Cultura de Bancada, 17º Número
Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de junho de 2023
Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de junho de 2023
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e na vossa construção pessoal? De que
forma o projecto contribuiu para o vosso
desenvolvimento pessoal e mesmo enquanto
ultras?
Fazer parte de um grupo Ultras ajuda-te a dar
importância a esses valores agora obsoletos:
amizade, solidariedade, sentimento de
pertença, respeito... O Dodicesimo in Campo
em campo permitiu-me lidar com muitas
realidades de Ultras e apreciar seus méritos.
Ao longo da vossa jornada, já convidaram
e receberam vários membros de grupos de
outros clubes, inclusive de grupos rivais,
bem como de elementos habitualmente
fustigados pela repressão policial, como
Antonino Speziale e Claudio Boccia. Quais
os objectivos de tais convites? Como pode
descrever essa experiência?
Muitos pertencentes ao mundo Ultras
sofreram um assédio severo e julgamentos
difamatórios nos média. Sempre pensamos
que era certo dar-lhes a oportunidade de
dizer a verdade. Agradeço sinceramente
a estas pessoas por se terem exposto e
por terem aceite “dar a cara” mesmo num
contexto televisivo. Eles ensinaram muito, a
todos nós.
Quais são as maiores dificuldades que o DiC
encontra?
No início havia ceticismo em relação a nós,
mas parece-nos que agora está ultrapassado
graças ao trabalho realizado sempre com
muita seriedade. A maior dificuldade é
encontrar pessoas do nosso mundo que
queiram contar suas histórias. Além disso,
há a desvantagem económica: infelizmente
temos sempre de lidar com os custos que
uma transmissão televisiva acarreta. Por
isso, agradecemos a todos aqueles que nos
ajudam nesse sentido.
Sentem que contribuem para a construção
de uma “bancada” melhor?
Não assumimos ser capazes de mudar o
mundo, mas estamos conscientes de poder
dar um pequeno contributo, pelo menos
apresentando sempre uma versão diferente
da perpetrada pelos meios de comunicação
institucionais.
Em tempos o futebol era um jogo quase
exclusivo para homens, mas isso mudou.
De que forma as bancadas, os campos e
os camarotes, na vossa perspetiva, tem se
moldado acompanhando a afirmação do
papel feminino na sociedade?
No meu grupo não há distinção entre
homens e mulheres. As pessoas qualificamse
pelo que demonstram, sejam homens
ou mulheres. No entanto, sempre adorei
quebrar os padrões, tanto que também fui
a primeira árbitra em Itália.
Quais os episódios que vos marcaram mais?
O episódio da estação Verona Porta
Nuova, em 2005, com violentos ataques
da polícia e ferimentos em dezenas de
adeptos do Brescia, um dos quais ficou às
portas da morte e ainda hoje com 100%
de deficiência. Graças às nossas batalhas
conseguimos que 8 policias fossem julgados
e o juiz determinou que as forças da ordem
se haviam transformado em “forças da
desordem”.
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