Sapeca 35
Misto de sapo e perereca Nº 35 – Abril/2022 – Editor: Tonico Soares e-mail: ajaimesoares@hotmail.com
Misto de sapo e perereca
Nº 35 – Abril/2022 – Editor: Tonico Soares
e-mail: ajaimesoares@hotmail.com
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Intervenção de Jaguar no quadro de Pedro Américo
Pasquim: 50 anos da prisão de uma
redação de craques
Por Rogério Marques - 17/11/2020
Você, jovem jornalista, que está neste momento numa dessas redações
silenciosas, bem comportadas, crachá pendurado no peito, olhos pregados na tela
do computador ou do celular, pare um pouco, um pouquinho só. Vamos voltar 50
anos no tempo. Seja bem-vindo a uma redação esporrenta, de muitas risadas, falatório,
altas doses de descontração.
Repare que alguns colegas, até mesmo o chefe, trabalham com um copo de
uísque ou uma cachacinha ao lado da máquina de escrever, contando histórias da
noite anterior nos bares famosos do Rio. Ali estão alguns dos maiores e mais criativos
jornalistas deste país trabalhando num jornal que fez história na imprensa
brasileira, o Pasquim. Um semanário que usava a irreverência, o humor, o deboche,
o escracho para cutucar todos aqueles que se levavam muito a sério – os grãfinos
de nariz em pé, políticos conservadores e o governo, embora na época isso
fosse extremamente arriscado.
E foi exatamente há 50 anos que tudo aconteceu. De repente, o medo tomou
conta daquela redação quando os principais (i)responsáveis pelo jornal começaram
a ser presos. Estávamos em 1970, final de outubro, início de novembro,
pior fase da ditadura militar brasileira, com a imprensa censurada, opositores presos,
torturados ou que simplesmente desapareciam para nunca mais voltar.
Lançado em junho de 1969, apenas seis meses depois da decretação do AI-
5 – uma ousadia inacreditável –, o Pasquim logo se tornou um fenômeno editorial.
Em pouco tempo chegou a vender 220 mil exemplares. O jornal foi criado por
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