ESPECIAL KLABIN: empreendedorismo e DNA na madeira Livro apresenta a história e algumas lições do fundador da empresa que, hoje, é considerada a maior produtora e exportadora de papéis de embalagem do Brasil Fotos: divulgação 54 www.referenciaflorestal.com.br
C om o DNA familiar na madeira brasileira, como ressalta Celso Lafer, integrante da família Klabin-Lafer e do Conselho de Administração da Klabin S.A., considerada a maior produtora e exportadora de papéis de embalagem do Brasil, a gênese da empresa é tema do novo livro: Maurício Klabin – empreendedor e pioneiro da indústria brasileira. A partir da consciência de que a base florestal, sua sustentabilidade, manejo, atividades de reflorestamento são matéria-prima fundamental, a empresa “conseguiu manter uma consistência crescente com a implantação do grande empreendimento de celulose e papel, em Monte Alegre (PR)”, ressalta Celso, ao destacar os 120 anos de história. E é a partir desses ideais do fundador e da trajetória dele no início da formação do empreendimento, que o livro resgata a memória do que conhecemos hoje como Klabin S.A. Narrar um século de case verídico em apenas <strong>218</strong> páginas foi o desafio para o historiador Roney Cytrynowicz. “Os dotes dele como pesquisador deram vida ao que encontrou em arquivos e acervos, inclusive o do centro de memória de Klabin, jornais da época, conferindo dimensão própria à ampla bibliografia de que se valeu”, destaca Celso Lafer. Ilustrado com fotografias, documentos e recortes de jornal antigos, o livro percorre a biografia do fundador. Com apresentação de Celso Lafer, que também é Professor Emérito da USP (Universidade São Paulo), e autor de inúmeros textos relacionados a essa memória familiar, a publicação teve também como fonte um denso estudo introdutório do professor José de Souza Martins, sociólogo de São Paulo e um dos pioneiros da industrialização brasileira, que ressalta a singularidade empreendedora e os valores de Maurício Klabin. “O foco é a exemplaridade da trajetória de Maurício. A sua atuação é um exemplo de um bem sucedido processo competitivo de substituição de importação de um setor da vida econômica brasileira, que se aprofundou e se adensou no tempo e foi adquirindo competitividade e sustentabilidade crescentes”, afirma. Pioneiro e o patrono-inaugural da família Klabin-Lafer no Brasil, Maurício Klabin (1861- 1923) chegou ao território nacional como imigrante de uma pequena aldeia judaica da Lituânia, em São Paulo, em 1890. Com a percepção dos caminhos que a primeira República oferecia ao país, notou espaço para o setor de papel e celulose. “Numa época em que a industrialização apenas engatinhava em nosso país, teve a visão e as qualidades de um empreendedorismo de corte shumpeteriano apto para enfrentar os riscos e reunir os recursos para levar adiante, de maneira inovadora, a implantação da cadeia produtiva de celulose e papel”, revela Lafer. O livro está estruturado em nove capítulos que tratam das origens da família na Lituânia; a vinda de Maurício para o Brasil nos inícios de 1890; os seus primeiros negócios na área da tipografia e da papelaria; o casamento e a reunião da família vinda da Lituânia, na década de 1890, que sob sua liderança impulsionou a criação em 1899 e posterior expansão de Klabin Irmãos e Cia.; o começo da fase industrial de seu empreendedorismo com o arrendamento em 1902 de uma fábrica de papel em Salto de Itú e a subsequente fundação em 1909 da Cia. Fabricadora de Papel; suas atividades imobiliárias no desbravamento da Vila Mariana; seu papel na criação e fundação das primeiras instituições da comunidade judaica em São Paulo nos anos 1910 e 1920; e seu interesse pelo movimento sionista nas primeiras décadas do século XX. CURIOSIDADES Uma das curiosidades é que Klabin-Lafer é uma única família, mas nome original familiar é Lafer. “Klabin foi o nome adotado por Maurício e seu pai Leão, na Europa, em função das vicissitudes da condição judaica na Lituânia e aponta para uma área próxima de sua aldeia natal”, conta Celso Lafer. Outro marco é considerar o ponto de partida de Klabin S.A, a iniciativa do fundador em criar a Cia Fabricadora de Papel, na década de 1910 em São Paulo, e que foi, em seu tempo, a mais moderna fábrica de papel do Brasil. As nuances da história familiar, que se entrelaça com a própria memória da industrialização brasileira, são tantas que há outras publicações sobre o tema. Entre elas esta “A saga da família Klabin-Lafer” (2017), do historiador Ronaldo Costa Couto, que também conta com a apresentação de Celso Lafer. Os livros são vendidos em livrarias tradicionais. Maio <strong>2020</strong> 55