SCMedia News | Revista | Junho 2020
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
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Jun’ <strong>2020</strong><br />
4,60€<br />
Mensal<br />
12<br />
Logística no grande<br />
consumo<br />
Compras públicas<br />
durante a pandemia<br />
Bosch antecipa<br />
futuro das<br />
fábricas<br />
McCormick Portugal<br />
Logística em casa<br />
tempera sucesso ibérico
Formação IN-HOUSE<br />
Gestão de Stocks<br />
Negociação na Logística<br />
Gestão do Armazém<br />
Auditoria Logística<br />
Gestão de Compras<br />
Logística<br />
Compras<br />
Operações<br />
Workshops/Cursos<br />
Intra-Empresas<br />
estruturados e<br />
construídos à medida,<br />
realizados nas<br />
instalações da<br />
empresa, nos horários<br />
que forem mais<br />
convenientes.<br />
Procurement eficiente<br />
Seleção e avaliação de fornecedores<br />
O essencial da Gestão Logística e da Cadeia de Abastecimento<br />
Libertar e maximizar o potencial das equipas logísticas<br />
através da liderança eficaz<br />
Lean Logistics<br />
Gestão de Processos<br />
Facility Management<br />
Gestão de Rotas<br />
Gerir com sucesso a sua frota<br />
Como minimizar os custos de transporte<br />
Esta é uma oportunidade<br />
para reciclar<br />
conhecimentos, ampliar<br />
outros e alargar horizontes<br />
profissionais.<br />
Ferramentas de gestão logística para transitários<br />
Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />
Sector Transitário - Formação em Vendas<br />
Formação Air & Sea - Vertente Comercial<br />
SAIBA MAIS EM:<br />
www.supplychainmagazine.pt/flow/<br />
flow@supplychainmagazine.pt<br />
Formação em Transporte Aéreo - Vertente Comercial<br />
Formação em Transporte Marítimo - Vertente Comercial<br />
Formação em Supply Chain<br />
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dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />
Dora Assis<br />
editorial<br />
Desconfinados mas desconfiados<br />
“O medo atribui a pequenas coisas grandes sombras.”<br />
Provérbio sueco<br />
Oficialmente estamos desconfinados, mas é<br />
evidente para todos que as regras, em Março,<br />
eram muito mais claras do que as deste<br />
desconfinamento dois passos à frente, um<br />
atrás e vice-versa em que todos vivemos há<br />
semanas. É um recuperar a vida e as nossas<br />
liberdades individuais a conta-gotas.<br />
A ideia é, claro, garantir toda a<br />
segurança, diminuir ao máximo os riscos<br />
e procurar a retoma da normalidade.<br />
Mesmo com máscaras e obrigatoriedade de<br />
distanciamento, estamos desconfinados mas<br />
desconfiados. Muito. O trocadilho é fácil<br />
e quase óbvio, mas adequa-se tão bem ao<br />
espírito dos dias que se vivem!<br />
Há coisas que estão para durar ou até<br />
mesmo para ficar.<br />
Trabalhar a partir de casa, ainda que<br />
parcialmente, veio para ficar. Para sempre?<br />
Para os próximos meses? Aceitam-se<br />
prognósticos.<br />
Vamos continuar a ter reuniões<br />
remotamente e através de vídeo-chamadas<br />
por tudo e por nada? A assistir diariamente<br />
a um número incomensurável de webinars<br />
através de ecrãs? A organizar conferências<br />
virtuais, à distância, porque os eventos físicos<br />
estão muito limitados nos próximos tempos<br />
e, por outro lado, as restrições impostas pela<br />
maioria das empresas impede a participação<br />
dos profissionais, quando e se vierem a<br />
acontecer?<br />
Contudo, convenhamos, não há verdadeira<br />
sociedade sem proximidade e sensação real de<br />
partilha. É contra-natura.<br />
Seria importante que todos pensássemos<br />
no que é já uma realidade: o cansaço do<br />
trabalhador de ecrã e de como é urgente<br />
encontrar uma forma de fazermos de tudo isto<br />
que está a acontecer no mundo e dentro de<br />
nós algo melhor para todos.<br />
Este mês trazemos-lhe, como sempre, uma<br />
mão cheia de boas histórias que marcam<br />
o admirável mundo da supply chain, onde<br />
inovação e superação têm sido uma constante.<br />
Não se conhecem contra-indicações à leitura<br />
das páginas que se seguem, em teletrabalho,<br />
de férias ou já no “novo normal”. Aqui,<br />
sanitariamente, está em segurança. Não há<br />
risco de contágio e contagiante só a boa<br />
energia com que a nossa equipa preparou este<br />
número a pensar em si.
4<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
#8 #27 #46<br />
índice<br />
FACTOS & NÚMEROS<br />
Crescimento da<br />
exportação portuguesa 6<br />
logística<br />
Logística de produtos<br />
de grande consumo 8<br />
Carreras 21<br />
SCM<br />
Digital Conference 27<br />
procurement<br />
Estratégias de compras públicas<br />
mundiais durante a pandemia 36<br />
Obrigado, COVID-19! 40<br />
intralogística<br />
McCormick 46<br />
tecnologias<br />
Bosch antecipa que o futuro das<br />
fábricas passa pelo 4.0 57<br />
Relatório de tendências da DHL 62<br />
> Nota da Redação: Por lapso, na edição #10, no artigo ‘Procurement Resiliente na Batalha contra<br />
o coronavírus’, a afirmação “não sabemos o dia de amanhã, mas adaptar-nos-emos rapidamente<br />
às restrições e desafios que esta crise nos impõe, bem como aos nossos negócios”, na página 42,<br />
atribuída a Pedro Carmo, não é deste, mas sim de Vasco Grilo. Fica a rectificação.
SCM Supply Chain Magazine 5<br />
transportes<br />
carreira<br />
#57 #65<br />
Olano Portugal 65<br />
O padrinho do Lean 74<br />
O regresso da pós-graduação<br />
para a área de supply chain 76<br />
o mundo é redondo<br />
Crítica do livro<br />
Fifty Inventions That Shaped<br />
the Modern Economy, Tim Harford 78<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Sede, Administração e Redacção_<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
Direcção Geral_<br />
Filipe Barros<br />
Directora_<br />
Dora Assis<br />
Redacção_<br />
Ana Paiva, Fábio Santos<br />
Projecto gráfico_<br />
Maria João Carvalho<br />
Paginação _<br />
Daniela Moço<br />
Circulação & Eventos _<br />
Inês Ferreira<br />
Direcção Comercial _<br />
Filipe Barros<br />
Sales & Marketing _<br />
Margarida Matildes<br />
Impressão _<br />
VASP DPS<br />
MLP – Quinta do Grajal,<br />
Venda Seca<br />
2739-511 Agualva Cacém<br />
Tiragem _<br />
3 mil exemplares<br />
Propriedade_<br />
SC Media Unipessoal, Lda.<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
NPC _<br />
514707143<br />
Capital Social_<br />
100,00€<br />
Participações sociais_<br />
Susana Silva<br />
Administração_<br />
Filipe Barros<br />
Registo na ERC n.º _<br />
127322<br />
Depósito Legal n.º _<br />
458604/19<br />
Os artigos assinados apenas veiculam<br />
a posição dos seus autores.<br />
Interdita a reprodução de textos e<br />
imagens sem autorização expressa.<br />
Esta revista é escrita respeitando a grafia<br />
anterior ao Acordo Ortográfico
6 <strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
FACTOS<br />
& NÚMEROS<br />
Crescimento da<br />
exportação portuguesa<br />
Portugal teve mais<br />
10 mil empresas exportadoras<br />
na última década<br />
De acordo com os dados da Informa D&B,<br />
no “Retalho das Empresas Exportadoras<br />
em Portugal”, com a resposta à crise de<br />
2008 a exportação foi impulsionada, e hoje o<br />
país conta com 35.562 empresas exportadoras,<br />
mais 10 mil que nessa altura.<br />
“Este aumento, que foi impulsionado pela<br />
resposta à crise de há dez anos, pode ser hoje<br />
um importante contributo para a recuperação<br />
económica da crise resultante da COVID-19”,<br />
avança a empresa.<br />
De acordo com os números, 63% das<br />
empresas exportadoras pertencem a sectores<br />
com impacto médio, e 13% a sectores de<br />
impacto baixo. Relativamente à exposição à<br />
pandemia, é também ela diferente consoante<br />
as áreas de actuação das empresas, pelo que<br />
as exportadoras de bens são fortemente<br />
impactadas (33%), o mesmo só ocorre com<br />
16% das empresas exportadoras de serviços.<br />
Apesar de apenas 24% das empresas<br />
exportadoras pertencer aos sectores de<br />
impacto alto, no da indústria, o maior<br />
exportador nacional, que alberga 8.974<br />
empresas exportadoras e que sozinhas<br />
representam 38 mil milhões de euros em<br />
vendas para os mercados externos, um terço<br />
pertence a subsectores com impacto alto face<br />
à COVID-19.<br />
A importância das exportações aumenta<br />
consoante o número de destinos para onde<br />
exportam, e com ela, também o risco das<br />
suas vendas. Enquanto nas exportadoras que<br />
vendem para um ou dois mercados externos, o<br />
valor do negócio nesses mercados não atinge<br />
os 30%, nas que vendem para 3 ou mais esse<br />
valor é superior a 50%.<br />
Das 35.562 empresas exportadoras, quase<br />
30 mil operam na União Europeia (29.524),<br />
enquanto as restantes 18.120 têm negócios<br />
com países extracomunitários.<br />
Embora haja um maior número de empresas<br />
a exportar serviços, o valor da exportação<br />
de bens é superior, representando três<br />
quartos do valor total das exportações,<br />
tendo como destino principal (75%)<br />
os mercados comunitários. Para as de<br />
exportação de serviços que trabalham com os<br />
extracomunitários, essa percentagem atinge já<br />
os 44% do valor total. •
8<br />
junho <strong>2020</strong><br />
logística<br />
Produtos de grande<br />
consumo
SCM Supply Chain Magazine 9<br />
Texto: Ana Paiva<br />
A importância<br />
da logística<br />
em tempos de<br />
pandemia<br />
Durante os meses mais críticos da<br />
pandemia em Portugal, os verdadeiros<br />
heróis que se mantiveram na linha da<br />
frente na área dos produtos de grande<br />
consumo foram os operadores logísticos<br />
e as empresas que não permitiram que os<br />
portugueses ficassem sem bens essenciais<br />
nas prateleiras. Danone, Nestlé, Lactalis,<br />
Grupo Bel, Fábricas Lusitana, FHCS e<br />
Renova foram algumas delas, que nos<br />
mostraram a realidade de trabalhar<br />
arduamente durante uma pandemia<br />
mundial.<br />
Omedo foi um dos sentimentos mais vividos<br />
desde que o coronavírus se instalou<br />
no mundo. Medo de adoecer, medo de<br />
afundar a economia e medo da escassez de<br />
bens de primeira necessidade. Em Portugal,<br />
entre Março e Abril, viveram-se tempos difíceis<br />
em que a população agia em modo pânico sem<br />
ponderar os seus actos, tendo açambarcado<br />
produtos como papel higiénico, álcool etílico<br />
e álcool-gel, farinhas, fermentos de padeiro,<br />
entre outros, em várias cadeias de super e<br />
hiper-mercados.<br />
Desde cedo que o governo e as próprias<br />
marcas aconselharam a que as compras fossem<br />
realizadas de forma regrada para que todos<br />
pudessem adquirir o que realmente estava em<br />
falta. Registaram-se rupturas de stock, mas<br />
não porque os heróis do backstage estavam a<br />
trabalhar mal (muito pelo contrário), mas sim<br />
porque houve uma ‘corrida às prateleiras’ por<br />
parte dos consumidores.<br />
Para que o stock fosse reposto à velocidade<br />
da procura, as operações dos produtos de<br />
grande consumo sofreram grandes alterações,<br />
pois ao mesmo tempo que era necessário<br />
aumentar a produção, também era fundamental<br />
garantir as medidas de segurança de todos os<br />
trabalhadores.<br />
A Danone foi uma das marcas que registou<br />
um pico de vendas em todos os seus produtos<br />
na fase inicial da pandemia, conta João<br />
Trindade, head of supply chain da Danone<br />
Portugal. Após esta fase, os produtos que<br />
mantiveram o aumento na procura foram,<br />
por um lado, os de categorias mais funcionais<br />
e com benefícios de saúde adicionais, como<br />
Actimel e Danacol, por outro, os de consumo<br />
mais prazerosos, como Oikos e Danette.<br />
Além disto, registou-se também uma procura<br />
mais acentuada por produtos a preços mais<br />
reduzidos da marca Danone e também por<br />
packs familiares.<br />
A nível de facturação, a empresa foi<br />
acompanhando a sua evolução e a performance<br />
dos principais clientes que também tiveram<br />
constrangimentos logísticos, acabando por<br />
impactar o volume de vendas em determinadas<br />
semanas.<br />
No entanto, o volume de trabalho aumentou
10<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
[as equipas de supply chain]<br />
neste contexto ganharam<br />
um protagonismo e uma<br />
relevância que em situações<br />
normais não são tão visíveis<br />
João Trindade, Danone<br />
significativamente, sobretudo para as equipas<br />
de supply chain que “neste contexto ganharam<br />
um protagonismo e uma relevância que em<br />
situações normais não são tão visíveis”, refere o<br />
responsável.<br />
Tendo como principal prioridade a saúde<br />
e segurança dos colaboradores, clientes e<br />
população, a Danone pôs em prática, logo<br />
no início, o plano de contingência “que<br />
compreende um conjunto de medidas que visa<br />
a protecção de todos e em todas as fases da<br />
cadeia de produção e distribuição, bem como o<br />
normal fornecimento do produto”, defende João<br />
Trindade.<br />
Para os colaboradores internos, algumas das<br />
medidas de segurança implementadas visaram<br />
a colocação de dispensadores com álcool-gel<br />
junto das entradas do escritório juntamente<br />
com as indicações de boas práticas de higiene<br />
e, aos operadores logísticos, impôs-se o uso<br />
de máscara a colaboradores, visitas e parceiros<br />
de negócio que acedessem às plataformas.<br />
Nas fábricas, uma das regras é a permanente<br />
formação sobre os riscos e mitigação do<br />
contágio.<br />
Além das alterações no comportamento<br />
de consumo, que provoca instabilidade nas<br />
previsões da procura e se reflecte nos principais<br />
KPI’s da cadeia de abastecimento, a Danone<br />
viu-se perante outro desafio: a instabilidade<br />
dos recursos humanos na região da Azambuja<br />
graças ao surto que lá se instalou, “esta<br />
instabilidade impacta não apenas o nosso<br />
armazém, mas também os dos nossos principais<br />
clientes, o que levou a que tivéssemos de<br />
implementar planos de acção com o intuito de<br />
minimizar potenciais consequências no ponto<br />
de venda”, explica o head of supply chain.<br />
Contudo, rapidamente tomaram medidas:<br />
aumentaram o número de pessoas no armazém,<br />
bem como as coberturas do inventário, tiveram<br />
a necessidade de incrementar pontualmente<br />
os lead times a alguns clientes e fizeram<br />
