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media
miguel padeiro
ângela freitas
O uso do Facebook
pelos municípios
portugueses
durante a pandemia
de Covid-19
Um estudo que analisou
a comunicação dos
municípios portugueses
no Facebook durante
a primeira vaga da pandemia
de Covid-19, realizado por
investigadores da Universidade
de Coimbra (UC), concluiu que
as autarquias com maior autonomia
financeira comunicaram
mais neste período. A evolução
das taxas de infeção em municípios
vizinhos e as características
sociodemográficas locais
foram outros fatores que levaram
a que algumas câmaras
municipais comunicassem mais
ativamente do que outras nesta
rede social. Para chegarem a
estas conclusões, os autores do
estudo, Miguel Padeiro e Ângela
Freitas, do Centro de Estudos
de Geografia e Ordenamento
do Território da Universidade
de Coimbra, extraíram mais de
100 mil “posts” das páginas oficiais
de Facebook de 304 câmaras
municipais – 4 municípios
portugueses não têm página
nesta rede social –, entre março
e julho de 2020. Os dados
obtidos foram posteriormente
integrados numa extensa base
de dados (que abrangia dados
territoriais, sociodemográficos,
políticos e institucionais), cartografados
e analisados através
de métodos estatísticos, as designadas
análises de regressão.
Ao longo da pandemia, principalmente
na primeira vaga, as
câmaras municipais usaram
bastante o Facebook para comunicar.
«Era necessário divulgar
as medidas de confinamento,
mas também providenciar
conselhos de higiene, alertar
para diversos riscos, dar conta
da situação epidemiológica, e
publicitar os diversos apoios
que as câmaras implementavam
(compras, medicamentos,
apoio social, psicológico, financeiro).
Este estudo procurou
medir essa comunicação e
perceber quais os fatores que
levaram alguns municípios a
comunicar muito intensamente
e outros a comunicar menos»,
contextualiza Miguel Padeiro.
Os resultados do estudo, que
já se encontra publicado na
revista científica Government
Information Quarterly, mostram
uma importante variação
na intensidade da comunicação
através do Facebook. «A variabilidade
foi também temporal,
com um forte aumento das comunicações
na altura em que
a pandemia se instalava, uma
fase mais estável e depois uma
tendência para a diminuição a
partir de junho. Por outro lado,
a característica da população
influenciou um aumento da
comunicação na fase de forte
progressão do vírus, provavelmente
porque as vulnerabilidades
sociais requeriam um
maior cuidado e uma maior
comunicação», afirma o investigador
do CEGOT e docente da
Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra. Na era da
comunicação digital, em que as
redes sociais são uma poderosa
ferramenta para alcançar os
cidadãos de forma mais direta
e divulgar grandes quantidades
de informação, os autores
deste estudo consideram que
os resultados obtidos podem
contribuir para «melhorar o
nível de preparação em possíveis
contextos de crise no futuro.
Em particular, a definição
de estratégias de comunicação
para as crises de saúde pública
prolongadas será muito importante,
e o conhecimento dos fatores
que contribuem para uma
maior e melhor comunicação
será indispensável. A disponibilização
de recursos financeiros
para a realização de tais
estratégias e para a redução
da exclusão digital em todos os
municípios portugueses pode
contribuir para uma divulgação
mais eficaz». O próximo passo
da investigação vai centrar-se
na análise dos conteúdos das
comunicações realizadas no Facebook
pelas autarquias, «que
poderão revelar padrões interessantes
diretamente ligados
com a evolução geográfica do
vírus e com outras variáveis»,
finaliza Miguel Padeiro. O artigo
científico está disponível em:
Local governments’ use of social
media during the COVID-19
pandemic: The case of Portugal
- ScienceDirect. s
Cristina Pinto, Assessoria de Imprensa da
Universidade de Coimbra
Universidade de Coimbra (investigadores
Miguel Padeiro e Ângela Freitas).
18 saber novembro 2021