REVISTA O GIROLANDOGESTÃOCristhiane Brandão - Consultora em Governança& Especialista em Empresas Familiares, sócia fundadorada Brandão Governança, Conexão e PessoasDIVULGAÇÃOGovernança Familiar: um olhar para além do horizonte54
A governança familiar é hoje umaexigência para as empresas familiaresque buscam perenidade no mundo dosnegócios, principalmente em cenáriosde crise ou mudanças constantes. Éimportante destacar que o conjunto deregras serve tanto para grandes corporações,quanto para pequenas.O primeiro passo é justamente separaro que é “família” e o que é “empresa”.Depois estabelecer regras claraspara o funcionamento das relações queenvolvem família e negócios, de modoa contemplar todas as gerações existentesna família. As regras do jogo devemser definidas em conjunto, respeitadaspor todos do clã e revisitadas a cadaciclo.Segundo Werner Bornholdt, implantara governança nas empresas familiaresé um processo idêntico ao dareforma de uma casa. “Começa comum planejamento (concepções iniciais),aprovação do orçamento (disponibilidadede investimentos) e contrataçãode um engenheiro ou arquiteto(Consultor externo). No primeiro períododa reforma, são removidos móveis,quebram-se paredes, geram-sedesconforto e ruídos e aprecem as sujeiras”.Ele explica que colocar em práticaa governança nas empresas familiaresé um processo de mudanças, que geramdesconfortos iniciais, mas, quandotranspostas, o clima é de orgulho,satisfação e prazer, a exemplo de umacasa recém-reformada.A governança nas empresas familiaresexige que, primeiramente, sejamidentificados os assuntos que dizemrespeito à família, à sociedade e à empresa(3 círculos do prof. John Davis).Uma vez identificados, precisam serseparados e isoladamente compreendidos.Concluída essa etapa, voltama ser unidos e integrados, como a reconstruçãodas paredes e pintura finalda reforma.O processo de junção e de integraçãodos sistemas familiar, societário eempresarial se dá por meio de canaisde comunicação transparente e de ferramentas.Esses instrumentos unificadoressão os órgãos de governança(comitês, conselhos: consultivo, administrativo,fiscal, familiar). Portanto,os órgãos de governança formam e reforçama integração entre os sistemaspor meios de canais competentes. Umaempresa adequadamente estruturadacom os órgãos de governança atendeàs demandas das famílias, dos sócios edos executivos e forma o alicerce parasua perpetuação.”A implantação da governança nasempresas familiares, cria condiçõespara que o sonho do fundador, de criarempresas capazes de aliar rentabilidade,crescimento sustentável, capitalhumano profissionalizado em todosos níveis e, perenidade de gerações,contagie a família no querer se tonaruma família empresária de um negóciocom: modelo de gestão fortalecido, altavalorização, redução de riscos, respeitopela sociedade, rentabilidade esperadapelos sócios, sucessor qualificado e perenidade.Diferente do que imaginamos, oque costuma quebrar mais de 70% dasempresas brasileiras não são grandesameaças externas, mas a falta de organizaçãoe planejamento; a ausênciade visão estratégica, que nas empresasfamiliares remetem à sucessão não planejada;e a uma visão de curto prazotomada pela competência tradicionalde excelência operacional.Enfim, esse é o “G” de Governançada tão falada sigla ESG. Significa quepara reverter esse quadro vamos precisarprofissionalizar a família empresária.Um CEO de terceira geração deuma empresa familiar multibilionárianos EUA compartilhou: “Quandotodo mundo está operando a máquina,há uma tendência de olhar para ocurto prazo e focar nas oportunidadesincrementais e não olhar para as oportunidadesrealmente grandes. O queestá no horizonte? O que está além dohorizonte?”.A minha pergunta para você e suafamília: o que estão fazendo para iralém do horizonte? A Governança certamentepavimenta essa rota!55