Cultura de Bancada, 17º Número
Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de junho de 2023
Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de junho de 2023
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
QUANDO A VIDA ENTRA EM CAMPO
22
Se perguntarem a alguém qual o
espaço que conhecem onde mais se transpira
emoções existe uma probabilidade muito
grande da resposta ser o estádio de futebol.
Um palco de alegrias para uns, um muro de
lamentos para outros mas, uma coisa é certa,
um santuário de fé para a maioria. Um espaço
de esperança, de expectativas, onde a alegria
e a tristeza coexistem lado a lado, sendo certo
que uma irá dar lugar à outra num ciclo que
se repete eternamente. É a lei do jogo, num
destino que se balança entre a vitória e a
derrota, movido pelo som da bola a bater na
rede. O golo, o epicentro da explosão e, vocês
sabem que, nem todos os golos valem o
mesmo. Assim, afirmo, há aqueles que pouco
ou nada valem. O estádio, graças ao futebol, é
realmente um santuário diferente e especial.
“O futebol é a coisa mais importante entre as
coisas menos importantes.” Quem o disse foi
Arrigo Sacchi, ex-treinador de futebol italiano.
Porém, há quem veja as coisas por outro
prisma, por vezes como se de uma questão
de vida ou de morte se tratasse. É o caso
de Bill Shankly, antigo jogador e treinador
escocês, que afirma “O futebol não é uma
questão de vida ou de morte. É muito mais
importante que isso... “. Se algum académico
tivesse curiosidade de estudar este assunto a
observação do que aconteceu hoje seria com
certeza um testemunho muito válido.
Este texto nasce fruto da ocorrência
de um acidente no jogo de futebol entre o
Vitória SC e o FC Vizela, realizado no Estádio
D. Afonso Henriques. Tudo aconteceu na
bancada sul superior, no sector dos White
Angels, numa altura em que o Vitória vencia
a partida por 1-0. Por volta do minuto 28 um
dos ultras caiu acidentalmente de uma altura
de quase 5 metros, enquanto incentivava os
adeptos no apoio ao clube. Infelizmente eu
assisti de frente à queda, foi um momento
de terror em que se temeu o pior. Fosse nas
bancadas ou no relvado todos ficaram em
choque, mesmo quem só o viu ali deitado
sentiu algo que é difícil de explicar por
palavras. Uma espécie de pânico congelou
toda gente enquanto se especulava sobre o
estado daquele ultra. Foram longos aqueles
12 minutos em que o jogo esteve parado
enquanto os socorristas não retiravam o
adepto da bancada, este que haveria de
sair aplaudido por todo estádio como se
de uma mensagem de força se tratasse.
Instantes depois o Vitória faz o segundo golo,
a ambulância ainda se encontrava no interior
do recinto de jogo, eu não consegui festejar
o jogo tinha terminado nas bancadas para
mim. Este golo foi dedicado pelo próprio
jogador ao adepto acidentado, um gesto
que mereceu uma nova salva de palmas por
parte de muito dos presentes. Embora muitos
adeptos, não pertencentes a grupos Ultras,