a preparação de algumas encomendas<br />
directamente das suas fábricas em Espanha.<br />
A Nestlé foi outra das marcas muito<br />
procuradas pelos portugueses durante o<br />
confinamento, o que resultou num ajuste aos<br />
planos de produção nas fábricas de Avanca e<br />
do Porto, bem como de outras localizadas na<br />
Europa. “O volume das nossas entregas neste<br />
período subiu entre 20 a 25% e ultrapassámos<br />
o nosso maior volume de entrega diária dos<br />
últimos 40 anos”, afirma Jörg Deubel que faz<br />
parte da direcção de supply chain da Nestlé<br />
Portugal.<br />
Contudo, a empresa teve de aplicar medidas<br />
de segurança muito rigorosas na fábrica de<br />
Avanca devido ao cerco sanitário imposto em<br />
Ovar, em Março. Colocaram, de um dia para o<br />
outro, 130 trabalhadores em casa e reduziram<br />
momentaneamente os turnos de produção<br />
priorizando bens essenciais e aplicando<br />
os planos de contingência. Já no centro de<br />
distribuição de Avanca, 40% da mão-de-obra<br />
ficou confinada devido ao cerco sanitário.<br />
Ainda assim, activaram, em apenas 10 dias, um
segundo armazém em parceria com um dos<br />
seus operadores logísticos na zona de Lisboa de<br />
forma a garantir as entregas a um dos principais<br />
clientes.<br />
O responsável confessa que a entre-ajuda<br />
e a constante comunicação, tanto interna<br />
como externa, foram fundamentais para<br />
superar os desafios, bem como o esforço dos<br />
clientes e parceiros em manter a cadeia de<br />
produção e distribuição activa durante esta<br />
crise. Acrescenta que “a nova realidade será<br />
certamente acompanhada por uma maior<br />
incerteza quanto ao futuro, exigindo de todos<br />
nós flexibilidade, rapidez e foco”.<br />
Por sua vez, a marca Longa Vida, que faz<br />
parte da Lactalis Nestlé Portugal, não sentiu<br />
um grande aumento das vendas como outros<br />
fabricantes de alimentação, pois devido ao<br />
SCM Supply Chain Magazine 11
12<br />
junho <strong>2020</strong><br />
a nova realidade será<br />
certamente acompanhada por<br />
uma maior incerteza quanto<br />
ao futuro, exigindo de todos<br />
nós flexibilidade, rapidez e<br />
foco<br />
Jörg Deubel, Nestlé Portugal<br />
facto de ser um produto de curta validade e<br />
de necessitar de frio positivo, não é possível<br />
efectuar grandes stocks e à necessidade de frio<br />
positivo, conta Mara Fernandes, supply chain<br />
director da Lactalis. Ainda assim, a Longa Vida,<br />
registou um crescimento em marca própria,<br />
uma vez que, face ao período homólogo de<br />
2019, alcançaram o mesmo nível de produção e<br />
vendas. Contudo, enquanto fabricante de marca<br />
de fornecedor, verificou-se um decréscimo<br />
ligeiro.<br />
Apesar dos desafios, a marca apercebeu-se<br />
que este seria o momento exacto para apostar<br />
no crescimento digital ao qual dedicaram uma<br />
parte da equipa ao desenvolvimento do canal,
SCM Supply Chain Magazine 13<br />
através de uma equipa de limpeza extra, bem<br />
como a utilização de máscara e distanciamento<br />
social sempre que a situação o permitisse.<br />
Ainda na sequência dos produtos<br />
alimentares, o Grupo Bel registou diferentes<br />
reacções em relação à procura, dependendo<br />
dos produtos e das marcas, como explica<br />
Ricardo Marques, director de supply chain da<br />
empresa, “genericamente tivemos um aumento<br />
da procura das nossas marcas nacionais, como<br />
Limiano e Terra Nostra, especialmente na<br />
categoria de fatias. No entanto, verificámos<br />
um grande sentido de<br />
colaboração, especialmente<br />
entre os nossos colaboradores<br />
seja a nível nacional ou<br />
internacional, entre a equipa<br />
central e parceiros de negócio<br />
não só em novos clientes, como também no<br />
reforço com parceiros já existentes.<br />
A nível logístico verificaram-se algumas<br />
alterações nas seguintes áreas: adaptação da<br />
operação, pois face à redução de pessoal no<br />
centro de distribuição foi necessário optimizar<br />
processos como a diminuição do nível de<br />
picking; e a redefinição das rotas internas,<br />
tendo em conta as alterações de padrões de<br />
pedidos dos retalhistas.<br />
Relativamente ao reforço de segurança, Mara<br />
Fernandes conta que a equipa de distribuição<br />
foi reorganizada por equipas rotativas por<br />
períodos de 15 dias em quarentena. Além disso,<br />
aumentaram os procedimentos de higienização<br />
Ricardo Marques, Grupo Bel<br />
uma redução dos snacks, tendo em conta<br />
que os lanches para levar para a escola<br />
deixaram de ser uma prioridade”. Desta forma,<br />
registou-se um ligeiro aumento da facturação<br />
no primeiro trimestre, tendo em conta o<br />
incremento da venda dos produtos Limiano e<br />
Terra Nostra quando comparado com o mesmo<br />
período do ano passado.<br />
Os ajustes realizados nas operações do Grupo<br />
Bel implicaram alguma perda de produtividade.<br />
Na fase inicial registou-se uma grande
14<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
procura motivada pelo medo da escassez,<br />
que se manteve durante algum tempo, mas,<br />
mais tarde, deu-se o aumento da produção,<br />
especialmente para repor os níveis de stock.<br />
Os maiores desafios durante o pico da<br />
pandemia, como conta o responsável, foram<br />
adaptar os horários de trabalho, bem como a<br />
capacidade de produção e flexibilidade, rever<br />
e priorizar a gama de produtos de acordo com<br />
a procura e acompanhar de perto os fluxos<br />
logísticos para satisfazer as necessidades<br />
do mercado. Ainda assim, os efeitos da<br />
crise promoveram “um grande sentido de<br />
colaboração, especialmente entre os nossos<br />
colaboradores, seja a nível nacional ou<br />
internacional, entre a equipa central e parceiros<br />
de negócio”, revela Ricardo Marques.<br />
Foi necessário aumentar ainda mais a<br />
flexibilidade da empresa, bem como a do seu<br />
operador logístico. Trabalharam em parceria<br />
diária com os departamentos de logística<br />
dos clientes, iniciaram parcerias e projectos,<br />
construíram cenários alternativos para fazer<br />
chegar os produtos às lojas mais rápido,<br />
partilharam mais informação e adaptaram as<br />
rotas.<br />
As medidas de segurança a nível operacional<br />
consistiram em dividir a equipa através da<br />
alteração de horários de trabalho, ampliaram<br />
o espaço de vestiários e o fluxo de entrada<br />
e saída da fábrica também foi alterado, e<br />
implementaram a medição de controlo de<br />
temperatura.<br />
Além destes produtos, o coronavírus<br />
estimulou a vontade de cozinhar dos<br />
portugueses, e a concepção de pão e bolos<br />
em casa foi, sem dúvida, imensa, tendo-se<br />
verificado uma grande procura por farinha,<br />
açúcar e fermento de padeiro.<br />
Carlos Rodrigues, director de logística da<br />
Fábricas Lusitana, confirma que, referente ao<br />
seu negócio, se registou uma grande procura
UMA ORGANIZAÇÃO SUSTENTÁVEL<br />
Quinta da Granja, Lt. 141, Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial, Casal de Cinza, Guarda<br />
T. +351 271 200 590 | olano.guarda@olano-groupe.com
16<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
por farinhas e pela gama de preparados para<br />
bolos. Consequentemente a facturação também<br />
cresceu, uma vez que a procura e o volume<br />
de trabalho aumentaram significativamente<br />
durante o período de confinamento. Além disso,<br />
“tivemos um incremento muito significativo<br />
de encomendas do pequeno comércio, e<br />
também de pedidos feitos através do nosso<br />
site e-mercearia, onde disponibilizamos toda a<br />
nossa gama de produtos”, refere o responsável.<br />
Ainda assim, as implementações de medidas<br />
de segurança adicionais provocaram grandes<br />
tempos de espera para descarga em muitos dos<br />
destinatários da grande distribuição, o que se<br />
revelou um desafio.<br />
As medidas tomadas na área da produção<br />
foram o desfasamento de horários, o reforço<br />
da higienização, a utilização dos equipamentos<br />
de protecção individual (EPI’s) e a desinfecção<br />
regular das superfícies. A empresa decidiu ainda<br />
suspender as produções que envolviam mais<br />
mão-de-obra, libertando-as para a produção<br />
houve um levantamento<br />
de algumas obrigações e<br />
restrições, mas não podemos<br />
abandonar as medidas de<br />
segurança que restringem os<br />
comportamentos do dia-a-dia<br />
Carlos Rodrigues, Fábricas Lusitana<br />
dos artigos essenciais mais procurados pelas<br />
famílias portuguesas.<br />
O director de logística afirma que ainda não<br />
é possível falar num cenário pós-COVID-19,<br />
no entanto, aconselha a não baixar a guarda,<br />
“houve um levantamento de algumas<br />
obrigações e restrições, mas não podemos<br />
abandonar as medidas de segurança que<br />
restringem os comportamentos do dia-a-dia”.
SCM Supply Chain Magazine<br />
17<br />
A corrida ao papel higiénico e<br />
aos produtos de desinfecção<br />
Um dos primeiros produtos a escassear nos<br />
super e hiper-mercados nos primeiros meses<br />
da pandemia em Portugal foi o papel higiénico.<br />
Dizia-se que num cenário como este deveria<br />
dar-se prioridade ao papel higiénico para<br />
limpeza em vez da própria água devido ao risco<br />
de propagação por este meio. Teoria infundada<br />
ou não, a verdade é que, os portugueses,<br />
movidos pelo medo, deixaram por muitas vezes<br />
as prateleiras de papel higiénico vazias.<br />
Como confirma Rui Marques, logistics<br />
manager da Renova, “o papel higiénico foi o<br />
produto estrela” durante o mês de Março, mas
18<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
a velha, mas sempre actual, máxima de ‘entregar o produto certo<br />
na hora certa no lugar certo’, transformou-se na contingência<br />
de entregar o produto possível, à hora que conseguíamos no local<br />
disponibilizado para o efeito<br />
Rui Marques, Renova
SCM Supply Chain Magazine 19<br />
ainda houve outro produto muito procurado<br />
que registou um acréscimo significativo: os<br />
lenços-de-bolso.<br />
Para dar resposta aos desafios, a Renova<br />
procurou, numa primeira fase, garantir que<br />
se reuniam todas as condições para continuar<br />
a desenvolver a sua actividade. A dificuldade<br />
passou por aplicar o plano de contingência<br />
de modo a salvaguardar os colaboradores e<br />
a operação, numa altura em que era muito<br />
importante dar resposta às solicitações dos<br />
consumidores. Entre o final de Março e o início<br />
de Abril, existiu uma grande flexibilidade<br />
entre fornecedores e retalhistas nos horários<br />
específicos das entregas, pois de outra forma,<br />
não teria sido possível dar resposta à procura<br />
que se registou. O responsável confessa que “a<br />
16227 Toyota Empilhadores TYRO 180x134mm.pdf 1 21/07/<strong>2020</strong> 10:05<br />
velha, mas sempre actual, máxima de ‘entregar<br />
o produto certo na hora certa no lugar certo’,<br />
transformou-se na contingência de entregar o<br />
produto possível, à hora que conseguíamos no<br />
local disponibilizado para o efeito”.<br />
“Foi determinante a disponibilidade e<br />
capacidade de resposta das nossas pessoas,<br />
dos nossos fornecedores e a flexibilidade dos<br />
nossos clientes, sem os quais não teríamos<br />
alcançado os resultados que conseguimos”,<br />
refere.<br />
Quando questionado sobre ‘o novo normal’ da<br />
empresa, o responsável afirma que é imperativo<br />
continuar a trabalhar sob as medidas de<br />
segurança que minimizem os riscos. Apesar<br />
de ninguém conseguir prever como será um<br />
cenário pós-COVID-19 é necessário manter
20<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
as cadeias de abastecimento a funcionar<br />
com a menor perturbação possível, e<br />
procurar “assegurar aos nossos clientes e<br />
consumidores o melhor nível de serviço, e<br />
neste aspecto não há ‘novo normal’”, pois é a<br />
missão da Renova.<br />
Os produtos de desinfecção também<br />
escassearam rapidamente nos primeiros<br />
meses do COVID-19 em Portugal. Tanto<br />
álcool-gel como lixívia desapareceram<br />
devido ao açambarcamento.<br />
Caroline Choisnet, supply chain director da<br />
Freudenberg Home and Cleaning Solutions<br />
(FHCS), empresa que detém a marca Vileda,<br />
refere quais os desafios que marcaram este<br />
período: “tivemos rupturas de stock devido<br />
ao fecho de fábricas nossas ou fornecedores,<br />
e atrasos no transporte, especialmente,<br />
desde Itália, pela dificuldade de arranjar<br />
motoristas”. Confessa ainda que, em<br />
determinadas categorias de produto em que<br />
a procura cresceu, ainda têm dificuldade em<br />
repor o stock.<br />
Uma vez que a empresa tem operações na<br />
China, foi necessário implementar, desde cedo,<br />
medidas para proteger os colaboradores na<br />
área de produção e também nos escritórios. A<br />
FHCS conseguiu evitar contaminações em todas<br />
as suas fábricas na Ásia e na Europa.<br />
A nível da supply chain, o volume de trabalho<br />
tem sido “intenso”. Numa primeira fase para<br />
perceber o impacto no aprovisionamento e<br />
encontrar alternativas, bem como informar a<br />
organização. Nesta altura o desafio prende-se<br />
mais na gestão diária de pedidos de clientes<br />
devido à falta de stock, especialmente na gama<br />
de luvas. A responsável refere que a procura<br />
está muito instável, pois existem categorias<br />
a crescer e outras a cair e, desta forma, o<br />
planeamento torna-se difícil. •<br />
tivemos rupturas de stock<br />
devido ao fecho de fábricas<br />
nossas ou fornecedores,<br />
e atrasos no transporte,<br />
especialmente, desde Itália,<br />
pela dificuldade de arranjar<br />
motoristas<br />
Caroline Choisnet, Freudenberg Home and Cleaning Solutions
SCM Supply Chain Magazine 21<br />
logística<br />
Continuar a crescer<br />
entre 15% a 20%<br />
“Ambicionamos uma<br />
evolução sustentável e<br />
sustentada”<br />
A afirmação é de Fernando Carreras, que preside à<br />
divisão de logística do Grupo Carreras e traduz o que são<br />
os objectivos traçados para o crescimento do operador<br />
logístico em território nacional, onde o percurso tem sido<br />
feito de modo gradual e consistente. Houve também<br />
tempo para falar dos efeitos da pandemia e sobretudo dos<br />
possíveis caminhos de evolução no pós-Covid.
