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Seja-o-amor-da-sua-vida-Guilherme-Pintto

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Bom, primeiro foi o Murilo. Eu o conheci numa festa – uma das melhores da cidade,

na época. Eu não tinha ideia de como aquele tempo era bom. As cidades pequenas

têm um encanto inimaginável: as histórias vividas ali.

Bem, eu me lembro que cheguei à festa com velhos amigos e acabei saindo com

novos conhecidos. Murilo dançava sem me dar muita moral e eu tentava não me

importar com aquela situação. Fiquei sabendo que ele não costumava ficar com

ninguém nas festas, mas que rolaria uma carona mais tarde para casa. Ou seja, a

chance de darmos uns beijinhos era real. A parte louca da história é que a melhor

amiga do Murilo estava dando uns amassos num cara que eu achava lindo. Ele

realmente era o mais gostoso da festa, o Pedro. Mas, assim como eu, todos achavam

que o Pedro era hétero, então, para mim, ele nada mais era do que um daqueles caras

extremamente bonitos que adoraríamos ter na nossa cama. Normal.

Meus velhos amigos se despediram de mim no meio da noite e eu continuei

conversando, sorrindo e me aproximando cada vez mais do grupo de amigos do

Murilo. Até hoje, eu acho que o meu maior problema é realmente este: ser legal

desde o começo, sem prestar atenção na posição de vulnerabilidade em que eu me

coloco.

Dançamos, fomos ao banheiro com copos nas mãos e, então, eu aceitei a esperada

carona pra casa. Éramos quatro pessoas no carro: uma amiga que estava dando uns

amassos num gostosão, o Bernardo – o boy que dá a maior pinta e diverte todo

mundo –, Murilo e eu. Após deixarmos os outros dois em suas casas, sentindo o

vento frio da noite pela janela, fomos em direção à minha. Murilo foi o primeiro cara

que eu peguei na mão dentro de um carro. Eu nunca tinha vivido aquela situação,

mas algo instintivamente me dizia que eu devia fazer aquilo, então eu fiz.

Logo após o motor se desligar na frente da minha porta, fiz a linha dona Florinda

e o convidei para descer e tomar um café às quatro da manhã. Minha mãe havia

viajado e, pelos meus cálculos de humanas, aquela era uma boa desculpa para

conversarmos um pouco mais. Ele entrou de cabeça baixa, a Hermione (minha

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