SCMedia News | Revista | Julho & Agosto 2020
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
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<strong>Julho</strong> & agosto <strong>2020</strong> SCM Supply Chain Magazine 49<br />
Não podemos mudar tudo, temos de nos adaptar à cultura local se<br />
queremos atingir os nossos objectivos, mas não podemos ceder nos<br />
nossos princípios e objectivos se queremos ter sucesso<br />
desenvolvimento de uma operação de circuito<br />
fechado. Posteriormente, assume a função de<br />
gestão de transportes e customer service e é<br />
neste momento que começa a ter exposição<br />
internacional dentro da organização, “algo<br />
que foi fundamental, tendo em conta que<br />
sempre tive como objectivo trabalhar no<br />
exterior”, conta. Dois anos depois, dá-se<br />
a primeira oportunidade internacional,<br />
em Itália, enquanto gestor de logística da<br />
mesma empresa, onde ficou responsável pela<br />
integração de um novo negócio das operações<br />
e, em simultâneo, do desenvolvimento de um<br />
projecto de redução de custo fixo. Em 2013,<br />
altura em que a operação crescia acima de<br />
dois dígitos, dá o salto até ao Brasil. Contudo,<br />
todos os processos e operações logísticas<br />
estavam ultrapassados, com os custos fora de<br />
controlo e níveis de serviço inaceitáveis, “era<br />
necessário uma completa reestruturação”,<br />
refere. Em 2016, após ter cumprido o ‘3 Years<br />
Plan’, através da redefinição da network,<br />
abrindo e fechando mais de 10 armazéns,<br />
e iniciando operações de health care, fica<br />
responsável pela reestruturação da área de<br />
IBP, com o desenvolvimento de um novo<br />
processo de S&OP. Um ano depois, realizou<br />
uma tarefa de três meses no México para a<br />
implementação de um software SAP “que<br />
se revelou uma experiência extremamente<br />
exigente sob todos os pontos de vista,<br />
operacional, liderança e pessoal”, afirma. Já<br />
em 2019 iniciou o seu projecto na Kellogg<br />
Company enquanto director europeu<br />
de logística, onde fez uma completa<br />
reestruturação da network e iniciou a jornada<br />
do digital com a implementação de novos<br />
sistemas de controlo de transportes e WMS.<br />
Este ano foi promovido a european integrated<br />
supply planning director.<br />
Caminhos e trajectos à parte, a vontade de<br />
querer pertencer à área da logística surgiu<br />
com base na sua formação em Engenharia<br />
Mecânica, pois “muito cedo na minha carreira<br />
me interessei pela capacidade de optimizar<br />
operações através de um planeamento<br />
estratégico, lógico e sempre em busca de<br />
maiores eficiências nos processos”, revela.<br />
De país em país: vira o disco,<br />
mas não toca o mesmo<br />
Superar grandes desafios, formar equipas<br />
de alta performance e desenvolver pessoas<br />
são algumas das competências que Vasco<br />
Lemos foi adquirindo durante o seu percurso,<br />
salvaguardando a ideia de que “em qualquer<br />
país ou cultura, o grande diferencial são<br />
sempre as pessoas”.<br />
Ainda assim, “qualquer país ou cultura” tem<br />
as suas especificidades, o que pode, por vezes,<br />
gerar desafios adicionais à adaptação a nível<br />
pessoal ou profissional. O responsável refere,<br />
que desenvolver uma carreira internacional<br />
na supply chain, traz dois grandes desafios: o<br />
primeiro é, precisamente, entender o contexto<br />
e especificidade de cada país, dando o<br />
exemplo que no Brasil existe “a complexidade<br />
extrema” e na Alemanha e em Itália há “rigidez<br />
de processos”. Em segundo lugar, são as<br />
diferentes formas de motivar e liderar equipas<br />
com contextos culturais completamente<br />
distintos, “se nos países da América Latina,<br />
a proximidade pessoal a cada elemento é<br />
quase crucial para atingir os objectivos, nos<br />
países Anglo-saxónicos é fundamental manter<br />
o rigor nos processos e uma gestão mais<br />
formal”, conta. Ainda assim, considera que em<br />
ambas as situações, o rigor e a exigência são<br />
fundamentais.<br />
em qualquer país ou cultura, o<br />
grande diferencial são sempre<br />
as pessoas<br />
Falamos das diferenças culturais entre<br />
países como o Brasil, Alemanha ou Itália, mas,<br />
e em Portugal, o que difere? Vasco Lemos<br />
refere que “tendo em conta as estruturas/<br />
equipas mais reduzidas decorrentes de um<br />
menor volume de negócio, somos desafiados<br />
a desempenhar uma multiplicidade de<br />
funções, que vão desde a concepção de<br />
projectos, implementação e execução<br />
dos mesmos, passando pela negociação<br />
directa com fornecedores e clientes, até<br />
ao desenvolvimento de relatórios para as<br />
mais diversas áreas de gestão do negócio”.<br />
Esta abrangência de funções conduz a um<br />
elevado sentido de propriedade do negócio,<br />
possibilitando também um conhecimento<br />
detalhado das diferentes variáveis da<br />
supply chain. Finalmente, sublinha ainda a<br />
importância de uma comunicação efectiva<br />
com as diversas funções/departamentos e<br />
parceiros/clientes a qual, apesar de menos<br />
formal, é claramente um dos elementos-chave<br />
para o sucesso em geral.<br />
E foi precisamente pela comunicação que o<br />
european integrated supply planning director<br />
iniciou a sua adaptação a nível internacional,<br />
pois só assim conseguiria comunicar. Revela<br />
que o italiano e o espanhol são idiomas<br />
fáceis de aprender, graças às semelhanças<br />
com o português, e que conseguiu sempre<br />
adaptar-se bem aos países por onde<br />
passou e às respectivas culturas. Também<br />
considera importante conhecer as formas de<br />
comunicação e culturas locais, para entender<br />
qual a melhor forma de aproximação às<br />
equipas e poder assim motivá-las.