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O país tem mulheres a

liderar câmaras municipais

e uma destas é a ‘jovem’

presidente da autarquia

de Ponta do Sol que, nas

últimas eleições autárquicas,

teve o mérito de renovar e

reforçar a sua representação.

Célia Pessegueiro, que foi

a primeira mulher líder de

uma juventude partidária

na Madeira e a primeira

mulher eleita presidente

de uma câmara municipal

na Madeira, sonhou em ser

hospedeira, licenciou-se

em Línguas e Literaturas

Clássicas e Portuguesa e hoje

lidera, pela segunda vez,

o executivo municipal do

concelho de onde é natural. A

palavra à líder e determinada

presidente da autarquia de

Ponta do Sol que não deixa

nada por responder.

Sobre sonhos

para quando fosse

crescida, não sei em

que momento, mas a

dada altura surgiu-me

a ideia de que queria

ser hospedeira.

Queria conhecer

outros mundos, uma

vontade que sempre

me acompanhou

Dulcina Branco

D.R.

Que recordações tem da sua infância?

Como era a Célia em criança? Sonhava

ser o quê?

- Tenho boas recordações da minha infância,

toda ela passada nos Canhas. Guardo

memórias bastante agradáveis de andar na

casa de vizinhos nas horas de brincadeira,

porque naquele sítio não havia muitas crianças

da minha idade, a maioria tinha emigrado

com os pais. Percorria o Lombo do Meio

quase todo e a minha visita já era esperada

pelos vizinhos. Fazia companhia, as voltas

e também, às vezes, chateava um bocadinho,

tenho a certeza. Não me calava com

perguntas. Como detestava estar só, se me

deixassem, passava o dia com a vizinhança.

Fui educada por todos eles. Tenho também

boa memória das idas com a minha mãe

à «fazenda», tratar das verduras, apanhar

fruta. Aprendi sobre plantar, esperar e colher.

Aprendi sobre o ritmo da natureza que

é preciso respeitar, que é preciso trabalhar

para depois colher. Há muitos outros momentos

da minha infância que me trazem

um sorriso quando me lembro deles, mas

não os posso contar todos. Sobre sonhos

para quando fosse crescida, não sei em que

momento, mas a dada altura surgiu-me a

ideia de que queria ser hospedeira. Queria

conhecer outros mundos, uma vontade que

sempre me acompanhou. Lembro-me de

querer saber como se vivia noutros países,

onde estavam os tios e os primos, imaginava

outras facilidades que aqui não tinha e que

via através das fotografias e das conversas

que tínhamos nas longas férias de verão

quando visitavam a Madeira. Lembro-me

bem da ida ao aeroporto buscar a família, o

tempo de espera no terraço a ver aterrar os

aviões e de pensar que sorte teriam aquelas

senhoras bem trajadas a quem lhes pagam

para viajar. Nem tenho bem presente com

que idade quis ser hospedeira, mas julgo

que por volta dos cinco ou seis anos, a verdade

é que esse meu sonho esteve comigo

durante algum tempo.

Alguma vez imaginou que viria a ser

presidente de uma Câmara Municipal e

quando sentiu que esse momento poderia

ser uma realidade?

- Nunca tinha pensado em ser presidente

de câmara até ser convidada em 2013 para

encabeçar a lista do PS na Ponta do Sol. Até

então, sempre achei que tinha mais perfil

para o debate parlamentar do que para um

trabalho de executivo. Fui eleita vereadora,

fiquei na oposição, e depois de algum tempo

a me questionar o que fazia num executivo

se não executava, dei por mim a constatar

que seria um cargo que me daria grande

prazer desempenhar. Sendo eleita presidente,

e tendo poder para decidir e executar,

claro está! Passados quatro anos fui eleita

presidente, em 2017.

O que tem o cargo de Presidente da Câmara

Municipal de mais desafiante? O

que gosta mais do cargo?

- O mais desafiante é o ritmo, que é sempre

muito intenso. Há sempre muito que decidir

e fazer, porque a Câmara é uma autarquia

muito próxima do cidadão. Estou a falar

de situações imprevistas e emergências,

que querem soluções rápidas e eficazes, e

de projetos de fundo, que exigem um planeamento

maior e são bem mais complexos

de executar. Entre uns e outros nunca

há tempos calmos. Idealizar, planear e ver

a obra nascer é maravilhoso. Gosto muito

de passar dos projetos à sua concretização

e de ver o impacto que têm junto da população.

Quando se pensa uma «Loja do Munícipe»,

por exemplo, planeia-se tudo, desde

o financiamento até aos móveis. Quando se

vê o projeto implementado, vê-se o impacto

na mobilidade das pessoas mais idosas, no

conforto e dignidade com que o munícipe é

recebido, na melhoria da prestação de serviços

da Câmara, etc. Quando se transporta

este sentimento para a globalidade dos projetos

implementados, torna-se muito gratificante

constatar a melhoria do Município a

todos os níveis.

Que mudanças empreendeu e que diferenciam

a atual gestão camarária presidida

por si da dos seus antecessores?

- Muitas. Implementamos uma reforma dos

serviços que permite aumentar o poder de

resposta da Câmara, pagamos os nossos

fornecedores a tempo e horas, trabalhamos

com todos, promovemos a recuperação do

património municipal como não há memória,

valorizamos o espaço público com a criação

de espaços de fruição colocados ao serviço

da população, melhoramos as políticas

ambientais ao nível da recolha de resíduos

urbanos, saneamento e da manutenção de

espaços verdes, criamos novas acessibilidades

e recuperamos estradas degradadas,

trouxemos o digital e os serviços online à

Câmara da Ponta do Sol. Neste rol de coisas,

provavelmente estou a esquecer de muitas

outras coisas que meus antecessores nunca

deram grande importância.

Agora que vai para novo mandato na autarquia,

que áreas e projetos quer reforçar/melhorar

e que reação espera obter

da parte de quem governa a Região?

- A habitação é das áreas de grande aposta

neste mandato por ser uma da mais decisivas

para um desenvolvimento equilibrado

do território, promovendo a fixação das pessoas

nos seus locais de origem. Queremos

saber novembro 2021

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