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Edição nº 264 - Lusitano de Zurique (corrigida)

Orgão informativo do Centro Lusitano de Zurique. Edição gratuita

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Edição

digital

[ MAIO 2020 | Edição Nº. 264 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]

Pandemia Covirus-19

DE REGRESSO À

NORMALIDADE?

WWW.CLDZ.CH

EDITORIAL

NORMALIDADE

OU NÃO?

PÁGINA 3

COMUNIDADE

VIAGENS

CANCELADAS

REEMBOLSOS

PÁGINA 17 E 36

SAÍDA DE CON

FINAMENTO

PÁGINA 16

SAÚDE


2

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Centro Lusitano de Zurique

Birmensdorferstr, 48

8004 Zürich

www.cldz.eu - info@cldz.eu

Bufete, reserva de refeições 077 403 72 55

Cursos de alemão 076 332 08 34

Consulado Geral de Portugal em Zurique

Zeltweg 13 - 8032 Zurique

Tel. Geral: 044 200 30 40

Serviços de ensino: 044 200 30 55

Serviços sociais: 044 261 33 32

Abertura de segunda a sexta-feira das

08:30 às 14:30 horas

Embaixada de Portugal

Weitpoststr. 20 - 3000 Bern 15

Secção consular: 031 351 17 73

Serviçoa sociais: 031 351 17 42

Serviços de ensino: 031 352 73 49

Edição anterior

[ ABRIL 2020 | Edição Nº. 263 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]

EDIÇÃO

DIGITAL

PELA SUA FAMÍLIA, PELOS SEUS AMIGOS, PELA NOSSA VIDA, PROTEJA-SE!

FIQUE EM

CASA!

Direcção

044 241 52 60 / info@cldz.eu

Futebol armindo.alves@garage-mutschellen.ch / 079 222 09 14

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incentro@cldz.ch

Publicidade 079 913 00 30/pub.lusitano@gmail.com

Rancho folclórico 079/549 99 10 / rancho@cldz.ch

Vamos contar uma história 079 647 01 46

Serviços municipais de informação para

imigrantes - Zurique (Welcome Desk)

Stadthausquai 17 - Postfach 8022 Zurique

Tel.: 044 412 37 37

Polícia 117

Bombeiros 118

Ambulância 144

Intoxicações 145

Rega 1414

W W W . C L D Z . C H

EDITORIAL

COVID-19

PÁGINA 3

CONSULADO

INFORMAÇÃO

COVID-19

PÁGINA 5

SINDICALISMO

LINHA DE

EMERGÊNCIA

PÁGINA 12

Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH

Katholische Mission der Portugiesischsprechenden

Fellenbergstrasse 291, Postfach 217 - 8047 Zürich

Tel.: 044 242 06 40 7 044 242 06 45 - Email: mclp.zh@gmail.com

Horário de atendimento:

- segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h

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Maio 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


EDITORIAL

3

Normalidade ou não?

SANDRA FERREIRA

Directora - jornalista CC12 A

O Mundo está a querer voltar à normalidade. Mas o que será esta normalidade? Podemos falar

em normalidade se continuamos a ter de manter distância dos que mais amamos, dos contactos

sociais, de mantermos a distância de segurança e de continuar a sair de casa apenas para o essencial?

Podemos chamar de normal ter de andar de máscara e luvas pelas ruas e de termos de

cancelar as férias este ano?

A Suíça como vários países europeus decretaram, no fecho desta edição, medidas de saída lenta

do estado de emergência nacional e para que a economia volte a funcionar em alguns sectores. A

27 de Abril tiveram lugar as primeiras “aberturas“ na Suíça; os cabeleireiros, esteticistas e lojas

de construção e jardinagem. E posso dizer que foi assistir a uma inconsciência geral, com filas

em frente às lojas. No interior as pessoas eram em demasiado número sendo que era impossível

manter a distância de segurança, contudo havia um razoável número de seguranças, só para dar

aquele ar de “lei cumprida“. Isto não é normalidade, isto é consumismo. É aquele “vírus“ que já

habita no ser humano há vários anos e que serve de desculpa para tudo. Consumir o essencial,

mas também o que não é. E se chegamos alguma vez a pensar que este isolamento seria bom

para o ser humano pensar na sua vida, nas suas prioridades, nos seus hábitos e perceber o que

realmente é importante na vida, a maior parte deles não perdeu tempo em por esses pensamentos

para trás das costas e voltar à vida “normal“ que tinha.

Em Maio teremos mais “aberturas“ e, provavelmente, a partir de Junho estará tudo “normal“.

Se assim o vai ser não sabemos, apenas que continuamos a ter de cuidar de nós e dos nossos; que

o Coronavírus ainda anda aí e que a vacina ainda vai demorar.

Por isso tenhamos cuidado com a “normalidade“ e vivamos como até agora, para que o que é

realmente “normal“ - abraçar a família e os amigos - chegue depressa.

EQUIPA REDACTORIAL

EMAIL: LUSITANOZURIQUE@GMAIL.COM

Sandra Ferreira

Armindo Alves

DIRECTOR A CC12 A

SUB-DIRECTOR CC15 A

Natascha D´Amore

Maria dos Santos

Lúcia Sousa

Zuila Messmer

Joana Araújo

CC11 A

Cristina F. Alves

CC 16 A

Jorge Macieira

CC28 A

Pedro Nogueira

Nuno Brandão

Domingos Pereira

Carmindo de Carvalho

Euclides Cavaco

Nelson Lima

Carlos Matos Gomes

Manuel Araújo

jornalista 3000 A

EDIÇÃO,

COMPOSIÇÃO

E PAGINAÇÃO

Manuel Araújo

Jornalista 3000 A

araujo@manuelaraujo.org

Tel.:(+351) 912 410 333

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Tel.: 079 913 00 30

IMPRESSÃO

Diário do Minho

Tiragem: 2000 exemplares

Periodicidade: Mensal

Distribuição gratuita

PROPRIEDADE

& ADMINISTRAÇÃO:

Centro Lusitano de Zurique

Birmensdorferstr. 48

8004 Zürich

Tel.: 044 241 52 60 - Fax: 044

241 53 59

Web: www.cldz.eu

E-mail: info@cldz.eu

Esta publicação não

adopta nem respeita

o inútil

(des)Acordo Ortográfico

Apoios:

Daniel Bohren

Jurista

Pedro Nabais

CC14 A

Aragonez

Marquez

Ivo Margarido

Jeremy da Costa

NOTA: Os artigos assinados reflectem tão-somente a opinião dos seus

autores e não vinculam necessariamente a direcção desta revista

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4

COMUNIDADE

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5

Bacalhau e Bratwurst

Comunicado de imprensa

A partir de Julho, a associação portuguesa "Centro Lusitano de Zurique" administrará

o restaurante "Zum Hüsli" em Leimbach. Na ementa estarão presentes

pratos típicos suíços assim como pratos tipicos portugueses.

O restaurante "Zum Hüsli", é um edifício que foi construído em 1612 na Risweg 1 em

Leimbach, cumpre a importante função como ponto de encontro de bairros; pertence à

cidade de Zurique desde 1968. Em Novembro de 2019, a Liegenschaften Stadt Zürich

licitou o "Hüsli" para novas locações. O novo inquilino deverá assumir o restaurante

em Julho de 2020. Trata-se da associação portuguesa «Centro Lusitano de Zurique».

O objectivo e a finalidade da associação, que existe há 36 anos, é cultivar a cultura

portuguesa e apoiar os portugueses facilitando na integração - por exemplo, oferecendo

cursos de alemão. Um restaurante que já fez parte do Centro Lusitano, na

Birmensdorferstrasse, onde está localizada a sede da associação. O qual era bem

frequentado principalmente por compatriotas, o "Hüsli" em Leimbach deve ser um

ponto de encontro para os residentes do bairro, comunidade e associados deste

clube. Também isto se reflecte na oferta, que consiste em pratos suíços e clássicos

portugueses como Bacalhau e é complementada com dois ou três menus ao almoço.

O restaurante será gerido por Rosa Pereira, a actual responsável pelo restaurante na

Birmensdorferstrasse já há 12 anos.

O restaurante “zum Hüsli” estará aberto de quarta a sexta-feira ao meio-dia e à

noite, aos sábados e domingos estará aberto durante todo o dia.

Finanzdepartement

Departementssekretariat

Werdstrasse 75

Verwaltungszentrum Werd

8004 Zürich

Telefon +41 44 412 11 11

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6

COVID-19

Küsnachter ajudam

necessitados

Tradução: ARMINDO ALVES

A cozinhar desde meados

de Março, de dois em dois

dias para os necessitados

(da esquerda): Sarah Albi-

no, Restarateur"Falken"

Toni Albino e o chefe de co-

zinha Lars Schwalenberg.

A comida para os é distri-

buída gratuitamente na

Langstrasse. Fotos: Pascal

Wiederkehr

Devido à pandemia, o proprietá-

rio Toni Albino teve que fechar

temporariamente o seu restaurante

em Küsnacht. Para apro-

veitar o stock, ele ofereceu-se

para cozinhar e pediu a opinião

ao padre local para onde levar

a comida aos necessitados. Me-

tade da vila está agora a apoiar

esta campanha.

"Quando vi a quantidade de pessoas

que precisam de apoio, de-

pois quase não consegui dormir

", diz Toni Albino. Ele gere o res-

taurante Falken em Küsnacht.

Devido à crise de Corona, o res-

taurante encontra-se encerrado.

Ele de momento não cozinha

para os seus clientes habituais,

mas sim para as pessoas à mar-

gem da sociedade. "Eu tinha

tantos suprimentos que não os

queria deitar ao lixo", diz Albi-

no. "Mesmo que a crise afecte o

meu restaurante, estamos con-

fiantes", disse o restaurador. Ele

teve que anunciar os seus seis

funcionários às autoridades ao

trabalho reduzido (Kurzarbeit)

Com seu chefe Lars

Schwalenberg e seus dois filhos,

Rony (16) e Sarah (20), Albino

prepara sopas dia sim, dia não,

desde meados de Março. Ele

transporta-as em recipientes

descartáveis descartáveis ​​bio-

degradáveis para Zurique, onde

são distribuídos gratuitamente

na Langstrasse. A associação

cristã Incontro, em torno da

irmã Ariane Stöcklin e os ami-

gos da comunidade Sant'Egidio

estão na estrada todas as noites

com o carrinho de comida.

Toni Albino é filho de um emi-

grante português, ele cresceu na

Alemanha. Ele conta que che-

gou à Suíça como “lava pratos”

e hoje está bem na vida, graças

a ajudas e oportunidades que

teve, por isso agora é a vez dele

retribuir.

O Restaurant Falken é um res-

taurante que já conta 14 pontos

Gault Millau.

https://www.telezueri.ch/zue-

rinews/beizer-kocht-waehren-

d-corona-krise-suppe-fuer-be-

duerftige-137654773

http://www.lokalinfo.ch/news/

datum/2020/04/09/kuesnach-

ter-helfen-beduerftigen/

https://www.falken-kuesnacht.

ch/

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Fotos: Pascal Wiederkehr


COMUNIDADE

7

CLZ entrega donativos das

“Janeiras 2020”

SANDRA FERREIRA

Antes de fecharem as fronteiras,

o CLZ ainda teve a oportunidade

de entregar o valor arrecadado

nas Janeiras 2020 a três

instituições em Portugal, para

as quais tinha sido feito o peditório.

Apenas uma ficou ainda

em aberto devido à situação de

confinamento em que nos encontramos.

A associação PAJE foi uma das primeiras

a receber o valor de 4.250

francos suíços entregue em mãos pelo

membro da direcção do CLZ, Domingos

Pereira. A direcção da Associação,

representado pela Dra Fernanda

Gaspar, recebeu este valor com toda a

alegria, agradecendo a todos aqueles

que contribuíram para este valor, mas

em especial ao CLZ pela iniciativa.

O mesmo valor foi entregue também

ao Lar de Nossa Senhora da Graça

de Padrões, em Almodôvar. Este foi

entregue à direcção do Lar pelos

compatriotas Rui e Cristina Venâncio,

que de visita à sua terra tiveram

a amabilidade de levar esta doação do

CLZ. De volta trouxeram os muitos

agradecimentos deste Lar a todos os

que contribuíram para esta boa causa.

O terceiro valor a ser entregue foi à

Corporação Fabriqueira da Paroquia

de São Paio de Brunhais, que também

fez questão de enviar uma nota de

agradecimento a todos os membros

do Centro Lusitano de Zurique.

Por entregar ficou apenas o mesmo

valor que foi entregue a todos, de

4250 francos suíços, a uma criança

em Guimarães, o Tomás de Oliveira,

que tem uma doença degenerativa e

que precisa muito de ajuda. o valor

será entregue logo que seja possível

uma deslocação a Portugal.

O CLZ fica contente poder, todos os

anos, ajudar várias instituições em

Portugal e agradece a todos aqueles

que nos recebem em Janeiro e Fevereiro

e que contribuem para esta causa.

Caro(a)s Amigo(a)s

São Tomás de Aquino, no seu Tratado de Gratidão, ensinou-nos que a gratidão consiste uma

realidade humana complexa, composta por três níveis:

O primeiro nível é o do reconhecimento do benefício recebido. O segundo é o nível do

agradecimento, que consiste em louvar e dar graças. O terceiro é o nível mais profundo, da

retribuição, do vínculo, neste nível, sentimo-nos vinculados e comprometidos a retribuir ao outro.

Cada país, fazendo uso de sua língua, agradece num dos três níveis. No inglês e no alemão

agradece-se no nível mais superficial. “Thank you” ou “zu danken” expressa o reconhecimento

pelo favor que recebemos. Este nível está diretamente ligado ao nosso intelectual, pois

precisamos pensar e ponderar para então reconhecer determinado feito.

Na maior parte das outras línguas agradece-se no nível intermédio. “Merci” em francês, “gracias”

em espanhol ou “grazie” em italiano, indica dar graças por aquilo que recebemos e, neste

sentido, estamos sendo gratos.

Já a formulação portuguesa “obrigado” é a única que expressa o nível mais profundo de gratidão.

Quando agradecemos, queremos dizer “fico obrigado perante vós”, ficamos então vinculados,

comprometidos a retribuir. Esta é a singularidade e a beleza do agradecimento da nossa língua.

Uma palavra especial que muitas vezes usamos no dia a dia sem valorizarmos seu o significado e

o compromisso que ela carrega. Possamos, a partir de hoje, usar mais conscientemente o nosso

“muito obrigado”.

Mas a PAJE, consciente do gesto que o Centro Lusitano de Zurique teve, do seu empenho e

dedicação, vem por este meio expressar gratidão no nível mais profundo, pois ficamos

“obrigados” perante vós a retribuirmos com o nosso trabalho diário, no sentido de conferirmos

mais justiça aos que desde crianças se viram privados de uma Família cuidadora.

Gostaria muito que tomassem perfeita consciência que o donativo que nos enviaram, resultante

do Vosso esforço, permite que continuemos a dar resposta a cada vez mais pedidos de ajuda de

jovens, que por terem crescido em Instituições de Acolhimento e não terem redes sociais de

suporte, têm dificuldades acrescidas.

A PAJE não tem (ainda) apoio financeiro do Estado, pelo que vive da criatividade (caminhadas,

concertos solidários, etc.) e das ajudas que a sociedade civil, através de iniciativas como a Vossa,

nos fazem chegar. Sintam que a verba que nos remeteram, será decisiva, mesmo!!!

Um abraço fraterno e espero em Setembro poder agradecer-vos pessoalmente!

Coimbra, 01 de Março de 2020

P´la Direção (Presidente)

João Pedro Gaspar, PhD

Alameda da Feira, S/N – 3045-382 S. Martinho do Bispo

www.paje.pt ∙ Tel. 913142204 ∙ geral@paje.pt ∙ NIF: 513967419 ∙ facebook.com/PlataformadeApoioJovensExacolhidos

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SAÚDE

Coronavirus, Organização Mundial de Saúde - OMS

Informações e definições

ZUILA MESSMER

O diretor geral da Organização

Mundial da Saúde – OMS declarou

dia 11/03 estar em curso uma

pandemia do novo coronavírus.

Pandemia: O termo é usado para

definir uma situação em que, há casos

confirmados de uma doença infecciosa

que ameaça e ou ataca milhares

de pessoas mais ou menos ao mesmo

tempo, em diversos Países do mundo.

Significa que os esforços para conter

a expansão mundial de um vírus

falharam, que a epidemia está fora

de controle. Que é necessário adotar

medidas drásticas para evitar novos

casos, tratar os pacientes e evitar

mortes.

A humanidade enfrenta pandemias

desde os primódios da sua história.

Em torno de 1580 surgiu um vírus na

Ásia, tipo influenza, que causou gripe

e se espalhou pela África, Europa e

América do Norte. Uma das mais graves

foi a gripe Espanhola entre 1918 e

1920, após a primeira guerra mundial,

que levou à morte cerca de 50 milhões

de pessoas. Como exemplo recente

temos o virus H1N1, que ocasionou a

gripe suína em 2009, e agora o CO-

VID 19.

Epidemia: é um surto periódico de

uma doença infecciosa em uma dada

população e ou região, chegando a

um ponto máximo de casos seguidos,

e depois uma diminuição. Muito

comum são as epidemias de gripe

que acontece a cada a ano. Epidemia

pode se transformar em uma pandemia.

Endemia: Refere-se à frequência em

que uma infecção surge em determinada

região. Possui carácter específico,

típico, permanente e restrito a

uma área geográfica. Por exemplo, a

febre amarela na América (Amazõnia)

e África (Zimbabwe, Luanda), onde

surgem constantemente novos casos,

consideradas portanto, áreas endêmicas

da infecção.

Uma endemia pode evoluir para uma

epidemia. Ao viajar para áreas endêmica

se aconselhar à vacinar-se para

não contrair a doença nem contaminar

as pessoas.

Os virus: Em torno do ano de 1883

os cientístas Adolf Mayer e Beijerinck

identificaram os vírus em uma experiência

que realizavam. Constataram

ser um micro-organismos, visível através

de microscópio eletrônico especial,

de classificação e tipos variáveis, compostos

por duas estruturas – a interna

pelo RNA ou DNA e uma externa

sobreposta em forma de cápsula que

o proteje.

Sem células e metabolismo próprio

(sem vida própria), os vírus necessitam

de um agente hospedeiro (homen

ou animais) para se desenvolverem.

Penetram no organismo por endocitose*.

Nas células do hospedeiro a

cápsula protetora do vírus se rompe,

liberando o genoma RNA, que é a carga

genética (a semente), daí se replicam

e podem desencadear a doença

chamada virose.

De acordo com o tipo do vírus, a doença

pode apresentar ou não sintomas,

de características simples ou complexas,

e até incurável, como é o caso da

AIDS.

Outras doenças viróticas: hepatite,

dengue, raiva, varicela, catapora,

caxumba, febre amarela, febre aftosa,

poliomielite, raiva, sarampo, varíola,

rubéola, ébola, herpes, gripes e resfriados.

Endocitose é um processo fisiológico

em que as membranas absorvem

substâncias do meio extra para o intracelular.

O Coronavirus pertence a família de

vírus que se divide em duas espécies, o

Alpha coronavirus e o Beta Coronavirus.

Cada um deles com subdivisões. O

Alpha é o tipos mais comun, que infectam

a maioria das pessoas no decorrer

da vida. No grupo dos Betacoronavirus

está o COVID 19.

Estudos afirmam, que o ponto forte

desse virus é seu alto poder de transmissão

e contágio. A doença que causa,

para surpresa de muitos, possui baixo

índice de mortalidade quando comparado

com um dos piores do mundo,

cuja mortalidade alcançam – da raiva

99,5 % e do Ébola 66,5 %.

O coronavirus tem taxa de mortalidade

em torno de 20% em idosos com

doenças pré existentes, como diabete,

hipertensão, cardíacos, asma,

AIDS, cancro e em especial, as pessoas

com deficiência no sistema imune e

transplantados. Em adultos a taxa

de mortalidade é de 2%, (principalmente

os fumantes). Em crianças é

praticamente zero, com raríssimas

exceções.

O COVID 19 é transmitidos através

das gotículas de salivas expelidas

durante a tosse, espirro,

fala e respiração (quando

o doente infectado libera o ar

proveniente dos pulmões para o

meio externo). Daí se propagam,

contaminam os objetos, locais e

os outros através da boca, nariz

e olhos, sendo as mãos um forte

aliado nesse processo.

Pesquisadores afirmam que o COVID

19 se mantém vivo por horas fora do

corpo do doente. Esse tempo depende

de onde se aloja. Na presença da luz

solar direta, morre em minutos, pois

é sensível aos raios ultravioleta. Em

madeiras, papéis, roupas, cabelos,

sobrevivem por 6 horas. Em superfícies

lisas (metais, vidros, mármores,

azulejos) 12 horas. Após esse tempo,

secam e morrem.

Medidas de controle e combate:

A mídia divulga continuamente

os meios de proteção contra a doença,

por isso vamos nos reter aos detalhes

Maio 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


SAÚDE

9

importantes.

Durante uma epidemia, é certo que

nos locais públicos (transportes, estações,

aeroportos, shoppings, estádios

de futebol, escolas,…), onde há

grandes aglomeração e circulação

de pessoas, aparentemente sadias,

mas algumas contaminadas, estão

transmitindo o vírus para os outros,

e lançando nos mais diversos

locais e objetos (corrimões de escadas,

botões de elevadores, máquinas

eletrônicas, torneiras, manivelas de

portas…), caso não sigam medidas

de prevenção da doença.

- Saiba que, se apenas um vírus

atingir a mucosa dos olhos, boca e

nariz, será o suficiente para infectar,

portanto não passar as mãos nessas

estruturas antes de lavá-las ou desinfeccioná-las.

