SCMedia News | Revista | Julho & Agosto 2020
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
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92 <strong>Julho</strong> & agosto <strong>2020</strong><br />
SCM Supply Chain Magazine 93<br />
carreira<br />
Sem experimentar e entender as<br />
operações, tudo se torna mais difícil<br />
O que mudará no pós-COVID-19?<br />
O impacto do COVID-19 não deixou ninguém<br />
indiferente e muitas empresas sofreram<br />
grandes recuos económicos. O profissional<br />
acredita que agora sim, as empresas se<br />
irão focar em duas grandes áreas a nível<br />
estratégico. Em primeiro lugar no Business<br />
Continuity Plan. Algumas delas já tinham<br />
esta estratégia desenhada, embora nunca<br />
numa perspectiva testada, ou seja, achavam<br />
que nunca a iriam utilizar. Em segundo lugar<br />
o desenho de sistemas de Double Sourcing<br />
que, provavelmente, nunca serão para<br />
100% da sua capacidade, pois, com algumas<br />
excepções, num novo cenário de pandemia,<br />
o consumo reduz, mas João Neves acredita<br />
que para as suas matérias-primas e produtos<br />
mais críticos, este tópico será uma realidade.<br />
Assim, “a forma como se desenharão as cadeias<br />
de abastecimento para suportar aqueles<br />
objectivos estratégicos será dos desafios mais<br />
extraordinários que os profissionais deste<br />
ramo terão pela frente”, afirma. Já a nível<br />
operacional, mais do que uma mudança foi a<br />
confirmação de que a omnicanalidade passou a<br />
ser um “commodity” no mundo do retalho e o<br />
garante que fornecedores e as suas indústrias<br />
continuam com portas abertas num novo<br />
cenário de crise sanitária, de acordo com o<br />
global supply & logistics manager.<br />
Para João Neves houve alguns desafios<br />
durante a fase mais crítica do COVID-19, uma<br />
vez que nunca tinha gerido uma equipa à<br />
distância, bem como a relação com os seus<br />
pares, chefia, departamentos de suporte e<br />
parceiros de negócio. A principal adversidade<br />
foi a gestão do tempo e da agenda profissional,<br />
“tudo passou a demorar mais tempo, todos os<br />
assuntos passaram a ter que ser preparados<br />
com muito mais detalhe do que anteriormente,<br />
pois a discussão, negociação e alinhamento<br />
tornou-se mais rígida devido à distância física e<br />
ao facto de, nem sempre, o nosso interlocutor<br />
estar mentalmente disponível, uma vez que<br />
o espaço físico de trabalho passou a ser<br />
partilhado com a família”, explica.<br />
Apesar de não ter sido fácil para ninguém,<br />
este fica marcado como um desafio que não<br />
só a Grandvision, mas muitas outras tiveram<br />
de ultrapassar. Umas melhor que outras. Mas,<br />
de certo, que ficará na memória de João Neves<br />
como um dos períodos mais desafiantes da sua<br />
carreira. Ainda assim, destaca outros que, por<br />
diferentes motivos, estão também marcados<br />
no seu percurso como conquistas. Um deles é o<br />
projecto de implementação da omnicanalidade<br />
na Fnac e, o mais recente, um projecto na<br />
empresa actual, onde transformaram a fábrica<br />
e o centro logístico de Vila Nova de Gaia num<br />
Regional Fulfillment Hub para as lojas de vários<br />
países do Grupo Grandvision. “Este último, sem<br />
dúvida, que foi uma conquista pessoal que<br />
sem superação pessoal e de toda a equipa de<br />
projecto, nunca teria acontecido”, confessa João<br />
Neves. •<br />
Profissional<br />
procura<br />
projecto com<br />
impacto para<br />
uma relação<br />
intensa<br />
Emprego. Profissão. Carreira. Termos<br />
que nos habituar a considerar sagrados e<br />
imutáveis como uma dimensão essencial<br />
da nossa vida. Que, em si, encerram<br />
significados e realidades consolidados<br />
nos últimos 2 séculos, com a expansão<br />
global da primeira revolução industrial.<br />
Significados estes que se podem sintetizar<br />
numa frase simples: ter uma profissão<br />
definida, que vai sendo desenvolvida a<br />
tempo inteiro numa organização, com<br />
horário e salário regulados. Palavras<br />
que, porventura, não terão nas próximas<br />
décadas o significado que (ainda) têm<br />
hoje para a grande maioria da população…<br />
e que, provavelmente, correm para a<br />
extinção.<br />
A revolução no<br />
trabalho<br />
Carlos Sezões, Partner da Stanton Chase Portugal<br />
Inúmeros fenómenos, uns mais estruturantes,<br />
outros mais conjunturais, estão a erodir<br />
este paradigma atrás descrito. Da revolução<br />
tecnológica (digitalização e robotização)<br />
em curso à mudança sócio-cultural (novas<br />
gerações, novos valores), da globalização à<br />
crescente exposição e transparência da nossa<br />
sociedade, da valorização da responsabilidade<br />
social e ambiental à procura de modelos de<br />
trabalho que valorizem a dimensão pessoal<br />
e familiar. Ou das pandemias que aceleram a<br />
adoção do teletrabalho à “horizontalização”<br />
das empresas, cada vez menos carentes de<br />
chefias intermédias, que pouco adicionam à<br />
autonomia crescente dos profissionais.<br />
Emprego? Já não é, como sabemos, para<br />
toda a vida. Nem é uniforme, no clássico