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alunos desse curso, entre outros, Romanita Disconzi Martins, Vera Chaves Barcellos,<br />

Eduardo Cruz e Leo Fuhro.<br />

Dentro dos limites institucionais do meio de arte no estado, a Universidade Federal<br />

do Rio Grande do Sul constituiu-se como espaço decisivo atuante em prol de novas<br />

tendências estilísticas nos anos 1970, rompendo, de certa forma, com a orientação<br />

modernista que mantivera ao longo dos anos 1960. O Salão de Artes Visuais da<br />

UFRGS, em suas quatro edições, 1970, 1973, 1975 e 1977, foi muito importante no<br />

processo de renovação e na afirmação de novas tendências, aceitando categorias<br />

até então marginalizadas, como fotografia, instalações e objetos. Neste salão<br />

participavam, principalmente, artistas gaúchos, o que deixava perceber o quanto<br />

um outro tipo de produção estava carente de espaços para se expor. Isso porque<br />

aqui não havia um apoio institucional às manifestações de vanguarda, como faziam<br />

o Museu de Arte Contemporânea, em São Paulo, e o Museu de Arte Moderna,<br />

no Rio de Janeiro. O Salão de Artes Visuais da UFRGS, contando sempre com um<br />

júri constituído, preponderantemente por críticos e artistas do centro do País,<br />

desencadeou processos de articulação da produção local com as novas tendências<br />

estéticas que se desenvolviam no cenário nacional, de forma conectada com os<br />

grandes polos internacionais.<br />

Nesse movimento de atualização, formaram-se grupos de artistas que, um pouco à<br />

margem do circuito, mas de forma alguma em oposição completa a ele, buscavam<br />

abrir novas possibilidades de atuação. Entre eles esteve o grupo responsável pelo<br />

lançamento do periódico Nervo Óptico, cujo primeiro número apareceu em 1977.<br />

Esses artistas 3 , a maioria deles ligada a Escola de Artes da UFRGS, estavam interessados<br />

em um processo experimental de trabalho cuja receptividade era bastante difícil<br />

no meio local, considerando-se os escassos espaços e os padrões modernistas<br />

que aqui se impunham como dominantes. Não havia entre os artistas elementos<br />

de uma unidade formal ou conceitual, o que os unia era o desejo de encontrar na<br />

arte um espaço de liberdade, com possibilidades de experimentação, adotando<br />

diversos procedimentos técnicos e negando uma concepção da obra como objeto<br />

de mercado. O grupo manteve uma intensa atuação, publicando treze números de<br />

seu periódico (com uma tiragem de 3 mil exemplares), distribuídos gratuitamente<br />

para críticos e artistas locais, de outros estados e mesmo de outros países. Outro<br />

grupo, o KVHR 4 , que também surgiu naquela época, era caracterizado por uma<br />

produção calcada na problemática das relações do indivíduo com a sociedade de<br />

massa, com as condições de vida nas grandes cidades e com as transformações que<br />

se impunham na visualidade tradicional. O grupo se aproximava da Pop Arte, assumia<br />

os ícones da indústria cultural, fazendo desses seus temas de reflexão e utilizando,<br />

além do desenho, novos meios, como xerox e arte postal.<br />

3<br />

Fizeram parte deste grupo Carlos Asp, Carlos<br />

Pasquetti, Clóvis Dariano, Mara Álvares,<br />

Telmo Lanes e Vera Chaves Barcellos.<br />

4<br />

Composto por Mário Röhnelt, Milton Kurtz,<br />

Júlio Viega e Paulo Haeser.<br />

5<br />

Participaram do centro Vera Chaves,<br />

Telmo Lanes, Mário Röhnelt, Milton Kurtz,<br />

Júlio Viega, Paulo Haeser, Carlos Wladimirsky,<br />

Karin Lambrecht, Ana Torrano, Simone Michelin<br />

Basso, Regina Coeli e Heloisa Schneiders da Silva.<br />

Dentro deste quadro das vanguardas, foi criado em 1979 o Centro Alternativo N.O.,<br />

do qual fizeram parte alguns artistas do Nervo Óptico, do KVHR e outros egressos da<br />

Escola de Artes 5 . O referido espaço, criado intencionalmente como uma forma de<br />

buscar legitimação para a produção mais vanguardista que se produzia no estado,<br />

abrigou diversas exposições, conectando-se com o que estava ocorrendo fora<br />

daqui, pois buscavam o apoio não encontrado no ecossistema local, instituindo<br />

um contraponto à precariedade das suas instituições.<br />

Uma grande mobilização se deu nos anos 1980, quando o projeto político autoritário,<br />

concentrador de renda, que foi responsável pelo grande desenvolvimento do mercado<br />

de arte no Brasil nos anos 1970, começou a revelar suas fissuras, inaugurando um<br />

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