22<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
Texto: Dora Assis<br />
Fotos: Carreras<br />
Fernando Carreras, Director-geral da Divisão de Logística do Grupo Carreras<br />
Com a COVID-19 ainda por aí, esta foi uma<br />
entrevista que obedeceu a todas as regras,<br />
as jornalísticas e as que a Direcção-Geral<br />
de Saúde recomenda em termos de prevenção,<br />
saúde, segurança e bem-estar. Não fomos até<br />
Espanha, foi Fernando Carreras que veio até<br />
nós por vídeo-chamada, mas estivemos nas<br />
instalações do Grupo Carreras em Aveiras de<br />
Cima. Mesmo com máscaras, e respeitando<br />
o distanciamento social recomendado, foi<br />
possível ficar a conhecer melhor o que é<br />
actualmente o Grupo e a sua actividade em<br />
Portugal.<br />
- Nesta altura é muito difícil, se não mesmo<br />
impossível, falar de logística e não se falar<br />
da pandemia. Como é que este momento foi<br />
e ainda está a ser vivido no Grupo Carreras,<br />
embora a situação tenha apresentado níveis de<br />
gravidade diferentes em Espanha e Portugal?<br />
> A nossa primeira preocupação foi com as<br />
nossas pessoas. Aos que tinham que continuar<br />
a operar no terreno, conseguimos de forma<br />
eficaz protegê-los com os necessários EPI’s,<br />
os desinfectantes, as máscaras… ou seja,<br />
pusemos em prática todas as medidas de<br />
prevenção da COVID-19, visando garantir o<br />
funcionamento das operações e a segurança<br />
das equipas. O teletrabalho também arrancou<br />
rapidamente e a verdade é que tivemos a sorte<br />
de não ter tido ninguém das nossas equipas a<br />
ser contaminado ou em contacto com alguém<br />
contaminado.<br />
A nível operacional, sofremos, claro, já que<br />
na segunda quinzena de Março tivemos uma<br />
queda acentuada da nossa actividade, algo na<br />
ordem dos 30 a 40% por comparação com a<br />
primeira quinzena; Abril foi um mês mau em<br />
que não se cumpriu aquilo que eram os nossos<br />
objectivos e em que ficámos cerca de 17%<br />
abaixo do previsto; em Maio já notámos uma<br />
melhoria, ainda que tenhamos ficado também<br />
abaixo do previsto. Não obstante, acreditamos<br />
que iremos recuperar e ficar dentro daquilo<br />
que foram os objectivos definidos para o<br />
exercício de <strong>2020</strong>, com dificuldade, mas<br />
acreditamos que ainda é possível.<br />
“Tudo isto que vivemos e os passos que se deram em termos de<br />
digitalização vão levar a uma reorganização das empresas, do<br />
trabalho e constituem uma ferramenta muito importante”
SCM Supply Chain Magazine 23<br />
Quando tudo isto passar, podemos dizer que<br />
há um Grupo Carreras pré e pós-Covid-19? O<br />
que é que mudou ou pode mudar?<br />
> No Grupo Carreras continuamos a trabalhar<br />
com o mesmo empenho e dedicação de<br />
sempre. Sofremos, aprendemos algumas<br />
coisas, mas acreditamos que se reflectirmos<br />
bem sairemos reforçados desta crise e, tanto<br />
em Espanha como em Portugal, não há<br />
nenhuma alteração em relação ao que são os<br />
nossos planos de crescimento e investimento.<br />
Em Portugal, o grupo tem vindo a afirmarse<br />
ao longo do tempo e o seu crescimento tem<br />
sido consistente e gradual. Que balanço faz da<br />
actividade do grupo no nosso país?<br />
> Entendemos que Portugal era um mercado<br />
importante e onde fazia todo o sentido<br />
estarmos presentes. Temos um grande<br />
respeito pelo mercado logístico português,<br />
onde há grandes companhias que trabalham<br />
bem e com grande profissionalismo. Não<br />
aspiramos a ser uma grande multinacional.<br />
O que procuramos é manter um crescimento<br />
constante, gradual, como tem vindo a<br />
acontecer, e sem perder obviamente de<br />
vista a satisfação das necessidades dos<br />
nossos clientes. Fazer um trabalho de<br />
qualidade, tentando a cada dia fazer mais e<br />
melhor. É essa a nossa forma de estar.<br />
Neste momento temos cerca de 50.000<br />
m 2 de instalações, onde desenvolvemos<br />
as nossas actividades de transporte e<br />
logística. Queremos, tal como nos últimos<br />
anos, continuar a crescer entre 15 a 20%,<br />
ou seja, ambicionamos uma evolução<br />
sustentável e sustentada. Esse é o objectivo<br />
para Portugal. E embora existam grandes<br />
players, queremos ter o nosso lugar na<br />
logística em Portugal e é para isso que<br />
continuaremos a trabalhar. Temos uma<br />
equipa de gestão de excelência e o êxito do<br />
percurso que temos vindo a realizar deve-se<br />
a eles e à confiança dos clientes.
24<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
E em termos de investimentos, o que<br />
está previsto para apoiar esse crescimento e<br />
desenvolvimento no mercado português?<br />
> Neste momento estamos a analisar as várias<br />
hipóteses de crescimento, não descartamos<br />
nada e pelo interesse que o mercado<br />
português tem para nós estaremos atentos a<br />
todas as oportunidades que se apresentem,<br />
em todos os sentidos, e que contribuam<br />
para alcançar o nosso objectivo que é,<br />
como já referi, ser um operador logístico<br />
relevante. Financeiramente somos uma<br />
empresa sólida, com reconhecimento e que<br />
estamos no mercado português para crescer<br />
pausadamente com qualidade no serviço para<br />
os nossos clientes, mas atentos a qualquer<br />
oportunidade.<br />
Esse crescimento poderá acontecer por<br />
meio de aquisições?<br />
> Neste momento, esse não é o nosso<br />
objectivo principal, mas se as oportunidades<br />
se apresentarem estamos obviamente<br />
disponíveis para as considerar e analisar.<br />
O grande consumo assume grande<br />
importância na actividade do Grupo Carreras<br />
e este período que vivemos evidenciou<br />
algumas tendências interessantes por parte<br />
dos consumidores finais, como é o caso das<br />
compras online. Acha que algumas destas<br />
tendências vieram para ficar? E o que é<br />
que isso pode representar em termos de<br />
oportunidade de negócio para os operadores<br />
logísticos e também de desafios?<br />
> O comércio electrónico teve, de facto, um<br />
crescimento muito importante durante este<br />
período de crise, embora diferente consoante<br />
os sectores de actividade.<br />
No caso dos produtos de grande consumo<br />
creio que o impacto não foi assim tão<br />
grande como noutras áreas. Parece-me<br />
que tudo isto que se está a viver ajudará<br />
ao desenvolvimento de operadores<br />
logísticos específicos e com uma logística<br />
mais especializada e, sim, pode ser uma<br />
oportunidade interessante desenvolver a<br />
capacidade de dar respostas às necessidades<br />
do comércio electrónico. Por outro lado,
SCM Supply Chain Magazine 25<br />
esta crise teve um impacto muito positivo<br />
em termos de digitalização das companhias.<br />
Noutras circunstâncias não estaríamos a fazer<br />
esta entrevista remotamente, não é verdade?<br />
E isto teve reflexo em praticamente todas<br />
as empresas. A automatização de processos,<br />
a sistematização, a internet das coisas… eu<br />
diria que toda a componente digital teve um<br />
forte impulso, que foi muito bem aceite por<br />
todos. Antes não se concebia uma reunião<br />
de trabalho, uma reunião comercial, que não<br />
fosse presencial. Hoje todos o aceitamos bem<br />
e satisfeitos por perceber que a digitalização<br />
funciona e que as vídeo-conferências podem<br />
ser muito eficientes.<br />
Estou convencido que tudo isto que vivemos<br />
e os passos que se deram em termos de<br />
digitalização vão levar a uma reorganização<br />
das empresas, do trabalho e constituem uma<br />
ferramenta muito importante. As empresas<br />
que não o vejam perdem uma excelente<br />
oportunidade de melhorar em termos de<br />
flexibilidade, conciliação e eficácia nas<br />
operações.<br />
Isto também é válido para tudo o que são<br />
automatizações. Sabemos todos que quando<br />
terminar esta crise sanitária estamos perante<br />
uma crise económica. O factor preço e o factor<br />
custo vão ser fundamentais e tudo o que são<br />
automatismos que nos ajudem a diminuir os<br />
custos das operações com igual eficiência<br />
serão bem-vindos. E, porque não, apostarmos<br />
também em políticas colaborativas com<br />
outras empresas, com os distribuidores? Hoje,<br />
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26<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
a eficiência, não se prende apenas com uma<br />
empresa. A eficiência depende também de<br />
equipas e de um trabalho transversal onde<br />
todos podemos fazer um esforço relevante<br />
para melhorar o resultado final.<br />
A crise sanitária teve também o mérito<br />
de aproximar empresas, dando lugar a<br />
verdadeiras relações colaborativas. Concorda<br />
que isso foi uma realidade e que pode ter<br />
continuidade no pós-Covid?<br />
> Sim, sem dúvida. Durante a crise sanitária,<br />
o espírito colaborativo foi fundamental para<br />
evitar colapsos na cadeia, nomeadamente<br />
através de uma comunicação mais eficiente ao<br />
longo da mesma, desde o produtor à cadeia<br />
de distribuição. E penso que é desejável que<br />
isso se mantenha, pois todos ganharemos em<br />
termos de eficiência das nossas operações.<br />
Uma última mensagem para o mercado<br />
português seria…<br />
> Estamos no mercado português como<br />
estamos em todos os mercados onde<br />
operamos. Com a humildade para procurar ser<br />
uma solução mais. Com o respeito por todos<br />
os intervenientes no mercado, mas com a<br />
convicção que com trabalho árduo e dedicado<br />
podemos ser uma opção de qualidade. Estes<br />
são os princípios desde a nossa fundação:<br />
humildade, respeito, trabalho árduo e<br />
dedicado na procura de uma solução de<br />
excelência. Nós somos uma empresa familiar<br />
com 93 anos e procuramos que todas as<br />
pessoas que interagem connosco sintam que<br />
estes são os nossos princípios. •<br />
“Durante a crise sanitária, o espírito colaborativo foi<br />
fundamental para evitar colapsos na cadeia, nomeadamente<br />
através de uma comunicação mais eficiente ao longo da mesma,<br />
desde o produtor à cadeia de distribuição. E penso que é desejável<br />
que isso se mantenha, pois todos ganharemos em termos de<br />
eficiência das nossas operações”
SCM Supply Chain Magazine 27<br />
logística<br />
SCM Digital Conference<br />
SCM Conference<br />
migrou para o<br />
Digital<br />
São tempos de mudança, e foi precisamente a mudança que fez com<br />
que a SCM desse um novo passo, e não podendo reunir fisicamente<br />
os profissionais, replicou o que tantas e tantas empresas estão a<br />
fazer como resposta à pandemia: adaptação e inovação. A SCM<br />
Conference migrou temporariamente para o online, dando origem<br />
à SCM Digital Conference, com e para os profissionais do sector<br />
da logística e supply chain, sem perder de vista a qualidade, a<br />
actualidade e a excelência dos profissionais e dos temas em debate,<br />
como se de uma conferência ao vivo e a cores se tratasse.
28<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
Texto: Fábio Santos<br />
Com o tema “Construindo a Supply Chain<br />
do Futuro”, a SCM Digital Conference<br />
estreou-se num palco virtual nos dias 2<br />
e 3 de <strong>Junho</strong>, substituindo as comummente<br />
vistas janelas de video-chamadas, e por ele<br />
passaram 23 oradores que nos acompanharam,<br />
juntamente com as empresas patrocinadoras<br />
do evento. Apenas reunindo todas estas<br />
condições, e através da colaboração com a<br />
CDNTV, foi possível criar um evento digital<br />
com a qualidade necessária para responder às<br />
necessidades do sector.<br />
Dia 2 de <strong>Junho</strong><br />
No primeiro dia de evento, Luís Solís,<br />
especialista em supply chain management &<br />
operações e professor universitário, abriu com<br />
o tema “Construindo a Supply Chain do Futuro”,<br />
e partilhou connosco as diferenças no “pré” e<br />
no “pós-COVID”, recordando a sua intervenção<br />
na SCM Conference 2019, onde um dos seus<br />
tópicos de discussão abordava o seu ponto<br />
de vista relativamente à próxima geração<br />
de cadeias de abastecimento, ainda antes da<br />
pandemia afectar o mundo.<br />
De seguida, Gonçalo Botelho de Sousa,<br />
Senior Manager da Capgemini, moderou o<br />
painel de debate de Paulo Barradas Rebelo,<br />
CEO da Bluepharma, Mauro Cardoso, Managing<br />
Director da Monliz, e Hélder Guerreiro,<br />
Industrial Managing Director da Sofarimex.<br />
O desafio foi de compreender “que lições<br />
e ensinamentos para a gestão das cadeias<br />
de abastecimento” nos trouxe o Covid-19,<br />
porque mais do que falar de problemas e de<br />
soluções, é importante mantermo-nos positivo<br />
e aprender com as dificuldades.<br />
Sendo que nenhuma das três empresas<br />
O principal possibilitador desta<br />
evolução nesta geração foi a<br />
tecnologia, e dentro desta, as<br />
tecnologias 4.0<br />
Luís Solís<br />
parou, neste momento foi necessário<br />
compreender como fora feita a adaptação à<br />
pandemia por parte dos profissionais, o que<br />
aprenderam de novo e quais as mudanças que<br />
teriam de ocorrer no futuro.<br />
Seguidamente, Tiago Fernandes, senior
SCM Supply Chain Magazine 29<br />
solution sales executive – digital supply chain<br />
da SAP, abordou a “Visão 360º das operações<br />
de Supply Chain” e a importância que esta<br />
tem para o planeamento e para a gestão. O<br />
responsável tecnológico também defende que<br />
este momento de incerteza está a obrigar os<br />
profissionais a repensar as suas estratégias<br />
de actuação e que é importante obter uma<br />
visibilidade completa para garantir que as<br />
operações nas organizações não param e têm<br />
uma “visão para o futuro”.<br />
“A tendência de futuro é de garantir<br />
que deixamos de ter uma supply chain<br />
reactiva e passamos a ter uma supply chain<br />
completamente preditiva”, comenta Tiago<br />
Fernandes.<br />
O tecnológico concorda que o Covid-19 veio<br />
realmente acelerar o processo de digitalização<br />
e de tomada de decisão das empresas que<br />
“estavam, por vezes, 10 anos para decidir” e que<br />
agora o fizeram em poucos meses.<br />
A terminar o primeiro dia, José Costa Faria,<br />
professor e senior supply chain consultant,<br />
conta-nos a história de João, um personagem<br />
fictício completamente banal, com 40 anos<br />
e um nome também ele vulgar, com quem<br />
facilmente nos identificamos, e que poderia ser<br />
qualquer um de nós.
