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música favorita com aquela pronúncia de inglês que é só minha. Preciso ter
maturidade e admitir que o interesse do relacionamento partiu. Todos me
abandonaram, até mesmo o amor. Saiu sem avisar, tão assustado no meio de tantas
brigas e discussões que preferiu ser educado e sair à francesa.
Ontem, enquanto eu arrumava minhas roupas, retirando algumas suas que tinham
ficado pra trás, encontrei uma sacola. Elas estavam amassadas, jogadas no fundo do
armário. Resolvi apostar na teimosia e verificar se ainda tinha algo dentro. Lá, bem
no fundo da sacola, tinha um papel esquecido com a seguinte frase: “Feliz dia oito,
amor”. Era o dia oito de um mês do nosso primeiro aniversário de namoro… Peguei
a sacola de roupa, o papel, uma caneta e fiquei sentado em nossa antiga cama de
solteiro, com o cheiro de ácaro de que você tanto reclamava.
A nossa história acabou. Contudo, a amizade me mandou te dizer que daqui ela
não sai. A única que pede alguma coisa nesse momento é a mente, que vai precisar
ficar longe para conseguir lidar com a sua ausência. Dividiremos apenas o mesmo
pensamento: temos que seguir em frente. Arquitetando o plano de nos esquecermos
ou, então, de pelo menos tentarmos.
Obrigado pelos dias de sol por aí, pelas longas noites de conversa, pelas
gargalhadas ecoadas nas madrugadas vazias de Pelotas, pelas pedaladas sem rumo,
pelos abraços em dias frios, por ter sido meus olhos quando as decisões me cegaram.
Eu te amei tanto que infelizmente não tive espaço para conseguir me amar de volta.
A vida está me chamando lá fora, e está chamando você também. Aproveitei para
pedir ao chefe lá de cima que cuide desse seu sorriso, já que não estarei mais por
perto. Vá viver!
Eu já vou me despedindo aqui, antes que as lágrimas borrem as lembranças dos
meses mais felizes que tive na vida. Ah, e não me espere pra jantar hoje à noite.
Talvez eu não volte.