- Ao chegar em casa, não tocar em

nada e em ninguém. Primeiro lave

as mãos ou tome banho. Lave os

cabelos. Não durma com eles infectados

- Retire a roupa que usou, pendure

em local isolado ou de pouco movimento

por no mínimo 8 horas, depois

poderá usá-las novamente. De

preferência lave.

- Mantenha-se restrito à familia. Evite

visitas, não adianta tomar cuidados

se outros não têm.

O vírus é altamente vulnerável aos

desinfetante, principalmente ao hipoclorito,

a água sanitária (Javel) e

ao álcool. Recomenda-se a limpeza

do chão, móveis e objetos – passar

pano molhado da solução de 50 ml

de água sanitária em1 litro d‘água.

O uso do álcool gel (proporção 70%

e 30% de água). Quanto menos for

diluído o álcool, mais eficaz, porém

são perigosos, explosivos e causam

acidentes graves! USE APENAS os

recomendados!

Milhares de pessoas ainda serão

contaminados pelo COVID 19, mas

a maioria desenvolverá anticorpos

e ficarão imunes sem perceber. Reduzir

a velocidade de transmissão

é fundamental devido a incapacidade

do sistema de saúde em atender

grandes números de doentes ao

mesmo tempo. Pela léi da natureza

os mais fortes, sadios e jovens se recuperarão;

os frágeis, com doenças

prévias e idosos, lamentavelmente

muitos morrerão.

Caso teve ou tenha contato com alguém

com diagnóstico confirmado

da doença, as medidas de controle

são mais rigorosas. Procure o médico!

Fique em quarentena, afastado

das pessoas.

Mesmo após a flexibilidade

da quarentena que em breve

entrará em vigor, recomendo

que encare todas as pessoas

como possíveis transmissores

da doença, portanto PROTE-

JAM-SE!Sigam rigorosamente

as medidas de prevenção recomendadas

para estar mais

protegido.

PORTUGUESES

RESIDENTES NO ESTRANGEIRO

NÃO IMPORTA

ONDE ESTÁ.

COM A CAIXA

FICA MAIS PERTO.

Escritório de Representação da CGD - Suíça

Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève

Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465

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Maio 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


10

CIDADANIA

“Hoje os jovens necessitam

de outra educação, de outra

preparação para viver

na sociedade”

No passado mês de Fevereiro

visitamos a Associação

PAJE -Plataforma de Apoio

a Jovens Ex-acolhidos - com

sede em S. Martinho do Bispo,

em Coimbra. Este é um

projecto inovador, único na

Península Ibérica, que apoia

jovens em situações burocráticas

e outras questões

do quotidianas, através de

aconselhamento jurídico.

Promovem a inclusão social

e laboral, com base no conhecimento

e experiência de

profissionais voluntários.

Falamos com a secretária

da direçcão, Dra. Fernanda

Gaspar, ela própria também

voluntária neste projecto.

Maio 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


DOMINGOS PEREIRA

Lusitano Zurique - Dra. Fernanda,

como e quando nasceu a PAJE?

Fernanda Gaspar - A PAJE nasceu (no

formato actual) há 4 anos. Nasceu porque

sentimos que existia a carência deste serviço

sendo que, alguns membros já estávamos

ligados profissionalmente aos jovens

seja no ensino, na psicologia, como é meu

caso, e resolvemos criar uma plataforma

que apoia-se os jovens depois de terem terminado

o acolhimento.

L.Z.- Quantos membros tem a vossa

associação? Quem são e de que áreas

profissionais?

F.G. - Somos poucos. Somo um núcleo fixo

de 5 pessoas: 2 professores, eu como psicóloga,

um enfermeiro e uma jovem ex-acolhida

que ainda esta a estudar, mas que

para nós é uma mais valia porque passou

todos as etapas do acolhimento e, com a

nossa ajuda, conseguiu entrar no ensino

superior e ao mesmo tempo trabalha. Depois

temos cerca de 30 pessoas nas mais

diversas áreas desde médicos, canalizadores,

advogados, pintores, pedreiros que

nos ajudam nas mais diversas situações

pontuais e todos de forma graciosa e multifacetada,

pois temos que ser psicólogos,

mães, pais, avós, temos de ser tudo a toda a

hora, porque tanto nós como os problemas

não têm horário.

L.Z. - Neste momento quantos são os

jovens que obtêm apoio da PAJE?

F.G. - Neste momento estamos a dar apoio

a 178 jovens. Apoios nos mais diversos

aspectos. Em alguns deles só apoio psicológico,

o que envolve só voluntariado do

psicólogo. Há outros que não é assim. Necessitam

de medicação e não tem dinheiro,

embora trabalhem, mas os trabalhos são

maioritariamente precários, e em muitos

casos o trabalho é por turnos (que nada

ajuda quem toma medicamentos psicológicos).

Nestes casos há a necessidade de

lhes comprar medicação (e esta é cara).

Outros necessitam de ajuda para a alimentação,

por conseguinte também realizamos

distribuição de alimentos. Temos alguns

que acabam por cai em sem-abrigo, e claro

que quando temos conhecimento dessa

situação, de imediato os tiramos de lá,

mesmo que muitas vezes para situações

provisorias, como uma pensão mais barata,

é necessário dinheiro. Quando criamos

a associação não tínhamos a noção de que

eramos tão precisos, daí pensamos que

isto seria só aqui em Coimbra e desta forma

conseguiríamos controlar a situação.

Depois de repente surgiram casos de todo

lado - veja que até já de Cabo Verde trouxemos

um jovem.

De momento temos um caso de um jovem

que está internado em Faro, não tem família,

os pais faleceram de overdose. Entretanto

foi vítima de meningite, ficou com a

fala e corpo do lado direito apanhado. Agora

o hospital onde está internado querem

dar-lhe alta, “pô-lo na rua” porque não o

podem ter mais tempo. Agora somos nós

que lhe temos que encontrar um abrigo?

Nós estamos em Coimbra e ele esta em

Faro. Estamos á procura de uma instituição

privada até que uma instituição pública

tenha um lugar para o acolher. Esta é mais

uma de muitas situações que temos entre

mãos.

Depois temos os casos de jovens que “consomem”

e por vezes, quando não conseguimos

por outras vias, temos que os colocar

nas comunidades terapêuticas e, estas têm

de ser pagas, embora devo dizer que temos

parcerias com algumas delas e que nos oferecem

preços simpáticos, mas têm de ser

pagos. Tudo isto envolve muito dinheiro…

Depois existe a Segurança Social em vez de

nos ajudar encaminha-nos imensos casos,

é uma situação caricata. Por exemplo, as

equipas EMAT - Equipas Multidisciplinares

de Apoio ao Tribunal- encaminha-nos

casos, mas depois não nos dão um cêntimo.

A CPCJ -Comissão de Proteção de Crianças

e Jovens- encaminha-nos casos porque

já não os conseguem resolver. Portanto

nós somos necessários para a estrutura do

estado, somos os únicos a nível nacional

e na Península Ibérica, somos felicitados

por entidades como Secretários de Estado

e políticos, mas não recebemos apoios do

estado.

L.Z.- Não sendo a PAJE uma IPSS

(Instituição Particular de Solidariedade

Social), como e onde obtêm

meios financeiros para realizar este

vasto leque de apoios?

F.G. - Com muita criatividade. Com a organização

de concertos, caminhadas, estando

presente em feiras, vendendo certos artigos

que nós próprios elaboramos como, por

exemplo, compotas. E claro com a solidariedade

de muitos como o Centro Lusitano

de Zurique. Não temos outra forma, porque

nós não somos IPSS, não temos qualquer

outro apoio a não ser da Junta de Freguesia

que nos cedeu este terreno do parque de estacionamento,

paga a àgua e a eletricidade.

A Câmara cedeu-nos estes contentores que

hoje servem de escritório e amanhã transforma-se

em consultório, cozinha, sala de

formação, etc.

Temos também recorrido a empresas, mas

infelizmente em Portugal as empresas continuam

muito a ir para quem já tem nome

e assim os rios estão a correr pro mar. Nós

os mais pequenos continuamos sempre na

mesma, a estender a mão…

Por vezes quando temos reunião de direcção,

por regra temos uma mensal, dependendo

dos casos pode ser semanal, porque

estes casos não têm dia nem hora e, de repente

deitamos a mãos a cabeça e perguntamo-nos

e agora que vamos fazer? Nestes

casos resolvemos a situação metendo dinheiro

nosso na associação porque senão

não temos outra forma de ajudar os jovens.

L.Z. - Disse que a Segurança Social

e outras instituições do estado encaminham-lhes

muitos casos. Então

quer isso dizer que existe uma parceria?

F.G.- Não, não temos nenhuma parceria

CIDADANIA

11

seja ela financeira ou de apoio profissional.

Como disse anteriormente isto é muito bizarro.

Isto acontece porque as estruturas

do Estado não tem capacidade de resposta.

Depois os funcionários das instituições do

Estado, conscientes das necessidades dos

jovens, sabem que existimos e reencaminham-nos

os casos…

L.Z. - E com casas de acolhimento

têm parcerias? Concretamente em

que consiste essas parcerias?

F.G. - Sim temos, mas apenas em casos

pontuais, como por exemplo na área de

formação. Esta é uma outra vertente que

temos: Formação para Inclusão na Sociedade,

para que os jovens obtenham competências

e ferramentas para que sejam

capazes por exemplo de gerir o seu dinheiro,

cumprir horários, cumprir e gerir

os seus deveres sociais e profissionais, as

competências parentais e sociais. Porque

os jovens nas instituições tinham e têm

alguém que fazem as coisas por eles. Esta

formação já acontecia e acontece nas nossas

instalações para os jovens ex-acolhidos.

Agora temos a vertente que é ir junto das

casas e realizar lá esta formação com o objectivo

que os jovens saiam da instituição

com outro perfil, preparados, porque assim

serão maiores as probabilidades de existir

sucesso.

Estamos também a realizar encontros

com as equipas técnicas e directores das

casas de acolhimento onde muitas vezes

são jovens ex-acolhidos os oradores, que

ao relatarem a suas experiências pessoais

prestam um serviço muito importante de

prevenção. Infelizmente até a data não tem

acontecido com a frequência que desejamos

porque as casas têm falta de maios

financeiros.

Esta vertente de formação é muito importante

que continue existir porque como se

sabe o sistema de educação nas casas de

acolhimento é muito fechado. O objectivo

aqui era e é que as crianças tenham comer

e roupa lavada. Sabemos que hoje os jovens

necessitam de outra educação, de outra

preparação para viver na sociedade e mentalidade

dos cuidadores das casas de acolhimentos

não souberam acompanhar esta

realidade.

Este processo de formação nas casas de

acolhimento é uma das nossas prioridades

pois estamos convictos que só assim se

conseguirá prevenir e se antecipará muitos

dos problemas que venham a surgir.

L.Z. - Quando recebem um jovem é

possível avaliar o período que esse

jovem necessitará do vosso apoio?

F.G.- Não, não temos nenhuma forma de

rastreio, porque é difícil senão mesmo

impossível de avaliar. Porque depende da

pessoa, do percurso da sua vida, das ferramentas

que lhe foram dadas no passado e

daquelas que possamos fornecer-lhe e das

capacidades físicas e psicológicas dessa

pessoa. Nós temos jovens (ainda adolescentes)

assim como temos uma jovem (que

tem 36 anos), porque continua a ser uma

pessoa frágil devido ao seu passado. Mui-

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12

COMUNIDADE

tos deles não conseguem livrarem-se das

sequelas de serem retirados das famílias,

de terem vivido em casas de acolhimento.

Muitos quando saem, dizem que têm medo

do silêncio, porque? Porque sempre viveram

numa casa com dezenas de crianças,

jovens. Ai o silencio não existe. Os traumas

persegue-os e, eles não procuram ajuda à

casa onde foram criados (pelas razões que

imaginamos). Os ex-acolhidos relatam-nos

que conseguem ainda hoje lembrarem-se da

pessoa, do que esta tinha vestido quando

ela(e) foi institua-lizado, não conseguem esquecer

do cheiro que a casa tinha. Por estas

e outras razões é que nos é impossível definir

um prazo.

L.Z. - Disse, que os rapazes são aqueles

mais facilmente seguem o caminho

da mà-vida, mais difíceis de encarreirar,

é verdade?

F.G.- Não, não é de todo assim. As raparigas

têm um perfil muito comum muito lineares.

Os rapazes não são assim. Digo isto

porquê: porque as raparigas (em grande número),

quando saem engravidam. Depois de

conhecer o seu primeiro namorado, começam

a ter as suas primeiras relações com a

típica falta de cuidado, outras por um grande

desejo de constituir família, mas sem ter

a consciência do que isso é. É tudo muito

prematuro, não tem noção do trabalho

acrescido, das despesas que isso acarreta,

os cuidados a ter, por exemplo, a alimentação,

a higiene da criança etc. Existe ainda

outras que engravidam de homens muito

mais velhos que vem nelas jovens atraentes

inexperientes, uma presa fácil que as aliciam

e depois não querem saber dos filhos.

Infelizmente voltam a ser vítimas das circunstâncias,

da falta de competências que

não lhe foram fornecidas.

Nos rapazes já não é assim, quando saem

encontram facilmente o primeiro emprego.

Depois vem a tropa e daí já trazem uma

outra bagagem que os ajuda a encontrar o

seu caminho. Mas claro existem casos que

perdem a casa, passam viver na rua, drogas,

álcool etc. O tornarem-se sem-abrigo é típico

nos homens, nas raparigas é muito raro

que aconteça.

São as raparigas que nos preocupam mais,

porque estas não quebram os ciclos. Ao engravidarem

abrem um novo ciclo: filhos que

não querem, mães solteiras que necessitaram

de ajuda em todas as vertentes e que

muitas vezes não querem os filhos e estes

vão ser institucionalizados.

Ao contrário do que se pensa, nós conseguimos

aproximar-nos mais facilmente

aos rapazes do que às raparigas. Sendo elas

mulheres e muitas vezes mães e social e geneticamente

mais veneráveis, mesmo assim

isso não acontece. Os rapazes são mais humildes,

conversam, refletem connosco.

L.Z. - Não existe uma sensibilidade

das instituições para formar sensibilizar

as raparigas para a vida sexual?

F.G.- É assim, existe o método tradicional e

rude da distribuição de contracetivos. Isso

dá-lhe (aos jovens e cuidadores) uma segurança

de que estão a fazer as coisas certas.

Mas sabemos que a educação sexual é muito

mais do isto, é sensibilizar, conversar, informar

sobre os seu direito quanto mulheres,

como se comportar na sociedade, a higiene

intima, as doenças transmissíveis, como se

deve colocar um preservativo, etc. Nestes

casos e, perante a lei, nenhuma casa de acolhimento

está a realizar um mau trabalho,

porque a lei tem aqui uma grande lacuna,

esta não especifica os métodos nem um programa

de inclusão social no total das suas

vertentes. As casas de acolhimento sejam

eles metodicamente ligadas á Igreja ou ao

Estado, não são obrigadas a fazer esta formação,

isto só depende do bom senso dos

cuidadores.

L.Z. - As instituições de acolhimento

existentes são na sua maioria ligadas

há Igreja ou a segurança social?

F.G.- Hoje em dia todas estão ligadas á segurança

social, porque senão não podem

receber financiamento. Claro que internamente

o funcionamento se mantem fiel ás

suas raízes, cada um tem os seus regulamentos

internos e aqui é que existe as grandes

lacunas na legislação. E aqui é que se

notam as grandes diferenças.

L.Z. - Aos jovens que seguem caminhos

menos felizes, também continuam

a dar-lhes apoio?

F.G.- Sim claro, mesmo aos que estão presos.

Ultimamente temos um jovem na prisão

de Linhó, outro em Paços de Ferreira,

um outro que estava numa prisão de alta

segurança no Brasil (uma das mais perigosa

do mundo) e conseguimos que esteja a cumprir

pena fora numa instituição católica.

Este jovem estava a ser acompanhado por

nós e perdemos o contacto com ele. Umas

semanas mais tarde fomos contactados pelo

cônsul para nos dizer que ele estava preso

no Brasil por tráfego de droga (correio), e

não pode sair de la. Esse infelizmente não

podemos ir visita-lo, mas os outros sim,

fazemo-lo regularmente porque consideramos

a visita dos presos uma das maiores

acções humanitárias que se pode realizar.

L.Z. - Para terminamos esta amável

conversa gostava que me falace dos casos

de sucesso, existem casos de sucesso

não é verdade?

F.G.- Sim temos, felizmente temos muitos

casos de sucesso. Ainda no passado sábado

encontramos por casualidade em Lisboa

dois destes casos. Duas jovens que tinham

sido ex-acolhidas e que tinham sido ajudadas

por nós. Foi uma enorme alegria ao vê-

-las com os filhos, uma já tinha terminado

o mestrado, outra tinha regressado de fazer

voluntariado na Guiné. Temos chefes de cozinha,

jornalista, designer e muitas outras

formados nas áreas de serviços. Consideramos

um caso de sucesso todos aqueles que

quebrem o círculo, isto é, por exemplo, que

seguiram um percurso de vida diferente dos

seus pais.

L.Z. - Que projectos tem a PAJE para

o futuro?

F.G.- Mais do que um projecto é uma necessidade

de sermos reconhecidos como

IPSS (Instituição Particular de Solidariedade

Social). Paralelamente estamos a lançar

outro projecto que se chama Out Together

que se trata de um conjunto de propostas e

sugestões que, a nosso ver, devem ser legisladas

para que sejam eliminadas as lacunas

existentes na lei que rege as casas de acolhimento.

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NEUROCIÊNCIA

13

Ser sénior

Tempo de maturidade e sabedoria!

NELSON S. LIMA

Depois dos 60/65 anos de idade começámos a

ser vistos como idosos e, numa etapa seguinte,

“velhos”. É uma classificação social um tanto

perturbadora sobretudo se ainda nos sentimos

saudáveis e perfeitamente activos e úteis. Chega

a ser aborrecido olharem para nós como pessoas

descartáveis, matéria em que os latinos das idades

mais novas são muito pródigos (coisa bem diferente

da Inglaterra e dos países nórdicos, como iremos

um dia destes observar).

Voltando atrás. É saudáveis e activos que devemos continuar a ser

aos 65, aos 70 aos 80 ou até bem mais tarde. Há muitas pessoas que

entram em depressão depois do último dia de trabalho e passam a

ser olhados como aposentados ou reformados (inactivos).

Nos últimos anos de trabalho devemos começar a pensar nessa

passagem da etapa que acabará por chegar e elaborar algumas ideias

que nos ajudem a transitar sem grande esforço nem sofrimento,

sobretudo psicológico.

Depois dos 65/70 podemos ainda viver mais 20 ou até 30 anos. O

que não é coisa pouca. O que iremos fazer com o tempo que nos

sobra sem que caiamos numa rotina deprimente, sem objectivos

nem um programa de vida que se resuma a criar os netos ou a passar

a maior parte do tempo em casa?

O que fizermos após retirados do nosso último emprego vai ter

um grande impacto na saúde e na longevidade (segundo alguns

estudos a entrada na “reforma” encurta a esperança de vida até 5

ou mais anos).

Aliás, o período de vida em que nos tornarmos seniores, poderá

ser muito gratificante.

Aqui estarei com dicas diversas que se podem aplicar facilmente

afastando-nos o mais tempo possível dos “lares de idosos” onde

ficaremos dependentes de outros e, por vezes, sujeitos a autêntica

violência psicológica e a maus tratos (isto está comprovado por estudos

da União Europeia e demonstrado por casos verdadeiramente

criminosos que se tornam notícia).

Continuarei a dedicar a minha atenção a esta etapa da vida até

porque já faço parte dessa imensa população (mais de 2 milhões

em Portugal e acima de 21 milhões no Brasil).

Se é sénior, siga esta página. Mas se é mais jovem também encontra

muitas razões para me acompanhar. www.facebook.com/

nelson.s.lima

Abraço

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14

COVID-19

Escolas e Assistência

O Conselho Federal anunciou que a escola primária obrigatória provavelmente será

reaberta em 11 de Maio. Até lá, o ensino à distância continuará inalterado.

Quando as escolas reabrirem, a saúde dos alunos, dos funcionários da escola e dos pais é a maior prioridade. O governo federal e a conselho

dos directores da educação estão actualmente desenvolvendo medidas para isto. O cantão e a cidade de Zurique estão em processo

de desenvolvimento de cenários sobre os cuidados necessários e como as crianças poderão regressar à escola a partir de 11 de Maio. Mas

ainda não devemos esperar um retorno com funcionamento integral da escola.

O Conselho Federal tomará a decisão final sobre a voltas às aulas em 29 de Abril.

Creches

Para retardar a disseminação do coronavírus, o número de crianças em creches deve ser reduzido o máximo possível. Os pais que não

precisam necessariamente de creche para seus filhos, devem mantê-los em casa. A cidade de Zurique cobrirá os custos das creches não

utilizadas até pelo menos o final de Abril. As creches organizarão o reembolso para os que tiverem direito. As creches continuam cuidando

das crianças cujos pais dependem de creches.

Para mais informações consulte o site da cidade de Zurique: http://twixar.me/8WkT

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COVID-19

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COMUNIDADE

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Empregadas de limpeza

portuguesas na Suíça

sem trabalho nem apoios

Com as medidas excepcionais de combate à pandemia

e com empregos precários, por vezes sem

contrato de trabalho, muito trabalhadores portugueses

na Suíça estão a passar por dificuldades e

sem conseguir aceder a apoios.

LUSA

As restrições impostas pela covid-19 na Suíça deixaram sem rendimento

centenas de empregadas de limpeza portuguesas que,

sem vínculo nem horários certos, ficaram sem trabalhar e não

têm apoios sociais, o que levou um sindicato a pedir ajuda estatal.

