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Revista Dr Plinio 297

Dezembro de 2022

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Eco fidelíssimo da Igreja<br />

Samuel Holanda<br />

Jesus discute com os fariseus – Catedral de Saint-Gatien, Tours, França<br />

Simplesmente porque imaginam<br />

possível um tertium genus entre ser<br />

católico e não ser.<br />

O mesmo se diga da naturalidade<br />

com que se admite entre nós uma categoria<br />

de católicos “não praticantes”!<br />

Claro que os há no mundo inteiro. Mas<br />

parece-nos que em nenhum país eles<br />

têm tão pouca consciência do que seu<br />

estado apresenta de cacofônico, de antitético,<br />

em uma palavra, de contraditório.<br />

Por fim, mais um exemplo: quantas<br />

famílias temos, modelarmente constituídas!<br />

Por que progridem tanto as<br />

modas imorais? É que essas famílias,<br />

que prezam tanto a virtude, são por vezes<br />

pouco enérgicas no combate ao vício.<br />

Em todos estes casos o que nos falta?<br />

Viveza no princípio de contradição<br />

lapidarmente definido por Nosso Senhor,<br />

quando mostrou a incompatibilidade<br />

entre o “sim” e o “não”.<br />

Não resisto, entretanto, ao desejo<br />

de indicar outro exemplo. Todos<br />

se queixam da anemia de nossa vida<br />

partidária, de nossa atonia em matéria<br />

de ideologia política e do predomínio<br />

das questões pessoais em nossa<br />

vida pública. Uma das causas desse<br />

fato está na carência do princípio<br />

de contradição. Pois se em face de<br />

uma ideia que temos por certa não<br />

nos arregimentamos para a defender<br />

resolutamente contra as que lhe são<br />

opostas, como pode haver partidos<br />

de verdadeiro conteúdo ideológico?<br />

O amortecimento do princípio de<br />

contradição gera o gosto, a mania das<br />

soluções intermediárias, eu quase diria<br />

a servidão às soluções intermediárias.<br />

Dados dois caminhos, escolher<br />

sempre o do meio, o que não é carne<br />

nem peixe: é no que se cifra para muita<br />

gente toda a sabedoria. Ora, se rejeitar<br />

por princípio as soluções intermediárias<br />

é um erro, também é adotá-las<br />

por princípio. Pois há casos em<br />

que a Sabedoria as condena formalmente:<br />

“Oxalá fosses frio ou quente;<br />

mas, como és morno, nem frio nem<br />

quente, começarei a vomitar-te de<br />

minha boca” (Ap 3, 15-16).<br />

A pessoa viciada nas soluções intermediárias<br />

é a vítima ideal de todos<br />

os velhacos. Pois a habilidade do<br />

velhaco consiste precisamente em<br />

fazer com que o ingênuo aceite, com<br />

algum disfarce, aquilo que, a nu e<br />

sem maquilagem, ele repudiaria.<br />

Os hereges são useiros e vezeiros<br />

em velhacarias desta natureza. Rejeitado<br />

o pelagianismo, obtiveram eles<br />

a adesão de inúmeros ingênuos por<br />

meio do semipelagianismo. Condenado<br />

o arianismo, puseram eles em<br />

circulação o semi-arianismo. Fulminado<br />

o protestantismo, inventaram<br />

o baianismo e o jansenismo. Condenados<br />

o comunismo e o socialismo<br />

fabricam um “socialismo mitigado”,<br />

que em última análise não é senão comunismo<br />

velado. E assim por diante.<br />

Que essa tática é particularmente<br />

desenvolvida em nosso tempo, nada<br />

mais notório. Uma das formas mais<br />

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