, a quem pagar bem por eles.<br />
“Talvez,<br />
melhor,<br />
ainda, seria<br />
pergunTar<br />
para o que eu,<br />
publiciTário,<br />
sirvo?<br />
Brilham cifrões em nossas retinas quando<br />
expomos planos e estratégias a quem<br />
nos contratou. Quanto mais seguros, mais<br />
confiantes, mais ambiciosos e criativos<br />
nas apresentações <strong>de</strong> campanhas, maior o<br />
fascínio que <strong>de</strong>spertamos. Porque temos<br />
a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar, numa lógica<br />
impecável, que tudo vai dar certo, isto é,<br />
vai gerar muita grana. Sempre foi assim.<br />
Aqui e seja lá on<strong>de</strong> for. A publicida<strong>de</strong> é a<br />
profissão do sucesso, do brilho e do esplendor.<br />
E, então, voltando a mim em meus momentos<br />
<strong>de</strong> reflexão, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
um passeio pelas re<strong>de</strong>s sociais,<br />
em que manicures ensinam<br />
como as pessoas po<strong>de</strong>m cuidar<br />
das unhas sozinhas, cozinheiras<br />
passam receitas variadas, eletricistas<br />
orientam sobre pequenos<br />
consertos emergenciais, psicólogos<br />
aconselham sobre como<br />
conviver com o isolamento, professoras<br />
oferecem aulas voluntárias<br />
<strong>de</strong> reforço escolar, me envergonho<br />
<strong>de</strong> um dia ter aplaudido alguém<br />
que bravejava, orgulhoso, “enquanto uns<br />
choram, eu vendo lenços”. Nada é mais vexaminoso,<br />
em tempos <strong>de</strong> tragédia, do que<br />
o nosso comportamento em ilusórios dias<br />
<strong>de</strong> glória.<br />
Sob esse aspecto, em que pesem todas as<br />
agruras que traz consigo, a pan<strong>de</strong>mia é uma<br />
boa lição. Não apenas por <strong>de</strong>monstrar a<br />
nossa fragilida<strong>de</strong> física, mas para <strong>de</strong>snudar<br />
a nossa fragilida<strong>de</strong> moral. Quanto, afinal,<br />
do que afirmamos, cheios <strong>de</strong> empáfia, até<br />
31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2019, para em pé hoje?<br />
O verniz <strong>de</strong>scascou. Boa oportunida<strong>de</strong><br />
para nos perguntarmos o que temos <strong>de</strong>baixo<br />
<strong>de</strong> todo aquele brilho aparente. Porque,<br />
agora, é isso o que vai servir para alguma<br />
coisa.<br />
Stalimir Vieira é diretor da Base Marketing<br />
stalimircom@gmail.com<br />
38 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark
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