Na Suíça desde 1998 e secretário sindical responsável da área da

construção civil no maior sindicato da Suíça - Unia, José Inácio

Sebastião, disse à agência Lusa que os efeitos das restrições no

mundo laboral, para conter a pandemia covid-19, já se sentem na

comunidade portuguesa na Suíça.

“A nossa comunidade trabalha sobretudo em empregos manuais

— limpeza, construção civil, hotelaria, nos quais os trabalhadores

estão mais expostos e que, por isso, o Estado encerrou uma

parte”, disse.

Na hotelaria está tudo parado e a construção civil tem avançado

devagar, o que tem levado muitos trabalhadores portugueses a

pedir apoios sociais.

Ajudas com que não contam centenas de portuguesas que trabalham

na área da economia doméstica (mulheres-a-dias), muitas vezes

pagas à hora ou por tarefa, e sem direito a subsídio de desemprego.

José Inácio Sebastião afirma que muitas destas trabalhadoras já

estão há mais de um mês sem receber e que “vão sofrer bastante,

porque muitas delas não estão declaradas. Trabalham à hora”.

Luísa (nome fictício), a viver em Zurique há seis anos, é uma dessas

portuguesas que tem a folha “a negro”, ou seja, não faz descontos

e por isso não está a receber subsídio de desemprego.

Em declarações à Lusa, disse que a situação está “a apertar”, principalmente

porque o marido que trabalhava numa pastelaria também

está sem emprego.

“Temos um filho com oito anos, que está em casa porque as escolas

estão fechadas. Não posso ir trabalhar, mas também não tinha

onde limpar”, lamentou.

A esta família tem valido umas horas que o marido tem feito numa

obra, onde o cunhado trabalha, mas todas as suas esperanças vão

para o dia em que os trabalhos reabrirem, pois há algumas semanas

que o rendimento escasseia.

“Não temos possibilidade de aguentar muito mais e a burocracia

para pedir ajuda é muita e seguramente que pelo menos eu não

tenho direito a receber nada”, adiantou.

Situações como estas são tão frequentes na Suíça que o sindicato

Unia solicitou ao Estado a criação de um fundo para ajudar estas

mulheres que trabalham na economia doméstica, estipulado numa

média do que eles recebem ao longo de um ano, disse José Inácio

Sebastião.

Maria tem mais sorte. A trabalhar apenas ao sábado — porque

durante a semana tem de ficar em casa para tomar conta dos dois

filhos — continua a receber o vencimento dos patrões para quem

trabalhava durante a semana até à pandemia.

“Como desconto, podia pedir ajuda ao Estado, mas a burocracia

é muita. Além disso, os meus patrões continuam a pagar-me,

simplesmente porque querem”, disse.

Maria, há dez anos a viver na Suíça, não tem dúvida de que este

é um reconhecimento pelo seu trabalho, uma vez que serve estas

famílias há oito anos. “Sinto-me como se fosse da família”, disse.

O sindicato Unia — no qual estão inscritos 30 mil portugueses —

está igualmente preocupado com os trabalhadores temporários

que não têm, ou já usaram, o direito ao subsídio de desemprego.

Segundo José Inácio Sebastião, o sindicato quer que o Estado

aceite todos os trabalhadores temporários como beneficiários do

subsídio de desemprego.

Para o Conselheiro da Comunidade Portuguesa na Suíça, Domingos

Pereira, a adesão ao confinamento voluntário, decretado na Suíça

a 17 de Março e prolongado a 27 do mesmo mês, está a ser boa.

Na Suíça há 29 anos, este motorista de pesados anseia pela segunda-feira,

quando começar a abrir gradualmente algum comércio,

como “cabeleireiros, pequenos negócios e consultórios médicos,

mas sempre dentro das medidas de higiene e segurança”.

Uma nova abertura, nomeadamente das escolas, irá acontecer a

11 de Maio neste país onde vivem mais de 217.000 portugueses

(2,6% da população).

Segundo Domingos Pereira, a redução ou suspensão das actividades

em que a comunidade portuguesa é mais activa — limpezas,

construção civil, oficinas de automóveis — levou a uma redução

do vencimento e há mesmo quem não tenha qualquer ordenado.

“Há muitos portugueses nesta situação, principalmente na área

da construção civil e também na parte da jardinagem. Mas nada

de alarmante”, afirmou.

Mais preocupante para este conselheiro é a situação das portuguesas

que trabalham na economia doméstica, que recebem à

hora e que agora não podem trabalhar nem têm apoios sociais.

Domingos Pereira prevê mesmo “um problema sócio-económico

a breve prazo” nesta área.

A Suíça registou perto de 30 mil infectados e 1.600 mortos desde

o início da pandemia de covid-19. A nível global, segundo um

balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200

mil mortos e infectou mais de três milhões de pessoas em 193

países e territórios.

\|

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18 Do nosso cantinho para o vosso cantão

CRÓNICA

As Ferras

ARAGONEZ MARQUES

Teria eu catorze, quinze, dezasseis anos?

Foi por essa altura que decorriam “as ferras”

de que vos falo.

Avisou-me a revista Lusitano de Zurique

que estava na hora da crónica mensal.

Touros, o tema que escolhi, cansado de

tanto Covid-19, ou toiros, talvez não saibam

que se pode dizer de ambas as maneiras.

Touros, mais campestre, mais rural, mais

Alentejo, mais sol de praça. Toiros, mais

cidade, mais finura, mais português de

academia, se academia houvesse, mais lugares

à sombra.

Lembro-me, de cima deste meio século

que tenho, de um barracão, onde se guardavam

as alfaias agrícolas, que nesse dia,

o dia da “ferra”, se transformava em grande

salão de comidas e bebidas.

Uma grande mesa ao meio, muitos cavaletes

a sustê-la. Toalhas grandes, de pano,

algumas bordadas, sobrepostas nas pontas,

esticadas, muitas, cobriam o tampo

da enorme mesa e as patas dos cavaletes.

Sobre elas, uma imensidade de pratos e

iguarias. Nada de garfo e faca nesse dia, à

mão, navalhas abertas e cortantes.

Um exagero de comida que definia, às vezes

por presunção, o lavrador que não lavrava,

o dono da terra, do barracão, das

alfaias, dos cavaletes, das toalhas, dos

pratos, das iguarias e dos toiros.

Toiros.

Que quem os cuidava chamava-lhes touros.

Eram gentes de sol.

Por essa altura, teria o meu pai, que nos

deixou há pouco tempo para sempre e cujo

luto ainda não tive tempo de fazer, pouco

menos do que a idade que tenho hoje, e era

pela sua mão, pois trabalhava nas veterinárias,

que eu tinha contacto com esse dia,

o dia da “ferra”.

Logo cedo, as vacas e os aprendizes de

touro, eram metidas num redondel e contratavam-se

“os forcados”, um grupo dos

próximos, o de Portalegre, o de Sousel...

que os de Alcochete, Vila Franca de Xira,

Coruche ou Santarém, estavam destinados

às “ferras” Ribatejanas, para agarrarem o

gado, um a um, que depois de bem sustido

e caído no chão, era alvo dos ferros em

brasa que dormitavam com as pontas alaranjadas

de calor, no escaldante braseiro

ateado pela manhã e que durava enquanto

houvesse vaca ou cria que não fosse ferrado.

Aproveitavam os donos essa imobilidade

do bicho, e se agarrados uma vez, tudo

se faria aproveitando o momento, não só

a “ferra”, como a vacinação e a recolha de

amostras de sangue para análise da brucelose,

que nessa altura, amedrontava os

bolsos dos ganadeiros, e era aqui, que aparecia

o meu pai e entrava eu, catorze, quinze,

dezasseis anos?

Não sei bem, mas que importa o tempo se

tudo continua igual, ou parecido, só que

eu, deixei de ser convidado, e agora, com

o meu pai em viagem infinita e sem retorno,

darei por encerradas presenças fisicas,

e manterei apenas as memórias que partilharei

com filhos, netos, amigos e com

você.

Depois da “ferra” (a vacinação e a prevenção

de doenças não é mencionada na

especialidade deste dia) apenas o ferro, a

posse, o cheiro a carne queimada, o mugir

agudo das reses... vinha a festa.

Mas não é crítica esta partilha consigo

desta vivência juvenil, e não o é, porque

gostava, direi mais, adorava, e sabendo

que ia acompanhar o meu pai, bem antes

dele acordar, já eu estava desperto, excitação

no corpo, e a enorme expectativa do

dia diferente que iria nascer para mim.

Levávamos o velho Land Rover dos Serviços

Pecuários de Portalegre, a velha Intendência

Pecuária de que o meu pai era

funcionário, e o cheiro do campo misturado

com o “pecuzanol” e o “tibenzol” dentro

do jipe, os saltos do carro pela estrada de

terra, os fato-macacos brancos e aqueles

amanheceres, ainda ocupam um espaço

privilegiado nos meus sentidos.

Depois do trabalho, seguia-se o almoço,

manchando as toalhas com nódoas de

azeitona, molhos de cabrito, sopa de cachola,

pimenta que apaladava os queijos

frescos (comidos antes das análises), e um

sem fim de sobremesas, desde o arroz doce

até às “mousses” de todas as qualidades,

cores e paladares.

Comia-se de pé.

Todos sabíamos porquê, ou quase todos,

pois os noviços de nada se precaviam.

O meu pai, enquanto metia um panado na

boca, segurando com a outra mão o prato,

dizia-me sempre “não tires os olhos dos

portões”.

Eram portões grandes, capazes de engolir

as ceifeiras debulhadoras, um em

cada ponta do barracão, e então, quando

menos se esperava, entrava por um deles

uma vaca brava, tão assustada como nós,

correndo a caminho do outro portão, por

onde entrava a luz e sabia que estava a liberdade.

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CRÓNICA

19

Quanto aos comensais, largavam pratos

e copos, saltavam por cima das toalhas

bordadas, entornavam jarros de pura

cêpa, e as senhoras também, e as crianças,

que os pais arrebatavam num impulso

salvador.

Depois, quando a vaca saía, eram os risos,

os comentários, o sangue que se

aquecia com os copos que se enchiam, a

festa da “ferra”.

Descansava-se depois por ali, debaixo

dos sobreiros, as crianças andando de

burro, as mães vigiando, os pais curtindo

a pançada ressonando pelas sombras, debaixo

das azinheiras ou protegidos pelas

paredes exteriores do sítio da festa.

E às cinco horas, sempre às cinco, havia

um encontro marcado no redondel.

Era o culminar.

As senhoras e as crianças recolhidas sobre

as zorras dos tractores, ou das carroças

de madeira fechadas em círculo.

Os homens, os rapazes, como um ritual,

adrenalina à tona, esperando a saída do

novilho, as correrias à sua frente, os volteios,

as fintas, os medos, os risos da assistência.

Começava então a aparecer no público,

canas ao alto, rachadas nas pontas, com

notas de escudo entaladas.

Os moços, do grupo convidado, que utilizavam

“as ferras” para treinos das corridas

de verdade, com touros de verdade,

sem nada mais receberem em troca do

que o enaltecer da sua vaidade, faziam-se

caros.

Deixavam que mais canas com notas subissem

ao alto, e quando contavam uma

maquia interessante, saltavam para o redondel

demonstrando bravura.

Alinhavam-se em fila indiana, o primeiro

chamava o novilho, pé ante pé, pavoneava-se

frente a frente com o animal.

Batia-lhe as palmas, mais um passo curto,

um salto chamativo, mãos nas ancas,

“ei, touro lindo”, “ei, touro, touro, touro

lindo”, e o novilho arrancava, nobre,

olhos fechados, como fechados ficavam

os braços do forcado galopando na sua

cabeça.

Depois saltavam-lhe em cima os restantes

moços, desmanchando a fila, e um, o

último a largar o touro, o rabojador, agarrado

à cauda do touro e flectindo um joelho,

contrário à perna esticada, riscava

um círculo no chão, como um compasso

marcando a terra.

Recolhiam depois as notas das canas que

se lhes apontavam, era a paga do seu esforço.

A sua bravura, a coragem que aparentavam,

estava arroupada pela técnica, por

muitas “pegas” repetidas, por muitas

instruções passadas pelos mais velhos e

concentradas no “cabo” do grupo.

Podem na praça, reencontrar-se com o

animal da “ferra”, quatro, cinco anos depois,

e aí sim, todo o trabalho aparece na

montra da praça.

Também esses dias fazem parte da minha

memória.

Tinha a sorte da corrida das festas da minha

terra, durar para mim todo o dia.

Enquanto começava para a maior parte

do público às seis da tarde, todos os anos,

religiosamente no dia 23 de Maio, Dia da

Cidade de Portalegre, comemorando o foral

que lhe foi outorgado pelo rei D. João

III, para mim, começava às oito horas da

manhã, visitando os curros com o meu

pai, verificando se os touros estavam em

condições, assistindo ao sorteio dos animais

pelos representantes dos cavaleiros,

à embolação dos touros, vendo as apostas

feitas neste ou naquele animal.

Toda a manhã se falava da corrida da

tarde e, curiosamente, esse não era para

mim o melhor momento.

Começava o crepúsculo da festa e, por

cada hora que passava, o final aproximava-se

doentio.

Depois da corrida, onde por decisão da

lei portuguesa não se matam os touros na

praça, assistia com mágoa ao desenrolar

dos bastidores.

Já não ia ao jantar dos toureiros, onde se

cantava o fado.

O meu pai levava-me para casa, mas um

dia vi.

Vi como sofriam os touros depois da corrida

portuguesa.

São colocados dois barrotes atravessados

num curto corredor, um por cima e

o outro por baixo do pescoço do touro,

tornando-o num animal sem qualquer

defesa.

São-lhe depois arrancadas as farpas, com

uma navalha que lhes retalha a carne e

deixa a nú buracos disformes de carne

viva.

Depois, para que não infecte, disseram-

-me, regam-se os buracos com creolina

enquanto o touro berra e movimenta

as partes traseiras sem sucesso de liberdade.

Várias horas depois, o animal tem febres

altas e, ou morre no matadouro doente

e febril ou, dizem, FOTO:

são levados de novo ALFREDO CUNHA

para os prados onde

se curarão ou não.

Não sei.

Fui testemunha do matadouro, nunca

acompanhei a devolução do animal aos

campos.

Dizem que sim, que se curam, dizem até

que são novamente vendidos para serem

corridos em praças pequenas em negócios

fraudulentos e perigosos para os toureiros.

Talvez por isso, recorde “as ferras”, a

alegria que sentia tão cerca do touro, ou

toiro.

Sol ou Sombra.

Maio 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


20

COVID-19

Suíça anuncia plano para

saída de confinamento

de mais de cinco pessoas continua em vigor,

assim como as recomendações de higiene,

disse Berset.

Estão em andamento os preparativos para que

as empresas de transporte público retomem

os serviços regulares. O governo também está

considerando opções para os organizadores

de eventos de massa, especialmente festivais

de música, competições esportivas, assim

como comícios políticos.

Espera-se que os detalhes sejam anunciados

no final do mês.

Restrições

Grande parte da vida normal ficou parada na Suíça durante semanas(Keystone / Gian Ehrenzeller)

Um primeiro conjunto de restrições foi imposto

pelo governo no final de fevereiro e

as medidas foram sendo gradativamente

reforçadas.

MATTHEW ALLEN E URS GEISER

A Suíça vai começar a flexibilizar o

isolamento social imposto contra a

Covid-19 a partir de 27 de abril, permitindo

que os autônomos reabram

suas portas. As crianças deverão

poder regressar à escolaridade

obrigatória a partir de 11 de maio.

A partir de 8 de junho, os estabelecimentos

de ensino médio e superior, museus, jardins

zoológicos e bibliotecas estarão novamente

abertos, desde que não se verifique um ressurgimento

da pandemia do coronavírus no país.

O governo anunciou o seu plano trifásico para

restabelecer a normalidade na Suíça durante

uma crise que já custou mais de 1200 vidas.

“Isto nos dará a todos uma perspectiva para o

futuro próximo e as empresas têm tempo para

se prepararem para uma reabertura de lojas

sob as regras do distanciamento social e das

precauções de higiene”, disse na quinta-feira

(16) a presidente suíça Simonetta Sommaruga

em uma conferência de imprensa.

Os hospitais também poderão realizar procedimentos

não urgentes a partir de 27 de abril

e os consultórios médicos e odontológicos

poderão reabrir. Negócios como cabeleireiros,

clínicas de massagem, estúdios de tatuagem e

beleza, floristas, lojas de bricolagem e centros

de jardinagem também poderão ser reabertos

na primeira etapa do plano de normalização.

“As restrições serão levantadas para os produtos

que podem ser vendidos no varejo. Os

mercados que vendem outros itens que não

são essenciais para o dia-a-dia poderão então

retomar a venda também”, afirmou o governo.

As medidas que atualmente restringem os serviços

funerários à família imediata também

serão levantadas durante esta fase.

Abordagem cautelosa

O ministro do Interior Alain Berset disse que

o governo escolheu uma estratégia cautelosa

de saída da Covid-19.

“Queremos sair o mais rápido possível e o

mais lento necessário”, disse. “Temos que

evitar uma política de stop-and-go”.

No dia 29 de abril, o governo tomará uma decisão

sobre se deve prosseguir com a segunda

etapa das medidas. Isso envolve a reabertura

das escolas do ensino fundamental em 11

de maio, seguida das instituições de ensino

médio e superior e outros serviços públicos

em 8 de junho.

“A passagem de uma fase para outra depende

de não haver aumento significativo dos casos

de Covid-19. É necessário tempo suficiente

entre cada fase para que os efeitos possam

ser observados”. Os critérios são o número

de novas infecções, admissões hospitalares

e mortes, e as taxas de ocupação hospitalar”,

afirmou o governo.

Distanciamento social

A proibição de reuniões públicas e privadas

Escolas e empresas não essenciais foram

obrigadas a fechar suas portas desde 23 de

março, uma medida que foi posteriormente

prorrogada até 26 de abril.

O governo disse que as pessoas de alto risco

não seriam obrigadas a voltar ao trabalho

imediatamente. As empresas têm o dever de

proteger esses trabalhadores.

Os cantões continuarão monitorando e isolando

as pessoas infectadas para evitar novas

transmissões.

“Para isso, será desenvolvida uma estratégia

de testes ampliada, um conceito de rastreamento

de contatos e um aplicativo que forneça

informações sobre contatos com pessoas

infectadas”.

Fundos

Enquanto isso, o governo decidiu conceder

benefícios financeiros para os autônomos

como parte de um grande pacote de auxílio

para evitar o desemprego.

A medida veio após as pressões políticas das

últimas semanas. A expectativa é que custe

CHF1,3 bilhão (US$ 1,4 bilhão).

Um adicional de CHF20 milhões foi destinado

a um projeto especial de pesquisa Covid-19,

disse o ministro da Economia, Guy Parmelin.

O governo já prometeu CHF42 bilhões em

ajuda financeira, incluindo empréstimos e

um subsídio de desemprego de curto prazo.

Adaptação: Fernando Hirschy, swissinfo.ch

Autor escreve em português do Brasil

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COVID-19

21

Compensações para

assinantes anuais e

mensais do ZVV

SANDRA FERREIRA

(*)

Devido à situação excepcional, muitos assinantes

de transporte público, em Zurique, não podem usar

sua assinatura normalmente. O setor de transporte

público concordou com uma solução nacionalmente

uniforme e compensa os proprietários de

assinaturas anuais e mensais com um total de 100

milhões de francos.

Em nome do governo federal, as empresas de transporte

da ZVV ( Zurique Verkersverbund) fornecem

grande parte do serviço regular todos os dias, mesmo

durante a crise do corona. A oferta no ZVV não

cobre custos, mesmo em condições normais, e deve

ser subsidiada com dinheiro dos impostos. Devido ao

grande declínio de passageiros, o ZVV perde agora

receita adicional de bilhetes praticamente pelo mesmo

custo. Apesar dessa situação difícil, os titulares

de uma assinatura anual da ZVV recebem 15 dias

adicionais únicos em sua assinatura. Os assinantes

mensais também recebem um crédito equivalente a

15% de sua assinatura pela compra da próxima assinatura.

Assinaturas anuais

Quem se beneficia da compensação?

Todos os titulares de assinatura que tenham uma assinatura

anual válida no último dia da situação excepcional.

A data exata dessa data limite será anunciada

oportunamente.

Como titular de uma assinatura anual da ZVV, o

que devo fazer para me beneficiar da extensão?

O período de validade da assinatura anual da ZVV

é automaticamente prorrogado por 15 dias. Não há

necessidade de ir ao balcão. Os assinantes serão informados

oportunamente.

A implementação técnica concreta está sendo elaborada.

Informações mais detalhadas serão fornecidas

posteriormente.

Assinaturas mensais

Quem se beneficia da compensação?

Qualquer pessoa com uma assinatura mensal válida

até 17 de Março de 2020.

Como titular de uma assinatura mensal da ZVV, o

que devo fazer para receber o crédito?

Os titulares de assinaturas mensais pessoais receberão

um comprovante da ZVV, que poderá resgatar

on-line ou no ZVV-Contact. Pedimos sua paciência,

pois os processos e sistemas precisam ser configurados

especificamente para o caso atual.

(*) Fonte: www.zvv.ch

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22 AGENDA

Sexta-feira - 1.5.