30<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
Dia 3 de <strong>Junho</strong><br />
O segundo dia prometia surpreender ainda<br />
mais que o primeiro. Foram 16 os oradores<br />
convidados e muitos foram os temas abordados<br />
pelos profissionais que aceitaram o desafio<br />
de online fazer uma verdadeira conferência,<br />
desde problemas, soluções, planos alternativos,<br />
tecnologia ou segurança, e partilhando pontos de<br />
vista, experiências, sucessos e dificuldades.<br />
A abrir, Eurico Brilhante Dias, secretário de<br />
Estado da internacionalização, começa pelo<br />
foco da questão: a importância da logística.<br />
Conta que foi precisamente esta que o levou ao<br />
cargo que hoje tem, que lhe trouxe o gosto pela<br />
internacionalização, pelas exportações e pelo<br />
comércio internacional, e destaca que é graças a<br />
ela que tudo está a acontecer no país. Defende<br />
que apesar dos problemas que causou, devemos<br />
encarar positivamente esta situação e estarmos<br />
atentos às oportunidades que esta pandemia pode<br />
trazer.<br />
Trouxe a debate três tópicos principais: A<br />
pandemia; as respostas logísticas e os sectores que<br />
têm maior fragilidade na altura da pandemia; e a<br />
reconstrução das cadeias de valor.<br />
Ao longo do seu discurso lembrou como<br />
a logística foi uma das responsáveis pela<br />
tranquilização da população, pois rapidamente<br />
repôs os stocks nas prateleiras quando os<br />
consumidores procuraram impulsivamente<br />
determinados produtos.<br />
“Durante muitos anos, enquanto ensinei<br />
logística e gestão da cadeia de abastecimento,<br />
quase sempre comecei por dizer aos meus alunos<br />
que a logística é um tema muito aliciante, mas que<br />
normalmente só se dá pela logística quando as<br />
coisas correm mal: quando há uma falha, quando
SCM Supply Chain Magazine 31<br />
um produto não está na prateleira ou quando o<br />
serviço é interrompido de alguma forma”, concluiu<br />
Eurico Brilhante Dias.<br />
Seguidamente, Francisco Rocha, senior service<br />
delivery manager da Capgemini, inicia a sua<br />
apresentação recordando onde a supply chain<br />
estava há um ano e como evoluiu o sector,<br />
procurando reflectir sobre os desafios e as<br />
tendências que as empresas enfrentam no seu<br />
percurso para a era digital.<br />
Nesta análise verifica-se que as tecnologias 4.0<br />
que se antecipavam ser diferenciadoras estão de<br />
facto a sê-lo, e são mais os casos de investimento<br />
das empresas nesta área como factor diferenciador<br />
para o seu desenvolvimento, como as tecnologias<br />
blockchain, machine learning, inteligência<br />
artificial, análise cognitiva, entre outras.<br />
Durante muitos anos, enquanto<br />
ensinei logística e gestão da<br />
cadeia de abastecimento, quase<br />
sempre comecei por dizer aos<br />
meus alunos que a logística é<br />
um tema muito aliciante, mas<br />
que normalmente só se dá pela<br />
logística quando as coisas<br />
correm mal: quando há uma<br />
falha, quando um produto não<br />
está na prateleira ou quando o<br />
serviço é interrompido de alguma<br />
forma<br />
Eurico Brilhante Dias<br />
A SUA SUPPLY CHAIN PRECISA SER SEGURA<br />
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<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
“Sem grandes surpresas, concluímos que a<br />
tecnologia é o grande driver para poder chegar<br />
a esta transformação digital”, explica Francisco<br />
Rocha.<br />
E com esta deixa do responsável da Capgemini<br />
fomos perceber como se encontravam os<br />
profissionais “lá fora” e como vive e responde<br />
a supply chain à pandemia noutros países. Em<br />
directo na SCM Digital Conference, longe do seu<br />
país natal, três portugueses, Sandra Augusto,<br />
logistics manager South America da Volkswagen<br />
Brasil, Miguel Martins da Silva, group chief supply<br />
chain officer da Dr. Max Pharmacy Chain Rep.<br />
Checa, e João Neves, global supply & logistics<br />
manager da Grandvision Netherlands, juntaram-se<br />
à audiência para falar sobre “Global Supply Chains,<br />
o que tem de mudar?”, sob a moderação de Pedro<br />
Caldeira, professor da Nova School of Business &<br />
Economics.<br />
Sandra Augusto começa por explicar que<br />
sentiu um impacto muito grande na cadeia de<br />
abastecimento. No início começaram por sentir<br />
a onda dos fornecedores da Ásia, quando os<br />
trabalhadores não retornaram das celebrações<br />
do ano novo chinês, e depois da China, a Europa<br />
Sem grandes surpresas,<br />
concluímos que a tecnologia é o<br />
grande driver para poder chegar<br />
a esta transformação digital<br />
Francisco Rocha
SCM Supply Chain Magazine 33<br />
começou também a entrar em quarentena, e<br />
muitos fornecedores da indústria automóvel<br />
tiveram de fechar. Apesar disso, não pararam<br />
a produção, o que lhes criou outro problema:<br />
perceber onde iriam armazenar tantos produtos.<br />
“Percebemos o quão interligadas as cadeias<br />
estão. Não é o tier 1, muita vezes, mas quando<br />
começamos a olhar para o tier 2 e o tier 3<br />
percebemos o quão longas as cadeias são”,<br />
comenta Sandra Augusto.<br />
Outro dos principais problemas foi a exposição<br />
cambial, uma questão não tão aplicável à situação<br />
vivida na Europa. O Brasil e a Argentina, sofreram<br />
uma grande quebra no valor das suas moedas,<br />
real e peso, respectivamente, então todos os<br />
custos relacionados com trocas internacionais<br />
aumentaram significativamente.<br />
A logistics manager defende a tendência de<br />
procurar fornecedores mais próximos dos centros<br />
produtivos, em oposição à tendência que existia, e<br />
que tem sido bastante comum, desde economias<br />
de escala, compras centralizadas ou locais onde a<br />
produção é mais barata.<br />
Miguel Martins da Silva frisa que no início da<br />
pandemia houve algum pânico e as populações<br />
compraram de forma um pouco mais regular<br />
alguns medicamentos, e que a cadeia de<br />
abastecimento não estava preparada para fornecer<br />
os equipamentos de protecção nas quantidades<br />
necessárias e muitos sofreram grandes rupturas<br />
de stocks, mas defende que os distribuidores<br />
“responderam de forma exemplar”.<br />
Ao nível do e-commerce, o responsável da<br />
empresa na República Checa conta que “a procura<br />
excedeu a oferta múltiplas vezes”, e em alguns<br />
países onde o tempo de entrega médio era de 24<br />
horas, ou no próprio dia em serviços urgentes,<br />
chegaram a operar com entregas a nove dias.<br />
Ao fim de algumas semanas considera que o<br />
sector estabilizou, apesar dos maiores custos<br />
operacionais e da eficiência reduzida.<br />
“Vamos assistir a uma muito rápida evolução<br />
da digitalização das empresas e do comércio<br />
electrónico, porque muitas das barreiras<br />
comportamentais caíram agora e as pessoas não<br />
vão voltar ao retalho tradicional da mesma forma”,<br />
comenta Miguel Martins da Silva.<br />
Por sua vez, vindo dos Países Baixos, João<br />
Neves explica que ao contrário de muitas<br />
empresas que continuaram a produzir, a primeira<br />
medida que tomaram foi reajustar o potencial da<br />
procura às encomendas pendentes e negociar<br />
com os fornecedores quais as possibilidades de<br />
cancelamento de determinadas encomendas de<br />
modo a ajustarem-se à procura futura e passar a<br />
uma reorganização de sequência de encomendas.<br />
A aposta no transporte marítimo como<br />
preferencial, com maiores lead times, foi outra<br />
medida tomada, bem como a utilização do<br />
armazém dos seus fornecedores para armazenar<br />
produto acabado e de outros armazéns<br />
intermédios entre a saída do produto e o destino<br />
Percebemos o quão interligadas as cadeias estão. Não é o tier 1, muita vezes, mas<br />
quando começamos a olhar para o tier 2 e o tier 3 percebemos o quão longas as<br />
cadeias são”<br />
Sandra Augusto
34<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
final.<br />
Por parte da SAS Portugal, João Pedro Canosa,<br />
industry leader for retail & supply chain, fala de<br />
“Demand Planning em tempos de crise”, focando<br />
a importância dos forecasts e como eles podem<br />
antecipar problemas na cadeia de abastecimento<br />
através da análise de dados, explicando ainda<br />
como é feita a previsão com dados não existentes<br />
anteriormente.<br />
Olhar para outros mercados, tendências,<br />
Sem grandes surpresas,<br />
concluímos que a tecnologia é o<br />
grande driver para poder chegar<br />
a esta transformação digital<br />
Francisco Rocha<br />
aumentos de vendas não previstos, eventos<br />
pontuais de grande escala, tudo isso tem impacto<br />
no momento da previsão, e poderá poupar<br />
imensos euros às empresas. “A existência de mais<br />
dados influencia qualquer forecast”, conclui João<br />
Pedro Canosa.<br />
A encerrar, houve um momento onde estiveram<br />
presentes nove oradores, divididos por três rondas<br />
e onde, sem bola de cristal, procuraram responder<br />
à pergunta: “E agora, como se constrói a Supply<br />
Chain do Futuro?”. Este momento de debate<br />
contou com Nuno Marques, do Grupo Valérius,<br />
Bruno Gil, da Eden Springs, Paulo Mestre, da<br />
PRIMAVERA, Helena Chinelo, da Nestlé Nespresso,<br />
António Lameira, da SuperBock Group, António<br />
Marcelo, da Visteon, Cláudia Brito, da Kencko,<br />
Telmo Simão, do Grupo Brodheim & Optivisão e<br />
Nuno Santos, da McCormick Company.<br />
Os prismas de abordagem foram diversos
SCM Supply Chain Magazine 35<br />
Vamos assistir a uma muito rápida evolução da digitalização das empresas e do<br />
comércio electrónico, porque muitas das barreiras comportamentais caíram<br />
agora e as pessoas não vão voltar ao retalho tradicional da mesma forma<br />
Miguel Martins da Silva<br />
e foram partilhadas experiências, pontos de<br />
vista, reflexões e soluções adoptadas nos seus<br />
sectores de actividade, que poderão ajudar outros<br />
profissionais a superar algumas dificuldades em<br />
tempo de pandemia.<br />
Nuno Fontes dizia no nosso evento, o ano<br />
passado, em Carcavelos, que cada um tem o seu<br />
Everest para escalar, e cada um sabe qual é o seu<br />
consoante as suas ambições, mas neste momento<br />
estamos todos a escalar um Everest comum, e o<br />
seu tamanho ainda é desconhecido. O que podemos<br />
fazer no entretanto é arranjar novas e melhores<br />
ferramentas para escalar o desconhecido, e estes<br />
espaços de debate e troca de experiências, visões e<br />
métodos de resolver problemas funcionam como a<br />
corda que prende o alpinista. . •
36<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
procurement<br />
Estratégias de Compras<br />
Texto: Fábio Santos<br />
Cinco estratégias das compras<br />
públicas mundiais durante a<br />
pandemia<br />
Numa altura em que o fornecimento de determinados produtos não chega a todas as<br />
empresas, e que é mais difícil encontrar fornecedores alternativos, a Open Contracting<br />
Partnership partilhou a visão de profissionais de procurement relativamente às medidas<br />
tomadas para fazer face ao surto de Covid-19 pelo mundo e organizou as respostas em cinco<br />
tópicos principais. As estratégias reunidas visam acelerar o procurement e torná-lo mais<br />
transparente e impactante.
SCM Supply Chain Magazine 37<br />
Política<br />
A<br />
centralização das compras foi um<br />
conselho bastante comum entre os<br />
profissionais. Dando o exemplo de<br />
Itália, o país centralizou e simplificou<br />
radicalmente os seus processos de compras<br />
de equipamentos de emergência, ficando<br />
a aquisição de ventiladores ao encargo da<br />
agência nacional de procurement. A procura é<br />
imensa, e é preciso obter uma maior dimensão<br />
e poder de compra para conseguir competir<br />
com outros países e cidades que também os<br />
procuram, conseguindo ao mesmo tempo<br />
melhores preços e sustentar várias entidades<br />
ao mesmo tempo.<br />
Ana Cristina Calderón, especialista em<br />
compras públicas da divisão fiscal da IDB,<br />
explica que já existem diversos casos na<br />
América, dando como exemplo a República<br />
Dominicana, onde as compras são centralizadas<br />
no ministério da saúde, ou das Honduras, e<br />
onde estas são feitas através de uma comissão<br />
de emergência. A profissional também<br />
recomenda que as compras públicas sejam<br />
incluídas nas políticas fiscais e de gestão na<br />
primeira fase da emergência.<br />
João Osório, do Instituto dos Mercados<br />
Públicos do Imobiliário e da Construção (IMPIC),<br />
também incluiu o testemunho de Portugal, no<br />
que tocou a impedir a manipulação de preços<br />
por parte das farmácias e outros operadores<br />
económicos como parte do seu quadro legal<br />
de aquisições de emergência.<br />
Outra das ideias defendidas neste tópico foi<br />
a transparência de dados, sendo importante<br />
que esta esteja incluída nas regulações<br />
de emergência. Os legisladores devem<br />
deixar claras as compras para responder ao<br />
Covid-19 e que estas informações devem<br />
estar disponíveis para os cidadãos de forma<br />
a evitar perdas de informação importantes<br />
e poderem responsabilizar os fornecedores.<br />
No caso da Colômbia, apesar de os contratos<br />
serem concedidos directamente, todas as<br />
informações devem ser publicadas em formato<br />
aberto na plataforma electrónica de compras<br />
do Governo.<br />
No caso da Ucrânia, as compras relativas ao<br />
Covid-19 ficaram excluídas das leis regulares,<br />
segundo explica Viktor Nestulia, da Open<br />
Contracting Partnership, mas as entidades<br />
compradoras devem relatar e publicar os seus<br />
pedidos no prazo de um dia após a assinatura<br />
do contrato, o que trouxe melhorias ao nível<br />
dos procedimentos de compras.<br />
Neste momento os governos vêem-se forçados a tomar<br />
decisões a um ritmo muito acelerado, o que não lhes<br />
deixa muito tempo para pensar
38 <strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
O acesso a dados<br />
completos, livres<br />
e de qualidade<br />
poderá ser um<br />
factor-chave<br />
Coordenação<br />
Ana Cristina Calderón defende que foi<br />
importante para a IDB definir metas e<br />
prioridades, e que neste momento os governos<br />
vêem-se forçados a tomar decisões a um ritmo<br />
muito acelerado, o que não lhes deixa muito<br />
tempo para pensar. Deste modo, mudaram a<br />
sua forma de pensamento, focando-se menos<br />
no preço e mais no tempo de entrega, na<br />
qualidade e na quantidade.<br />
Os profissionais também defendem ser<br />
importante que os comités de emergência e<br />
outras estruturas organizacionais deveriam<br />
ser consolidadas para rápidas tomadas de<br />
decisão de forma a evitar a perda de pedidos<br />
num mercado altamente competitivo, devendo<br />
contar com uma equipa ágil para o efeito. A<br />
implementação do e-procurement e acesso<br />
livre aos dados também foi uma solução<br />
defendida pelos profissionais.<br />
Pela experiência da Colômbia, Carolina<br />
Gomez recomenda que as autoridades centrais<br />
de saúde partilhem uma lista de medicamentos<br />
essenciais e de equipamentos para combater a<br />
pandemia, o que ajuda a focar os seus esforços,<br />
e explica que a organização mundial de saúde<br />
tem estas listas que podem ser adaptadas aos<br />
contextos nacionais dos diversos países.<br />
Dados<br />
Os profissionais voltam a reforçar a<br />
importância dos dados enquanto forma<br />
preditiva para a gestão das cadeias de<br />
abastecimento. O acesso a dados completos,<br />
livres e de qualidade poderá ser um factorchave,<br />
pelo que apelam a que os governos que<br />
já se encontram a tratar estas informações o<br />
continuem a fazer.<br />
No caso português, o IMPIC criou um<br />
conjunto de dados no Portal de Dados<br />
Abertos da Administração Pública, actualizado<br />
semanalmente, como forma de publicar<br />
e divulgar todos os contratos públicos<br />
adjudicados através da estrutura legal de<br />
emergência.<br />
Enquanto isso, a Open Contracting<br />
Partnership partilhou um guia sobre a<br />
integração da divulgação de compras do<br />
Covid-19 nos seus sistemas, dicas para o uso<br />
de dados para monitorização e ainda uma<br />
apresentação de slides sobre a investigação dos<br />
gastos contratuais.
