Bauru de todos nós
Livro da Academia Bauruense de Letras em homenagem a Bauru no seu 124º aniversário
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Vejo flores em você
Atrativo para borboletas, abelhas e beija-flores. Margaridas,
primaveras, hortênsias, ipês, jasmins, cravos, rosas.
No lugar de ruas, alamedas. Uma das regiões mais antigas
de Bauru carrega em seu DNA nome de flores. Fundado
em 1950, o bairro empresta espaço aos históricos Casa do
Garoto, Tilibra e o extinto Anderson Clayton. Segundo meus
avós, na década de 60, a cidade ganhava relevo pelo comércio
da baixada. Não tinha quem não vendia e comprava lá.
Nesse passado memorioso, moradores da zona rural trocavam
frangos, leitões e outros produtos da criação deles por
sapatos, banheiras, carroças, rações e outras mercadorias
do comércio. Havia inclusive um estacionamento para os cavalos,
enquanto seu dono comercializava. Bauru acontecia
na ‘Baixada do Silvino’.
Pela proximidade do local, convivi com este intenso
comércio, afinal meus avós moravam na Alameda das Primaveras,
rua que ganhava o acesso ao local. Meu avô Antônio
explicava-me o apelido “baixada”. Por ser um dos pontos
mais baixos da cidade, o local recepcionava a água dos rios
que banhavam o município. Isso também repercutia com
baixadas críticas. A chuva em excesso excedia as vias, alagando-as.
Aos finais de semana, passava grande parte da minha
infância na casa dos meus avós. Adorava a companhia
deles. Dos passeios à refeição. Meu avô Antônio banhava
esquecidos pedaços de pão com leite e café quentes em uma
leiteira de alumínio. Sentado à mesa, com as mãos côncavas,
num gesto de agradecimento, ele, com uma colher,
conduzia com deleite e vagar o que o pão sorvia da mistura.
Eu ouvia o prazer com que ele conduzia os movimentos rotacionais
da colher pelo interior da leiteira. Eram sábados
alegres carregados de um azul abusado de belezas. O sino