Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Estava calor. Pelotas no verão é horrível de tão quente. Massacrante. É quase
insuportável viver sem um ar-condicionado. Perto de casa havia um clube onde eu
estava indo nadar desde o inverno. Era o local em que eu passava as minhas tardes
cobiçando sungas alheias, lendo meus livros e tentando ficar o máximo de tempo
que eu conseguia embaixo d’água. Para a minha surpresa, a amiga do Murilo, aquela
que dava uns amassos no gostosão da festa, também nadava por lá. Ou seja, não
demorou muito para nos reconhecermos, acenarmos um para o outro, sentarmos
perto e começarmos a divagar sobre as sungas que andavam por ali.
Falávamos sobre tudo. No entanto, a pauta principal era como eu ainda me sentia
triste com a partida tão brusca do Murilo. Ela, cheia das boas intenções e não muito
criativa, pediu que eu ficasse calmo, porque mais cedo ou mais tarde iria aparecer
alguém incrivelmente interessante na minha vida. E ela tinha razão.
Entre conversas, mergulhos e “posso usar seu bronzeador?”, a guria desabafou,
dizendo que se sentia frustrada porque toda vez que ela conseguia levar o gostosão
para casa ele não dava no couro. Resumindo, o cara enrolava, enrolava e enrolava e
não transava com ela de jeito nenhum. Uma atitude um pouco suspeita, até porque
eu não a considerava uma mulher feia a ponto de um cara hétero não querer algo
mais a fundo.
A conversa foi seguindo cheia de revelações e, então, pude descobrir que as
tentativas haviam sido várias. Mas, afundado na minha dor de cotovelo, pouco me
importei com as evidências daqueles desabafos.
O sol se despediu, eu peguei minha bike e voltei pra casa pra tomar um banho e
sair à tardinha para tomar um chimarrão com os amigos no quadrado – o point da
minha época para fazer o que os gaúchos mais gostam, depois do churrasco, é claro.
Cheguei em casa, tomei um banho, avisei meus amigos que estava pronto e não
demorou muito para eu ouvir a buzina e sair para encontrar o Felipe e o Ricardo.
Bom, eu não falei deles antes porque eu sinceramente não lembro exatamente como
nos conhecemos. O que eu sei é que o Felipe me roubou um selinho no banheiro de