Bauru de todos nós
Livro da Academia Bauruense de Letras em homenagem a Bauru no seu 124º aniversário
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melhor do que a matinê do cine São Paulo para uma boa
paquera. Olhar de longe, um sorriso aqui, outro ali, jogar
“beijinhos” feitos de papel de bala (não esqueci, não). Pegar
na mão da menina, então, era uma façanha para herói nenhum
botar defeito, virava motivo para contar histórias por
um longo tempo, gerava “status” no meio da turma. E vinha
a musiquinha (que a gente chamava de “prefixo”) do velho
cine São Paulo, mas ninguém dava muita bola, não. O interesse
de todos prendia-se ainda no que estava “rolando” lá
dentro. O negócio era chegar antes para pegar um “bom lugar”
perto das meninas, senão adeus. Logo depois vinha o
noticiário do canal 100, trazendo tudo aquilo que a maioria
já sabia, mas de uma maneira diferente. Na parte do esporte,
como eles passavam em velocidade mais lenta, era
possível, por exemplo, acompanhar em detalhes os dribles
de Mané Garrincha, a expressão de moleque no rosto
quando fazia mais um de “João”. Aí o pessoal ficava mais
quieto e, nessa hora, tudo de importante já havia sido decidido,
ou seja, “quem rolar, rolou”. Quem fazia a segurança
nos cinemas era a saudosa “Guarda Civil” (quem não se lembra?),
que enviava um ou mais policiais, vestidos todos em
traje de gala (com espadim e tudo) numa impecável farda
azul-marinho, para assegurar que tudo saísse de conformidade
com a lei e os “bons costumes”. Mas isso tudo ainda
iria acontecer alguns anos depois, em fins dos anos 60. No
tempo em que iniciei minha narrativa, ainda havia o “footing”
na Praça das Cerejeiras onde, apesar de sermos ainda
pequenos, íamos todos, amigos e primos, para observar o
movimento. Quando minha sorte era muita mesmo, aparecia
um circo na cidade, desses tradicionais, que armava sua
lona, estacionando seus carros coloridos no local do antigo
campo do E.C. Noroeste, onde hoje está localizado o moderno
prédio do SESI, na Rua Quintino Bocaiúva. Aí, então,
era para não esquecer mesmo, nunca mais. Nessas ocasiões,
lembro especialmente de uma delas em que correu um
boato entre os meninos de que, quem levasse um gato vivo