10.08.2020 Views

Bauru de todos nós

Livro da Academia Bauruense de Letras em homenagem a Bauru no seu 124º aniversário

Livro da Academia Bauruense de Letras em homenagem a Bauru no seu 124º aniversário

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Vejo flores em você

Atrativo para borboletas, abelhas e beija-flores. Margaridas,

primaveras, hortênsias, ipês, jasmins, cravos, rosas.

No lugar de ruas, alamedas. Uma das regiões mais antigas

de Bauru carrega em seu DNA nome de flores. Fundado

em 1950, o bairro empresta espaço aos históricos Casa do

Garoto, Tilibra e o extinto Anderson Clayton. Segundo meus

avós, na década de 60, a cidade ganhava relevo pelo comércio

da baixada. Não tinha quem não vendia e comprava lá.

Nesse passado memorioso, moradores da zona rural trocavam

frangos, leitões e outros produtos da criação deles por

sapatos, banheiras, carroças, rações e outras mercadorias

do comércio. Havia inclusive um estacionamento para os cavalos,

enquanto seu dono comercializava. Bauru acontecia

na ‘Baixada do Silvino’.

Pela proximidade do local, convivi com este intenso

comércio, afinal meus avós moravam na Alameda das Primaveras,

rua que ganhava o acesso ao local. Meu avô Antônio

explicava-me o apelido “baixada”. Por ser um dos pontos

mais baixos da cidade, o local recepcionava a água dos rios

que banhavam o município. Isso também repercutia com

baixadas críticas. A chuva em excesso excedia as vias, alagando-as.

Aos finais de semana, passava grande parte da minha

infância na casa dos meus avós. Adorava a companhia

deles. Dos passeios à refeição. Meu avô Antônio banhava

esquecidos pedaços de pão com leite e café quentes em uma

leiteira de alumínio. Sentado à mesa, com as mãos côncavas,

num gesto de agradecimento, ele, com uma colher,

conduzia com deleite e vagar o que o pão sorvia da mistura.

Eu ouvia o prazer com que ele conduzia os movimentos rotacionais

da colher pelo interior da leiteira. Eram sábados

alegres carregados de um azul abusado de belezas. O sino

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!