SCM Supply Chain Magazine 39<br />
Informações do fornecedor<br />
Nestas situações é difícil sabermos onde<br />
estão os itens necessários, quanto custam<br />
e se esses fornecedores já trabalharam com<br />
o Governo antes. Governos como o dos EUA<br />
ou o da Ucrânia contam com ferramentas de<br />
pesquisa de fornecedores baseadas em dados<br />
abertos como forma de melhorar a eficiência<br />
dos processos.<br />
Carlos Santiso, do Banco de Desenvolvimento<br />
da América Latina (CAF), conta que muitas<br />
start-ups aparentam estar a utilizar os dados e<br />
novas tecnologias para fornecerem diferentes<br />
soluções, e que as entidades governamentais<br />
deveriam considerar como poderão as suas<br />
políticas criar uma oportunidade para estas<br />
pequenas tecnológicas de trabalharem com o<br />
sector público, como acontece no Brasil e na<br />
Colômbia.<br />
monotorização cívica<br />
A transparência e a necessidade de dados<br />
abertos fez ressalvar a importância da<br />
supervisão do público, tal como ocorre na<br />
Ucrânia, onde a sociedade está a utilizar<br />
os dados para monitorizar a forma como o<br />
Governo está a reagir à crise pandémica.<br />
Diana Enachi, da IDIS Viitorul, apelou<br />
para que o Governo altere a legislação que<br />
actualmente permite que as autoridades<br />
contratantes de sectores que não o da saúde<br />
continuem a comprar bens desnecessários,<br />
como carros ou obras de renovação, enquanto<br />
as deste sector têm indicações para suspender<br />
quaisquer aquisições que não sejam urgentes<br />
em termos clínicos para responder à crise.<br />
No caso da Índia, a organização de pesquisa<br />
CivicDataLab está a construir um observatório<br />
dedicado a esta crise, o Covid-19 Health<br />
Infrastructure Watch, para monitorizar, analisar<br />
e prever os gastos em compras governamentais<br />
em infra-estruturas de saúde para combater a<br />
propagação do vírus. •
Miguel Silva , Consultor e Formador Sénior em Logística, Procurement e Gestão de Stocks<br />
40<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
procurement<br />
Pandemia revelou gaps<br />
existentes<br />
Obrigado,<br />
Covid-19!<br />
A pandemia chegou e revelou os<br />
vários gaps existentes nas empresas,<br />
acelerando uma realidade de<br />
mudança que, há muito, devia<br />
ter sido (auto)imposta. Ao nível<br />
corporativo, mostrou a centralidade<br />
da gestão do risco. A Covid-19<br />
abanou transversalmente muitos<br />
(ou todos os) negócios que, perante<br />
as suas fragilidades, desejamos que<br />
tenham aprendido a lição.<br />
“Obrigado por toda a importância que<br />
fizeste recair sobre mim e sobre tudo<br />
o que disse, sempre disse ou tentei<br />
dizer. Agora, devido a ti, todos me ouvem...”<br />
- estas foram, de grosso modo, as palavras<br />
de um CFO, meu colega e amigo, quando,<br />
em conversa, me confidenciou a importância<br />
(e atenção!) interna no momento, às suas<br />
palavras e a tudo o que é (passou a ser) uma<br />
gestão diária de “malha fina” dos KPIs cores da<br />
sua empresa.<br />
O ‘seu’ painel de bordo não (nunca) mentiu -<br />
a(s) fragilidade(s) de receber o impacto de um
SCM Supply Chain Magazine 41<br />
evento de média intensidade era, foi sempre,<br />
frágil. A empresa não tinha acolhido as<br />
inúmeras sugestões (e alertas) sobre diversas<br />
ações de gerais de ‘limpeza de gorduras’.<br />
Não se pensou ou pensava ser necessário… e<br />
está visto (… foi agora visto por todos e, para<br />
perceber isso caro/a leitor/a, olhe em seu<br />
redor para as organizações com que mais de<br />
perto interage...) que os cortes são agora, mais<br />
que necessários, impostos e, curiosamente<br />
melhor, bem melhor aceites que no passado.<br />
Obrigado, Covid-19 (novamente ...) por<br />
seres o impulsionador e acelerador-mor da<br />
mudança. Como conseguiste tu, em poucos<br />
dias, fazer evoluir, em massa, todo o ‘nosso<br />
tempo’ em cerca de 10 anos rumo ao futuro,<br />
no que foi a adoção prática e imediata (… se<br />
bem que por obrigação na grande maioria<br />
dos casos) das tecnologias de suporte<br />
comunicacional, que há muito nos batiam<br />
à porta?... Num up-to-date… Meet, Zoom,<br />
Teams, Connect e outras ferramentas técnicas<br />
e processuais são agora de utilização (mais)<br />
intensiva.<br />
Obrigado, Covid-19, também, por teres<br />
arrasado – comprovando - o mito do “…
42<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
“Obrigado, Covid-19, também, por teres arrasado –<br />
comprovando - o mito do “…patrão fora dia santo na<br />
casa…” mostrando o potencial, a produtividade e a<br />
criação efetiva de valor do teletrabalho que, está<br />
visto, passará já a ser, para muitos/as profissionais,<br />
o futuro normal”<br />
patrão fora dia santo na casa…” mostrando o<br />
potencial, a produtividade e a criação efetiva<br />
de valor do teletrabalho que, está visto,<br />
passará já a ser, para muitos/as profissionais, o<br />
futuro normal.<br />
O pânico precedeu a tua chegada, (amigo)<br />
Covid-19. (Momentos) Antes, tinhas sido<br />
ignorado, relevado e, sobretudo, subestimado.<br />
Ninguém estava preparado. Bem, desculpem,<br />
os ‘Logísticos’ (… os novéis descendentes da<br />
lógica Aristotélica) - … esses ‘gajos’ de fibra,<br />
versáteis, ágeis, orientados ao cliente (e aos<br />
resultados), éticos, flexíveis, com um judgment<br />
sagaz e condutores em velocidade de fórmula<br />
1 (n.d.r. “Soft Skills of the Future Jobs” - World<br />
Economic Forum <strong>2020</strong>) – estavam!<br />
O problema (desculpem… para os logísticos<br />
não existem problemas, somente desafios) não<br />
foi diversificar o sourcing e adaptar os canais<br />
de abastecimento movendo-os dos países<br />
asiáticos para outros locais do globo. Eles,<br />
os bons, já sabiam (há muito) que além de<br />
“não colocar todos os ovos no mesmo cesto”<br />
… deveriam diversificar o seu abastecimento,<br />
promovendo aquisições competitivas,<br />
reguladas por um benchmarking rigoroso,<br />
regular e (permanentemente) atento.<br />
(Recuperando) O desafio esteve muito mais<br />
(se não somente…) do lado da demand side<br />
que não do supply side. A procura passou a<br />
ser ‘webizada’ e, desde logo e em primeiro<br />
plano, esbarrou com o que sempre foi o<br />
‘ram ram’ de muitas organizações na fulcral<br />
e decisiva aposta, em paralelo, no digital.
SCM Supply Chain Magazine 43<br />
Ganhou quem, desde há muito, deu (e dará)<br />
a devida importância à presença na web e a<br />
todos os níveis de interação da cada vez mais<br />
preenchida IoT.<br />
A título de exemplo, partilho com o/a<br />
leitor/a, informação veiculada pelo regulador<br />
do comércio nos EUA - relativamente ao<br />
consumo nos meses de abril e, sobretudo,<br />
maio do corrente ano – onde o ‘grossery<br />
delivery’ subiu até quase mais 600%, atingindo<br />
máximos históricos na distribuição física dos<br />
bens door-to-door.<br />
Nestes dias, pois, o pensamento e práticas<br />
‘lean’ já não são escolha. A logística das<br />
empresas per si, não é mais (alguma vez<br />
o foi?...), não será mais (individualmente)<br />
importante. Explico. Se não (e sempre)
44<br />
junho <strong>2020</strong><br />
“Ganhou quem, desde<br />
há muito, deu (e dará)<br />
a devida importância<br />
à presença na web e<br />
a todos os níveis de<br />
interação da cada vez<br />
mais preenchida IoT”<br />
eficientemente interligada com a cadeia de<br />
abastecimento (iSCM), a logística de cada<br />
organização fará uma menor, uma irrelevante<br />
diferença junto do mercado de consumo<br />
(Heskett, J.).<br />
Mais do que conhecer as relações diretas<br />
de first tier (downstream ou upstream) é<br />
necessário articular, promover e potenciar,<br />
maximizando, relações de confiança e<br />
parceria que troquem ‘suor por informação’.<br />
Se esse trade-off não existir, grande parte<br />
das organizações continuará sem perceber<br />
o porquê no seu insucesso (ou do menor<br />
sucesso) em face da sua estratégia.<br />
Confiança. Acredito e tenho confiança no<br />
fator decisivo que poderá colocar toda esta<br />
(contínua) mudança em marcha: as pessoas.<br />
Que cada um de nós, profissionalmente,<br />
tenha o ‘pedal’ necessário para, a cada dia,<br />
acompanhar o ‘fazer’ com o ‘pensar e planear’<br />
na verdadeira e real coopetição que é a<br />
cadeia de abastecimento pois, no futuro, mais<br />
tempos como estes, de um modo ou de outro,<br />
acabarão por chegar.<br />
Repito: confiança, trabalho, foco,<br />
determinação e ... vamos a isso! •<br />
“Confiança. Acredito e tenho confiança no fator<br />
decisivo que poderá colocar toda esta (contínua)<br />
mudança em marcha: as pessoas”
46<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
intralogística<br />
Texto: Ana Paiva<br />
Fotos: Daniela Moço<br />
McCormick Portugal<br />
Logística em<br />
casa<br />
tempera<br />
sucesso<br />
ibérico<br />
O último ano revelou-se desafiante para a<br />
McCormick Portugal. Começaram por abrir um<br />
centro ibérico internalizado em Portugal, que<br />
está a mostrar-se proveitoso para as operações<br />
da empresa, estão a apostar num “armazém<br />
do futuro” com recurso a tecnologia de ponta,<br />
e mesmo durante as fases mais críticas da<br />
COVID-19 conseguiram superar os desafios e<br />
aumentar as vendas.
SCM Supply Chain Magazine<br />
47
48<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
Na culinária diz-se muitas vezes que o<br />
segredo para tornar a comida saborosa<br />
está no tempero e, em Portugal,<br />
somos muito adeptos dos condimentos. Ora<br />
misturamos uns, ora criamos outros... as<br />
opções são imensas. E quem melhor para nos<br />
mostrar isso do que a McCormick Portugal? Foi<br />
há cerca de dois anos<br />
que teve início uma<br />
mudança estratégica nas<br />
operações da empresa e<br />
no ‘mindset’ da logística<br />
e hoje, a avaliar pelo seu<br />
armazém, diversidade<br />
é o que não falta,<br />
considerando todas<br />
as cores que ‘saltam à<br />
vista’ dos vários frascos<br />
e embalagens de<br />
especiarias e produtos<br />
de pastelaria. Verde, corde-rosa,<br />
preto ou laranja,<br />
são algumas das cores<br />
que dão vida ao centro<br />
de aprovisionamento<br />
ibérico, localizado na<br />
região de Lisboa, que<br />
armazena os produtos<br />
das marcas Margão e<br />
Vahiné com distribuição<br />
em Portugal e Espanha.<br />
Quando a empresa<br />
tomou a decisão<br />
estratégica de abrir<br />
o seu próprio centro<br />
de aprovisionamento<br />
ibérico em Portugal,<br />
por detrás deste passo,<br />
estavam três motivos,<br />
segundo Nuno Santos,<br />
operations director<br />
Ibéria da empresa. O primeiro passa pela visão<br />
de Purpose Led Performance (performance<br />
com sentido), em que os focos principais são as<br />
pessoas, a comunidade e o planeta ambiente,<br />
dando mote à estratégia de responsabilidade<br />
das operações da McCormick. O segundo<br />
consiste no projecto Journey to Excellence,
SCM Supply Chain Magazine 49<br />
caracterizado pela capacidade de adaptação à<br />
velocidade do mercado dos bens de consumo<br />
e, por último, o programa Supply Chain of the<br />
Future, área que a empresa pretende liderar<br />
a nível nacional e internacional. “São temas<br />
desafiantes que colocam o departamento de<br />
operações e supply chain numa posição de<br />
centralidade estratégica da McCormick”, refere<br />
o responsável, acrescentando ainda que a<br />
internalização seria um passo “natural” graças<br />
à “total capacidade de controlo e influência dos<br />
outputs relacionados”.<br />
Cerca de dois anos após esta mudança, Nuno<br />
Santos faz um balanço daquele que foi o seu<br />
desempenho neste novo cenário: a equipa<br />
cresceu, criaram-se cinco departamentos,<br />
integraram mais 3.5 milhões de unidades de<br />
picking/mês, instalaram um armazém em<br />
menos de três meses, aumentaram a segurança,<br />
registaram um impacto positivo nos mercados<br />
de Portugal e Espanha e o OTIF (on-time in-full)<br />
e o Full Customer Service passaram para níveis<br />
de excelência com resultados >99% para mais<br />
de 600 sku’s vendidos diariamente. Foi ainda<br />
possível aumentar a flexibilidade operacional,<br />
bem como a capacidade de adaptação à<br />
mudança e ao controlo de gestão, mas,<br />
sobretudo, controlar o impacto na comunidade,<br />
“ a Obsessão de sermos os<br />
melhores, com menos”<br />
Nuno Santos, Operations Director<br />
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junho <strong>2020</strong><br />
no planeta e nos colaboradores. “Somos agora<br />
mais ágeis, mais rápidos, e mais eficientes na<br />
criação de valor, e eliminação do desperdício<br />
em todas as suas formas”, refere o operations<br />
director.<br />
No entanto, além deste sucesso a maior<br />
dificuldade passou por atingir níveis de<br />
estabilidade nas funções dos sectores<br />
operacionais de armazém, e ainda estabelecer<br />
processos estáveis pela curva de aprendizagem<br />
diária nos primeiros meses. Considerando este<br />
ano como “desafiante”, Nuno Santos acredita<br />
que só foi possível erguer este projecto com<br />
o trabalho de uma equipa unida, destemida e<br />
com suporte internacional. Comprometendo-se<br />
a melhorar todos os dias, o segredo do sucesso<br />
da McCormick é “a obsessão de sermos os<br />
melhores, com menos”.<br />
Sucesso da logística<br />
parte de Portugal<br />
A logística da operação ibérica é realizada<br />
a partir de Portugal, ou seja, os produtos são<br />
embalados em França, Polónia, Espanha,<br />
Reino Unido, entre outros, seguem até Lisboa<br />
e daí são distribuídos a nível nacional e para<br />
Espanha. Qual o segredo para que a operação<br />
seja bem-sucedida? Consolidar boas relações<br />
inter-departamentais entre Portugal e Espanha.<br />
É fundamental ter uma equipa comercial forte,<br />
bem como uma equipa de operações dedicada<br />
nos dois países e, no que aos parceiros de<br />
negócio diz respeito, são rigorosos e criteriosos<br />
nas suas escolhas, “existe uma estreita relação<br />
com os interlocutores e parceiros, sendo<br />
que garantimos que está do nosso lado o<br />
controlo na distribuição capilar em ambos<br />
os países, através de analítica detalhada, e<br />
pela utilização das ferramentas tecnológicas<br />
de última geração”, conta Nuno Santos. É de<br />
referir que, em Portugal, são recepcionados<br />
90% dos produtos comercializados, sendo os<br />
10% restantes são manipulados em locais de<br />
diferenciação tardia de produtos. Os desafios<br />
inerentes a esta aposta estão relacionados<br />
com a própria gestão que são superados com<br />
comunicação, transparência e abertura.<br />
Quanto ao transporte nacional e<br />
internacional, é subcontratado, sendo que 20%<br />
do volume é entregue segundo uma estratégia<br />
de proximidade pela equipa comercial da<br />
McCormick que recebe a mercadoria em hubs<br />
regionais para distribuição capilar.<br />
A estratégia operacional da empresa<br />
passa por uma abordagem Lean com foco na<br />
agilidade. Não existem muitos departamentos,<br />
mas destacam-se o de supply chain, com uma<br />
gestão end-to-end, o da logística e transportes,<br />
o de Safety, Health and Environment (SHE) o da<br />
Operacionalidade do armazém e distribuição.<br />
De acordo com o responsável, a organização de<br />
operações é extremamente exigente, embora<br />
se foquem também no work-life-balance. Para<br />
esta estratégia chegar ao sucesso, a McCormick<br />
conta com uma equipa unida e focada<br />
composta pelo operations director, por Mariana<br />
Moura, supply chain manager, Pedro Martins,
SCM Supply Chain Magazine<br />
51<br />
“Somos agora mais ágeis, mais rápidos, e mais<br />
eficientes na criação de valor, e eliminação de<br />
desperdício em todas as suas formas”<br />
Nuno Santos, Operations Director
52<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
transport manager, Vítor Pereira, Lisbon DC<br />
manager, e Anabela Rodrigues, Iberian safety,<br />
health and environment manager. Por falar<br />
em equipa, este é um ingrediente essencial<br />
muito valorizado e enraizado na mentalidade<br />
da empresa, tendo o espírito de cooperação<br />
bem assente nas suas pessoas. Sim, ‘pessoas’,<br />
porque é assim que são vistas e tratadas. Quase<br />
que num ambiente informal, as pessoas são<br />
valorizadas enquanto trabalhadores desta<br />
empresa, embora esteja sempre presente o<br />
espírito do empenho máximo.<br />
O investimento em tecnologia é a próxima<br />
aposta da McCormick, sendo que o objectivo<br />
é ter o “armazém do futuro”, como releva<br />
Nuno Santos. Em curso está já o projecto<br />
“Momentum” que visa alterar o conceito de<br />
“armazém que distribui produtos” para uma<br />
“indústria de preparação e expedição”. Uma vez<br />
que passam pelos centros de distribuição da<br />
empresa cerca de 5 milhões de unidades por<br />
mês, reúnem-se as condições para automatizar<br />
tarefas repetitivas, bem como para aumentar<br />
a capacidade dos colaboradores através da<br />
utilização da robótica. Não podendo revelar<br />
mais, o responsável afirma que estarão na<br />
vanguarda e marcarão “o passo para o futuro<br />
ibérico do grande consumo”.<br />
Falando em futuro, a sustentabilidade é<br />
um tema que deve estar sempre presente<br />
nas operações e mentalidade de qualquer<br />
empresa e a McCormick não é excepção. Têm<br />
como objectivo, nos próximos cinco anos, não<br />
ter qualquer impacto no ambiente no que diz<br />
respeito ao CO2 no armazém de distribuição<br />
através da utilização de energias renováveis<br />
e veículos eléctricos. Comprometem-se ainda<br />
abandonar completamente a utilização de<br />
plástico em todos os produtos e componentes<br />
até 2025.
