Bauru de todos nós
Livro da Academia Bauruense de Letras em homenagem a Bauru no seu 124º aniversário
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A Rua Sete
A Bauru de que falarei agora não é a da Zona Sul,
nem a central; não é a do Parque Vitória Régia, do Calçadão
da Batista ou da Estação Ferroviária. A primeira Bauru que
me vem à cabeça é a da Rua Sete, e do bairro onde passei
boa parte da minha vida, o Jardim Rosa Branca.
Meus pais foram um dos primeiros a se mudar para
este núcleo habitacional, inaugurado no início da década de
80. Foi realizado um sorteio pela Caixa Federal para distribuição
das casas entre os interessados pelas oito ruas do
bairro, e meus pais não tiveram muito sucesso: restou a eles
uma moradia na última quadra da já mencionada rua, próxima
à linha do trem e ao Córrego da Grama.
De córrego, não tinha nada: com o tempo, suas margens
foram se ampliando; e, por conta disso, ganhou o carinhoso
apelido de "Rio Bosteiro", já que continha os dejetos
(esgoto) oriundos do Parque Jaraguá, que passavam por ali
e desembocavam em outras paragens. O trem, por sua vez,
passava apitando em momentos distintos do dia: vez ou outra,
despertava a todos (alta madrugada) com os ruídos da
maquinaria.
Nesta quadra, vivi a minha infância junto com outras
crianças. Em razão do pequeno trânsito (observem a placa:
rua sem saída) jogávamos futebol, vôlei, queimada e tantas
outras brincadeiras sem sermos atrapalhados pelo vaivém
dos carros. Aliás, ainda que estivéssemos dentro da cidade,
experimentávamos um cadinho de "mundo rural" por ali,