NOTAS IMPORTANTES DO CONSE-

LHO FEDERAL

Mantenha pelo menos 2 metros de distância

de pessoas fora de sua casa e lave as mãos

regularmente. Grupos de mais de 5 pessoas

continuarão sendo multados. O Conselho

Federal decidiu relaxar as medidas de proteção

contra o novo vírus corona em três

etapas. A partir de 27 de Abril cabeleireiros,

estúdios de massagem e cosméticos podem

começar a operar novamente. Lojas de ferragens,

centros de jardinagem, floriculturas e

centros de jardinagem também podem abrir

novamente. Se a situação permitir, a partir

do 11 de Maio reabrir as escolas obrigatórias

e todas as lojas. Se não houver mais aumento

de infecções, a partir do 8 de Junho reabrir

escolas de ensino médio, escolas e universidades,

cursos de alemão e integração, além

de museus, zoológicos e bibliotecas.

http://www.bag.admin.ch/bag/de/home/das-

-bag/aktuell/medienmitteilungen.msg-id-78818.

html

Sábado- 2.5.

ARTE APESAR DO CORONA

“Haus Konstruktiv” oferece um programa

alternativo a cada semana. Obtenha informações

sobre exposições e eventos passados,

além de informações básicas sobre a coleção

e idéias de artesanato para crianças, famílias

e professores. Grátis.

http://www.hauskonstruktiv.ch/deCH/vermittlung/museum-at-home-wt1746.htm

DOMINGO- 3.5.

CAFÉ DA LÍNGUA ONLINE

Pratique falar alemão. O “Maxim Theatre”

oferece um café com idiomas on-line. Fale em

um ambiente aconchegante em alemão sobre

uma ampla variedade de tópicos e conheça

novas pessoas. Informações em: www.maximtheater.ch.

Qua / Qui 17: 00-18: 30. Grátis.

http://www.maximtheater.ch

SEGUNDA-FEIRA - 4.5.

LIÇÕES PARA CRIANÇAS ESCOLA-

RES

As escolas estão até 11 de Maio fechadas.

Por esse motivo, o site “Schlaumeier” oferece

aulas interativas diárias, contribuições

e um programa de exercícios para crianças

em idade escolar. Seg-Sex 9:00 Aprox. 30

min. Grátis.

http://www.schlaumeier.online

TERçA-FEIRA - 5.5.

ACONCELHAMENTO DE VIDEO E

TELEFONE PARA ADOLESCENTES

Você quer nos contar uma coisa? Você está

entediado? O que te preocupa? Como está

indo a escola? O que está acontecendo em

casa? Os trabalhadores ouvem-te e ajudam

ainda mais. Uma oferta do “GZ-Höngg”. Seg

079 771 68 04. Ter 079 172 13 35. Qua 079

792 51 19. Qui 077 991 74 38. 19: 00-21: 00.

Grátis.

http://www.gz-zh.ch/gz-hoengg/programm/

QUARTA-FEIRA - 6.5.

LINHA DE INFORMAÇÃO AOZ PARA

REFUGIADOS

A crise da corona afeta todos nós. Você tem

alguma pergunta? O que vem a seguir? Aqui

você encontrará todas as informações importantes

sobre a situação actual da corona.

Ligue ou escreva-nos via SMS ou WhatsApp.

Você pode obter informações em: árabe, Badini,

dari, inglês, persa, francês, Kurmanci,

somali, tâmil, tigrínia, turco, urdu. Grátis.

Informações em:

http://www.stadt-zuerich.ch/aoz/de/index/

integration/erstinformation/hotline.html

QUINTA -FEIRA - 7.5.

APRENDA ALEMÃO EM CASA

No grupo do Facebook “Aprenda alemão em

casa”, você encontrará informações para seu

auto-estudo. Por exemplo, descubra quais

aplicativos gratuitos você pode usar. Você

precisa de ajuda ou conselho para cursos de

alemão? Ligue para nós. Residente na cidade

de Zurique: qua / qui 09: 30-11: 30; 077 814

09 21 (alemão, inglês, francês, espanhol).

Residente no cantão de Zurique: seg / qua

14: 00-16: 30; 079 762 81 12 (alemão, inglês,

francês, espanhol, turco) e 077 814 09 21

(alemão, inglês, francês, espanhol) ou escreva

um e-mail para: deutschmobil@aoz.ch. Grátis.

http://www.facebook.com/deutschlernenzuhause/

SABADO - 9.5.

EXPERIÊNCIAS PARA CRIANÇAS

Faça experiências simples, mas impressionantes,

com seus filhos. Os materiais que

você tem em casa, como papel, caneta, água,

sabão etc. são gratuitamente.

http://www.youtube.com/watch?v=27xj-

QxazkZI

SEGUNDA-FEIRA - 11.5.

CONHEÇA AMIGOS E FAMÍLIA VIR-

TUALMENTE

Com o aplicativo “Zoom”, você pode conversar

com seus amigos, conhecidos e parentes

em um telefone com vídeo. Um grupo pode

conter no máximo 100 pessoas. Apenas uma

pessoa no grupo precisa do aplicativo. Mais

informações:

http://www.zoom.us

TERçA-FEIRA - 12.5.

CONSELHOS SOBRE DINHEIRO E

DÍVIDA

O “Caritas Zurich” oferece pequenos conselhos

para famílias e pessoas necessitadas.

Você receberá informações sobre reclamações

e indenizações devido a horas reduzidas

de trabalho, perda de ganhos, trabalho

de curta duração ou assistência a crianças.

Ligue: seg / ter / qui, das 13h30 às 17h e das

sextas das 8h30 às 12h; 044 366 68 28 ou

escreva um e-mail: beratung@caritas-zuerich.ch.

http://www.caritas-zuerich.ch/kurzberatung

QUARTA-FEIRA - 13.5.

LEITURA DE LITERATURA NA SALA

DE ESTAR

A plataforma “Voicerepublic” oferece uma

grande variedade de “podcasts”. Ouça entrevistas,

leituras e conversas emocionantes

com os autores. Como a conversa com o autor

“Hans Pleschinski” sobre o assunto da Europa

Oriental. Grátis.

http://www.voicerepublic.com/users/literaturhaus-zuerich

QUINTA-FEIRA - 14.5.

CINEMA EM CASA

Todos os cinemas estão fechados. Por esse

motivo, os cinemas suíços oferecem filmes

do programa actual para download em casa.

O filme é seu por 48 horas e você pode assis-

Maio 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


O Musée Visionnaire oferece um novo

workshop on-line toda semana. Deixe-se

inspirar e crie sua própria arte. Para jovens

e idosos. Grátis.

http://www.museevisionnaire.ch/museehome/

AGENDA

TERÇA-FEIRA - 26.5

23

ti-lo quantas vezes quiser. Desde CHF 7,50.

http://www.myfilm.ch

SEXTA-FEIRA - 15.5.

CONCERTOS DE ROCK NA SALA DE

ESTAR

O canal Royal Republic do YouTube traz concertos

de rock diretamente para sua casa.

Escolha entre uma ampla variedade de programas

ao vivo e gravações de concertos anteriores.

Grátis.

http://www.youtube.com/channel/UCi6xHR-

2FPSGnl0HKMo70onw

SABADO - 16.5.

CAMINHAR NA FLORESTA

Observe as informações fornecidas pelo governo

federal. Mantenha pelo menos 2 metros de

distância de pessoas que não moram em sua

casa. Aproveite o sábado em uma caminhada

em uma das florestas da cidade de Zurique.

Tem várias maneiras marcadas.

http://www.stadt-zuerich.ch/ted/de/index/

gsz/natur-erleben/stadtwald

DOMINGO - 17.5.

FORMAÇÃO EM CASA

Você gostaria de praticar desporto em casa?

“Ajustar em casa” mostra planos de treinamento

e exercícios que você pode imitar facilmente

na sua sala de estar. Você não precisa

de nenhum equipamento. Grátis.

http://www.youtube.com/watch?v=RmmM-

11fzlKk

SEGUNDA-FEIRA - 18.5.

OFICINA DE ARTE

TERçA -FEIRA - 19.5.

LEIA E OUÇA

As bibliotecas estão fechadas até pelo menos

8 de junho. Aqui você encontrará uma lista

de mídias para crianças e jovens. Seja aluguel

on-line, plataformas de “streaming”, recessões

de livros ou entrevistas. Você definitivamente

encontrará aqui. Grátis.

http://www.sikjm.ch/literale-foerderung/

anregungen-zum-lesen/

QUARTA-FEIRA- 20.5.

IDEIAS DE JOGO PARA CRIANÇAS

Neste site, você encontrará cerca de 50 idéias

de jogos em ambientes fechados. Para crianças

de 3 a 14 anos. Transforme o quarto das

crianças em uma pista de obstáculos ou faça

uma caça ao tesouro juntos. Grátis.

http://www.familie.de/kleinkind/kinderspiele/indoorspiele/

QUINTA-FEIRA - 21.5.

DESPORTO NA NATUREZA

Observe as informações fornecidas pelo governo

federal. Mantenha pelo menos 2 metros

de distância de pessoas que não moram em

sua casa. Vitaparcours são sinalizados rotas

de corrida na floresta. Eles estão disponíveis

ao público e oferecem aos entusiastas do desporto

uma grande oportunidade de exercitar

resistência, força, flexibilidade e coordenação

ao ar livre. Sinais indicam vários exercícios

desportivos. Visão geral das rotas:

http://www.zurichvitaparcours.ch

SEXTA-FEIRA - 22.5.

VIAGEM VIRTUAL

Descubra novos países, culturas e paisagens

de tirar o fôlego. Você encontrará uma

variedade de documentação no site “Arte”.

Por exemplo, vá no “Adventure Equator” e

descubra os trópicos. Em alemão, francês e

inglês. Grátis.

http://www.arte.tv/de/videos/entdeckung-

-der-welt/reisen/?page=3

SABADO - 23.5.

PLANTA AS SUAS PRÓPRIAS VE-

GETAIS

Você pode cultivar vegetais facilmente com

muitos resíduos de cozinha. Por exemplo,

plante cebolas, erva-doce e gengibre. Você

pode encontrar as instruções em:

http://www.smarticular.net/tricks-um-pflanzliche-kuechenabfaelle-in-neue-gesunde-pflanzen-zu-verwandeln

MUSEU DIGITAL

O “Museu do Design” oferece várias ofertas

online. Faça um tour virtual, explore a coleção

de forma independente ou assista a entrevistas

com artistas e designers. Grátis.

http://www.museum-gestaltung.ch/de

QUARTA-FEIRA - 27.5.

CLUBE VIRTUAL

Você gosta de música eletrônica? Durante a

crise de Corona, há uma transmissão diária

dos famosos clubes de Berlim. Desfrute de

música de clube ao vivo na sua sala de estar.

19:00. Grátis.

http://www.arte.tv/de/videos/RC-019297/

united-we-stream/

QUINTA-FEIRA - 28.5.

JOGOS AUDITIVOS PARA JOVENS

E IDOSOS

O rádio suíço oferece mais de 250 peças de

rádio. Vários oradores e músicos dão vida

a histórias. Ouça um thriller emocionante,

experimente o mundo colorido dos contos

de fadas com seus filhos ou descubra novos

tópicos interessantes nos “Podcasts”. Grátis.

http://www.srf.ch/audio/hoerspiele-geschichten

SEXTA-FEIRA - 29.5.

DOCUMENTAÇÕES ANIMAIS E DA

NATUREZA

A estação de televisão britânica “BBC” mostra

em seu canal “YouTube” uma grande variedade

de imagens espetaculares da flora e fauna.

Obtenha informações interessantes sobre o

mar profundo ou a selva para você e sua família.

Apenas em inglês. Grátis.

http://www.youtube.com/BBCEarth

DOMINGO - 31.5.

APTIDÃO GRÁTIS

Observe as informações fornecidas pelo governo

federal. Mantenha pelo menos 2 metros

de distância de pessoas que não moram em

sua casa. Pergunte se a instalação está aberta.

Treine sua força e resistência nas instalações

desportivas “Zürifit Brunau” ao lado do

“Freestyle Park Allmend”. Você usa bancos,

degraus e seu próprio peso corporal para os

exercícios. Os exercícios são explicados em

um quadro negro com fotos. Grátis.

Zürifit Brunau. Moosgutstr.

Tram 5/13/17 oder Bus 89 bis „Saalsporthalle”.

http://www.sportamt.ch/zuerifit

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24

ECONOMIA

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ECONOMIA

25

Imagine receber um Rendimento

Básico Incondicional (RBI),

só porque existe

IVO MARGARIDO (*)

Hoje enfrentamos duas ameaças − a do vírus e a

económica. A ameaça de insegurança económica é

no mínimo tão preocupante como a primeira. Este

cenário pandémico veio revelar a fragilidade da nossa

sociedade a vários níveis e para além da pressão

que exerce sobre o Sistema Nacional de Saúde, tem

ainda o efeito colateral de exacerbar as desigualdades

existentes. Porém, não é o único flagelo que a

civilização moderna terá de enfrentar nos próximos

tempos. De facto, a automação também vai mudar o

futuro muito próximo do trabalho, sendo que o desemprego

tecnológico afectará profundamente as

nossas vidas. Segundo um relatório realizado pela

consultora McKinsey Global Institute, a robótica eliminará

800 milhões de empregos, em todo o mundo,

até 2030. As pessoas ver-se-ão então forçadas a encontrar

uma nova ocupação e muitas não voltarão

a encontrar um emprego. A agravar esta realidade

surge a insustentabilidade do atual modelo do sistema

monetário, cujo colapso iminentemente inevitável

é matematicamente demonstrável.

Num cenário em que a população mundial continua

a crescer, a necessidade de evoluir para um novo

paradigma social torna-se assim urgente, se quisermos

evitar uma catástrofe humanitária, à escala

global, sem precedentes. Uma das soluções lógicas

seria a introdução do RBI – Rendimento Básico Incondicional.

continua...

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26

ECONOMIA

A recente pandemia provou-nos, enquanto sociedade

supostamente organizada, que não estamos

preparados para enfrentar cenários desta natureza.

Deste acontecimento, podemos destacar o impacto

dramático nas áreas da saúde e da sustentabilidade

económica de cada indivíduo. As taxas de desemprego

estão a aumentar em todo o mundo. As medidas

restritivas relacionadas com o coronavírus continuam

e as economias ressentem-se. As empresas

estão em dificuldade e algumas são obrigadas a

demitir funcionários. Ainda vivemos em pleno este

cenário dantesco que já outras ameaças espreitam;

o desemprego tecnológico, que deriva da substituição

da acção humana por robots nas várias dimensões

do mundo do trabalho e nos mais diversos

processos de produção, afectando não só a indústria,

mas também a área de prestação de serviços,

é outro cenário aterrador a considerar. A OCDE faz

previsão sombria para o futuro da empregabilidade.

O avanço tecnológico poderá ser no futuro o maior

causador de desemprego, seja pela necessidade de

maior especialização por parte dos trabalhadores

para manuseamento de novas máquinas e tecnologias

ou pela dispensa total da mão de obra humana.

A modernização trouxe a redução de custos na produção

em grande escala e preços de mercado mais

baixos. Mas também trouxe a redução do número

de trabalhadores necessários para a realização de

determinadas tarefas, ou seja, trouxe também o

aumento da taxa de desemprego.

Como podemos competir com algo que não tem férias,

não descansa, não tem tempo reservado para

a família e não recebe ordenado?

Somemos a este cenário a deficiência e a inevitabilidade

de colapso do sistema financeiro, que tem

funcionado como um gigantesco esquema “ponzi”,

onde os novos devedores permitiam, até então,

manter a velocidade do crédito. Para melhor entendimento

do mecanismo de criação do dinheiro, convido

à leitura do dossier informativo “A FRAUDE DO

SISTEMA MONETÁRIO” que disponibilizo através do

seguinte link: https://cutt.ly/UyanTzy

Porém, no actual cenário de pandemia mundial, a

economia abrandou drasticamente em resultado da

imposição de medidas restritivas relacionadas com

o coronavírus. Se a Família B conseguir pagar a totalidade

da dívida mais os juros, então a sua conta

volta a ficar a “zeros”, ou seja, no ponto em que se

encontrava antes de pedir o crédito. Mas é uma ilusão

supor que todas as famílias obtenham este êxito,

porque é matematicamente impossível todos conseguirem

pagar a totalidade dos empréstimos mais os respectivos

juros. Resumindo, todo o dinheiro em dívida

somado aos respectivos juros ultrapassa a totalidade

existente em circulação. Assim, a dívida cresce a um

Ao verificar-se o incumprimento dos novos devedores,

o sistema fica sem a opção de conceder mais

crédito e, à medida que esta opção se cristaliza

com o tempo, o sistema inteiro entra em colapso

e requer injecções de liquidez na esperança de que

os fluxos voltem à normalidade. A habituação do

ADN colectivo à dependência do crédito produziu

este retorno à normalidade durante várias décadas.

Mas até o ADN acusa fadiga e esta co-dependência

ao crédito recorda os sintomas da escravatura: é

a escravatura da dívida. Assim, enquanto todas

aquelas famílias a quem lhes foi emprestado o dinheiro

vão produzindo e trocando bens por algarismos

informáticos, o dinheiro circula pela economia.

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ECONOMIA

27

efeitos estrondosamente devastadores tanto para a

natureza como para o ser humano, que há muito se

desligou da sua essência. Este, foi o cenário que nos

conduziu ao caos. Adquiramos a consciência colectiva

de que não vivemos apenas para sermos meros

escravos e consumidores. Urge por isso abandonar

o actual sistema que assenta na competição desenfreada,

que tantos malefícios provoca no mundo.

Surge naturalmente a necessidade de evoluir para

um novo paradigma social baseado na cooperação e

respeito pelo todo. Nesta perspectiva, o RBI (Rendimento

Básico Incondicional) surge como uma

solução lógica. Vejamos o que refere o Artigo 67.º

da Constituição da República Portuguesa (Família):

1. A família, como elemento fundamental da sociedade,

tem direito à protecção da sociedade

e do Estado e à efectivação de todas as condições

que permitam a realização pessoal dos

seus membros.

2. Incumbe, designadamente, ao Estado para

protecção da família:

a) Promover a independência social e económica

dos agregados familiares;

ritmo exponencial que requer crescimento perpétuo

para não entrar em colapso. Isto conduz à inevitabilidade

matemática de incumprimentos e falências pois

não há simplesmente dinheiro suficiente na economia

para pagar todas as dívidas aos Bancos. A título de

indicador, em 2016, a dívida mundial era quase 3 vezes

o PIB mundial (270%). A incapacidade de pagar

a dívida e consequentemente entrar em falência

não é uma fraqueza de um agente económico; é

uma imposição do Sistema Bancário à sociedade

como um todo.

A imposição de crescimento perpétuo para “alimentar”

o actual modelo do sistema financeiro produz

Ao invés do estipulado nas alíneas 1 e 2 a), o mecanismo

de reservas fraccionarias demonstra-nos que

o actual sistema monetário não protege as famílias

nem promove a independência social e económica

dos agregados familiares; fica patente que fomenta

a sua destruição. Também a alínea a) do Artigo 81.º

da CRP (Incumbências prioritárias do Estado) menciona

que “incumbe prioritariamente ao Estado no

âmbito económico e social, promover o aumento do

bem-estar social e económico e da qualidade de vida

das pessoas, em especial das mais desfavorecidas,

no quadro de uma estratégia de desenvolvimento

sustentável”. Mas, serão estes os resultados que todos

nós observamos? Muito haveria a escrever acerca

destes mecanismos e da própria responsabilidade

dos decisores políticos, nesta matéria.

Estamos agora todos confrontados com este cenário

de caos que exige de nós uma mudança drástica de

hábitos e de paradigma social. Em Espanha, o governo

prepara-se para avançar, já em Maio de 2020,

com um projecto piloto que tem como objectivo último

a implementação do RBI (Rendimento Básico

Incondicional), e não apenas com carácter temporário.

Não é caso único. Os EUA já anunciaram que vão

dar a cada cidadão 1200 dólares (cerca de 1100 euros),

quantia que é reduzida para quem ganhe mais

de 75 000 dólares anuais. Quem ganhe mais de

90 mil fica de fora.

O RBI ainda está a dar os primeiros passos, sendo necessário

padronizar e harmonizar o modelo a aplicar

continua...

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28

ECONOMIA

globalmente. A complexidade destrutiva do actual

sistema financeiro exige uma mudança progressiva

para que a sociedade no seu todo possa reorganizar-se

e adaptar-se em tempo útil a esta mudança

de paradigma. Todavia, é imperativo abandonar a

actual indexação da criação do dinheiro a dívidas, já

que para injectar capital no stock de moeda é imperativo

produzir perpetuamente dívidas, que se tornam

impagáveis. O recente parecer da EAPN - Rede

Europeia Anti Pobreza em Portugal relembra que,

“o número de trabalhadores com salário mínimo

passou de 9,4% em Abril de 2010 para 25,6% em

Abril de 2018. Nesse mesmo ano, num contexto de

crescimento do emprego, aumentou a proporção de

trabalhadores pobres, passando de 9,7%, em 2017,

para 10,8%”. Mais ainda, mesmo sem qualquer

choque na economia, como o que poderemos viver

com a crise de saúde pública actual, em 2019 “33%

da população portuguesa não conseguia assegurar

o pagamento imediato de uma despesa sem recorrer

a empréstimo”, de acordo com a mesma fonte.

Dinheiro no bolso das pessoas é dinheiro na economia.

Mas o que é o RBI? É uma prestação do Estado

em dinheiro que seria atribuída a cada cidadão independentemente

da situação financeira e profissional

de cada pessoa e num montante suficiente

que permita a cada um assegurar as necessidades

básicas para uma vida digna. E sem limites temporais:

idealmente, tratar-se-ia de uma prestação

universal (para todos), incondicional (livre de obrigações)

e para a vida. Este modelo transforma o

trabalho numa opção voluntária e adicionalmente

remunerada, podendo até criar um mercado de

trabalho mais eficiente, na medida em que ter um

rendimento assegurado permitiria às pessoas fazer

uma reconversão profissional que noutras circunstâncias

não seria possível.