SCM Supply Chain Magazine<br />
53<br />
COVID-19 despertou a<br />
culinária<br />
A McCormick foi uma das empresas que<br />
sofreu um impacto positivo durante a fase mais<br />
crítica da COVID-19 em Portugal. Com a maior<br />
parte do país em teletrabalho, o consumo de<br />
comida em restaurantes e take-aways diminuiu<br />
significativamente nos primeiros meses da<br />
pandemia, por isso, as pessoas viram-se<br />
forçadas a cozinhar em casa. As especiarias e<br />
os produtos para bolos e pão, como o fermento<br />
de padeiro, foram alguns dos mais procurados,<br />
tendo até esgotado stock de alguns deles.<br />
Basicamente, o mercado do grande consumo<br />
cresceu, tendo registado um impacto bastante<br />
positivo nos volumes das marcas Margão,<br />
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informação são automáticos. Para além disso, no nosso Portal poderá<br />
facilmente acompanhar toda a sua atividade: visualizar os fluxos de paletes,<br />
encomendas, stocks, inspeções de qualidade, rentabilizando tempo, espaço<br />
físico e custos de transporte. Para mais informações visite a LPR.eu<br />
A pallet is red, red is a pallet
54<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong>
SCM Supply Chain Magazine 55<br />
“existe uma estreita relação com os interlocutores<br />
e parceiros e garantimos que está do nosso lado o<br />
controlo na distribuição capilar em ambos os países,<br />
através de analítica detalhada, e pela utilização das<br />
ferramentas tecnológicas de última geração”<br />
Nuno Santos, Operations Director<br />
Ducros e Vahiné, distribuídos pela McCormick,<br />
em Portugal e Espanha.<br />
Para combater o impacto do coronavírus nas<br />
operações, a empresa definiu “uma estratégia<br />
alinhada internacionalmente para agir face<br />
aos efeitos que seriam os expectáveis de uma<br />
pandemia”, afirma Nuno Santos. As medidas<br />
tomadas passaram pela protecção da saúde e<br />
de segurança dos colaboradores, a integridade<br />
e qualidade dos produtos, a continuidade do<br />
negócio e ainda fazer deste momento difícil um<br />
processo de aprendizagem para saírem mais<br />
fortes.<br />
Para se adaptarem rapidamente às<br />
alterações impostas pelo vírus, a empresa<br />
realizou adaptações aos processos de Sales<br />
and Operations Planning (S&OP), aumentou a<br />
frequência de revisões operativas, da análise do<br />
mercado e das suas tendências. Relativamente<br />
à distribuição, sobretudo em Espanha, foram<br />
efectuados ajustes ao route-to-market pela<br />
dificuldade em obter transporte capilar em<br />
algumas zonas afectadas no pico da pandemia.<br />
O operations director refere que são uma<br />
“equipa com um ADN resolutivo”, pelo que, as<br />
alterações que não se apresentaram como um<br />
problema, representaram uma oportunidade de<br />
melhoria.<br />
As medidas de segurança no armazém<br />
são bastante rigorosas de forma a proteger<br />
cada colaborador. A constante higienização<br />
é fundamental e foi intensificada a correcta<br />
utilização dos equipamentos de protecção<br />
individual, como máscaras, viseiras e luvas. A<br />
temperatura é controlada, aboliram-se áreas<br />
de risco como balneários comuns e criaram-se<br />
clusters em pequenas equipas com horários<br />
segregados.<br />
A McCormick mostrou-se pioneira em<br />
dinamizar a equipa num momento frágil como<br />
o que vivemos. O projecto ‘Cook from Home’,<br />
em que uma pessoa utiliza produtos da marca<br />
e faz uma receita enquanto os restantes<br />
colaboradores assistem através da plataforma<br />
Teams e recriam em sua casa, aulas de ioga<br />
e cross-fit foram algumas das iniciativas que<br />
ajudaram a repor o positivismo. É segundo esta<br />
lógica que a empresa se destaca: valoriza as<br />
suas pessoas e as pessoas comprometem-se, de<br />
corpo e alma, com o negócio. •
56<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
Texto: Ana Paiva & Fábio Santos<br />
Fotos: Bosch<br />
“Futuro das<br />
fábricas<br />
passa pela<br />
conectividade”<br />
De acordo com o Grupo Bosch, líder mundial no<br />
fornecimento de tecnologia e serviços, o futuro das<br />
fábricas passa pela conectividade. As previsões da<br />
fornecedora baseiam-se no impacto e na procura que o<br />
4.0 tem tido no mundo actual, o qual também tem sentido<br />
com o crescimento de 25% nas vendas relacionadas com<br />
a indústria 4.0. Rolf Najork, membro do conselho de<br />
administração da Bosch e responsável pela tecnologia<br />
industrial mostra o seu parecer.
SCM Supply Chain Magazine 57<br />
Tecnologias<br />
Bosch antecipa que o<br />
futuro das fábricas passa<br />
pelo 4.0<br />
A<br />
crise gerada pela COVID-19 a nível<br />
mundial veio reforçar a importância<br />
da utilização da tecnologia em vários<br />
negócios, especialmente de produção que<br />
só tem vantagens se tiver uma logística<br />
conectada. A Internet das Coisas (IoT) ajuda<br />
as empresas de produção a reagir com<br />
mais flexibilidade, visto que a utilização e<br />
as condições de cada máquina individual<br />
podem ser rastreadas em tempo-real e<br />
existe transparência ao longo da cadeia<br />
de fornecimento. Rolf Najork confirma que<br />
“especialmente em tempos excepcionais,<br />
como a crise actual, a conectividade torna<br />
as empresas menos vulneráveis e ajuda a<br />
minimizar o impacto de situações de stress”.<br />
Um dos momentos que consiste num<br />
desafio relativamente ao risco de infecção é a<br />
transferência de turnos. No entanto, pode fazerse<br />
uso do digital para este efeito. O segredo é<br />
saber aplicar as valências da tecnologia para<br />
segurança das pessoas e benefício do próprio<br />
negócio. Por exemplo, a digitalização permite<br />
a monitorização e a manutenção remota de
58<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
“especialmente em tempos<br />
excepcionais, como a crise<br />
actual, a conectividade<br />
torna as empresas menos<br />
vulneráveis e ajuda a<br />
minimizar o impacto de<br />
situações de stress”<br />
sistemas e máquinas sem existir a necessidade<br />
de colocar um técnico no local, e o software<br />
inteligente pode rastrear mercadorias e entregas,<br />
bem como garantir o reabastecimento a partir<br />
de qualquer local. Tudo isto é possível graças à<br />
Indústria 4.0.<br />
As soluções baseadas em conectividade<br />
tornarão a produção e a logística mais simples,<br />
mais eficientes, flexíveis, e também mais<br />
robustas. Desde 2012 que a Bosch começou<br />
a adicionar conectividade em ambas as áreas,<br />
tanto nas fábricas como nos clientes. Em 2019, a<br />
empresa gerou vendas de mais de 750 milhões<br />
de euros, um aumento de 25% em relação ao ano<br />
anterior. Os resultados falam por si.
SCM Supply Chain Magazine 59<br />
Indústria 4.0 estimula<br />
produtividade<br />
Segundo a Bosch “na fábrica do futuro,<br />
as únicas estruturas estáticas e fixas são os<br />
pisos, paredes e tectos”, uma vez que esta<br />
se reinventa constantemente e conforme<br />
as exigências. Esta visão permite uma<br />
configuração das linhas que podem produzir<br />
milhares de produtos e variantes diferentes,<br />
sem a necessidade de retro-montagens<br />
dispendiosas. É seguro dizer que quem também<br />
tem entrada certa nesta infraestrutura é, claro,<br />
a Indústria 4.0.<br />
“na fábrica do futuro, as únicas<br />
estruturas estáticas e fixas são<br />
os pisos, paredes e tectos”<br />
A empresa está agora a lançar uma<br />
tecnologia de controlo baseada em software e<br />
capaz de funcionar com recurso a 5G. O ctrlX<br />
Automation marca o fim de soluções isoladas<br />
em fábricas. Com mais de 30 protocolos de<br />
dados, a nova plataforma de automação<br />
Bosch Rexroth será o centro de controlo da<br />
fábrica do futuro. Através do Nexeed Industrial<br />
Application System, a Bosch Connected<br />
Industry oferece várias aplicações para<br />
produção e logística que podem ser solicitadas,<br />
usadas e combinadas entre si conforme as<br />
necessidades. Todos os dados da máquina<br />
estão disponíveis num formato padronizado,<br />
assegurando maior transparência e eficiência<br />
na fábrica.<br />
É por isso que a Bosch está comprometida<br />
com a conectividade, pois projectos nesta área<br />
estimulam o progresso e proporcionam vários<br />
benefícios. Através da Indústria 4.0 é possível<br />
aumentar a produtividade em 25%, por isso<br />
“a conectividade é essencial para qualquer<br />
empresa que queira permanecer competitiva”,<br />
afirma Rolf Najork acrescentando ainda que ao<br />
fazer uso da Indústria 4.0 “não estamos apenas<br />
a melhorar a produtividade da fábrica, mas a<br />
permitir que as empresas respondam rápida e<br />
adequadamente às mudanças”.<br />
A divisão da indústria automóvel da Bosch<br />
irá investir cerca de 500 milhões de euros<br />
em digitalização e adição de conectividade<br />
às operações de produtos nos próximos anos<br />
porque a transição deste sector significa uma<br />
pressão adicional no que diz respeito a custos.<br />
Até 2025, espera-se que a economia seja<br />
duas vezes maior, chegando aos cerca de mil<br />
milhões de euros e, ainda assim, a utilização<br />
de Inteligência Artificial (IA) deverá aumentar<br />
mais. O foco é soluções baseadas em IA para a<br />
manutenção preditiva de máquinas e a garantia<br />
de qualidade e melhoria dos processos de<br />
produção.<br />
Por exemplo, esta solução tecnológica é<br />
utilizada em fábricas de wafer’s altamente<br />
“a conectividade é essencial<br />
para qualquer empresa<br />
que queira permanecer<br />
competitiva”
60<br />
junho <strong>2020</strong><br />
complexas para a programação detalhada<br />
da produção, economizando tempo e custos<br />
uma vez que permite monitorizar mais de 500<br />
etapas de processamento. Por si só representa<br />
uma taxa de transferência de produto 5%<br />
mais rápida com um período de retorno do<br />
investimento em apenas três meses.<br />
Na Alemanha, seis em cada 10 empresas<br />
industriais com mais de 100 funcionários já<br />
usam aplicações da Indústria 4.0, segundo<br />
um estudo da Bitkom. No entanto, em muitos<br />
casos, as aplicações são fragmentadas. Para as<br />
empresas, o maior obstáculo à implementação<br />
da Indústria 4.0 é o investimento inicial.<br />
A Associação de Fabricantes de Máquinas<br />
e Equipamentos Alemães estima que 80%<br />
das máquinas existentes no país ainda não<br />
foram digitalizadas. De facto, estas também<br />
podem ser adaptadas com tecnologia de<br />
comunicações e sistemas de sensores e, a<br />
seguir por este caminho, pode abrir uma<br />
oportunidade para a internet industrial das<br />
coisas.<br />
Foram investidos na fábrica da Bosch<br />
Rexroth em Erbach, na Alemanha, 25.000<br />
euros para equipar linhas com sensores e<br />
barreiras à luz, o que equivale a poupanças de<br />
cerca de 200.00 euros por ano, o que mostra<br />
como até mesmo pequenos investimentos em<br />
linhas de máquinas de grande escala podem<br />
significar grandes poupanças.<br />
“Ainda há muito mais que podemos fazer<br />
na produção e muitos pontos que podemos<br />
ajustar. A nossa tarefa agora é tornar a<br />
Indústria 4.0 um standard em todas as partes<br />
do sector de produção”, confessa Rolf Najork.•<br />
“Ainda há muito mais que<br />
podemos fazer na produção<br />
e muitos pontos que podemos<br />
ajustar. A nossa tarefa agora<br />
é tornar a Indústria 4.0 um<br />
standard em todas as partes<br />
do sector de produção”
Outsourcing Logístico<br />
Serviços<br />
Descarga e receção de mercadorias Conferência e arrumação Manipulações e<br />
Recondicionamento Etiquetagem Co-packing Kitting Picking e Embalamento<br />
Cross-docking Carregamento e Expedição de Mercadorias Carga e Descarga de Contentores<br />
Operações “One-shot” (campanhas) Controlo de Qualidade Realização de inventários<br />
Gestão de Devoluções Controlo e Manutenção de Suportes de Manuseamento<br />
Tratamento de Vasilhame e Resíduos<br />
Um grande grupo.<br />
www.grupoconstant.com
62<br />
junho <strong>2020</strong><br />
Tecnologias<br />
DHL<br />
“O Futuro da IoT na<br />
Logística”<br />
O novo relatório de tendências da DHL oferece uma visão abrangente sobre<br />
a evolução das redes wireless e a utilidade e importância da Internet das<br />
Coisas (IoT) no futuro da logística, principalmente, onde se pode mostrar<br />
uma mais-valia em termos de eficiência.
