Bauru de todos nós
Livro da Academia Bauruense de Letras em homenagem a Bauru no seu 124º aniversário
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Era só mais um pôr do sol...
Falar de Bauru... “Um olhar de quem vem de fora...”
Muitas coisas podem ser ditas. Mas... há uma, incomparável:
o pôr do sol. Minha varanda é o observatório ideal, no décimo
quarto andar e 180 graus em torno. Deixo tudo o que
estou fazendo e espero o Sol se pôr e deixar a esteira de
cores que o desenho das nuvens recorta. Há épocas de açafrão
vibrante e outras de tintas esmaecidas de quase vinho
ao rosa pálido. E os dramáticos vermelhos, quase sangue,
em formas e combinações irrepetíveis de quem joga com os
contrastes.
Pois numa dessas tardes, no meu mirante pendurado
no ar, me distraí no mini jardim de suculentas e orquídeas.
E me detive ali já caindo a noite. E não é que uma mariposa
resolve voar para a porta que dá para a sala? Não hesitei.
Puxei a porta de vidro. Com mais força do que devia... E a
lingueta travou no batente. Uma porta com fechadura e
chave que só abre por dentro... Necessário num andar tão
alto? Quem, para galgar por fora? Fiquei ali, olhando, procurando
algum instrumento para tentar levantar a porta e
destravar a lingueta. Nada. Tirei da parede uma grade de
ferro – de algum antigo jardim e que uso como decoração.
Bati no vidro. Nada. Nem um abalo. Olhei para baixo, através
da redes de proteção. A rua lá na frente -meu apartamento
é de fundo. Embaixo só quintais do prédio e das casas.
Então pensei no inevitável e do qual estava me subtraindo:
chamar por alguém. Timidamente soltei algumas palavras.
(Sexta-feira à noite! Difícil ter alguém por ali. A gente