Novembro 2009 - eBooksBrasil
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A PORTA PARA O NADA<br />
À Gisele Sarmento.<br />
À doutora Maria Helena Muniz.<br />
Ao doutor Carlos Greca de Macedo.<br />
À Bia Moraes, Celinha Polydoro, Elisa Gonçalves Martins, Gracinha Kindermann,<br />
Malu Willunsen, Maria Alice Moreira, Margareth Nascimento Pinto, Marisa Seara,<br />
Nena Inoue, Raquel Rizzo, Sôely Walguer Cordeiro, Valderez Pacheco e Virgínia<br />
Salomão.<br />
Nós mortais, em qualquer tempo, podemos nos deparar com essa Porta.<br />
Diante dela, sem saber com nitidez qual o caminho que até ali nos levou, vemos<br />
que é imensa. Abre-se rápida e silenciosa.<br />
Concluída essa operação, sem aviso, somos tragados pro nada.<br />
Suspensos no ar, tateando sem saber o que fazer, o que dizer, já começamos a<br />
implodir de medo.<br />
Nesse nada, o desamparo apodera-se da alma e do corpo. Estáticos, mãos<br />
invisíveis nos atam como múmias do antigo Egito. Não há ânimo nem pra estancar as<br />
lágrimas que afloram, por tudo e por nada.<br />
Esgotadas as lágrimas, o silêncio. Não queremos ouvir e muito menos escutar<br />
nada. Fazer nada. Ver coisa alguma. Falar ou estar com ninguém.<br />
De golpe e sem explicação transpomos outra Porta. Estamos diante de imensidão<br />
arenosa. Oceano bege de múltiplas formas assustadoras. Tórrido. Gélido. As chibatadas<br />
da areia levada pelo vento, nos cobram o passado e o presente. Ai de nós! Nossa culpa.<br />
Nossa máxima culpa. Jogamos a vida no lixo. Imperdoável desatino. Senhor! Senhor!<br />
Alguém! Por favor, pra que lado é a saída? Socorro! Alguém nos ajude!<br />
Silêncio. Não se vê viva alma.<br />
É tarefa titânica a locomoção. Cambaleando nas dunas contra o vento, sentimos<br />
a vibração da voz. A voz canta cantos tenebrosos. A cada segundo o volume se eleva.<br />
No mais atordoante dos decibéis forma-se uma imagem sinistra: a Esfinge tebana.