Bauru de todos nós
Livro da Academia Bauruense de Letras em homenagem a Bauru no seu 124º aniversário
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O Rio Bauru era totalmente poluído, nas tardes quentes
o mau cheiro do esgoto exalava ao passarmos pela ponte
que ligava a Rua Araújo Leite à Rua Coronel Alves Seabra.
Muitos clientes me disseram que antigamente, pescavam
muito naquele pedaço do rio antes de ser poluído. Com o
crescimento da cidade, quando chovia, o volume da água
que passava pelo rio era cada vez maior, provocando muitas
enchentes.
Num domingo, numa manhã quente de verão, o dia
escurece e começa a chover torrencialmente com muitos
raios e trovões riscando o céu, provocando uma das maiores
inundações no Rio Bauru e consequentemente chega a minha
farmácia. Na correria para salvar os meus produtos, começamos
tirar tudo que estava na parte baixa e fomos colocando
na parte mais alta, em cima dos balcões, onde não
pudesse ser atingido pela água que chegou a marca de mais
e um metro. No meio desse transtorno lembrei-me que estava
morando ali pertinho e que a enchente também tinha
chegado lá. Sai desesperado pela rua segurando-me nas paredes
com aquela água fétida acima de minha cintura. Ao
chegar vejo minha esposa, que estava grávida, saindo no
barco do Corpo de Bombeiros e indo para a casa de uma
amiga, cujo marido também tinha uma sacaria na mesma
quadra da farmácia.
A enchente urbana, ainda mais de um rio poluído é
algo incrível! Vimos passar boiando vários botijões de gás,
cadeiras, panelas, móveis e muitos animais como cobras e
ratos. Quando a água baixou ficou a sujeira, uma lama escura
e com muito mau cheiro, que foi difícil para limpar e no
meu caso, em dose dupla, a farmácia e minha casa, ainda
bem que os vizinhos se reuniram e fizeram um mutirão de
limpeza.