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uma festa qualquer e me adicionou logo depois. Mas, como não tinha química
nenhuma entre nós, acabamos ficando amigos e, mais tarde, conheci o Ricardo, seu
namorado.
A noite estava linda quando chegamos no tal quadrado. Desde criança sempre fui
apaixonado pelo verão, principalmente pelas noites quentes. A impressão que me dá
é de que existe algo mágico gritando vida e felicidade no céu estrelado. As pessoas
saem para as ruas e fica aquele cheiro de boas notícias no ar.
Estacionamos o carro, pegamos o chimarrão e em menos de dez minutos um
carrão estacionou do outro lado do quadrado; um cara incrivelmente lindo saiu de
dentro dele. Adivinha? Sim, era o gostosão da festa que não queria comer a tal
garota. Ele se sentou no porta-malas, acompanhado de seu chimarrão e de um amigo
cabeludo. Não me contive e comentei com os guris sobre a minha quedinha
platônica por ele, justificando o platonismo com o fato de ele ser hétero. Até que,
para uma das grandes surpresas da minha vida, Felipe comentou:
— Olha, hétero ele não é. Bi, talvez. Fui o primeiro cara com quem ele ficou e
talvez o último. É de uma família tradicional e conservadora da cidade. Então, sabe
como é, né?
— Sério? Aquele cara? Tem certeza? — respondi me tremendo todo.
Felipe fez que sim com a cabeça sem me dar muita trela. Entendi que ele não
queria esticar o assunto por causa do Ricardo, então o papo morreu ali.
De longe, eu observava o gostosão. Apesar do corpo e do jeito sedutor, era
perceptível que ele era mais velho que eu. Não dava para saber quanto, mas a
diferença era notória.
Alguns dias se passaram, voltei à rotina de trabalho, natação e academia e deixei o
assunto morrer. Até que, de repente, me deu um estalo no meio da cozinha e eu
pensei em adicioná-lo no Facebook. Subi as escadas num ímpeto (até hoje tenho esse
tipo de comportamento), digitei a senha do computador, entrei no Facebook,
procurei por Mauro B. e o adicionei.
Desci, comi, tomei um banho e, quando voltei para dar uma última olhada na
internet antes de dormir, percebi que ele havia me aceitado e que eu tinha uma
mensagem não lida. Adivinha? Sim, era um “E aí, Gui. Beleza?” dele. Bem
pontuadinho, separadinho. Aquela simples pergunta acabou resultando em horas e
mais horas de conversa. Para falar a verdade, já nas primeiras palavras que trocamos
eu tive a sensação de que nos conhecíamos há anos. Éramos ao mesmo tempo
íntimos e desconhecidos. Comecei a perceber que uma reciprocidade estava rolando,
quando ele soltou algo assim no meio da conversa: “Ah, uma hora podemos
combinar uma viagem para o Uruguai juntos. Vai ser maneiro”.
A conversa continuou por alguns dias. Parecia até combinado, às nove a gente
começava a se falar, parava no meio da manhã, voltava com algum papo nada a ver
antes do almoço, continuava à tarde e voltava depois das oito da noite. E assim
fomos até marcar o primeiro encontro, no dia 8 de fevereiro de 2013, às sete da