EUROTRANSPORTE 116
Revista Eurotransporte n.º 116 - tudo sobre o transporte profissional, logística, aftermarket e mobilidade
Revista Eurotransporte n.º 116 - tudo sobre o transporte profissional, logística, aftermarket e mobilidade
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FIGURA MAIS<br />
João Filipe Jesus é o Director-geral da Dourogás Natural, empresa do grupo Dourogás SGPS,<br />
que gere o negócio e os activos que exploram a mobilidade a gás natural. Totalmente conhecedor<br />
do meio onde se movimenta, o nosso interlocutor, em entrevista à Eurotransporte, referiu<br />
não ter dúvidas de que a mobilidade a gás natural está a ganhar o seu espaço e a registar um<br />
crescimento sustentado, como demonstra, por exemplo, a aposta ganha no transporte público.<br />
Também os principais corredores nacionais de abastecimento permitem, hoje, que o transporte<br />
de pesados de mercadorias, a partir das estações de GNV em Portugal, percorram o mercado<br />
europeu sem problema. Em suma, é o Gás Natural a ganhar o seu espaço com a consistência<br />
da Dourogás Natural a acompanhar o desenvolvimento.<br />
text0 josé costa<br />
<strong>EUROTRANSPORTE</strong> - Qual é a filosofia da Dourogás<br />
para o negócio do Gás Natural?<br />
JOÃO FILIPE JESUS - O Grupo Dourogás tem<br />
uma matriz essencialmente gasista que advém<br />
da sua vocação inicial em levar o gás natural, enquanto<br />
fonte energética mais limpa e mais competitiva,<br />
aos territórios que inicialmente estavam<br />
excluídos dos planos de investimento ao<br />
nível da rede de gasodutos. Hoje, enquanto distribuidor,<br />
o Grupo Dourogás está presente em<br />
34 concelhos explorando uma rede de distribuição<br />
de mais de 600 km, que teve como mérito<br />
principal alavancar o desenvolvimento regional<br />
desses territórios, reduzindo as assimetrias<br />
face ao Litoral. Acreditamos que o futuro não vai<br />
ser totalmente eléctrico e isso abre um conjunto<br />
de oportunidades para promover o caminho da<br />
sustentabilidade, designadamente ao nível dos<br />
gases renováveis, quer os que podem ser produzidos<br />
a partir de recursos endógenos, como o<br />
hidrogénio, quer aqueles que resultam da valorização<br />
e aproveitamento de matéria orgânica como<br />
é o caso do biometano.<br />
A aplicação do gás natural na mobilidade continua<br />
a ser a prioridade do Grupo Dourogás?<br />
O Grupo Dourogás é líder nacional, quer em quota<br />
de mercado, quer na dimensão da rede de postos<br />
de abastecimento de Gás Natural Veicular<br />
(GNV). Iniciámos esta trajectória em 2012/2013<br />
e hoje, volvidos estes anos, acreditamos que demos<br />
um impulso considerável ao conceito da mobilidade<br />
sustentável no nosso País. Dentro de algumas<br />
semanas, concluiremos os investimentos<br />
projectados no quadro de um consórcio euro-<br />
54 Transporte<br />
euro<br />
peu que em 2016 começámos a desenhar e que<br />
se denomina Eco-Gate, e assim teremos uma<br />
dúzia de pontos de abastecimento que asseguram<br />
já uma cobertura considerável do território<br />
nacional, tanto no capítulo do transporte de médio<br />
e longo curso de mercadorias, como ao nível<br />
da distribuição mais capilar nas principais áreas<br />
metropolitanas.<br />
A Empresa está mais direccionada para os veículos<br />
pesados (acima das 16T) de mercadorias.<br />
Essa é a prioridade?<br />
Estamos essencialmente virados para o mercado<br />
onde a tecnologia existente ao dia de hoje, de<br />
uma forma realista e pragmática, permite que o<br />
gás natural constitua uma resposta afirmativa<br />
em termos de economia de custos para as famílias<br />
e para as empresas, enquanto constitui uma<br />
alternativa menos poluente face aos combustíveis<br />
derivados do petróleo. Naturalmente, temos<br />
apostado numa agenda mais virada para os<br />
pesados de mercadorias, que por força das circunstâncias,<br />
é onde a dimensão dos ganhos económicos<br />
atinge maior relevância, mas assistimos<br />
hoje à emergência de apontamentos muito interessantes,<br />
ao nível, por exemplo, da mobilidade<br />
nos ligeiros movidos a gás natural comprimido,<br />
com os quais é hoje possível, por exemplo, fazer<br />
o trajecto Lisboa-Porto com pouco mais de 10€<br />
de combustível. Isto é impensável quando pensamos<br />
nas alternativas tradicionais baseadas no<br />
petróleo.<br />
Os comerciais ligeiros, tipo furgão de mercadorias!<br />
Estão fora do objectivo da empresa ou<br />
também entram em cena?<br />
Se existe virtude na tecnologia da mobilidade a<br />
gás natural, é o espectro alargado de alternativas<br />
que podem ser cobertas pela GNV. Desde<br />
os ligeiros, aos utilitários de mercadorias até 3,5<br />
ton, passando pelas gamas intermédias até às<br />
16 toneladas, até aos pesados de 40 toneladas.<br />
Contamos hoje com um conjunto de operações<br />
de distribuição, suportadas na nossa rede de<br />
abastecimento, nestas gamas de veículos, que<br />
operam em vários domínios de actividade, designadamente<br />
na distribuição para o canal Horeca.<br />
O parque automóvel pesado de mercadorias a<br />
gás natural em Portugal está a aumentar?<br />
No ano de 2019, o número de viaturas a gás natural<br />
no mercado português praticamente duplicou,<br />
com um crescimento homólogo de 91%,<br />
para 752 unidades triplicando inclusivamente os<br />
valores de 2017. Em 2020, a tendência mantevese<br />
durante os primeiros meses, esperando-se<br />
agora uma retoma moderada, em virtude do estado<br />
de emergência associado à pandemia que<br />
assolou Portugal e no Mundo.<br />
Já na nossa vizinha Espanha o crescimento o<br />
ano passado foi de mais de 60% para um total<br />
de mais de 22 mil viaturas. Acreditamos, que em<br />
Portugal existe ainda um território fértil para a<br />
expansão do parque de viaturas movidas a gás<br />
natural.<br />
No seu entender é possível percorrer os principais<br />
corredores da Europa com gás natural<br />
líquido?<br />
Sem dúvida alguma. Aliás, temos hoje clientes<br />
que servem, a partir das nossas estações de GNV<br />
em Portugal, mercados como o alemão, italiano,