SCM Supply Chain Magazine 63<br />
Texto: Ana Paiva<br />
Antes da crise pandémica, a tecnologia<br />
de comunicação wireless já se mostrava<br />
bastante cativante aos seus utilizadores,<br />
e grande parte desse interesse concentra-se<br />
nas redes de dados móveis 5G que estão a<br />
ser implementadas em vários países. Desde<br />
velocidades mais altas, a maior capacidade<br />
e serviços personalizados para uma geração<br />
de dispositivos inteligentes e conectados,<br />
as vantagens do 5G para os utilizadores<br />
prometem ser muitas e benéficas.<br />
Além desta rede, o progresso numa ampla<br />
gama de tecnologia de comunicação wireless<br />
está agora a abrir portas para a logística<br />
no sentido de melhorar a sua visibilidade,<br />
aumentar a eficiência operacional e acelerar<br />
a automatização. O wi-fi e o Bluetooth, bem<br />
como o Low Power Wide Area Networks<br />
(LPWAN) e Satélites Low Earth Orbit (LEO)<br />
foram aprimorados para uso industrial.<br />
De acordo com a DHL, estas tecnologias<br />
wireless de nova geração permitirão dar o<br />
próximo passo na revolução da comunicação<br />
que consiste em tudo, e toda a gente, estar<br />
conectado em todo o lado.<br />
No estudo realizado a 800 líderes de<br />
cadeias de abastecimento, a DHL apurou que<br />
60% dos inquiridos refere que a visibilidade<br />
da sua cadeia é inadequada. Os principais<br />
desafios para estes líderes passam pela<br />
verdadeira visibilidade de um ponta a outra,<br />
a falta de uma única plataforma centralizada<br />
para estimular iniciativas de IoT e ainda a<br />
recolha de dados fragmentada de cadeias de<br />
abastecimento inerentemente heterogéneas.<br />
Por sua vez, as três prioridades para a<br />
reestruturação das estratégias de visibilidade<br />
apontadas são a visibilidade de transporte de<br />
uma ponta à outra, bem como no inventário,<br />
“O nosso próprio<br />
sector, a logística, será<br />
simultaneamente um<br />
grande beneficiário da<br />
revolução”<br />
Markus Kückelhaus<br />
e a implementação de data analytics nas<br />
cadeias de abastecimento. 75% dos inquiridos<br />
pretendem implementar, pelo menos, uma<br />
tecnologia wireless de nova geração num<br />
futuro próximo de forma a alcançar os seus<br />
objectivos na área da visibilidade.<br />
“O nosso próprio sector, a logística, será<br />
simultaneamente um grande beneficiário<br />
da revolução impulsionada pela IoT e um<br />
facilitador da mesma. Embora algumas partes<br />
da indústria da logística sejam já inteligentes<br />
e conectadas, o wireless de nova geração deve<br />
dar início à próxima onde de IoT na logística”,<br />
afirma Markus Kückelhaus, vice-presidente<br />
innovation & trend research da DHL Customer<br />
Solutions & Innovation.<br />
Num futuro em que todos estaremos<br />
conectados, independentemente do sítio<br />
onde nos encontremos, existem três pontos<br />
principais que se tornarão possíveis para a<br />
indústria da logística:
64<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
Visibilidade total<br />
» Todos os envios, activos de logística, infraestruturas e instalações estarão ligados graças a<br />
redes amplamente disponíveis e sensores de alta performance de baixo custo. Isto permitirá uma<br />
automatização altamente eficiente, uma melhoria de processos, uma resolução de incidentes mais<br />
rápida e transparente e, em última instância, a melhor qualidade se serviço para os clientes B2B e<br />
B2C.<br />
Anatomia em larga escala<br />
» Os veículos autónomos, sejam robôs interiores ou veículos de logística em estradas públicas,<br />
contam com uma fiável e ultra-rápida comunicação wireless. Apesar destas soluções estarem em<br />
ascensão, o wireless de nova geração será um facilitador essencial para impulsionar o seu uso<br />
inteligente e mudar o mundo na direcção das cadeias de abastecimento autónomas.<br />
Previsão aperfeiçoada<br />
» O volume, a velocidade e a variedade de dados que recolhemos irá triplicar o big data que<br />
já está a ser gerado actualmente. O progresso de sistemas de machine learning e Inteligência<br />
Artificial (IA), combinados com a latência ultra-baixa do wireless de nova geração significa que<br />
os sistemas de previsão data-driven, podem acabar com os constrangimentos pela latência e<br />
performance das redes wireless nos tempos de entrega e routing.<br />
“A conectividade em larga escala é<br />
uma extraordinária história de sucesso<br />
tecnológico e social. Embora a IoT não seja<br />
nova na logística, com 20 mil milhões de<br />
dispositivos conectados em uso globalmente,<br />
isto é apenas o início. Uma multiplicidade<br />
de tecnologias estão simultaneamente a<br />
avançar a um ritmo rápido, sendo também<br />
rentáveis e omnipresentes. Estas estão<br />
agora a tornar-se mais acessíveis, o que abre<br />
subitamente vastas oportunidades para o<br />
desenvolvimento de aplicações a um nível<br />
sem precedentes” termina Matthias Heutger,<br />
SVP, global head of innovation & commercial<br />
development da DHL. •
SCM Supply Chain Magazine 65<br />
transporte<br />
Olano Portugal<br />
“A Guarda, há<br />
muito tempo<br />
que deixou de<br />
estar longe<br />
de Lisboa”<br />
O Olano Groupe chegou a Portugal<br />
no início de 2004, numa primeira fase<br />
apenas fazendo transporte rodoviário,<br />
e cinco anos mais tarde, instalando o<br />
seu entreposto logístico na Plataforma<br />
Logística de Iniciativa Empresarial<br />
(PLIE) da Guarda, a primeira empresa a<br />
comprar lotes neste local. Hoje, 16 anos<br />
depois, a empresa conta com 163.000<br />
metros cúbicos de armazenagem de frio,<br />
positivo e negativo, e uma frota de 120<br />
camiões que percorre quase 16,5 milhões<br />
de quilómetros por ano e segue padrões<br />
ecológicos que vão ao encontro dos<br />
objectivos ambientais da empresa.
João Logrado, Director-Geral da Olano Portugal<br />
66<br />
junho <strong>2020</strong><br />
Texto: Fábio Santos<br />
Fotos: Olano Portugal<br />
Desde que chegou a Portugal que a Olano<br />
escolheu a Guarda para se instalar,<br />
apostando desde logo nesta localização<br />
para sediar a subsidiária portuguesa, e<br />
começou a preparar-se para o crescimento que<br />
alguns anos mais tarde viria a ser feito. João<br />
Logrado, director-geral da Olano Portugal,<br />
conta que a escolha da cidade “seguiu critérios<br />
racionais e de ordem logística”, por se mostrar<br />
num ponto estratégico do país para as suas<br />
operações.<br />
Não só a PLIE da Guarda foi importante para<br />
a instalação da empresa nesta cidade, mas<br />
também o acesso à infra-estrutura rodoviária<br />
A23, classificada pela União Europeia<br />
como uma via transeuropeia, foi um factor<br />
determinante. Localizada à mesma distância<br />
de cidades como Lisboa, Madrid e Vigo,<br />
bem como de Irum e Valência, onde o Grupo<br />
tem uma das maiores bases, o responsável
SCM Supply Chain Magazine 67<br />
considera que a Guarda é “o centro geográfico<br />
das nossas operações na Península Ibérica”.<br />
Ao contrário do que se poderia pensar, a<br />
localização a Norte não coloca quaisquer<br />
entraves para a distribuição nacional. “Antes<br />
pelo contrário”, desmistifica João Logrado,<br />
“conseguimos em termos rodoviários ir e<br />
vir a Lisboa ou Porto com facilidade não<br />
ultrapassando os tempos de condução<br />
permitidos por lei, o que nos deixa<br />
muito confortáveis”, e graças aos fortes<br />
investimentos feitos nos acessos, agora mais<br />
facilitados, como são casos disso as estradas,<br />
auto-estradas e linhas ferroviárias, “a Guarda,<br />
há muito tempo que deixou de estar longe de<br />
Lisboa”.<br />
O investimento de 2009 fê-los crescer,<br />
passando a contar com um espaço para<br />
desenvolver a logística, e foi com essa<br />
aquisição de lotes industriais que iniciaram
68<br />
junho <strong>2020</strong><br />
“O crescimento tem sido<br />
consistente e gradual,<br />
respeitando a estratégia<br />
que planificámos. Não<br />
queríamos crescer de<br />
uma forma exponencial,<br />
criando algo que não<br />
pudéssemos controlar”<br />
a construção de câmaras frigoríficas, com<br />
uma capacidade para 5.500 paletes, num<br />
valor de cerca de 30 milhões de euros. “A<br />
partir daí o nosso crescimento foi contínuo”,<br />
explica. Em 2016 fazem uma nova ronda de<br />
investimentos, ao adquirir oito lotes de forma<br />
a aumentar em 50% a sua capacidade de frio,<br />
reforçando também a sua frota para um total<br />
de 130 unidades. “Hoje temos um total de<br />
240 trabalhadores, e já investimos mais de 50<br />
milhões de euros, entre câmaras e veículos de<br />
transporte”, conta.<br />
Transporte e logística<br />
“A Olano Groupe, é acima de tudo um<br />
operador logístico global e não apenas um<br />
transportador rodoviário de mercadorias”,<br />
começa por explicar João Logrado. É um<br />
grupo sediado no País Basco com presença<br />
em Portugal, Espanha, França e Itália, com<br />
mais de 50 localizações. O grupo assegura a<br />
nível global mais de 2.500 empregos e conta<br />
com uma frota de aproximadamente 1.000<br />
veículos, e uma capacidade de armazenamento<br />
de 1 milhão de metros cúbicos a -20ºC, e 350<br />
mil entre +2 e +14ºC.<br />
Ao nível dos veículos, em Portugal a Olano<br />
conta com 120 unidades com uma idade média<br />
de três anos, e toda ela com motorizações<br />
Euro 6, de forma a cumprir os objectivos<br />
ambientais da empresa. No ano passado,<br />
a frota percorreu 16.443.718 quilómetros,<br />
e que a proporção de viagens de camião
SCM Supply Chain Magazine<br />
69<br />
face aos quilómetros percorridos é de 71<br />
viagens/64.821 quilómetros.<br />
Ao nível do serviço, João Logrado explica<br />
que a operação da Olano Portugal tem por<br />
base um “apoio” à indústria transformadora e<br />
agro-alimentar. “Recolhemos com regularidade<br />
e de acordo com o plano de produção dos<br />
nossos clientes os seus ‘produtos finais’ que<br />
armazenamos em frio negativo e positivo”,<br />
esclarece, e conta que depois deste processo<br />
os distribuem aos seus clientes finais, sejam<br />
eles grandes superfícies ou distribuidores em<br />
Portugal, Espanha, França ou Itália.<br />
Por serem um grupo diversificado, com<br />
empresas focadas em diversos sub-sectores do<br />
agro-alimentar, como o peixe fresco, a carne,<br />
os congelados transformados ou matérias-<br />
Logística Compras Operações<br />
> 4, 5 E 6 DE AGOSTO DAS 14H00 ÀS 16H00<br />
LIDERANÇA DE EQUIPAS LOGÍSTICAS<br />
GESTÃO PARA A EXCELÊNCIA<br />
LIVE TRAINING<br />
> 6 E 7 DE AGOSTO DAS 10H00 ÀS 12H30<br />
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E CONTROLO DE<br />
CUSTOS NAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO<br />
> 10 E 11 DE SETEMBRO DAS 14H30 ÀS 17H00<br />
GESTÃO DE ARMAZEM – AS MELHORES PRÁTICAS<br />
PARA A OPTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS LOGÍSTICOS
70<br />
junho <strong>2020</strong><br />
“A Guarda irá ser colocada numa<br />
posição de alto valor para a<br />
constituição de um Porto Seco, no<br />
interior do país, e no primeiro e<br />
único ‘hub’ de mercadorias rodo e<br />
ferroviárias”<br />
-primas destinadas à indústria alimentar,<br />
conseguem desenvolver um modelo que<br />
“permite não só alavancar diversos negócios,<br />
mas também ‘ir compensando’ os sectores<br />
que, por razões económicas ou de conjuntura,<br />
estejam menos activos ou performantes num<br />
determinado período”, defende João Logrado.<br />
No que toca à logística, conta que<br />
asseguram operações de movimentação,<br />
picking, cross docking e consolidação e<br />
desconsolidação de paletes, caixas ou<br />
contentores, dependendo das necessidades.<br />
Semanalmente, a empresa entrega em Itália<br />
500 a 600 paletes de produtos congelados<br />
provenientes de Portugal, partindo da Guarda,<br />
até Espanha, França e Itália, com um lead time<br />
máximo de 72 horas.<br />
Os principais produtos transportados<br />
pela empresa são transformados à base<br />
de peixe, legumes e frutas congeladas ou<br />
transformadas, castanhas (para Nápoles),<br />
laranjas do Algarve (para Toulouse), entre<br />
outros. “Seria fastidioso enumerar todos os<br />
produtos e quantidades transportadas, mas<br />
certamente que os 16.443.718 de quilómetros<br />
realizados pela nossa frota durante um<br />
ano, dão bem a dimensão das mercadorias<br />
transportadas”, comenta João Logrado.
SCM Supply Chain Magazine 71<br />
Actividade em Portugal<br />
“A Olano Portugal<br />
está atenta a todas<br />
as oportunidades que<br />
confiram mais capacidade<br />
de armazenagem e que<br />
também acrescentem<br />
eficácia e eficiência na<br />
área da distribuição”<br />
“Estamos muito satisfeitos com a actividade<br />
no nosso país”, revela o responsável, “o<br />
crescimento tem sido consistente e gradual,<br />
respeitando a estratégia que planificámos. Não<br />
queríamos crescer de uma forma exponencial,<br />
criando algo que não pudéssemos controlar”.<br />
Após 16 anos, acredita que atingiram objectivo<br />
planeado inicialmente e que o crescimento<br />
está a ir a um bom ritmo.<br />
Apesar disso, acredita que ainda há<br />
muito espaço para crescer, nomeadamente<br />
através do ferroviário. “Com a requalificação<br />
e electrificação, em curso e em fase de<br />
finalização, da linha da Beira Baixa e da linha<br />
de concordância à linha da Beira Alta a Guarda<br />
irá ser colocada numa posição de alto valor<br />
para a constituição de um Porto Seco, no<br />
interior do país, e no primeiro e único ‘hub’<br />
de mercadorias rodo e ferroviárias”, defende,<br />
salientando que na Olano Groupe acreditam<br />
que este tipo de infra-estruturas irá ser<br />
determinante para a captação de indústria,<br />
mercadoria e serviços logísticos, e com eles,<br />
mais economia.<br />
Actualmente já contam com 163.000 metros<br />
cúbicos de espaço de armazenagem em frio<br />
negativo e positivo, ou 35.000 paletes, quer<br />
seja por via rodoviária ou por contentor.<br />
Em 2019 receberam 1.300 TEU nas suas<br />
instalações da Guarda, um valor “significativo<br />
para quem está a 180 quilómetros do porto<br />
marítimo mais próximo e um excelente<br />
indicador que mostra o potencial de valor<br />
económico para a constituição de um Porto<br />
Seco na Guarda”, comenta confiante João<br />
Logrado.
