Novembro 2009 - eBooksBrasil
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Nunca trabalhei com Yara Sarmento. Uma pena. Nunca pude dividir a criação artística<br />
com o mito. Mas, se nas palavras e cenas do teatro, não aprendi com ela, pude, nos<br />
acertos e erros, pontuar meus anos de teatro com seu exemplo de resistência, força,<br />
fidelidade e caráter no trato com as coisas que fazem dessa nossa arte uma coisa<br />
importantíssima! Yara marcou, e tem marcado com profundidade, a estrada pela qual<br />
estamos seguindo. Todos nós, profissionais de teatro do Paraná. Construiu os caminhos<br />
e pavimentou-os com convicção tão absoluta, que todos devemos muito a ela e ainda<br />
mais, temos o compromisso de honrar o seu trabalho idealista e que por vezes, quase<br />
atingiu o utópico. Contam e as palavras e a história confirmam, que é uma grande atriz e<br />
fez coisas maravilhosas no palco. Eu só a vi uma vez. Em “Cinderela do Petróleo” e<br />
lembro com incrível clareza, todos os seus passos no palco do Guairinha. Não é pouco.<br />
Devo muito a ela e, se discordamos algumas vezes, mais por amor às coisas importantes<br />
do teatro, do que por opiniões pessoais inocentes, podemos sempre, de espírito aberto,<br />
cruzar nossos olhares. E eu, nesses momentos, ao mesmo tempo em que reverencio sua<br />
pessoa e sua história, agradeço, porque nós dois sabemos que meus 25 anos de teatro,<br />
em coisas pequenas, médias e grandes, devem (e muito!) a seus pequenos, médios e<br />
grandes gestos. Ah! E nunca é tarde para coroar este meu agradecimento com um<br />
espetáculo. Dirigido por mim e interpretado por ela. Valeria mais que mil gralhas<br />
azuis!!!<br />
Eduardo Nascimento – Artista plástico. Fotógrafo. Professor universitário. Ex-<br />
coordenador – pela Universidade Federal do Paraná - do Festival de Inverno de<br />
Antonina.<br />
Falar sobre Yara Sarmento é como se referira a irmã mais velha que todo mundo<br />
gostaria de ter. Yara me viu nascer e acompanhou todo o meu crescimento. Mas foi ela<br />
que se tornou uma referência nessa caminhada. Enquanto criança, lembro muito bem, na<br />
casa da tia Luizinha, quando ela chegava de Curitiba e me deixava extasiado com sua<br />
dança flamenca aos sons das cadenciadas castanholas. Pensar Yara é ir ao encontro de<br />
vários signos. Ela me remete à Nerea e Mario, tia Luizinha, a casa com uma grande sala<br />
e pé direito enorme. Lembra Dudu Barreto Leite. Ieda Siedslag. “Barreado”. O Clube<br />
Náutico de Antonina. Às crônicas pontuais no “Antoninense”. Aroma de teatro. Oraci<br />
Gemba. Teatro Guaíra. SATED/PR e os movimentos classistas em defesa do ator, da<br />
arte e da cidadania.<br />
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