Benefícios do Rendimento Básico Incondicional.

O rendimento básico incondicional, não é para os

“mandriões que praticam o surf!”. A instauração

de um rendimento básico incondicional responde

a uma necessidade cada vez mais partilhada nos

países desenvolvidos. Quem quer que seja que se

debruce seriamente sobre esta matéria perceberá a

oportunidade evolutiva que tal modelo representa

para a sociedade humana no seu todo. O RBI permite

eliminar a pobreza e a insegurança económica,

quaisquer que sejam as suas causas e formas,

tratando todas as pessoas por igual. Permite lutar

contra a degradação da qualidade de vida e a violência

social causada pelo desemprego e a precariedade.

Dissolvem-se os monopólios, extinguem-

-se os sistemas escravizantes, cessam as guerras;

estes fenómenos serão tendencialmente memórias

do passado.

A tecnologia e os robots passam a estar ao serviço

da humanidade, substituindo as pessoas nas

tarefas / trabalho e devolvendo-lhes o bem mais

precioso de que dispõem; TEMPO PARA VIVER!

Pergunte a si mesmo(a) o que faria se auferisse o

RBI. Estou certo de que as pessoas seriam muito

mais felizes, podendo alocar tempo ao desenvolvimento

dos seus dons e talentos, fazendo o que

realmente gostam. Beneficiariam de tempo para a

família, para os amigos, para ajudar o próximo num

modelo de cooperação. O trabalho passa a ser opcional;

a ideia do RBI resulta de o desemprego, a

desigualdade, a insegurança e a pobreza serem problemas

persistentes e sem solução à vista, mesmo

nas sociedades mais desenvolvidas. O RBI deixa de

ser um instrumento ao serviço do mercado, passando

a ser uma solução para as suas disfunções.

Possíveis efeitos positivos no trabalho: escolher e

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ECONOMIA

29

conciliar trabalho remunerado, voluntário e doméstico,

facilitar o auto-emprego e o acesso ao crédito,

permitir o trabalho a tempo parcial, e proporcionar

maior liberdade de escolha de emprego.

Com tal enquadramento é também a própria saúde

da sociedade que melhora substancialmente porque

estará menos exposta ao stress e pressões do actual

sistema, desde logo pela ansiedade gerada com

a preocupação de pagar as contas mensais em situações

cada vez mais numerosas em que o orçamento

familiar já não o permite. Esta nova realidade fomenta

uma redução substancial de custos para o Sistema

Nacional de Saúde. Por fim, protege-se o planeta pois

com o abandono do actual modelo económico cessa

a necessidade de crescimento perpetuo e respectivo

consumo desmedido imposto pela sua génese.

Preservam-se assim recursos naturais muitas vezes

estrategicamente desperdiçados pela obsolescência

programada dos bens comercializados. Obviamente,

esta é uma exposição genérica e superficial deste

novo paradigma social, que carece de planeamento

pormenorizado e de uma apresentação detalhada.

Como pode ser financiado?

Poderá ser tão simples quanto isto; basta imprimir

moeda (quantia genérica igual para cada cidadão com

escalões de diferenciação de idade) e a curto prazo

evoluir para plataformas digitais Blockchain (moeda

digital), cujo modelo contribui para a preservação

ambiental.

A União Europeia deve avançar para esta solução -

pôr dinheiro directamente no bolso de todos os cidadãos

europeus. Este mecanismo tem uma função

social, de combate à carência no imediato, injectando

dinheiro na economia - em vez de o fazer por cima,

pelos bancos, como aconteceu na crise de 2011, seria

feito através das pessoas, colocando-lhes o dinheiro

directamente na conta. Se dermos a cada cidadão

europeu 1000 euros, a cada cidadão menor de

idade 500 euros, essas pessoas não vão pôr o

dinheiro nas ilhas Caimão, num paraíso fiscal. Vão

comprar coisas, eventualmente aforrar, vão pagar algumas

dívidas, a renda de casa, o arranjo do carro ...

metem o dinheiro na economia real. Com isso, conseguimos

as duas valências que estamos à procura:

prevenir situações de carência e fazer o

dinheiro circular na economia real.

Com este modelo, não haverá necessidade de uma

parte da sociedade trabalhar por forma a contribuir

para “alimentar” o sistema, para que outros usufruam

do Rendimento Básico Incondicional. Garantir a sua

universalidade é uma forma de promover a solidariedade

e impedir a estigmatização.

O RBI é a tradução prática de direitos consagrados

na Constituição e na Carta dos Direitos Humanos. Todos

os cidadãos têm direito a condições de existência

dignas. Porém, não é necessário ser-se cientista para

constatar que esse direito não é respeitado ou sequer

considerado, decorrendo da opção de determinadas

Elites que implementaram sistemas escravizadores

que potenciam o contr olo de massas. Teremos de

enfrentar os “donos do mundo” que naturalmente

tudo farão para preservar os seus privilégios e domínio

sobre as classes submissas, que regulam e sobre

as quais constroem as suas regalias. Porém, a prazo,

será um esforço vão uma vez que o sistema de reservas

fraccionarias, introduzido no actual modelo económico

por outro grupo de Elite, que considero libertária,

está a provocar o colapso do sistema financeiro,

que sustenta os seus “impérios” criados com o suor

das classes submissas, libertando assim a Humanidade

da sua escravidão.

Sejamos pacientes, aproxima-se uma nova era…

(*) Vive em Lausana - Division Director da Buildings in Motion -

Switzerland - General Manager / Music Producer na Starzone

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30

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COMUNICADO

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NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL

Apoio social às Comunidades Portuguesas no estrangeiro

O apoio aos cidadãos nacionais no estrangeiro tem sido uma área importante no

quadro das medidas que o Governo tem vindo a adotar para reduzir o impacto

da pandemia Covid-19.

Num primeiro momento, a ação neste domínio foi orientada para apoiar os

milhares de portugueses inesperadamente impedidos de regressar ao nosso país

pelo rápido alastramento da pandemia.

O Governo, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, conseguiu já

resolver mais de 80% das situações de portugueses que pediram apoio para

regressar e ao mesmo tempo tem estado, através dos consulados e embaixadas,

a dar apoio social aos nacionais que o solicitam, seja através da linha Covid-19,

que continua a funcionar, seja da linha de emergência consular, seja das linhas

telefónicas e endereços eletrónicos disponibilizados pelos consulados e

embaixadas localmente.

As linhas Covid-19 e do Gabinete de Emergência Consular receberam 17.600

chamadas telefónicas e 12.800 mensagens eletrónicas desde o início da

pandemia, continuando esse trabalho em estreita articulação com os

consulados e as embaixadas.

Neste quadro, as embaixadas e os consulados foram instruídos pela Secretária

de Estado das Comunidades Portuguesas, através da Direção-Geral dos Assuntos

Consulares e das Comunidades Portuguesas, para avaliar o impacto social da

pandemia nas comunidades portuguesas, tanto em matéria de

emprego/desemprego, como no acesso dos portugueses a políticas locais

extraordinárias que foram implementadas nos diferentes países para acorrer a

situações mais gravosas, incluindo de cidadãos indocumentados e detidos.

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ÓBITO

Morreu autor do ‘slogan’

“Soares é fixe”, Adelino Vaz

Fotos: Direitos Reservados

LUSA

O autor do ‘slogan’ "Soares é fixe", nas presidenciais

de 1986, Adelino Vaz, ex-dirigente da JC, morreu e foi

sepultado na quinta-feira dia 30 em Lisboa.

Apoiante de Mário Soares (1924-2017) ao longo dos anos, Vítor Ramalho

recordou, em declarações à Lusa, que o ‘slogan’ que “se colou à pele” do

fundador do PS e antigo Presidente da República surgiu numa discussão

entre dois jovens, na altura, António Ribeiro e Adelino Vaz, que

era do CDS e antigo dirigente da Juventude Centrista.

Aconteceu, descreveu, numa reunião, ainda em 1985, do MASP (Movimento

de Apoio Soares a Presidente), “numa altura em que as sondagens

davam 8%” ao fundador do PS e que, nas urnas, derrotou Freitas do

Amaral e esteve no Palácio de Belém até 1996.

Adelino Vaz morreu no início do mês em Faro, mas o seu funeral só se

realizou no dia 30, no cemitério do Lumiar, em Lisboa, em resultado

de uma ação solidária de militantes do PS que o conheceram.

“Fiz parte desta história”

“Esta foi uma campanha à maneira antiga”

MANUEL ARAÚJO

Em reacção à notícia da morte de Adelino Vaz,

António Manuel Ribeiro esclareceu na sua

página do Facebook (https://bit.ly/35jD-

Joa) que, “O António Ribeiro da notícia sou

eu, o slogan ficou decidido em Coimbra, onde

arrancou num comício festa a primeira volta

das presidenciais. Tempo de voluntarismo

que juntou socialistas, independentes (como

eu), gente do PSD (como Nuno DeleRue) e do

CDS (como Adelino), e na segunda volta o PC.

Nunca mais vi o Adelino - a notícia é triste

como o breu da noite.”

No meu mural, também do Facebook, (http://

www.shorturl.at/kwGJ8) complementa

e diz que - “Esta foi uma campanha à maneira

antiga. O Dr. Soares, quando entrou

na corrida, nem 8% das intenções de voto

tinha, como diz a notícia. Seriam 7, 3 ou 7,6.

valeu, foi uma grande lição de vida. Fiz parte

desta história.

No fim de tarde em que tirei a foto estava com

febre, mas o Luís Vasconcelos (fotógrafo) e

a mulher lá me puseram a sorrir”.

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CRÓNICA

33

A vida fugia…

ANTONIO MANUEL RIBEIRO (*)

A história de hoje é, por ventura triste, ou será antes uma história de arrepiar

caminho e fazer o trabalho didáctico: os mais velhos que me lêem, para os mais

novos que nem o mundo vêem, cheiram ou desfrutam – é só visor, tropeção e

cara de enfado.

Há um ano tive a honra de ser convidado para participar na Gala do 25/04, que

se realizou no Coliseu dos Recreios, organizado pelo Associação 25 de Abril e

pela RTP. O Carlos Alberto Moniz dirigia a orquestra e eu fui cantar “Vejam

Bem”, do José Afonso, à minha maneira. Curiosidade além da música: o Zeca,

o Carlos e eu nascemos os três no dia 2 de Agosto.

Vi gente que envelheceu, naturalmente, com a soma dos dias, não vou citar nomes,

mas vi gente sentada nos bastidores por já lhe ser difícil aguentar as horas que

levou o programa a gravar. O Patxi Andion e o Pedro Barroso (muito debilitado)

já cá não estão; o Zé Mário Branco, que não integrava o elenco, também já partiu.

Pensei com o zip do meu blusão de cabedal: comecei com eles, já fui o puto,

estou aqui com honra e orgulho, mas não sei se haverá celebrações do 25 de

Abril dentro de dez anos.

Em muito momentos das últimas quatro décadas e meia da vida colectiva nacional,

opus-me a teorias rapaces de tornar Portugal a Albânia do Atlântico,

procurei o equilíbrio, a herança cultural europeia, uma sociedade nossa, mais

justa e solidária – custa-me os contínuos relatórios sobre a pobreza como se

fosse um dado inevitável e endémico. Não é.

Olho para os países do norte da Europa e pergunto-me por que não fazemos

bem para todos, sem excluídos, cultos, capazes, determinados. Pergunto-me.

Li os argumentos para anular a celebração do 46.º aniversário do 25 de Abril de

1974 na AR com estupefacção, incluindo amigos meus que, sem argumentário

se agarraram à bóia do preconceito, que se define como um conceito prévia sem

a devida fundamentação. Até me ri, quando o deputado do CDS João Almeida

alegou que a Páscoa também não foi celebrada. Foi, senhor deputado, no recato

dos lares e dos corações, e Deus, o seu Deus, não se importou, como se sabe

pelas notícias. De resto, na AR nunca de celebram festas religiosas, porque há

várias religiões em Portugal, um país laico. Triste e débil.

A cerimónia que se irá desenrolar na AR (que continua em actividade, seguindo

um plano de contingência) no dia 25 não é uma festa, essas, de ajuntamento

popular, estão interditas. A homenagem que ali irá decorrer é feita contra o

esquecimento e as tentativas de relativizar a data fundadora do regime democrático

que vivemos por acção do golpe de Estado de 1974. Cuidado, é nestes

momentos que os bandos populistas, os desordeiros da razão da vida erguem

a voz, e amanhã as armas. Lembro-me da ditadura e por isso NÃO, obrigado!

Na data do 25 de Abril celebra-se também a a memória de todos os jovens da

minha geração, e das anteriores, que deixaram o seu sangue em África, que

serviram de carne para canhão numa guerra sem sentido.

Alegrem-se, o Sol nasce todos os dias. Esta canção (versão acústica) era inevitável.

Nova versão, novo vídeo – ‘BORA LÁ PORTUGAL! Esta versão acústica estava

pronta para sair mais à frente, mas o momento que vivemos exige o contributo

de todo...

UHF - Hey! Hey! Bora Lá - Acústico

http://twixar.me/dsHT

(*) fundador e vocalista do grupo de Rock mais antigo de Portugal - o UHF

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ACTUALIDADE

Holandeses, sul coreanos e

suíços compram a Brisa

LUSA

- O grupo José de Mello e o fundo Arcus acordaram com investidores

internacionais a venda de 81,1% da Brisa, segundo a

informação hoje divulgada.

"O Grupo José de Mello e o Arcus European Infrastructure Fund

1 LP, gerido por Arcus European Investment Manager LLP (Arcus),

chegaram hoje a acordo com um consórcio de investidores

internacionais para a venda conjunta de dois blocos accionistas

representativos, no total, de 81,1% dos direitos de voto da Brisa, o

que valoriza a empresa em mais de 3 mil milhões de euros", lê-se

no comunicado divulgado pelo grupo José de Mello.

O consórcio comprador da concessionária de autoestradas é

constituído por três investidores institucionais, segundo o comunicado,

sendo esses a gestora de activos holandesa APG (gestora

de activos do fundo de pensões dos funcionários públicos e do

sector da educação da Holanda), o serviço de pensões da Coreia

do Sul NPS e a gestora de activos SLAM (pertencente à seguradora

Swiss Life).

Ainda segundo a informação, o grupo José de Mello vai continuar

accionista de referência, com 17% dos direitos de voto e com

participação activa na gestão, continuando Vasco de Mello como

presidente do Conselho de Administração.

O grupo José de Mello considera ainda que este negócio é "um

sinal de confiança de investidores internacionais na economia

portuguesa", sobretudo ao ser formalizado num momento economicamente

difícil, e "representa uma oportunidade única para a Brisa

reforçar e acelerar o seu posicionamento na área da mobilidade”.

O negócio precisa da autorização das autoridades competentes

para a sua concretização, o que o grupo José de Mello antevê que

aconteça no terceiro trimestre deste ano.

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ACTUALIDADE

35

Vacina rápida para a Covid-19

está próxima.

Dizem cientistas suíços

PAULA DUPRAZ-DOBIAS (*)

Uma equipe de pesquisadores da Universidade

de Berna espera ser a primeira a

produzir uma vacina contra a Covid-19

e a inocular toda a população suíça em

outubro.

“Temos uma chance realista de sucesso”, disse

Martin Bachmann, diretor do departamento de

imunologia da universidade suíça, através de

uma conferência na internet com a ACANU, a

associação de imprensa das Nações Unidas. “A

Suíça tem uma história de pragmatismo e está

mais interessada em encontrar um compromisso

para obter a vacina mais rapidamente”.

Desde o início do surto do coronavírus e sua designação

pela Organização Mundial de Saúde

como Emergência de Saúde Pública de Preocupação

Internacional (PHEIC) no final de janeiro,

a maioria dos especialistas e autoridades de

saúde internacionais alertam que uma vacina

dificilmente estará disponível em menos de um

ano ou 18 meses - no mínimo.

Abordagem original

Bachmann, que também é professor de vacinologia

no Instituto Jenner da Universidade de

Oxford, disse que essa sua projeção adiantada

pode ser em parte justificada pela potencial

facilidade de produção, onde o equivalente a 200

litros de bio fermento bacteriano, que é necessário

para as injeções, poderia produzir de 10 a 20

milhões de doses.

“A vacina é única por causa da enorme escalabilidade.

Ela tem a capacidade de produzir bilhões

de doses em um curto espaço de tempo”, disse

Bachmann.

A vacina em desenvolvimento pela equipe suíça

tem uma abordagem diferente dos outros laboratórios,

utilizando as chamadas partículas semelhantes

ao vírus, que não são infecciosas - ao

contrário de quando se utiliza o próprio vírus - e

que proporcionam uma boa resposta imunológica.

Um protótipo foi desenvolvido em fevereiro,

apenas semanas após a identificação do novo

coronavírus na China, e teve sucesso nos testes

em ratos de laboratório, quando o soro neutralizou

o vírus.

Gary Jennings, CEO da empresa Saiba Biotech,

que está trabalhando com a Universidade de Berna,

disse que as autoridades suíças estão cientes

da importância de aprovar o desenvolvimento da

vacina. “Nós podemos fazer isso se o governo suíço

e os reguladores também estiverem dispostos. Se

eles quiserem ver essa vacina disponível ao público

nesse período de tempo, então ela será feita”.

Para obter aprovação

A Swissmedic, autoridade nacional responsável

pela aprovação e supervisão terapêutica, confirmou

que já vem oferecendo assessoria científica

ao projeto e está ciente de como a pesquisa está

progredindo.

O porta-voz Lukas Jaggi disse à swissinfo.ch que

“nesta situação excepcional, temos que contar realisticamente

com oito a 14 meses até termos uma

vacina contra o novo coronavírus SARS-CoV-2”.

Em uma declaração por e-mail, o assessor de

comunicação escreveu que “a Swissmedic dá

alta prioridade ao tempo. Mas a segurança e a

tolerância da vacina vêm em primeiro lugar. Por

isso, é importante que as empresas e grupos de

pesquisa entrem em contato com a Swissmedic

em um estágio inicial, para que possamos acompanhá-los

e apoiá-los no seu desenvolvimento

antes de submeterem um pedido de autorização”.

O desenvolvimento da vacina até o ponto em que

ela possa ser produzida em grande escala exigirá

o investimento de CHF 100 milhões (US$ 103

milhões), segundo a Saiba Biotech, que Bachmann

co-fundou. Enquanto a Fundação USZ, organização

beneficente do hospital universitário de Zurique,

manifestou interesse em apoiar a pesquisa,

Jennings disse que a Saiba já esteve em conversas

com as gigantes farmacêuticas Novartis e Lonza.

Nota da Redação: Uma versão anterior desta

matéria dizia que a Fundação USZ pertence à

Universidade de Berna; ela pertence na verdade

à Universidade de Zurique. Lamentamos o erro.

(*) Swissinfo - Escrve em português do Brasil

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COVID-19

Voos cancelados estão a

ser reembolsados

SANDRA FERREIRA

(*)

Quer a companhia TAP como a Swiss estão a reembolsar

todos os seus passageiros com voos cancelados

com vouchers no mesmo valor, que podem

ser novamente utilizados dentro do prazo de 1 ano.

Operação TAP

Segundo o site da companhia, a TAP deu a 23 de março

inicio a um novo plano de operação que deverá vigorar

ate dia 11 de Maio, e ser ajustado conforme as necessidades

actuais. Assim sendo, continuaram em operação

os voos entre Lisboa e Londres ( 2 voos por semana),

Lisboa e Paris (2 voos por semana), Lisboa e Funchal

(2 voos por semana), Lisboa e Funchal (2 voos por semana),

Lisboa e Ponta Delgada (3 voos por semana) e

Lisboa e Terceira (1 voo por semana).

A todos os passageiros que viram as suas viagens

canceladas, estes devem contactar a companhia por

telefone ou através do seu site onde poderão pedir o

seu reembolso.

Na SWISS ( Lufthansa Group)

A SWISS também optou por politicas mais flexíveis

para remarcado e cancelamento de viagens. Para isso

a companhia está a fazer uma grande alteração nas

suas regras tarifarias. Assim sendo, todos os bilhetes da

Swiss podem ser remarcados em todas as classes de

reserva. As novas regras aplicam-se a todas as novas

reservas em todos os serviços e sistemas. Com esta medida

a SWISS procura oferecer uma maior flexibilidade

aos seus clientes, nos seus planos de viagem futura.

Independentemente destas novas regras tarifarias, os

clientes que tiverem o voo da SWISS cancelado ou

que não puderem realiza-lo poderão manter a sua reserva

original, desde que feita antes de 19 de Abril de

2020. Nestes casos, o passageiro ainda não se precisa

comprometer com uma nova data de viagem: o bilhete

permanecer totalmente valido e poder ser usado

posteriormente para reservar um novo voo com data

de partida ate 30 de Abril de 2021 inclusive. Também

poder recebe um desconto de 50 francos numa remarcado

única, se a sua reserva atender aos requisitos de

desconto. Para aceder a estes benefícios basta aceder

ao site da companhia e pedi-lo de forma online.

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CRÓNICA

37

O Cardeal

MANUEL ARAÚJO (*)

Ainda sobre religiões e padres, no início da Pandemia

COVID-19, li num jornal uma citação do Cardeal António

Marto, referir-se aos líderes católicos e aos seus seguidores,

que consideram a pandemia Covid-19 um “castigo

de Deus”, onde os acusou de “não cristãos, ignorantes,

fanáticos, ou loucos”. Fiquei realmente incrédulo pela

coragem da afirmação e sorri.

Sorri, tal como em 2003 ou 2004, quando eu estava a almoçar no restaurante

“O Afonso” do meu amigo Manuel Henriques, em Caldelas.