72<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
Resposta à pandemia<br />
Nos últimos meses também sentiram<br />
o impacto no sector dos transportes,<br />
especialmente ao nível da importação.<br />
“Notamos de forma clara que o país parou”,<br />
afirma João Logrado. Ao contrário do país, não<br />
pararam e conseguiram superar esta época<br />
de maior dificuldade “com muito sacrifício e<br />
muita dedicação dos nossos colaboradores<br />
que foram exímios a responder as solicitações<br />
dos nossos Clientes”. Conta que conseguiram<br />
manter todos os postos de trabalho sem<br />
haver a necessidade de colocar trabalhadores<br />
em lay-off ou qualquer tipo de redução de<br />
rendimentos, e todos os camiões continuaram<br />
a trabalhar apesar das dificuldades acrescidas.<br />
Entre as principais mudanças necessárias<br />
esteve o teletrabalho, “com todas as<br />
consequências positivas e negativas que daí<br />
vieram”, comenta, assegurando que foram<br />
cumpridas todas as determinações da DGS<br />
de modo a responder de forma responsável<br />
à chegada da pandemia, o que no início foi<br />
difícil porque “todos se esqueceram que para<br />
os motoristas circularem com os camiões<br />
necessitavam de apoio logístico ao nível da<br />
alimentação, sanitário, etc, e as estações<br />
de serviço e restaurantes estavam todos<br />
fechados. Foi muito complicado”.<br />
Passados esses problemas maiores, o<br />
director-geral olha para o futuro com alguma<br />
incerteza, mas confiança, defendendo que<br />
“vai ser difícil e duro, mas creio que muito<br />
interessante e desafiante. Todos vamos ter<br />
que nos reinventar, ultrapassar os desafios que<br />
temos e sermos mais cuidadosos”.<br />
Comenta que a “nova realidade” será<br />
mais exigente, mas que também irá abrir<br />
portas “para a reformulação de serviços,<br />
implementação de melhores processos de<br />
trabalho e procedimentos mais eficientes e<br />
eficazes”, aliados com uma maior segurança e<br />
protecção dos bens, equipamentos e pessoas.<br />
Para já, fica apenas a certeza da incerteza,<br />
mas João Logrado não tira os olhos do<br />
futuro, e afirma que “a Olano nunca deixou<br />
de olhar para as oportunidades”, encarandoas<br />
como possíveis novos investimentos.<br />
Além dos previstos para o ano, entre os
SCM Supply Chain Magazine 73<br />
“Todos se esqueceram que para<br />
os motoristas circularem<br />
com os camiões necessitavam<br />
de apoio logístico ao nível<br />
da alimentação, sanitário,<br />
etc, e as estações de serviço<br />
e restaurantes estavam<br />
todos fechados. Foi muito<br />
complicado”<br />
quais se encontram a renovação de frota,<br />
aprofundamento no uso de equipamentos<br />
solares para a produção e eficiência<br />
energética, continuidade e aprofundamento da<br />
formação aos quadros, “a Olano Portugal está<br />
atenta a todas as oportunidades que confiram<br />
mais capacidade de armazenagem e que<br />
também acrescentem eficácia e eficiência na<br />
área da distribuição”.<br />
Para <strong>2020</strong>, João Logrado avança que<br />
esperam consolidar o crescimento interno<br />
com a distribuição em Lisboa e Porto,<br />
e acredita que apesar da pandemia irão<br />
crescer, mantendo-se atentos às novas<br />
oportunidades, tanto de crescimento como de<br />
acompanhamento desse crescimento. “Tudo<br />
é possível”, conclui o responsável, “só temos<br />
que agradecer a confiança e os desafios que<br />
os Clientes nos têm colocado, mas também<br />
aos 240 colaboradores que com o seu<br />
profissionalismo, dedicação e empenho têm<br />
assegurado níveis de desempenho notáveis”.•<br />
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74<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
carreira<br />
Norman Bodek<br />
Entrevista: Joel Sadio<br />
Tradução: Dora Assis<br />
O padrinho do Lean<br />
Qual o maior desperdício numa empresa? Para onde vai a logística? Qual o<br />
papel futuro da tecnologia? O que vai aprender a supply chain com esta crise?<br />
Norman Bodek, na primeira pessoa, graças à parceria com o blog Impact<br />
Logistics.<br />
Foi nos anos 70 que Norman Bodek começou a aprofundar os seus estudos sobre<br />
produtividade, o que o levaria a tornar-se num dos primeiros norte-americanos a escrever<br />
sobre “lean manufacturing” e a embrenhar-se e estudar em profundidade o Sistema TOYOTA,<br />
trabalhando em estreita colaboração com Taiichi Ohno e Shigeo Shingo e outros especialistas na<br />
área, além de ter sido responsável pela publicação de muitos dos seus livros em inglês.<br />
Norman foi também eleito para o Industry Week’s Manufacturing Hall of Fame, que premeia<br />
as super-estrelas industriais cujas carreiras colectivas tiveram um impacto e influência<br />
incomensuráveis nos Estados Unidos.<br />
Além de professor, consultor e autor, na actualidade ele é ainda editor, tendo fundado a<br />
Productivity Press.
SCM Supply Chain Magazine 75<br />
Quais foram os dois melhores atributos ou características pessoais que encontrou em Taicho Ohno<br />
e Shigeo Shingo?<br />
Norman Bodek – Ohno: provavelmente o mais poderoso plant manager do mundo. Exigia que<br />
melhorássemos, mas sem nunca dizer como se poderia fazê-lo. Dirigia-se até à nossa área, dizianos<br />
para reduzirmos a equipa em 30%, dava-nos três meses para o fazermos e simplesmente<br />
afastava-se. Ohno era capaz de desenhar um círculo no chão da fábrica e dizer ao presidente de<br />
uma das empresas suas fornecedoras para ficar ali o dia inteiro e procurar por desperdícios.<br />
Shingo ensinava-nos a fazer mudanças em menos de 10 minutos. Depois saiu e quando regressou<br />
três horas depois, eles tinham-no feito. Shingo acreditava em zero defeitos e ensinava “pokayoke,”<br />
e há unidades no Japão que não permitem que um defeito saia da fábrica.<br />
Como fortalece e envolve as equipas com a sua visão?<br />
> É perguntar às pessoas o que é que elas querem ver na empresa e então você define a sua<br />
visão para ajudá-los a alcançá-la. O que se pretende é que as pessoas estabeleçam metas de<br />
crescimento pessoal.<br />
O lean tornou-se quase mandatório. Se queremos melhorar processos, optimizar recursos,<br />
eliminar desperdícios e reduzir custos, temos que implementar uma metodologia lean para<br />
sermos bem sucedidos. Estou a esquecer-me de algum elemento-chave?<br />
> Sim. A chave está em criar um local de trabalho onde as pessoas possam crescer, melhorar<br />
as suas competências e não agirem como máquinas. O desperdício mais importante é o subaproveitamento<br />
dos talentos humanos.<br />
Olhando para trás, qual foi o maior erro que cometeu? O que aprendeu com ele?<br />
> Ofereceram-me 5% da ADP (Automatic Data Processing, Inc.) e eu recusei. Hoje vale cerca de<br />
2.5 mil milhões de dólares. Eu diria que o maior erro está em darmos ouvidos aos conselhos dos<br />
outros e não seguirmos a nossa intuição.<br />
Qual é o maior desperdício com que as empresas lidam actualmente?<br />
> Já o mencionei: as tarefas chatas e repetitivas que dão às pessoas. A Canon tem trabalhadores<br />
designados “supermeisters” que, sozinhos, fazem uma copiadora com mil peças. E fazem-no em<br />
três horas.<br />
A tecnologia desempenha um papel principal na indústria transformadora. Como o vê no futuro?<br />
> É fantástico poder substituir tarefas chatas e poder ajudar cada uma das pessoas a ser um<br />
engenheiro.<br />
Diz que o Método Harada é uma das ferramentas mais poderosas que já conheceu. Em que<br />
consiste exactamente e porque deveríamos aplicá-lo nas nossas empresas?<br />
> Eu já superei o método Harada. Agora ensino o trabalho de Kazuyoshi Hisano, que nos mostra
76<br />
<strong>Junho</strong> <strong>2020</strong><br />
como atingir metas difíceis e superá-las. No meu novo blog www.socialrsp.com falo sobre Hisano<br />
e sobre como ajudar as empresas a tornarem-se socialmente responsáveis.<br />
Porque é que as empresas devem preocupar-se em ser socialmente mais responsáveis hoje e que<br />
benefícios poderemos todos retirar disso?<br />
> Em 1970, Milton Friedman, vencedor do Prémio Nobel, disse: “Os CEO têm apenas uma<br />
responsabilidade, que é obter lucros para os investidores”. No ano passado, 181 CEO’s do Top<br />
200 norte-americano afirmaram que se tornarão socialmente mais responsáveis, tratando melhor<br />
os seus clientes, desenvolvendo as capacidades dos seus funcionários, tratando melhor os<br />
fornecedores, as comunidades e o meio ambiente, numa abordagem de longo prazo.<br />
São tempos de incerteza e as supply chains mundiais enfrentam um dos maiores revezes da sua<br />
história. Como vê o futuro das relações na cadeia?<br />
> Vivíamos em aldeias, depois em cidades, a seguir em países e agora no mundo innteiro. A supply<br />
chain é fundamental para ligar esta realidade.<br />
O que aprendemos e o que poderemos melhorar no supply chain management depois da actual<br />
crise?<br />
> Aprender línguas; aprender hábitos estrangeiros e visitar os fornecedores. Tratá-los como<br />
parceiros e ensiná-los. A TOYOTA foi muito inteligente, porque a supply chain está muito próxima<br />
da TOYOTA, o que significa que quase todos os fornecedores estão num raio de 160 km da<br />
TOYOTA, pelo que não têm dificuldades com o vírus. O problema é que eles têm aviões a voar<br />
para os Estados Unidos e estão a receber peças do Japão, pelo que têm que ser muito inteligentes<br />
e planear muito melhor a supply chain com o vírus. Devíamos estudar a TOYOTA para ver como é<br />
que eles estão a lidar com esta crise.<br />
Como vê a logística num horizonte de 10 anos?<br />
> Será maioritariamente feita por computadores com inteligência artificial.<br />
Que conselho deixaria a alguém que está agora a começar a sua carreira no mundo da logística?<br />
> Aprendam programação; trabalhem para as melhores empresas e estabeleçam como objectivo<br />
de longo prazo serem os melhores. A ADP - Automatic Data<br />
Processing, Inc., vulgo ADP, é um fornecedor americano de<br />
software e serviços de gestão de recursos humanos. Até<br />
2014, era uma das quatro empresas americanas no S&P 500<br />
com classificação de crédito AAA da Standard & Poor’s (S&P)<br />
e da Moody’s. •<br />
“Aprender línguas;<br />
aprender hábitos<br />
estrangeiros e visitar<br />
os fornecedores. Tratálos<br />
como parceiros e<br />
ensiná-los”
Texto: Dora Assis<br />
O regresso da<br />
pós-graduação para a<br />
área de supply chain<br />
26 de Outubro de <strong>2020</strong> 148 horas<br />
Coordenação Executiva (NOVA SBE)<br />
Pedro Silva Caldeira<br />
Coordenação Científica (FCT)<br />
António Grilo<br />
SCM Supply Chain Magazine 77<br />
carreira<br />
Nova SBE e FCT Nova<br />
juntas<br />
Após o sucesso da 1.ª edição, resultado de uma parceria sólida e<br />
única entre a Nova SBE Executive Education e a FCT Nova, a 26<br />
de Outubro arranca a 2.ª edição da pós-graduação em “Gestão da<br />
Supply Chain”, com novidades, a começar pelo modelo blended.<br />
Este programa de formação junta experts do<br />
mercado a um corpo docente especializado<br />
para promover o crescimento sustentado<br />
dos profissionais do mundo da supply chain.<br />
Estruturando conceitos multidisciplinares,<br />
introduzindo novas tendências e fomentando<br />
a literacia digital.<br />
Tendo em conta o contexto actual, a pósgraduação<br />
apresenta a sua grande novidade:<br />
um modelo blended – contando esta edição<br />
com sessões presenciais e online. Além<br />
disso, apresenta também um módulo único<br />
de aprendizagem no mercado, distribuído em<br />
dois blocos que respondem directamente aos<br />
desafios dos profissionais na área da gestão e<br />
na área da supply chain, com uma avaliação<br />
maioritariamente prática.<br />
Programa bietápico<br />
Percorrendo a jornada, tudo começa com<br />
o bloco Management Fundamentals, onde<br />
o objectivo-base é que o enquadramento<br />
dos fundamentos da gestão prepare os<br />
participantes para os desafios actuais do<br />
mercado de forma integrada. De seguida, o<br />
bloco Area Focus aprofunda as temáticas da<br />
especialidade da pós-graduação, explorando<br />
cada tópico mais em detalhe de acordo com as<br />
melhores práticas e o estado da arte de cada<br />
disciplina.<br />
Nos dias que correm, a segurança, além<br />
de hot topic passou a ser uma das principais<br />
preocupações, pelo que foram implementadas<br />
várias medidas que permitem controlar a<br />
transmissão do coronavírus SARS-CoV-2,<br />
certificadas pelo Grupo ISQ com o selo de<br />
confiança COVID OUT à actividade da formação<br />
de executivos.<br />
No que diz respeito ao perfil dos<br />
participantes, a pós-graduação foi desenhada e<br />
pensada para gestores, decisores e formadores<br />
com propensão para o desenvolvimento<br />
profissional das áreas logística e de gestão da<br />
supply chain, desde PME a grandes empresas<br />
e multinacionais. Profissionais que pretendam<br />
entrar nas áreas logística e de gestão da<br />
supply chain e estruturar conhecimentos de<br />
forma intensiva, assim como profissionais<br />
que tenham uma natural vocação para as<br />
áreas logística e de gestão da supply chain e<br />
que vejam ou se revejam nelas em termos do<br />
seu desenvolvimento profissional futuro são<br />
igualmente potenciais destinatários deste<br />
programa de formação. •
78<br />
O mundo é redondo, por Cláudia Brito<br />
Fifty Inventions That Shaped the Modern Economy,<br />
Tim Harford<br />
Riverhead Books, 2018 edition<br />
As “Cinquenta Invenções que Moldaram a Economia Moderna” segundo Tim Harford, não são aquelas que<br />
esperaríamos. Algumas, como o arado, são absurdamente simples e não evoluíram muito desde que foram<br />
inventadas. Outras, como o relógio, foram-se tornando cada vez mais sofisticadas. Há as abstractas ou<br />
lucrativas, mas todas nos ensinam como funciona o mundo. As invenções não são apenas soluções criativas,<br />
também moldam as nossas vidas de forma imprevisível e, muitas vezes, ao resolverem um problema criam<br />
outro.<br />
Escolhi três destas “coisas” descritas por Tim<br />
Harford:<br />
O contentor é hoje omnipresente nos<br />
transportes internacionais, mas não existe desde<br />
sempre. Antes da sua popularização, viabilizada<br />
pelo americano Malcom Mclean, há pouco mais<br />
de cem anos, um navio movendo mercadoria<br />
entre continentes era um pesadelo logístico,<br />
de registo e controlo de todos os produtos que<br />
transportava. Contudo, o verdadeiro desafio era<br />
carregá-lo. Os estivadores que faziam o perigoso<br />
trabalho tinham de empilhar no cais desde barris<br />
de azeitonas a caixas de sabão, entre milhares<br />
de outros itens. Estes eram içados por gruas,<br />
um a um, e arrumados manualmente como um<br />
puzzle tridimensional no porão, de forma a não<br />
se moverem no alto mar. O tempo de carregar<br />
e descarregar os bens era tanto quanto o de<br />
atravessar o oceano, e custava oito vezes mais do<br />
que hoje.<br />
O plástico tem tendência a ser diabolizado,<br />
agora que os oceanos se encontram infestados<br />
com os seus despojos, mas esquecemo-nos de<br />
que sem ele a nossa vida seria dramaticamente<br />
diferente. Foi inventado por um belga, Leo<br />
Baekeland, no princípio do século passado,<br />
e publicitado como o material miraculoso<br />
que não ardia, não queimava, isolava e tinha<br />
“mil utilizações”. O paradoxo é que embora<br />
ambientalmente o plástico tenha efeitos nefastos,<br />
como a contaminação dos solos e a interferência<br />
nas cadeias alimentares, também tem benefícios<br />
ao, por exemplo, tornar os carros mais leves<br />
(gastando menos combustível) e permitir<br />
embalar comida mais eficientemente (reduzindo<br />
o desperdício alimentar). Claramente, temos de<br />
utilizar o plástico mais sabiamente e aprender a<br />
reciclá-lo melhor.<br />
O cimento é outra invenção na lista negra<br />
ambiental, mas existe desde os primórdios da<br />
civilização. É extremamente flexível e versátil<br />
enquanto está a ser fabricado, e imutável e<br />
indestrutível depois de feito. Quando bem<br />
feito, é à prova de água, tempestades e fogo.<br />
É forte e barato, com vantagens inesperadas<br />
quando toca a substituir o chão de terra batida<br />
em casas de comunidades pobres, onde os<br />
parasitas proliferam. O chão de cimento é mais<br />
fácil de limpar, mantendo as crianças mais<br />
saudáveis e faltando menos à escola. Resta-nos<br />
a tecnologia para minimizar o impacto ambiental<br />
desta invenção (e doutras!) que contem em si,<br />
simultaneamente, o bom e o mau de tudo o que é<br />
humano.<br />
Tim Harford é jornalista, economista e locutor de<br />
rádio, e vive em Oxford. É o autor de quatro livros de<br />
Economia e escreve uma coluna de longa duração no<br />
Financial Times, “O Economista Disfarçado”.
TREINE<br />
Organização<br />
A SUA EQUIPA DE LOGÍSTICA<br />
Transforme os seus colaboradores<br />
numa equipa de alta performance<br />
Parceria<br />
Anfitrião<br />
Sponsors