senvolveram algumas habilidades para lidar com medidas e com o tratamento deinformações, resolvendo problemas que envolvem grandezas freqüentes no cotidiano(tempo e comprimento) e ainda identificam dados, em tabelas e gráficos, queapresentam números positivos e negativos.Considerando que a maioria dessas habilidades indica aprendizagens que já são esperadasao final da 4ª série, como explicar que, de cada 100 alunos, 39 não tenhamdesenvolvido essas habilidades básicas após, no mínimo, oito anos de estudo? Oque justificaria esse aparente decréscimo no desempenho à medida que os alunoschegam às séries mais avançadas?Apenas 23% dos alunos situam-se entre os níveis 225 e 250, onde está a média dedesempenho (240) dos alunos da 8ª série.No nível 250, além das habilidades já mencionadas na 4ª série, os alunos demonstramter alguma compreensão sobre os números inteiros e racionais relativos (tradicionalmentebastante explorados na 6ª série); resolvem problemas envolvendocontagem e porcentagem; fazem leitura de mapas, planificam o cubo e medemângulos. Segundo os PCNs e as orientações dos livros didáticos, tais habilidades jásão esperadas na 5ª e 6ª séries.Diante desses resultados, o que se pode inferir é que, ao final de oito anos de escolaridade,grande parte dos alunos da 8ª série não atinge patamares de aprendizagemdesejáveis para as 5ª e 6ª séries.Mesmo levando em conta que o fenômeno do fracasso escolar é complexo e decorrentede inúmeros fatores internos e externos à escola, causa impacto constatarque tantos alunos não conseguem aprender. O que a escola tem a ver com isso?Que ações ela pode promover para reverter essa situação?De modo geral, uma grande queixa dos que ensinam Matemática é a dificuldadedos alunos para resolverem problemas. Por outro lado, é comum, na sala de aula,o trabalho com problemas restringir-se a modelos únicos de resolução e à meraaplicação de conceitos e procedimentos; práticas que não favorecem que os alunosaprendam a ler e interpretar enunciados, selecionar informações pertinentes pararesponder à pergunta do problema, elaborar estratégias pessoais de resolução,compará-las para descarte ou validação, ou seja, conquistem habilidades fundamentaisquando se trata do trabalho com problemas.Os professores também falam sobre a grande quantidade de conteúdos propostapelos livros didáticos, principal recurso pedagógico utilizado. Essa queixa acaba porencobrir uma questão fundamental de planejamento: a seleção de claras expectativasde aprendizagem em Matemática para cada série e, a partir dela, a definiçãode conteúdos relevantes a serem tratados, levando em conta níveis de aprofundamentoque caminhem do mais simples para o mais complexo.Para ilustrar o que os alunos da 8ª série que estão nos níveis citados conseguemresolver, escolhemos o seguinte item, do bloco Tratamento da Informação, relacionadoà habilidade de identificar dados em uma lista de alternativas, utilizando-os naresolução de problemas, cujas informações aparecem em gráficos e tabelas (nível200).44
Qual gráfico corresponde a essa informação?Hora do lanche: o que beber?Bebida Número de alunosChá 80Café 55Leite 120Suco 15016016014014012012010010080806060404020200(A)CHÁ CAFÉ LEITE SUCO0(C)CHÁ CAFÉ LEITE SUCO16016014014012012010010080806060404020200CHÁ CAFÉ LEITE SUCO0CHÁ CAFÉ LEITE SUCO(B)(D)AO percentual de acertos nesse item foi 84% (resposta C), o que indica ter parecidofácil aos alunos relacionar tabela e gráficos. De fato, o item é simples e, paraacertar a resposta, bastava por exemplo identificar na tabela o menor e o maiornúmero de alunos e as bebidas correspondentes, verificando depois a quais gráficosessas informações correspondem. Outra estratégia a ser utilizada poderia ser a dodescarte – apenas considerando a primeira informação da tabela (80), as alternativasB e D poderiam ser eliminadas. Sobrando A e C, bastava considerar a segundainformação da tabela (55), o que leva à retirada do gráfico A e, portanto, à respostacorreta.Chama a atenção, todavia, que 16% dos alunos não acertaram a resposta. Uma dificuldadeque alunos podem ter tido diz respeito ao fato de que nem todas as quantidadesapresentadas na tabela aparecem de forma explícita nos gráficos, levandoos alunos a terem de estimar em qual gráfico aparece o 55 (relativo ao número dealunos que bebem café).Os conteúdos que fazem parte do bloco Tratamento da Informação foram integradosao currículo muito recentemente e é provável que não ocupem um lugar dedestaque nas aulas de Matemática, ainda que hoje seja fundamental a compreensãoda linguagem estatística para ter acesso às informações que aparecem nasdiferentes mídias.45