Durante alguns anos almocei lá quase diariamente, pois a redacção

do jornal, era no andar de cima.

Naquele dia havia festa na igreja, não sei se comunhão, crisma, ou

outro espectáculo qualquer. Ouvia-se os sinos, que sempre considerei

irritantes a badalar acompanhados pela não menos incomodativa

música, que saia dos altifalantes colocados na torre da igreja.

Através da janela envidraçada via-se crianças a passar, todas bem

vestidas e aperaltadas, com lacinhos e velinhas da mão, acompanhadas

pelas respectivas mães, também elas bem ataviadas, vestindo

talvez as suas melhores roupinhas.

No restaurante, para além da minha mesa onde eu estava sentado,

havia só uma outra, que estava ocupada com duas pessoas ainda

jovens. Sentado ao balcão, estava apenas um homem solitário a ler

o jornal.

Eu tinha o hábito de quando acabava de almoçar, ia tomar sempre o

café ao balcão, por isso quando acabei de comer, sentei-me ao lado

desse senhor que ficou do meu lado direito. Estava vestido de fato

escuro completo. Ao sentar-me trocamos olhares e cumprimentamo-

-nos educadamente com um olhar, e um ligeiro gesto com a cabeça.

Quando me sentava ao balcão para pagar e tomar o café, havia quase

sempre um tema de conversa com o Manuel Henrique; ou era sobre

a política e sobre os “jagunços” locais, sobre os caminhos, os cães

vadios, o Auditório/tasca, ou sobre o Benfica que ele idolatrava, ou

então sobre a irritação quase constante que ele tinha com o Ernesto

do Supermercado, que era portista e também ele fanático. Rivalidades

à parte, eles eram amigos, mas o Ernesto gostava de “picar”

o Manuel Henrique, por isso, teimava ir sempre ao restaurante, só

para o provocar.

Nesse dia, o tema foi a confusão que havia na igreja. Soube depois

que era uma comunhão qualquer e que até tinham vindo “de fora”

uns padres para ajudar à festa.

O Manuel e algumas pessoas que me conhecem sabem que deixei de

ser “militante” religioso e quando surge uma oportunidade, não me

inibo e digo o que penso sobre a igreja e sobre sobre as religiões, as

quais eu considero a base de muita “coisa má”, inclusive, considero-

-as o fermento de guerras que ocorrem pelo Mundo desde sempre.

Como não podia deixar de ser, falei também dos “malandros de

saias” dos padres.

Comecei por criticar os pais por doutrinarem crianças inocentes,

as quais, naquela idade acreditam em tudo aquilo que qualquer

chico-esperto doutrinado entende como sendo o melhor para elas.

Disse que deviam era estudar mais e que os pais deviam preocupar-se

mas era com o futuro deles aqui na Terra. Não deviam permitir que

os padres aterrorizassem as crianças com as patranhas de “salvar a

alma”, do “inferno”, do “céu”ou de reservar e garantir agora e aqui,

lugares cativos “no outro mundo”, o qual ninguém sabe se existe…

Deviam educá-las com respeito e deixá-las ser livres. Quando fossem

adultos, eles próprios é que deviam escolher o credo ou a religião,

mas livremente, sem serem violentamente arrebanhados.

Sobre os padres, também fui um pouco cáustico. Disse ao Manuel

que esses gajos de saias, deviam produzir e fazer algo pelos pobres

e ajudar a população nos trabalhos do campo. Perguntei-lhe se ele

já tinha visto algum padre a ajudar a abrir e limpar caminhos, ou

nos trabalhos do campo, a vindimar ou a podar. Não, ele não viu,

nem viu ninguém, porque os “papa-hóstias” de saias são quase todos

uns parasitas, porque trabalhar faz calo.

Enquanto falámos, o cavalheiro que estava sentado junto a mim,

levantava os olhos do jornal que continuava aparentemente a ler

e olhava-nos de lado, sempre com um leve sorriso, acenando por

vezes com a cabeça como se estivesse a concordar com as críticas

que eu fazia aos padres.

Estava na hora de voltar ao trabalho, pedi a conta ao Manuel e sai

logo a seguir ao senhor que esteve sentado ao meu lado, o qual, antes,

havia-se despedido amigavelmente com um “tenham uma boa tarde”.

Quando saí, ele estava ainda à porta, junto ao Bazar que é na porta

ao lado. Olhou-me, deu uns passos até junto da entrada do Centro

Comercial para onde eu já me dirigia. Sempre com um sorriso disse-me:

“vi, que parece que precisam aqui de gente para trabalhar…

tenho pena, pois eu não sei podar, mas olhe que vindimar, ainda lhe

dou um jeito. E fique a saber, que nós os padres, também vindimamos.

Eu sou padre”. (**)

Fiquei um pouco surpreendido e confuso. Ri-me, pois nunca esperei

ver um bispo no café sentado ao meu lado. Pedi-lhe desculpa se, se

sentiu ofendido com as minhas críticas. Riu-se enquanto colocava

a sua mão no meu ombro e disse - “deixe lá isso, há muita gente que

pensa assim, mas olhe que nós também trabalhamos”.

Sempre a sorrir, despediu-se mais uma vez acenando com a mão e

dirigiu-se em direcção à igreja.

Soube ao fim do dia, que ele era o Bispo auxiliar de Braga e veio

“abrilhantar” a festa.

(**) António Marto é Cardeal e actual Bispo de Leiria-Fátima.

Foi nomeado Bispo auxiliar de Braga pelo Papa João Paulo II, em 2000.

Em 2004 foi nomeado bispo de Viseu pelo Papa João Paulo II.

D. António Marto e o Papa Francisco, no Vaticano, em 2015

Em 2006 foi nomeado bispo de Leiria-Fátima

Em 2018, foi feito Cardeal pelo Papa Francisco.

(*) Excerto de “A Mala - de Caldelas a Braga, via Olossato e Zurique”, a

editar brevemente.

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CRÓNICA

Imagem que figura na capa da última edição do livro Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz.

O 25 de Abril e os

revivalistas militares

Dos que mordem a mão de quem lhes abriu a porta

CARLOS MATOS GOMES (*)

Muito raramente escrevo sobre assuntos militares.

Evito fazê-lo porque estou há anos fora do serviço

ativo e desconheço os elementos essenciais que fundamentam

as decisões.

Escrevo desta vez porque me choca a violação do princípio do respeito

pelo passado entre gerações de militares, e mistificação da História

que mais uma vez e a propósito das comemorações do 25 de Abril

li nas redes sociais, em textos da autoria de militares retirados do

serviço, mas de uma geração que cumpriu a sua carreira já depois

do fim da guerra colonial e do 25 de Abril.

A questão não é, nem era a manifestação de opinião, se em estado

de emergência o Estado devia organizar uma cerimónia, nem em

que moldes, direito legítimo, nem sequer a análise mais ou menos

crítica do que a sociedade portuguesa e o Estado conseguiram nestes

quarenta e seis anos, outro direito essencial, o que me chocou e

choca foi, é, e tem sido (porque a atitude é recorrente e agrava-se,

como os ataques de asma na Primavera) que o direito de critica e

análise seja ardilosamente utilizado para minar os fundamentos

do Estado democrático de direito e das instituições resultantes do

25 de Abril de 74, para ofender a honra de camaradas, tanto os que

estiveram envolvidos no golpe de estado, como no processo político

e até para com os que, ao longo dos anos, têm assumido funções de

responsabilidade na política e nas chefias militares e a adulteração

da História, que não tendo uma verdade assenta em factos.

Por esta ocasião da Primavera repetem-se e intensificam-se os argumentos

clássicos desses militares, reunidos num grupo ainda

de aparência inorgânica que, na essência, remetem para a velha

questão do tempo de oiro perdido, os bons velhos tempos (que eles

não conheceram e, pelo que se lê, não estudaram, apenas vendem à

comissão): antigamente havia ordem e respeito, as forças armadas

e de segurança eram um motivo de orgulho e hoje não há ordem e

as forças armadas e de segurança são ofendidas e desrespeitadas;

antigamente os chefes, políticos e militares, eram pessoas de respeito,

respeitáveis, patriotas, competentes, e hoje os militares são

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uns vendidos políticos e os políticos uns corruptos que arrastam

Portugal pelas ruas da amargura. Por fim e como pedra de fecho,

Portugal era grande e grandioso (Portugal não é um país pequeno!

— com mapa de Henrique Galvão), uma Pátria que merecia o respeito

do Mundo e as Forças Armadas portuguesas um corpo militar

admirado pelos seus pares. Enfim, a glorificação da política colonial

e de guerra do regime chefiado, primeiro por Salazar, e depois por

Marcelo Caetano. Em resumo, o 25 de Abril, o ato e o regime que

dele resultou, destruíram três realidades: Ordem, Glória e Colónias!

Não sendo possível reconstituir o domínio colonial, a luta destes

novos patriotas militares parece ser pela imposição de um Estado

de Ordem, Securitário e chorar pela Glória perdida. Uma estratégia

de manipulação de opinião com claros objetivos políticos . Não há

nenhuma inocência nestas “opiniões”.

Sendo um solitário, mais próximo dos lobos que das ovelhas, reconheço

a lógica dos pastores dos rebanhos.

Este discurso da antiga grandeza imperial perdida é um argumento

recorrente nos restauracionistas, eles surgem no presente com solução

para tudo o que os seus antecessores não conseguiram. Estivessem

eles nas Forças Armadas nas décadas de 60 e 70 e outro galo teria

cantado! É um recorrente azar histórico: nunca são os donos da

verdade a posteriori que estão nos lugares e nos tempos certos do

presente da História!

Este discurso demagógico remete para um Portugal que nunca existiu.

Alguns exemplos, o Ultimato Inglês foi uma demonstração de

dissonância entre a política e os meios. As chamadas “campanhas

de pacificação” após a Conferência de Berlim foram mais uma revelação

de fraqueza. A campanha em Moçambique é desastrosa. As

campanhas no Sul de Angola no final do século XIX, início do século

XX, são reveladoras da mais chocante incapacidade. A participação

de Portugal na Grande Guerra, numa apreciação que inclui políticos

e militares nas três frentes, Angola, Moçambique e Flandres não é

motivo para orgulho de ninguém.

A abordagem pelo Estado Novo, o que inclui Salazar e o alto comando

das Forças Armadas, da questão colonial do pós-Segunda Guerra e

do Movimento Descolonizador é um conjunto de tropeções de um

bando de perdidos num mundo que não entendem, de um passado de

que não sabem tirar lições e, fundamentalmente, de incompetência

sobre um assunto elementar em política e na estratégia: avaliar uma

situação conjugando o “ambiente operacional” (no caso a situação

internacional) os meios de que dispõe e os objetivos que pretende

atingir. Só o sacrifício da geração que esteve no 25 de Abril permitiu

prolongar a guerra e iludir o facto de os políticos da época não saberem

o que fazer dela nem com ela, continuar, aliarem-se aos sul-africanos,

ou negociarem com os independentistas.

Essa geração, que é a minha, cumpriu e bateu-se como poucas ao

longo da nossa História até para além dos limites razoáveis, por

vezes em situações de vexame, como na Índia, ou de desprezo por

parte de aliados, os EUA e a Inglaterra, que até impediram a utilização

dos meios da NATO em África, aviões F 86, navios, viaturas

(GMC) rádios, p.ex. A guerra irá terminar com os limitados (mas

foi o que se conseguiu) caças bombardeiros portugueses Fiat G91 a

serem abatidos por mísseis Strela das guerrilhas, porque os “aliados”

colocavam sérias dificuldades em venderem outros mais modernos,

com as forças portuguesas acusados internacionalmente de crimes

de guerra e de genocídios, como os de Wiriamu! Com a população

metropolitana ativa a fugir da guerra e da política do Estado Novo,

centenas de milhares de emigrantes legais e clandestinos, uma parcela

brutal do orçamento atribuído a despesas de guerra, 250 mil homens

na idade produtiva nas Forças Armadas, proibição de os portugueses

decidirem o seu futuro e, sequer, de o discutir!

Em 1974 as forças armadas portuguesas apenas participavam em

exercícios na NATO através da Armada (onde sofriam vexames da

parte dos seus aliados, nomeadamente nórdicos — noruegueses e

holandeses), viviam num limbo internacional de que as participações

mais ou menos encobertas de apoio aos mercenários do Congo e do

Biafra não acrescentavam prestígio. Forças tão desprestigiadas e tão

mal equipadas que em 1961 não conseguiram recuperar um navio

mercante português, o «Santa Maria», em águas internacionais!

Que em 1972/73 os seus aliados mais próximos por razões de sobrevivência,

a África do Sul do apartheid e a Rodésia da independência

unilateral, faziam relatórios arrasadores sobre o espírito combativo,

CRÓNICA

39

sobre a estrutura de comando das forças portuguesas em Moçambique

e Angola. Entretanto a Marinha Inglesa realizava um bloqueio ao

porto da Beira! (Beira Patrol) — e Portugal era formalmente aliado

de Inglaterra!

Foi a este “Estado a que isto chegou”, nas palavras de Salgueiro Maia,

que uma parte dos militares, a dos melhores, desde logo pela razão

elementar de terem ganho consciência da irracionalidade criminosa

de uma política de guerra sem objetivo, nem fim, nem meios, uma

guerra de queimar portugueses sem sentido, deu o devido e patriótico

fim a 25 de Abril de 1974. O qual não devia, segundo esta franja de

militares, ser comemorado! Li que a presença dos chefes de estado-

-maior não “dignificava as Forças Armadas”, que as envergonhava!

Foi o 25 de Abril que retirou Portugal do grupo dos estados-pária onde

se encontrava. Que permitiu restabelecer ligações sem “vergonha” com

aliados europeus e americanos, mas também com países do Terceiro

Mundo, com o mundo árabe (o Egito, em particular), a África (OUA),

a Ásia (China e Índia, em particular), a URSS e os seus aliados. Que

abriu a porta a alguns desses militares hoje tão críticos do regime

democrático e tão empenhados no ataque aos seus fundamentos para

terem a oportunidade de participar em missões internacionais que,

sem valorização de mérito político, os levaram à antiga Jugoslávia e

ao Líbano, a Timor, a Angola, Moçambique, Guiné, Marrocos (Sara),

na República Centro Africana, Bolívia, Afeganistão, entre os outros

espaços de conflito internacional, em missões para as quais, durante a

ditadura e a guerra colonial, os militares portugueses jamais haviam

merecido serem considerados elegíveis para participarem!

Não há para estes “neo epopeicos” frustrados um ministro do regime

do Estado de Direito que não seja ou tenha sido um biltre, a maioria

dos generais são uns vendido. Os militar com responsabilidades

no 25 de Abril são cobardes, ou traidores! Para eles, os virtuosos,

a virtude do Estado e das Forças Armadas morreu a 25 de Abril de

1974! Entretanto veneram alguns “heróis do absurdo”, incapazes de

perceber a razão dos seus atos. É este o discurso sublimar deste grupo

de revivalistas, manipuladores da opinião.

Na realidade e é histórico, foi o 25 de Abril que dignificou a condição

dos militares portugueses. O 25 de Abril foi obra de soldados, recorrendo

a Mouzinho de Albuquerque. E foi o 25 de Abril, com os seus

militares e políticos, com os seus defeitos e qualidades que colocou

Portugal no concerto das nações respeitáveis.

O discurso primariamente patrioteiro — primário porque rejeita

o conhecimento resultante do estudo, da investigação, da análise

e patrioteiro, um termo de Eça de Queiroz, porque se refere a um

conceito adulterado de pátria, tenta confundir eventuais erros de

conduta, de avaliação, cometidos durante o período pós-25 de Abril

de 74 e até hoje, ou de confronto de modelos de sociedade, com o erro

fundamental assente na incapacidade de um regime ditatorial não

só de ler a realidade, mas de ir contra ela e contra direitos fundamentais.

É um discurso que pretende confundir erro, escolha, com

a essência do Mal!

São estes militares que surgem associados de forma mais ou menos

insidiosa aos que proclamam que o 25 de Abril não devia ser comemorado,

porque o 25 de Abril não devia ter ocorrido, que o Estado

Português, através dos seus órgãos de soberania, incluindo os chefes

militares, não devia estar na Assembleia da República a 25 de Abril

porque há uma epidemia! Que, por redução ao absurdo, defendem a

única alternativa ao 25 de Abril que seria a continuação da política

colonial e de uma ditadura — não há alternativa, não era possível

um Portugal colonial integrado em qualquer espaço da comunidade

internacional -, que Portugal devia continuar a sofrer mortos e a

espalhá-los espalhados por África, desde que fosse na guerra, a ter

mortos espalhados pelos países de emigração, sem despedidas possíveis,

que Portugal devia continuar a ter milhares de portugueses

confinados pelo mundo, por serem emigrantes ilegais, ou desertores

e não poderem regressar para verem pais ou filhos.

(*) Carlos de Matos Gomes nasceu a 24 de Julho de 1946,

em Vila Nova da Barquinha. Foi oficial do Exército, tendo

cumprido comissões em Angola, Moçambique e Guiné, e é

investigador de História Contemporânea de Portugal. Utiliza

o pseudónimo literário de Carlos Vale Ferraz

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ACTUALIDADE

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Bill Gates e a “filantrópica”

obsessão das vacinas

Por ROBERT F. KENNEDY JR.(*)

As vacinas, para Bill Gates, são

uma filantropia estratégica que alimenta

os seus muitos negócios na

área (incluindo a ambição da Microsoft

de controlar uma campanha

global associando vacinação

e identificação) e dá-lhe controlo

ditatorial sobre a política global

de saúde.

A obsessão de Gates por vacinas

parece alimentada por uma convicção

de que pode salvar o

mundo através da tecnologia.

Prometendo uma parcela de 450 milhões

de dólares do programa de 1200

milhões de dólares para erradicar a

poliomielite, Gates assumiu o controlo

do Conselho Técnico Nacional de

Imunização da Índia (NTAGI), que

exigiu até 50 doses de vacina contra

a poliomielite através dos programas

de imunização para todas as crianças

até aos cinco anos de idade. Os

médicos indianos culpam a campanha

de Gates por uma devastadora

epidemia de paralisia flácida aguda

não-poliomielite que paralisou 496

mil crianças entre 2000 e 2017. Em

2017, o governo indiano cancelou o

regime de vacinas de Gates e afastou-o do

NTAGI. As taxas de paralisia flácida aguda

caíram vertiginosamente.

Em 2017, a Organização Mundial da Saúde

(OMS) admitiu, com relutância, que a

explosão global da poliomielite é predominantemente

de origem vacinal. As epidemias

mais assustadoras do Congo, Afeganistão e

Filipinas estão todas associadas a vacinas.

Na realidade, em 2018, três quartos dos casos

globais de poliomielite tiveram origem

em vacinas.

-“Cruéis e imorais”

Em 2014 a Fundação Gates financiou testes

de vacinas experimentais contra o HPV

(vírus do papiloma humano), desenvolvidas

pela GSK (GlaxoSmithKline) e Merck, em 23

mil meninas de províncias remotas da Índia.

Aproximadamente 1200 sofreram efeitos

colaterais graves, incluindo distúrbios autoimunes

e de infertilidade. Sete morreram.

Investigações do governo indiano acusaram

Gates de financiar investigadores que cometeram

violações éticas generalizadas: pressionando

meninas vulneráveis das aldeias a

participar nos testes, intimidando os pais,

forjando formulários de consentimento e

recusando atendimento médico às crianças

doentes. O caso está agora no Supremo

Tribunal do país.

Em 2010 a Fundação Gates financiou um

teste da vacina experimental contra a malária,

da GSK, matando 151 bebés africanos e

causando sérios efeitos colaterais, incluindo

paralisia, ataques epilépticos e convulsões

febris em 1048 das 5049 crianças envolvidas.

Durante a Campanha de 2002 MenAfriVac,

patrocinada por Gates na África Subsaariana,

os seus operacionais vacinaram à força

milhares de crianças africanas contra a

meningite. Aproximadamente 50 das 500

crianças vacinadas desenvolveram paralisia.

Jornais sul-africanos alertaram: “Somos

cobaias para fabricantes de drogas”. O economista

sénior de Nelson Mandela, professor

Patrick Bond, descreveu as práticas filantrópicas

de Gates como “cruéis e imorais”.

-“Reduzir a população”

Em 2010 Gates patrocinou a OMS com 10

mil milhões de dólares afirmando: “vamos

fazer desta a década das vacinas”. Um mês

depois, Gates disse ao Ted Talk que novas

vacinas “poderiam reduzir a população”.

Em 2014, a Associação de Médicos Católicos

do Quénia acusou a OMS de esterilizar

quimicamente milhões de mulheres quenianas

relutantes através de uma campanha

de vacina contra o “tétano”. Laboratórios

independentes encontraram uma fórmula

da esterilização em todas as vacinas testadas.

Depois de negar as acusações, a OMS

finalmente admitiu que estava a desenvolver

vacinas de esterilização havia mais de uma

década. Acusações semelhantes surgiram

da Tanzânia, Nicarágua, México e Filipinas.

Um estudo de 2017 (Morgensen et al. 2017)

revelou que a popular vacina tríplice bacteriana

(DTP) da OMS está a matar mais crianças

africanas do que a doença que é suposto

combater. As meninas vacinadas sofreram

uma taxa de mortalidade dez vezes superior

à das crianças não vacinadas. Gates e a OMS

recusaram-se a recolher a vacina

letal que a OMS impõe anualmente

a milhões de crianças africanas.

Defensores da saúde pública global

através do mundo acusam Gates

de sequestrar a agenda da OMS,

afastando-a dos projetos que comprovadamente

reduzem as doenças

infecciosas: água potável, higiene,

nutrição e desenvolvimento económico.

