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iii FEBRE REUMÁTICA

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GUILHERME L<br />

e cols.<br />

Etiopatogenia da<br />

febre reumática<br />

HISTÓRICO<br />

Em 1798, foi publicada por Baillie a observação de<br />

que havia correlação entre reumatismo e doença cardíaca,<br />

feita dez anos antes por Pitcairn. Observações<br />

subseqüentes indicaram que a febre reumática era uma<br />

doença que acometia crianças e adolescentes. Em<br />

ETIOPATOGENIA DA <strong>FEBRE</strong> <strong>REUMÁTICA</strong><br />

LUIZA GUILHERME, KELLEN C. FAÉ, JORGE KALIL<br />

Laboratório de Imunologia — Instituto do Coração (InCor) — HC-FMUSP<br />

Endereço para correspondência: Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 44 —<br />

9 o andar — CEP 05403-900 — São Paulo — SP<br />

A febre reumática é desencadeada pela infecção de orofaringe pelo Streptococcus<br />

pyogenes em indivíduos geneticamente suscetíveis, não tratados. A suscetibilidade<br />

está associada a diversos alelos HLA de classe II. As reações auto-imunes<br />

que geram as lesões teciduais reumáticas ocorrem por mimetismo molecular entre<br />

S. pyogenes e proteínas teciduais. Na doença reumática cardíaca, as lesões valvulares<br />

são caracterizadas por intenso infiltrado inflamatório, rico em células mononucleares.<br />

Linfócitos T infiltrantes da lesão reconhecem simultaneamente segmentos<br />

da proteína M do estreptococo e proteínas do tecido cardíaco por mimetismo molecular.<br />

Tanto linfócitos T do sangue periférico como os infiltrantes das lesões, principalmente<br />

em indivíduos portadores dos antígenos HLA-DR7 e DR53, reconhecem o<br />

mesmo segmento da proteína M5 (resíduos de aminoácidos de 81-96). As células<br />

mononucleares que infiltram o tecido cardíaco dos pacientes com doença reumática<br />

cardíaca grave produzem principalmente citocinas inflamatórias do tipo Th1 (IFNγ e<br />

TNFα). Curiosamente, raras células mononucleares infiltrantes das válvulas produzem<br />

IL-4, citocina reguladora da resposta inflamatória. Considerando-se que as lesões<br />

valvulares reumáticas são lentas e progressivas, a baixa produção de IL-4, e,<br />

conseqüentemente, a manutenção da inflamação local, está correlacionada com a<br />

progressão das lesões valvulares na doença reumática cardíaca, enquanto no miocárdio,<br />

onde há grande número de células produtoras de IL-4, ocorre cura da miocardite<br />

após algumas semanas. Em conclusão, a patogênese da febre reumática/<br />

doença reumática cardíaca é decorrente de uma rede complexa de interações imunes<br />

desencadeadas pelo agente infeccioso (S. pyogenes), as quais levam a lesões<br />

auto-imunes órgão-específicas, progressivas e permanentes mediadas por linfócitos<br />

T e citocinas inflamatórias.<br />

Palavras-chave: febre reumática, proteína M, mimetismo molecular, linfócitos T, citocinas.<br />

(Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo. 2005;1:7-17)<br />

RSCESP (72594)-1502<br />

1840, Jean Baptiste Bouillot descreveu que a febre reumática<br />

“lambe as articulações, mas morde o coração”.<br />

Em 1889, Cheadle observou que a doença era mais<br />

freqüente em membros de uma mesma família, sugerindo<br />

um padrão genético de suscetibilidade. No período<br />

de 1900 a 1940, vários pesquisadores sugeriram a<br />

participação de vírus ou bactérias no desencadeamento<br />

Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo — Vol 15 — N o 1 — Janeiro/Fevereiro de 2005 7

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