catalogo_MACRS
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social, como deve ser de fato e de direito um museu, garantem as condições básicas<br />
para o desenvolvimento da arte e da cultura. E nessa jornada em busca de uma sede<br />
reconhecemos todos aqueles que lutam e que nos acompanham, e agradecemos<br />
a cada um que transforma o <strong>MACRS</strong> em um projeto de verdade. Renovamos aqui<br />
também o compromisso com a missão confiada pelo governador Eduardo Leite e<br />
a secretária Beatriz Araujo, que desde sempre envidaram esforços e deram suporte,<br />
compreendendo o significado da arte contemporânea para o desenvolvimento<br />
do estado.<br />
Com olhos atentos e sensíveis a essa reconhecida pauta, e em comunicação ágil e<br />
determinada com a então secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão Leany<br />
Lemos, bem como o seu adjunto Marcelo Soares Alves, conseguimos, em curto<br />
prazo, o termo de afetação do imóvel publicado no Diário Oficial do Estado no dia<br />
19 de julho de 2019. Ao ceder esse imóvel oficialmente, o Estado do Rio Grande do<br />
Sul reconheceu não só essa necessidade espacial, mas a importância da coleção do<br />
Museu. Esse ato inaugura um capítulo na história da gestão pública da cultura. É<br />
uma gestão que não usa a palavra contemporâneo somente no discurso. Faz dela<br />
seu próprio gesto e ação. E essa atitude garante que o Museu amplie, preserve,<br />
comunique, valorize e perpetue a memória da instituição, dos artistas e da sociedade.<br />
Um museu de arte contemporânea deve ser por natureza um espaço<br />
potencialmente político, diverso. Nele são guardadas imagens que apresentam e<br />
representam novas ideias, paradigmas, mudanças, revoluções, que nos falam da<br />
necessidade de sabermos interpretar os aspectos que povoam nosso cotidiano<br />
e descobrir os meios contemporâneos de comunicação para isso. Para ser um<br />
museu do século XXI precisamos ser mais que uma galeria, mais que um lugar<br />
onde as obras são guardadas esperando para serem contempladas. Necessitamos<br />
investir na criação de novos espaços e tecnologias para enfrentar os grandes<br />
desafios e dilemas que a atualidade nos convoca a refletir, como sujeitos críticos<br />
do nosso tempo. Um museu de arte contemporânea não como objeto, mas<br />
como processo, algo em permanente construção e interação. Um museu que<br />
não se constrói só com exposições, mas também se faz com exposições. Um<br />
museu que se edifica principalmente com a formação de público. E para essa<br />
ação ser efetiva precisa ser construída com a comunidade. Um museu que se faz<br />
com projetos e parcerias transcende a utopia para ser uma realidade concreta.<br />
Um lugar que pode ser visto e revisto, onde os artistas e o público podem se<br />
entrever, reconhecendo-se iguais nas diferenças.<br />
Nesse sentido, o livro que temos em mãos representa um amanhecer, que desperta<br />
com a curiosidade daqueles que não podem viver um dia sem aprender algo, e<br />
nos questionam: que museu é esse? Que lugar é esse que propõe essa troca de<br />
olhares e que nos traz um panorama do mundo da arte? Um acervo de natureza<br />
acadêmica e não acadêmica, polifônico, multifacetado, prismático, que revela a<br />
complexidade do Brasil contemporâneo. Por isso não podemos nos desconectar<br />
dos nossos museus. Se a arte é uma forma de se relacionar com o mundo, com<br />
os outros, e, sobretudo, consigo mesmo, podemos percebê-la como ponto de<br />
partida para que se desenvolva um olhar mais sensível e crítico, com autonomia e<br />
criatividade. Catalogar esse acervo, especialmente neste momento de manutenção<br />
dos espaços artísticos durante a pandemia, em que sentimos ser impossível viver<br />
sem cultura e arte, significa que assumimos a responsabilidade coletiva de fazer a<br />
gestão desse patrimônio. Continuar a ignorá-lo poderia ser, também, devastador.<br />
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