A Fundação Gates investe

nestas áreas apenas 650 milhões

dos cinco mil milhões de dólares do

seu orçamento. Dizem os defensores

de saúde pública que Gates desvia

os recursos da OMS para servir

a sua narrativa pessoal, segundo a

qual boa saúde só vem dentro de

uma seringa.

Além de usar a filantropia para controlar a

OMS, a UNICEF, GAVI (Aliança das Vacinas)

e PATH (uma organização internacional de

saúde global), Gates financia uma empresa

farmacêutica privada que fabrica vacinas; e

adicionalmente doou 50 milhões de dólares a

12 empresas farmacêuticas para acelerarem

o desenvolvimento de uma vacina para o

novo coronavírus.

Nas suas mais recentes presenças nos media

Gates surge confiante em que a crise

do COVID-19 lhe dará a oportunidade para

forçar o seu ditatorial programa de vacinas

nas crianças americanas.

(*) Robert F. Kennedy Jr. é advogado e Presidente

da Children’s Health Defense. Em 2018 ele e sua

equipa venceram o caso contra a empresa Monsanto

pelo uso do herbicida RoundUp

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CRÓNICA

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Ajudou algum comunista a

passar a fronteira?

LUÍS OSÓRIO

- Não sei se ajudei a passar comunistas, mas

certamente ajudei a passar muitos emigrantes.

O meu tio vivia na fronteira e conseguimos

passaportes para muitos emigrantes irem

para a França e para a Bélgica, fi-lo e fiquei

de consciência tranquila. Os homens, no fundo,

só queriam ir à procura de melhores dias.

Juram-me que nunca despediu ninguém. É

um mito?

- Tenho essa fama, mas terei despedido alguém.

Um ou outro de que gostava menos,

muito pouco, quase nada. É difícil comigo.

Sou um conciliador, gosto de juntar pessoas

e de as tornar amigas. Quem nasce numa terra

com tantas carências se tiver bom senso

consegue fazer muita coisa, consegue servir

bem as pessoas. Com certeza que, ao longo

da vida, despedi pessoas, mas houve sempre

uma razão muito forte e dei sempre exemplos

para que não acontecesse outra vez.

Rui Nabeiro

Mas nunca despediu ninguém para faturar mais.

- Isso não, isso de maneira nenhuma! Quando eles não faturam,

faturo eu. Se as vendas caem, quando acontece, sou eu que visito os

clientes. O que faço sempre que posso.

O senhor comendador é o dono da bola, mas depois deixa todos jogarem.

Mas quando tem de ir buscar outra vez a bola não hesita.- É a

história da minha vida. Na minha casa só sabemos sorrir. Eu sorrio

para a minha mulher e ela sorri-me. Agora já estamos os dois sozinhos,

sempre são 65 anos de casados. Tenho uma camarada muito capaz.

Muita paz e deixe-me acrescentar, muito fogo.

- Fogo haverá, um homem que não sente fogo está acabado.

O segundo mito, que me juram ser verdade, é uma história de poupança.

No princípio da semana põe no bolso direito uma soma de

dinheiro e não gasta durante a semana mais do que aquilo que tem

no bolso. Hoje é terça-feira, posso perguntar quanto dinheiro tem no

bolso?- Tenho uns 300 euros, mas apenas porque estou e vou ficar

em Lisboa. Hoje o almoço estava pago, ontem o jantar estava pago.

Não o gastarei de certeza. Tenho as notas no bolso, mas tudo o que

é moeda guardo numa latinha e, ao fim de uns três meses, abro-a e

levo o dinheiro para o «Tempo para Dar», uma associação que temos

ligada ao «Coração Delta». Eu não gasto dinheiro, a mulher dá-me de

comer, depois chega qualquer amigo e quer logo pagar tudo, tenho

essa vantagem.

Isto é o problema de ser rico, acabam por lhe pagar as coisas todas,

a mim ninguém me paga nada.

- Fico sempre ofendido com a palavra rico. Tenho é muito valor, tenho

muitos sacos de café, tenho muitos clientes, temos muitas casas e

armazéns espalhados por aí, temos quase 3400 trabalhadores, essa é

a minha maior riqueza, eles a trabalhar para mim e eu trabalhar para

eles, é extraordinário. Eu realmente tenho uma vidinha boa, mas o

dinheirinho é da empresa, as nossas casinhas e os nossos armazéns

não são do António, do Manuel nem do Joaquim, são da empresa.

• Excerto da conversa de Luís Osório com Rui Nabeiro que poderá ler na

íntegra no livro “30 Portugueses, 1 País”, nas livrarias de todo o país no

dia 1 outubro de 2019

Neste livro, o oitavo de

Luís Osório, com fotografias

de Gonçalo Rosa da

Silva poderá ler conversas

únicas e irrepetíveis com

Por ordem alfabética:

Ana Moura

António Barreto

António Costa

António Vieira Monteiro

Assunção Cristas

Bruno Nogueira

Carlos Moedas

Catarina Albuquerque

Catarina Martins

Dionísio Pestana

Fernando Medina

Fernando Santos

Guta Moura Guedes

Jerónimo de Sousa

Joana Marques Vidal

Joana Vasconcelos

José Avillez

José Miguel Júdice

Luís Marques Mendes

Mafalda Ribeiro

Maria Filomena Mónica

Mário Centeno

Miguel Sousa Tavares

Mónica Bettencourt Dias

Paula Amorim

Rita Blanco

Rui Nabeiro

Simone de Oliveira

Teodora Cardoso

Tiago Rodrigues

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CRÓNICA

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25 de Abril, num romance a

publicar

"Já pertencem à história fixada nos cânones os gestos de Otelo

Saraiva de Carvalho, o comandante das operações do 25 de

Abril de 1974, após a recolha das tropas vitoriosas a quartéis,

depois de embarcados os próceres do regime deposto para a

ilha da Madeira. Ele próprio os descreveu com singeleza anti

epopeica, arrumou a mesa na sala do quartel da Pontinha a

partir da qual conduzira os movimentos das unidades que

ocuparam os objetivos, fechou a luz e a porta do anexo de onde

haviam sido emanadas as ordens e recebidas as mensagens

dos comandantes sublevados, meteu-se no carro utilitário e

foi para casa dormir.

O meu tio Dionísio pensou repetir esses passos de Óscar, o

nome de código do estratega da operação «Viragem Histórica»,

que lhe pareciam sensatos e correspondiam ao que pretendia

quando se envolveu na preparação do golpe de estado. Desinfestar

o castelo dos fantasmas, abrir-lhe as portas e janelas e

regressar a casa, mergulhar num longo banho de imersão, sem

pensamentos, tomar uma bebida forte, dormir sem limites.

Assim resumira os primeiros atos no início de uma nova era.

- Assisti à declaração da Junta de Salvação Nacional, na televisão,

de robe bordeaux de seda, sentado num sofá, de chinelos,

a beber um Porto vintage, a fumar um charuto cubano Montecristo,

que trouxera de um free shop e a ouvir piano tocado por

Sergei Rachmaninoff, de quem os críticos diziam ter as mãos

deformadas pelo síndrome de Marfan para explicarem as raras

sonoridades que extraía do instrumento. A mesma doença do

agitador De Roux…

O som do piano de Rachmaninoff, o fumo do Montecristo, o

sabor do Porto serviram de fundo à imagem lúgubre de uns tipos

com mau aspeto, mal fardados, mal barbeados, assustados, que

o ecrã exibiu na noite do 25 de Abril a preto e branco, confessou

o meu tio. Além dos generais Costa Gomes e Spínola conhecia

vagamente os dois oficiais da Marinha.

CARLOS MATOS GOMES (*)

O protagonista, um oficial da Marinha, conservador e

snob, chegou ao 25 de Abril depois de uma dolorosa

convivência com um dos grandes crimes do Estado Novo.

Por decência. É também uma homenagem ao Otelo, que

eu conheci como na foto. Ou mais novo.

As últimas palavras de Spínola soaram-lhe como a frase de

despedida do padre Manuel, quando ia com os pais à igreja,

aos domingos: Ite missa est. Ide à vossa vida, a missa acabou. A

missa de Dionísio findara. Não iria incorporar-se em qualquer

procissão que seguisse atrás daqueles oficiantes. Recusara desde

pequeno ajudar aos rituais e participar com opa vermelha

de menino de coro nas romarias com banda marcial, santo

padroeiro, pálio, foguetes, autoridades da freguesia e mesários

da Santa Casa da Misericórdia, aflitos e apertados nos fatos de

domingo. Sofria desde pequeno de fobia a penitentes voluntários.

Apresentou-me como uma das razões para ter preferido a

Marinha ao Exército o facto de não se reunirem multidões no

mar, nem na época andar malta aos magotes sobre as ondas

em cima de tábuas de engomar, e de já nem os capelães navais

proferirem sermões aos peixes, se é que alguma vez o fizeram,

a não ser depois de cozinhados! "

(*) Carlos Vale Ferraz

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NEUROCIÊNCIA

COVID-19 AFECTA O CÉREBRO

Inflamação, confusões mentais e Acidentes Vasculares Cerebrais

NELSON S. LIMA

Pesquisas clínicas e relatos de casos fornecem evidências

crescentes de impactos sérios do Covid-19

no cérebro.

Um artigo do New England Journal of Medicine desta semana relata

que uma averiguação junto de 58 pacientes em Estrasburgo, na França,

descobriu que mais de metade dos hospitalizados mostrava-se

"confusa ou agitada, com imagens do cérebro sugerindo inflamação".

Não é de surpreender que haja médicos a alertar para outros sintomas:

"se você sentir confusão mental e se tiver problemas para pensar de

forma normal essas são razões para procurar atendimento médico"

para saber o que se passa.

Com efeito, sintomas como febre, tosse e falta de ar são os mais

falados mas há casos em que as pessoas contaminadas mostram-se

profundamente desorientadas a ponto de não saberem onde estão

ou em que ano, mês ou dia da semana estão.

Às vezes, isso é devido às dificuldades respiratórias, com baixos níveis

de oxigénio no sangue, mas em alguns pacientes a confusão parece

desproporcional à forma como os pulmões estão a funcionar, o que

leva a pensar que o sistema nervoso é afectado pelo vírus.

Outros cientistas afirmam taxativamente que o COVID-19 afecta

o Sistema Nervoso Central, que resulta em ataques e convulsões e

outros desequilíbrios neurológicos, que podem perdurar no tempo

mesmo quando os pacientes são dados como recuperados.

Outros hospitais, nomeadamente de Nova Iorque, relatam AVCs

(acidentes vasculares cerebrais) significativamente maiores e mais

agudos em jovens adultos infectados com COVID-19, com consequências

graves.

Os seguintes links oferecem mais informação científica:

https://gulfnews.com/…/coronavirus-how-does-covid-19-affect…

https://www.wired.com/…/what-does-covid-19-do-to-your-brain/

Continuarei a acompanhar esta matéria consultando várias fontes

médicas e científicas credenciadas.

Foto: GORODENKOFF/GETTY IMAGES, ISTOCKPHOTO

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CRÓNICA

47

O meu Brasil não é este

inferno (ainda) sem chamas

LUÍS OSÓRIO

1. - Não, não é.

O meu Brasil não é o de Bolsonaro.

Não é o do povo que nele votou.

Não é, ainda menos, nos que continuam a apoiá-lo no país, nas

cidades, nas ruas ou redes sociais.

O meu Brasil não é o da democracia brasileira, quero lá saber da

democracia se ela se transforma num instrumento para me atacar

a dignidade e roubar a liberdade.

Vejo o fascista na televisão e não é aquele o meu Brasil. Chameilhe

fascista, mas não o é, fui apressado na escolha das palavras, o

homem que vejo na televisão está profundamente doente, parece

demente mais os que o rodeiam, a começar no tipo que faz a

linguagem gestual e a acabar nos filhos ou no povo que aplaude

os seus “tomates”, os grandes “tomates” de alguém que manda as

pessoas manifestarem-se em cada lugar onde exista vontade de

cumprir as suas palavras. Afinal, o que é um cabrão de um vírus

em comparação com ele?

Não, não é este o meu Brasil.

O Brasil de um homem que diz não ser coveiro quando um

jornalista lhe pede para comentar o número crescente de mortos.

2. - O Brasil de João Gilberto, Jobim, Chico e Caetano não é este.

Como poderia?

Se o Brasil que odeio pudesse ouvir “Chega de Saudade”,

“Insensatez”, “Valsinha” ou “Menino do Rio” jamais dançaria com

o diabo ou aplaudiria o apocalipse.

Não, eles não sabem. Não escutaram as palavras dos mestres, não

as puderam ouvir de maneira a fazê-las viajar por dentro de si, se

o tivessem feito ser-lhe-ia impossível não entender que existe algo

errado quando se olham ao espelho.

Guardo o Brasil que amo no coração.

Guardemo-lo para que nos seja impossível esquecer que o Brasil é

um país maravilhoso, um país de mar e poesia, um país de gente

que acredita na liberdade, que acredita na solidariedade, que

acredita na justiça, um país de pessoas que imaginam e cumprem

impossíveis, um país de gente misturada que é a prova do respeito

pela pele e pela alma do outro.

3. - No Brasil que eu amo…

O de Elis, Calcanhoto, Bethânia ou Gal Costa.

O de Jorge Amado, Lispector, Drummond de Andrade, Vinícius ou

Manuel Bandeira.

O de Fernando Meirelles, Sónia Braga, Niemeyer, Sebastião

Salgado, Fernanda Montenegro.

Nesse lugar que venero não há lugar para dúvidas, incredulidade

ou acerto de contas.

Tenho-o dentro do que sou. E mantém-se forte dentro de cada

um dos brasileiros para quem a liberdade seja a medida justa de

todas as coisas. E nós sabemos, bem no fundo sabemos que, dure

o tempo que durar, a vitória será nossa e de toda a música que

carregamos, um samba de uma nota só, a nota maior a que uma

pessoa pode ambicionar, a liberdade de sermos gente inteira.

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48

HUMOR

“Quem não sabe rir, não sabe viver”

Palavras e Presumíveis

Significados

ABAFADO - Fado cantado por um grupo

muito em voga nos anos 70

ABAIXADOR -Aquilo que sentimos quando

somos atingidos nas ‘partes baixas’

ABANANAR -Adormecer ao som da música

dos ABBA

ABARBATAR -Fazer transas com a barba

ABASTECER -Tecer as abas

ABDICATIVO - ‘Abdi’ que está preso (seja

lá o que for um ABDI)

ABDOMINAL -Muito feio (Ex.:”Abdominal

homem das neves”)

ABELOIRA -Nome que se dá nas beiras a

um pássaro de coloração amarela

ABISMADO _ pessoa que caiu no abismo

ABLEGADO -Agradecimento feito por um

japonês recém chegado a Portugal

ABREVIADO - Bisturi destinado exclusivamente

à operação de Gay’s.

ABSORVEDOR -Remédio milagroso que

tira todo o tipo de dores

ABSTERGENTE - Ignorar pessoas , ou

pô-las de parte

ABUNDAR -Tornar algo parecido com a

‘bunda’

ACABADOR -O mesmo que ABSORVE-

DOR

ACABRAMAR -Estar apaixonado por uma

cabra

ACAPACHAR -Acto de achar a capa

ACHUMBAR -Bar para pessoas constipadas

ADMIRADOR -Masoquista

ADORADOR -Ver ADMIRADOR

AGUACHADO -Outro nome pelo qual era

conhecido MOISÉS

AMACIAR - Adora fazer ‘truca-truca’

AMADOR - Ver ADORADOR. O mesmo

que masoquista.

AMARELENTO - Adora levantar-se cedo ,

ou passar as noites na rua ao relento

AMARGADO -O mesmo que

ACABRAMAR , só que este é mais abrangente

AMAZONAS -apreciador das zonas de baixo

meretrício.

AMBICIOSO - Pessoa que cia para os dois

lados (BISSEXUAL)

ANABÓLICO -Relativo a Ana Bola

ANALCIMA -Hmmmmmmmmm ... Também

há analbaixo?

ANALECTOR -Pessoa que lê o futuro (ou o

passado) pela forma do ânus

ANALFABÉTICO -Pessoa que consegue

escrever com o ânus

ANALOGIA - Ciência que estuda o ânus

ANÃO -Ano bissexto (por ser descomunalmente

grande)

ANAPLÁSTICO -Nome de uma boneca

(forte concorrente da ‘BARBIE’)

ANATÓMICO Nome da filha mais velha de

Albert Einstein

ANDAPÉ -Pessoa que não possui meio de

transporte

ANDIROBA - Pessoa com licença de ladrão

ambulante

ANIÃO -’ANÃO’ em espanhol

ANTIEVANGÉLICO -Pessoa que não gosta

da música do Vangelis

ANTIGÉNIO -Pessoa muito estúpida

ANTIPAPA -Pessoa que está em greve de

fome

ANTI-RÁBICO -Pessoa que é contra os

homossexuais

AORTA -Local de cultivo ; Quintal

APARTADO -Coisa ou local muito pequeno

APAVORAR -Oração feita pelos suecos ao

seu Deus ‘APAV’

APICIADURA -Sem comentários (seus

badalhocos...)

ARCUENSE -Ar que vem do ânus (Pop.

peido ou bufa)

ARGENTÃO - Pessoa aparentemente muito

grande

ARMADURA -Pénis em estado de erecção

ARMARINHO -vento proveniente do mar.

ARMÁRIO -Vento proveniente do litoral

ARMENTAL -Camada de ar no interior da

cabeça

ARRETADURA - Grito de espanto ao

aperceber-se da rigidez da coisa

ARRIMAR - Poema (Os versos acabam

sempre ARRIMAR)

ARTESÃO -Pessoa aparentemente excitada

ASSAFIADO -Assador que não recebe

dinheiro

ATAFERA -Domador

ATAMARADO -Colete de forças

ATAVIADOR - Cinto de segurança utilizado

pelo piloto e co-piloto de um avião

ATESTADOR -Enxaqueca ; Dor de cabeça

AVOCATURA -Avô muito chato ou teimoso

AZARCÃO - Diz-se de uma pessoa com

muita falta de sorte

DATAS COMEMORATIVAS - Maio 2020

01 SEX Dia do Trabalhador

03 DOM Dia da Mãe

03 DOM Dia da Invenção da Santa Cruz

04 SEG Dia Internacional do Bombeiro

05 TER Dia Mundial da Asma

05 TER Dia Mundial da Higiene das Mãos

05 TER Dia Internacional da Parteira

06 QUA Dia Internacional Sem Dieta

08 SEX Dia Mundial da Segurança Social

09 SÁB Dia da Europa

10 DOM Dia de São Damião de Molokai

10 DOM Dia Mundial do Lúpus

11 SEG Dia Europeu do Melanoma

12 TER Dia Internacional do Enfermeiro

16 SÁB Dia Mundial do Whisky

16 SÁB Dia Mundial da Migração dos Peixes

17 DOM Dia Mundial da Internet

17 DOM Dia Mundial da Hipertensão

17 DOM Dia Mundial das Telecomunicações

17 DOM Dia Mundial da Pastelaria

18 SEG Dia Internacional dos Museus

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18 SEG Dia de Santa Rafaela

18 SEG Dia Mundial da Vacina Contra a SIDA

18 SEG Dia Internacional do Fascínio das Plantas

19 TER Dia Mundial do Médico de Família

20 QUA Dia da Marinha

20 QUA Dia de São Bernardino

20 QUA Dia Mundial da Metrologia

20 QUA Dia Europeu do Mar

20 QUA Dia Mundial das Abelhas

22 SEX Dia Internacional da Biodiversidade

22 SEX Dia do Autor Português

23 SÁB Dia Mundial da Tartaruga

24 DOM Dia Europeu dos Parques Naturais

25 SEG Dia da África

27 QUA Dia Mundial da Esclerose Múltipla

28 QUI Dia Internacional da Saúde Feminina

28 QUI Dia Internacional do Brincar

29 SEX Dia Nacional da Energia

31 DOM Dia Mundial Sem Tabaco

31 DOM Dia dos Irmãos

31 DOM Dia Mundial de Combate ao Fumo


49

PERDER A MEMÓRIA

NELSON S LIMA

A importância da memória - em toda a sua dimensão genética,

corporal, psicológica, emocional, existencial, cultural e social

- é extraordinária. Quando ela sofre danos, o mundo torna-se

confuso para as suas vítimas.

E quando a memória se esvai, roída pela doença, ficamos num

vazio existencial completo, sem tão pouco sabermos o que está

a acontecer pois nem mesmo sabemos quem somos.

Saiba mais em:

www.facebook.com/o.cerebro.senior e

www.facebook.com/mental.training.europa

Baptista Soares

(Endireita)

MASSAGISTA TERAPEUTA DE RELAXAMENTO

MUSCULAR DESPORTIVO

MASSEUR UND KÖRPERTHERAPEUT

KLASSISCHE SPORT UND RELAX MASSAGEN

Zürichstrasse 112, 8123 Ebmatingen

Natel 078 754 18 31

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CRÓNICA

Queres mesmo namorar

com um agricultor?

E ver o Big Brother?!

LUÍS OSÓRIO

1.No passado domingo estrearam “Quem Quer

Namorar com o Agricultor?” (SIC) e “Big Brother”

(TVI). Os dois programas foram vistos por quase três

milhões de portugueses, um número astronómico

que foi festejado na SIC e deu que pensar à TVI pois

Big Brother ficou longe do seu concorrente – o que

para este “Postal” é irrelevante.

2.A televisão hoje, em comparação com qualquer outro período

da história mediática, é produzida com melhores condições técnicas,

a começar pela qualidade da imagem.

Mas depois…

Depois o que acontece é simples de explicar.

