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Seja-o-amor-da-sua-vida-Guilherme-Pintto

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cachorra) latiu e, antes mesmo de conseguirmos falar a primeira frase, já estávamos

tentando respirar um pela boca do outro. Ou melhor, tentando nos engolir.

Sinceramente, eu não chamaria aquilo de beijo.

Murilo foi o primeiro cara que me mostrou o que é tesão, a vontade absurda de

possuir alguém por meio do beijo, do corpo…

Subimos até o quarto, joguei dois colchões de solteiro no chão, armando uma

cama de casal provisória, e lá estava um dos lugares mais interessantes que tenho na

mente. Eu gemia baixo e gritava por dentro. Sentia o calor do corpo dele junto do

meu sem esforço, sem exagero. O corpo de Murilo era totalmente diferente do tipo

de corpo com que eu estava acostumado, era lindo, ruivo, forte e tinha uma bunda

tão gostosa que me fazia ficar de pau duro só de pensar.

Nunca comi alguém com tanta maestria. Nunca fodi com alguém tão majestoso.

Lembro-me de raramente ter encontrado tamanha afinidade.

No dia seguinte, Murilo acordou, eu acordei. Ele foi pra casa dele e, algumas

horas depois, já estávamos juntos de novo em algum lugar da cidade. E assim

aconteceu por algumas semanas. Era o tipo de relação perfeita, grudenta, mas ao

mesmo tempo legal. Até havia uma espécie de competição entre nós de quem

mandava mensagem falando que estava com saudade primeiro. Nós estávamos indo

bem. Gostávamos das mesmas coisas, ríamos dos mesmos memes, tínhamos sonhos

parecidos e um conhecia a boca do outro como ninguém. Chegava a ser

insuportável. Lembro que nossos amigos nos convidavam para jantar ou para alguma

festa, mas não dava meia hora e lá estávamos nos pegando tão forte que era quase

um sexo ao vivo.

Agora, antes que você me pergunte se eu me envergonho, eu já respondo que tudo

o que sinto é saudade.

Aí, como sempre existe alguém para cagar com tudo, o ex, babaquinha riquinho

da cidade, descobriu que estávamos nos amassando em colchões conhecidos e

resolveu ligar para ele dizendo que o queria de volta. Eu ainda o levei até a porta do

apartamento do cara, mesmo sabendo que aquela seria a última vez que nos

veríamos. E foi. Infelizmente, eu não tinha a menor chance. Eles namoraram por

anos, viajaram juntos, construíram uma história a ponto de eu entrar para a posição

do incerto. Apenas um amor de verão.

Murilo simplesmente não quis mais me ver. Assim como todos os outros, foi

embora sem me explicar nada – apesar de que não era muito necessário – e começou

a me ignorar para se livrar do peso da sinceridade.

Na véspera de Ano-Novo, fui pegar uma camiseta que eu adorava e que havia

ficado com ele. Eu fiquei sem ação quando ele ficou na minha frente. Apenas peguei

a roupa, senti seu perfume e o ouvi falando, ao fundo: “Cuide-se, Gui”. Confesso

que não foi uma virada de ano muito boa, pois eu já estava ansioso por dias

melhores.

Murilo foi o cara que me ensinou que tamanho não é documento; que intensidade

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