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Novembro 2009 - eBooksBrasil

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59<br />

A PORTA PARA O NADA<br />

À Gisele Sarmento.<br />

À doutora Maria Helena Muniz.<br />

Ao doutor Carlos Greca de Macedo.<br />

À Bia Moraes, Celinha Polydoro, Elisa Gonçalves Martins, Gracinha Kindermann,<br />

Malu Willunsen, Maria Alice Moreira, Margareth Nascimento Pinto, Marisa Seara,<br />

Nena Inoue, Raquel Rizzo, Sôely Walguer Cordeiro, Valderez Pacheco e Virgínia<br />

Salomão.<br />

Nós mortais, em qualquer tempo, podemos nos deparar com essa Porta.<br />

Diante dela, sem saber com nitidez qual o caminho que até ali nos levou, vemos<br />

que é imensa. Abre-se rápida e silenciosa.<br />

Concluída essa operação, sem aviso, somos tragados pro nada.<br />

Suspensos no ar, tateando sem saber o que fazer, o que dizer, já começamos a<br />

implodir de medo.<br />

Nesse nada, o desamparo apodera-se da alma e do corpo. Estáticos, mãos<br />

invisíveis nos atam como múmias do antigo Egito. Não há ânimo nem pra estancar as<br />

lágrimas que afloram, por tudo e por nada.<br />

Esgotadas as lágrimas, o silêncio. Não queremos ouvir e muito menos escutar<br />

nada. Fazer nada. Ver coisa alguma. Falar ou estar com ninguém.<br />

De golpe e sem explicação transpomos outra Porta. Estamos diante de imensidão<br />

arenosa. Oceano bege de múltiplas formas assustadoras. Tórrido. Gélido. As chibatadas<br />

da areia levada pelo vento, nos cobram o passado e o presente. Ai de nós! Nossa culpa.<br />

Nossa máxima culpa. Jogamos a vida no lixo. Imperdoável desatino. Senhor! Senhor!<br />

Alguém! Por favor, pra que lado é a saída? Socorro! Alguém nos ajude!<br />

Silêncio. Não se vê viva alma.<br />

É tarefa titânica a locomoção. Cambaleando nas dunas contra o vento, sentimos<br />

a vibração da voz. A voz canta cantos tenebrosos. A cada segundo o volume se eleva.<br />

No mais atordoante dos decibéis forma-se uma imagem sinistra: a Esfinge tebana.

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