As televisões oferecem às pessoas aquilo que supostamente elas

querem ver. E, mais importante do que isso, refletem o gosto comum,

a lógica da sociedade e o conjunto de sentimentos e preconceitos

de cada tempo.

É nesse sentido que devem ser analisadas as estreias destes formatos,

dois enormes investimentos das duas principais estações privadas.

3.Este é um tempo amoral. Um tempo em que, cada vez mais,

os juízos de valor que são feitos não refletem um princípio moral

(nem sequer imoral). Um tempo que não reflete sobre o que vê pois

tudo é virtual e destituído de valor físico.

Uma importante fatia da população olha para a realidade como

uma ficção e para a ficção com realidade. Uma importante fatia da

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CRÓNICA

51

população mistura informação fidedigna com falsidades.

É para essa maioria que os programadores dos canais abertos trabalham.

Não lhes interessam os intelectuais, os letrados, as pessoas

que problematizam ou que podem escolher o que querem ver. Essas

todas somadas, nas suas contas, não oferecem garantias de audiência

massificada.

4.É um tempo amoral… e virtual.

Não temos dinheiro, temos a informação que o temos.

Nas guerras mata-se como num jogo de computador, quase tudo é

indolor e sem culpa.

Quando vemos o sofrimento ele é-nos apresentado com a mesma

lógica de uma série de ficção. Sofremos, mas como em qualquer série

a vida continua depois do episódio acabar.

Vivemos muito em função das redes sociais em que interagimos como

se estas interações fossem físicas e não virtuais.

É um tempo em que os discursos políticos se reduziram ao essencial,

discursos adaptados às televisões que exigem mensagens curtas que

caibam em slots de 20 ou 30 segundos. Já não os conseguimos ouvir

mais do que isso e “eles” sabem que o seu discurso deve ser simples

e publicitário. “Nós” criticamos isso, mas é-nos insuportável se for

de outra maneira, mudaríamos simplesmente de canal.

Este é um tempo que parece aplaudir as mudanças sociais como os

casamentos de pessoas do mesmo sexo ou os direitos dos homossexuais.

Mas depois, ao observarmos os canais mais vistos ou as

plataformas de gosto massificado, percebemos que existe um irritante

conservadorismo mascarado de progresso. Os homossexuais

assumidos que se tornaram estrelas ou são “efeminados” ou são

“espalhafatosos”. Têm todo o direito de serem o que quiserem, mas

estimulam inadvertidamente o preconceito. Porque aparentemente

para o senso comum, para a audiência média, um homossexual é

uma pessoa diferente da maioria, um maluco ou maluca de quem se

gosta, mas que não é como eles. É-lhes distante. Não os ameaça, só

os faz rir, só os entretém.

5.Voltarei a estes temas brevemente.

Regresso aos programas.

O que choca em “Quem quer namorar com o Agricultor” não é salvo

pela qualidade das filmagens ou pelo profissionalismo com que é

feito para ter um efeito na audiência. O que choca é ser um programa

miserável que trata as mulheres, no limite, como prostitutas. A maneira

como foram apresentadas aos agricultores, a forma como eles

as escolheram, são decalcadas da forma como os homens escolhem

as mulheres nos bordéis.

Choca-me muito ver a SIC, com uma informação que tem elevado o

jornalismo português e assumido as suas responsabilidades perante o

momento em que atravessamos, fazer depois, estimular depois, uma

programação feita de mediocridade, de estigmas sociais e de apelo

ao mais básico dos sentimentos.

E o que choca no Big Brother é terem-se passado vinte anos e não

existir o mínimo de criatividade para inventar novos formatos, arriscar

ir mais longe ou tentar surpreender. Gosto da atual direção de

programas da TVI (Nuno Santos e Hugo Andrade são pessoas que

prezo pessoal e profissionalmente), mas apostar no Big Brother é

desistir à partida da ideia de que a televisão não está necessariamente

condenada à rasquice e ao voyeurismo. Ainda por cima um voyeurismo

que nos desafia a espiar vidas vazias de homens e mulheres que, na

sua aparente diferença, são profundamente parecidos uns com os

outros, um templo de vacuidade.

6.A televisão hoje é muito mais do que os canais abertos.

As elites e uma parte substancial da classe média urbana (seja isso o

que for) vê o que quer e tem ofertas suficientes para não ter de ligar

a televisão nos canais habituais.

E não a irá ligar. Porque à semelhança de outros palcos as pessoas

mais exigentes foram expulsas das televisões, não têm lugar no

prime-time. É uma espécie de ditadura do proletariado capitalista,

a revolta da maioria.

Será muito difícil de inverter. E quem deseja e aceita o desafio de

dirigir estes projetos tem de jogar as regras do jogo. Tão simples

quanto isso.

7.Uma última nota para dizer que, ao contrário do que se pensa, não

foi nenhum daqueles programas que ganhou o domingo. Ricardo

Araújo Pereira pulverizou os números, o seu “Isto é Gozar com quem

Trabalha” foi visto por dois milhões de pessoas. Sou insuspeito, ainda

há poucos dias, afirmei aqui que este Araújo Pereira já não é sequer o

melhor humorista da sua geração, mas fiquei feliz por saber. Porque

os números são a prova de que não temos de estar condenados a

ter formatos que nos puxem para baixo, com apresentadores muito

abaixo do exigível (como o do Big Brother). Existe esperança que o

público, sempre soberano, comece a distinguir o trigo do joio ou o

género humano do Manuel Germano.

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52

CRÓNICA

Sérgio Moro

– o candidato a PR

CARLOS ESPERANÇA

Assistir ao branqueamento do ex-juiz e ministro de Bolsonaro nos

média portugueses, como se fosse um cidadão virtuoso e democrata,

é algo que arrepia.

Esqueceram que Temer, corrupto com fartas provas, deixou de

ser perseguido após ter aderido ao golpe contra Dilma Rousseff,

em proveito próprio e do gangue que assaltaria a presidência da

República com Bolsonaro como líder.

Basta substituir um corrupto abrutalhado por um corrupto sofisticado

para que tudo se mantenha igual num país onde as oligarquias

não deixam perdurar a democracia se não estiver sob o seu domínio.

Parece esquecida a participação de Sérgio Moro, indivíduo sem

escrúpulos nem pudor, na criação do ambiente que levou à destituição

de Dilma; as escutas ilegais à PR feitas e divulgadas por ele

para tornar aceitável na opinião pública o golpe da destituição sob

o estranho pretexto das “pedaladas fiscais”; a sua recomendação de

nomes de testemunhas aos procuradores para garantir condenações

e promover-se a justiceiro do Lava-Jato.*

Surpreende que não tenha procurado averiguar de onde partiu o

plano para assassinar a vereadora Marielle Franco e é muito comprometedora

a troca de mensagens divulgadas pelo Intercept em

julho passado, mostrando que o coordenador da Operação Lava

Jato, Deltan Dallagnol temia que o ministro da Justiça Sérgio Moro,

protegesse Flávio Bolsonaro para não desagradar ao PR e pôr em

risco a sua indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF), como

tinha antecipado Jair Bolsonaro em maio de 2021.*

A demissão de Moro deve-se à incapacidade do PR para compreender

que o cerco ao filho Flávio deixara de depender dele quando a

ordem de investigação partiu do STF.

Demitiu-se depois de ver gorada a indigitação para o STF, quando

não pôde impedir a investigação contra Flávio, e vingou-se com as

acusações que levaram o Tribunal que mandou investigar o filho a

mandar investigar agora o PR, por ingerência na Polícia Federal,

abrindo espaço para a sua candidatura à sucessão.

Sérgio Moro é outro Temer, mas faltou-lhe ser vice-presidente para

ser o PR na queda próxima de Bolsonaro. Resta-lhe agora conspirar

com o treino da Operação Lava Jato e esperar que não haja

melhor candidato para os que, com a sua cumplicidade, levaram

Bolsonaro a PR.

Convém lembrar que, quando era juiz do Lava Jato, em conferência

no Estoril, chamou bandido a um arguido português, ex-PM, ainda

sem acusação. A linguagem, digna de almocreve, é uma boçalidade,

adequada a um jagunço do gangue Bolsonaro, e uma ofensa à

Justiça portuguesa onde não há um único juiz capaz de apelidar

dessa forma um cidadão brasileiro, mesmo depois de a condenação

transitar em julgado.

Quem mente, conspira e corrompe, à semelhança de Temer, não

pode ser branqueado.

* https://bit.ly/35g2MbG

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OPINIÃO

53

Porcaria a

que chamam

informação

CARMINDO CARVALHO

Notícia não é o esforço heróico das margens que

sustem a força da água.Notícia é a fúria da água

que transbordou, alagou, arrastou, destruiu e num

ápice muito levou.

Notícia não é a arte da natureza que criou, bordou

e coloriu um jardim.Notícia é a tempestade que

destruiu esse mesmo jardim.

Notícia não é a fartura, é a fome.Notícia não é a

paz, é a guerra.

Notícia não é doar uma tonelada de feijão .Notícia

é roubar um quilo de pão.

Notícia não é amar, é odiar.Notícia não é ser benfeitor,

é ser malfeitor.

Notícia não é fazer e praticar o bem e ser louvado.Notícia

é fazer e praticar o mal , ser aplaudido

e não ser condenado.

Notícia não é o dar nem pouco nem muito sangue.Notícia

é o fazer muito, muito sangue.

Notícia não é, com a arte e bondade criar. É o

destruir com maldade e ruindade.

Notícia não é evitar a desgraça, é com ela fazer

negócio e lucrar.

Carta aberta ao sr.

Primeiro Ministro de

Portugal

Sr. Primeiro Ministro. Bom dia.

Não acha que deveria ter chamado à

atenção a sua Ministra que ali ao seu

lado ( à mão de semear), levou o tempo

todo em que decorreu a cerimónia de

comemoração do 25 de Abril de 1974

, a usar o Telemóvel , ou outro aparelho

similar, num terruca-terruca,

numa mostra escandalosa de desconsideração

pelo momento , pelos seus

colegas que usaram da palavra, pela

Assembleia da República - A Casa da

Democracia, pelos Portugueses que

assistiam pela Tv.?

Mas será que aquela cabecinha oca

CARMINDO PINTO DE CARVALHO

de libelinha, naquele caixote que tem

colocado nos ombros, tem serradura

no lugar de neurónios?

Já há uns dias num momento televisivo,

também na presença do P.M.

gastou o tempo olhando a sua farpela,

ajeitando e ajustando hipotéticos

vincos ou impurezas, completamente

alheada da importância do momento?

Não tem vergonha daquelas profundas

mostras de ausência de responsabilidade

do cargo que exerce?

Tenha vergonha!

Haja alguém, o sr. P.M. (ou mesmo o

papá dela que também é Ministro), lhe

puxem as orelhas e a chamem à razão.

Notícia não é aquele que segurou um que escorregou,

é aquele que caiu e se espatifou.

Notícia não é Teatro, Cinema, Dança, é casas dos

segredos e outras charopadas, próprias para entreter

mentes atrofiadas, cérebros mentecaptos

e castrados.

Que estas minhas palavras que relatam e gritam

esta minha raiva incontida não sejam Poesia nem

notícia, pois bem aceito de boa vontade, melhor

assim.

Notícia não seria se eu partisse a antena da Tv,

rodasse o botão e desligasse a telefonia.

Notícia seria se eu me passasse dos carretos e com

todas as letras mandasse toda esta porcaria a que

chamam informação para um sítio que eu bem sei.

Vivas ao vinte e cinco de Abril

Mais um aniversário daquela

Maravilhosa

E inolvidável madrugada

Se aproxima.

Aos homens que nela se envolveram

Pelo trabalho que por certo tiveram

De uma forma

Ou de outra

Muito fizeram

Para que o sonho

Se tornasse realidade em jeito de

agradecimento

E homenagem lhes canto

Agora e sempre lhes cantarei.

Todos os cânticos

Que for capaz de lhes cantar.

Por todos os caminhos

A palmilhar

A todos lugares irei

E cantarei.

Pela reviravolta benéfica que gerou

Na caduca sociedade portuguesa

De então. Pelo que aos olhos e corações

do povo representou

Agradecido cantarei.

Eu, tu, todos nós que não pactuámos

com tal sistema

Que não comemos da mesma manjedoura

ou gamela

Com tal famelga

O nosso obrigado

Mil vezes amplificado

Para que bem longe se ouça

Aos ventos seja lançado.

Juntos e unidos cantemos: Viva o

vinte e cinco de Abril!!! SEMPRE !!!

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54

LITERATURA

VCARMINDO

DE CARVALHO

Ghttps://www.fa-

cebook.com/carmindo.

carvalho

Terra minha

Oh! Terra minha, minha terra!

De diplomáticos apedeutas

Psico – terapeutas

De terapêuticas

De inculta inércia sobrecarregadas.

Agora entendo porque estás tão mal tratada!

Desgovernada e estrumada à farta!

Quase destroçada.

Sinto lástima de ti

Oh! Terra minha

Minha terra!

Que vai ser de ti

Quando o Sol e a chuva se zangarem

E por aqui não mais passarem?

Vais ficar como água ebuliente?

Alaranjada como metal em brasa?

Ou seca, gelada e rachada?

E as aves? E os animais?

Ah! Quão profundos irão ser os estertores

E estridentes

Os teus ais!

Oh! Terra minha, minha terra!

Se o culto tem de ser cómodo e mudo...

Faço minhas as tuas palavras

Oh! Meu ídolo e Mestre

Ary dos Santos :

__ “ Serei tudo o que quiseres

Poeta castrado não ! “

* “ Que têm eles feito da terra ?

Que fizeram eles da nossa irmã gentil?

Têm-na devastado, saqueado, esventrado,

despedaçado, apunhalaram-na nos flancos da aurora,

cercaram-na e levaram-na de rastos.

Estou a ouvir um rumor suavíssimo ...

Com o teu ouvido colado ao chão ... “

* Jim Morrison , líder e vocalista dos __ The Doors

Foto e palavras de : Carmindo de Carvalho

E a festa continua!

Nesta quarentena

Forçada é em casa mas imagino que é na rua!

Na mão uma imperial loirinha

Acompanha a minha voz e a tua

A nuvem que vai a passar

Abriu um pouco e vai deixar

O sol respirar! ...

E as sombras vão fazer-nos companhia!

( Led Zeppelin IV Vinil 1971 )

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LITERATURA

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VEUCLIDES

CAVACO

Ghttps://www.face-

book.com/euclides.cavaco

O LIVRO

EUCLIDES

CAVACO.

Um LIVRO é como um tesouro

Muitas vezes escondido

Mas que vale mais que o ouro

Ou fortuna quando é lido.

Qualquer LIVRO é para nós

Um amigo e confidente

Porque mesmo sem ter voz

Diz-nos tudo abertamente.

Um bom LIVRO é mais valia

Na cultura é soberano

Por dar a sabedoria

Que enriquece o ser humano.

Quem lê um LIVRO usufrui

Conhecimento e saber

Dá-nos o bem que possui

Sem dele se desfazer.

HERÓIS DE ABRIL

EUCLIDES CAVACO

Deixem-me cantar Abril

E evocar tal heroísmo

Militar junto ao civil

Que derrubou o fascismo.

Prestar aos bravos meu preito

Dizer-lhes Valeu a pena

Os cravos e o tema eleito

Grandola Vila Morena !...

Deixem-me clamar victória

Às nossas Forças Armadas

Pelo seu triunfo e glória

Com o povo de mãos dadas.

Que a hístória jamais olvide

Os militares de excelência

Que incutiram fim à pide

E à maldita prepotência...

Deixem-me exaltar os bravos

Do nosso Portugal novo

Da Revolução dos Cravos

Que trouxe justiça ao povo.

Dando a Abril o sentido

Com coragem e vontade

De abrir com o povo unido

As portas da liberdade !...

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56

HORÓSCOPO

RV - JOANA ARAÚJO

(*)

Carneiro

Este mês pede foco na interiorização,

na reflexão e na observação

das consequências de

seus actos ao longo dos últimos

meses. É um período em que

o importante é buscar o autoconhecimento,

o desenvolvimento

espiritual e ouvir mais

a sua intuição. A saúde física e

psíquica é também muito importante

ao longo deste mês. É

um mês idealista e sonhador,

em que você deve evitar sentimentos

de culpa e uma atitude

de mártir ou de vítima.

Touro

Amizade, amor, desenvolvimento

espiritual e conexão com

certos grupos e ideais são os

factores mais importantes deste

mês para o signo Touro. É um

momento em que você se questiona

quem são os seus companheiros

de jornada, como está

estabelecendo laços emocionais

com as pessoas, qual é o seu papel

no planeta. É também um

mês muito importante para

você cuidar de assuntos emocionais

e financeiros pendentes.

Gémeos

Este mês é um mês importante

para o signo Gémeo reflectirem

se estão conseguindo uma harmonização

entre as demandas

profissionais e os interesses

mais íntimos ligados à família

e às emoções. É um mês muito

significativo para você se envolver

mais emocional e espiritualmente

com o que faz e para

perceber onde esteve idealizando

as situações em demasia,

podendo haver ilusões ou confusões.

É o momento de seguir

o chamado da sua alma, caso o

contrário, você tende a se sentir

muito insatisfeito.

Caranguejo

Espiritualidade, viagens com o

intuito de autoconhecimento,

idealismo, sonhos, participação

em cursos e workshops são

maneiras interessantes de você

canalizar sua energia ao longo

deste mês. É um momento muito

importante para você perceber

se está seguindo os seus

sonhos e os seus ideais, e onde

talvez esteja idealizando em demasia,

correndo o risco de ficar

confuso e desorientado. Siga

mais a sua intuição.

Na vida amorosa, é necessário

que haja uma profunda sintonia

espiritual com quem você

ama, que respeite as diferenças

ideológicas, mas que também

busque um entendimento mais

profundo, baseado no ensinamento

do afecto incondicional.

Leão

Este mês é para o signo Leão

um dos meses mais transformadores

de 2016, pois teremos

uma Lua Nova que será também

um eclipse no sector de

transformações emocionais. É

o momento de você perceber

aquelas atitudes e padrões que

não podem mais se repetir. É

uma fase de intenso renascimento

interno, e o foco está no

reconhecimento de como você

está vivendo a intimidade, a sexualidade

e também na resolução

de pendências financeiras.

Virgem

Relacionamento é o principal

tema deste mês ao signo

Virgem, pois teremos uma

Lua Nova, que é também um

eclipse, no sector de relações,

parcerias e associações. É um

momento de você questionar

as suas atitudes em todo tipo

de relacionamento e interacção

que você estabelece com as

pessoas. Deve ter cuidado com

atitudes manipuladoras ou com

a idealização excessiva, buscando

uma relação perfeita. Há

um importante aprendizado de

uma maior compaixão e sensibilidade

em suas relações.

Balança

Está na hora de você cuidar

mais da saúde e do bem-estar,

percebendo as situações que

são nocivas ao seu desenvolvimento.

Este é um mês que

haverá um eclipse no sector de

saúde e de trabalho, pedindo

para você cuidar desses assuntos

e realizar as transformações

e curas necessárias em relação

a eles. É um momento em que

pode haver o início de um processo

de profundas mudanças

na natureza do seu trabalho e

no que representa para você ter

uma vida saudável.

Escorpião

Fortes desafios emocionais caracterizam

neste mês para o

signo Escorpião. Você tende a

estar mais sonhador e idealista,

e isso pode ser importante

para se sintonizar com as suas

verdades mais essenciais. Entretanto,

pode haver a tendência

à ilusão por um excesso de

expectativas. É um momento

muito importante para projectos

criativos e para uma expressão

mais autêntica de seus

talentos e potenciais. A amizade

é também um factor muito

importante do mês para o signo

Escorpião.

Sagitário

Um novo balanço entre a vida

pessoal e profissional se faz

necessário ao signo Sagitário

ao longo deste mês. Teremos

um eclipse no seu sector familiar,

indicando a importância

de você resolver pendências

de longa data com a família. É

hora de um acerto de contas

com o seu passado em que você

deve perdoar antigos erros e

buscar uma sintonia emocional

e espiritual mais profunda com

as pessoas próximas. Isso não

significa “tapar o sol com a peneira”

ou fugir de conflitos, mas

é necessário você resolver aquilo

que está lhe incomodando.

Capricórnio

É hora de você prestar mais

atenção na sua voz interior, na

sua intuição, expressando o que

verdadeiramente pensa e sente.

Mas deve haver cuidado com a

tendência aos mal entendidos

na comunicação e na interacção

com pessoas, porque talvez

você não seja compreendido em

relação ao que de facto quer expressar,

tome cuidado com isso.

É um mês em que pode se sentir

chamado a desenvolver certos

conhecimentos e interesses,

que agregarão uma dimensão

mais espiritual ao seu quotidiano.

Aquário

O que você realmente valoriza?

Este é o grande questionamento

deste mês ao signo Aquário.

Um mês em que o foco está no

desenvolvimento de suas habilidades,

na percepção do que

lhe é prioritário em questões

financeiras e nas resoluções

de antigas pendências. É o

momento de perceber se você

está agindo de acordo com seus

ideais mais importantes.

Peixes

Este mês tende a ser o mês mais

importante de 2016 para o signo

Peixes, pois teremos a Lua

Nova, que será também um

eclipse no seu signo, sinalizando

um novo momento de vida,

com importantes reflexos nos

seus relacionamentos e parcerias.

É o momento de se conectar

mais com o que lhe é sagrado

e de atender ao seu chamado

interno, que se tornará imenso

ao longo do mês.

Afectivamente, teremos o ingresso

do planeta do amor em

seu signo ao longo deste mês, o

que potencializa novas atitudes

e afinidades. É um momento

em que você tende a estar mais

sintonizado com a sua verdadeira

natureza emocional.

Maio 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU

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