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A história foi a seguinte: conheci um cara, a gente ficou, se gostou e, então, ele
sumiu. Mandei um textão para o inbox dele depois de semanas segurando a marimba
(leia-se “paciência”) e, alguns minutos depois, ele me respondeu pedindo desculpas,
dizendo ser um babaca e prometendo reaver a atitude numa nova conversa. Eu nem
respondi. Reli o que eu havia escrito e a resposta dele pelo menos umas trinta vezes.
Decidi não replicar. O discurso era igual o anterior, as desculpas eram as mesmas.
Aceitar a disponibilidade da conversa era assinar o atestado de trouxa, mais uma
vez…
Mas é aí que entra a merda, porque a gente pensa: “Ok, dessa vez vai”. Mas não
vai coisíssima nenhuma. Há uma força maligna da trouxisse que nos empurra
sempre para pensar que as coisas vão ser diferentes, mas isso dificilmente acontece.
Nós nos alimentamos da ideia de que esses comportamentos são normais, de que
está tudo bem… Mas, na verdade, o que nos falta são umas boas chineladas do
amor-próprio.
Enfim, como de costume, mandei a um amigo a conversa, pedindo opinião do que
fazer: se realmente dava a oportunidade da conversa ou se seguia a vida como
qualquer pessoa em sã consciência faria. No entanto, ele me aconselhou a falar, a
aceitar o encontro e dar ao cara a décima nona chance. Acatei.
Combinamos de nos encontrar às dez da noite. Às dez o filho da puta tinha que
estar entrando no restaurante. Dez da noite era o deadline da última mensagem
avisando que a mãe morreu e não poderia comparecer. Paguei a conta sozinho.