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Boletim BioPESB 2013 - Edição 11.pdf

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Reprodução<br />

PESB Ano 3, n°11 - Pág 8<br />

Entrevista Ano 3, n°11 - Pág 9<br />

O Plano de gestão sustentável do Parque Estadual da<br />

Serra do Brigadeiro<br />

Quando se pensa na<br />

criação de um Parque sob<br />

proteção do Estado, um<br />

dos maiores impasses é<br />

a desocupação de áreas<br />

habitadas por agricultores<br />

familiares, que ao<br />

longo de várias décadas<br />

estabeleceram cultura e<br />

práticas agrícolas tradicionalmente<br />

ligadas ao<br />

ambiente local. A necessidade<br />

de interrupção<br />

destas práticas agrícolas,<br />

que sempre geraram renda<br />

e subsistência às suas<br />

famílias nas áreas envolvidas<br />

dentro da Unidade<br />

Eventos com grande participação da comunidade<br />

comemoraram o aniversário de 17 anos do PESB<br />

Dia de campo na Fazenda do Brigadeiro, Araponga<br />

No mês de setembro<br />

o PESB comemorou 17<br />

anos de existência. Para<br />

celebração da data, que<br />

coincide com a realização<br />

Semana Florestal, foram<br />

realizadas diversas atividades,<br />

envolvendo os<br />

funcionários do Parque e<br />

a comunidade do entorno.<br />

As atividades<br />

ocorreram entre os dias<br />

de Conservação, é uma<br />

situação difícil de ser resolvida.<br />

O PESB, desde a sua<br />

criação em 27 de setembro<br />

de 1996, é formado<br />

por áreas pertencentes<br />

aos municípios de Araponga,<br />

Divino, Ervália,<br />

Fervedouro, Miradouro,<br />

Muriaé, Pedra Dourada<br />

e Sericita. As áreas rurais<br />

desses municípios há muito<br />

tempo tem sua economia<br />

girando principalmente<br />

em torno do plantio do<br />

café.<br />

Quando se firmou a<br />

21 e 28 de Setembro.<br />

Entre elas destacam-se a<br />

Oficina de Arte Café, realizada<br />

no município de<br />

São Sebastião da Vargem<br />

Alegre e a Expedição “Pegue<br />

o Boné”, com a participação<br />

dos funcionários<br />

do Parque em uma subida<br />

ao Pico do Boné. Também<br />

houve a celebração de<br />

uma Missa ao Padroeiro<br />

construção do Parque,<br />

primou-se por uma identidade<br />

do território baseada<br />

nos vínculos afetivos<br />

entre as pessoas que ali<br />

viviam e a terra, além dos<br />

seus costumes. Segundo<br />

especialistas, o conceito<br />

de “Território” deveria<br />

envolver o sentimento de<br />

pertencimento, o padrão<br />

histórico produtivo, as festas<br />

comuns, a religião e<br />

as manifestações étnicas<br />

regionais. Construiu-se então<br />

na época da criação<br />

do PESB um perfil do Território<br />

Rural da Serra do<br />

Brigadeiro, que acolhia as<br />

seguintes ideologias:<br />

• Prática da agroecologia;<br />

• Práticas Culturais e Religiosas;<br />

• O solo característico,<br />

bem como o clima e o relevo<br />

montanhoso;<br />

• O cultivo do café de<br />

qualidade;<br />

• A prática do artesanato<br />

e o potencial para o turismo<br />

rural e o ecoturismo.<br />

Bruno Paes e Joana Marchiori<br />

de Araponga, com participação<br />

dos funcionários do<br />

IEF/PESB, ocasião na qual<br />

foi ressaltada a importância<br />

do Parque para preservação<br />

ambiental da<br />

região.<br />

No dia 27, data<br />

do aniversário do Parque,<br />

foram realizados dia de<br />

campo na Fazenda do Brigadeiro<br />

e Missa em comemoração<br />

ao aniversário<br />

do PESB. O evento contou<br />

com a participação de<br />

cerca de 270 pessoas, entre<br />

elas o prefeito de Araponga,<br />

representantes da<br />

Polícia Militar, funcionários<br />

do IEF, e população do entorno.<br />

Nessa ocasião, foram<br />

realizadas atividades<br />

culturais junto à comunidade,<br />

e um mini-campeonato<br />

de futebol com times do<br />

entorno.<br />

As comemorações<br />

se encerraram no dia 28,<br />

com doação de mudas<br />

produzidas nos viveiros<br />

do IEF e apresentação do<br />

Teatro do Foguinho, pelo<br />

Corpo de Bombeiros de<br />

Juiz de Fora, na Praça de<br />

Araponga.<br />

Paulo Alves e Fernanda Araújo<br />

Foto Marcela Barbosa<br />

Resgate da cultura Puri acontece no entorno do PESB<br />

Jurandir fala sobre o resgate da cultura Puri através do<br />

Folguedo dos Arrepiados, grupo folclórico de dança cabocla<br />

em Araponga, Minas Gerais.<br />

Em entrevista ao Bio-<br />

PESB, Jurandir dos Santos<br />

Assis, descendente dos índios<br />

Puris da região de<br />

Araponga, fala sobre a<br />

chegada deste povo na<br />

região e como é feito o<br />

resgate desta cultura.<br />

Em que época ocorreu<br />

a chegada dos índios<br />

Puris na região da Serra<br />

dos Arrepiados, atualmente<br />

conhecida como<br />

Serra do Brigadeiro?<br />

Existem duas hipóteses.<br />

A primeira é que eles<br />

sejam naturais da África<br />

e da Ásia e tenham chegado<br />

aqui passando pelo<br />

Estreito de Bering. Por<br />

ser o lugar muito estreito<br />

acredita-se que eles<br />

tenham passado com a<br />

canoagem, chegando ao<br />

continente americano e<br />

depois descendo a América<br />

do Sul. Isso é o que é<br />

lógico, não tem como sair<br />

disso. A segunda hipótese<br />

é essa visão de que todo<br />

mundo tem de achar a<br />

ossada, de achar cemitério,<br />

de achar as partes<br />

arqueológicas na própria<br />

América Latina. Mas esse<br />

povo se espalhou de um<br />

modo que quase não dá<br />

pra saber onde é que<br />

surgiu primeiro. Pra mim,<br />

diante de todo o estudo<br />

que eu fiz, o mais provável<br />

é que eles vieram pelo<br />

Estreito de Bering, esta é<br />

a primeira colocação, mas<br />

existe a possibilidade de<br />

eles já serem um povo nativo<br />

daqui.<br />

Quando e como aconteceu<br />

o encontro dos Puris<br />

com o homem branco?<br />

Em 1680 temos os registros<br />

da chegada dos<br />

primeiros bandeirantes<br />

aqui, vindos de São Paulo,<br />

principalmente da praia<br />

de São Vicente. No mesmo<br />

ano, o filho de Antônio<br />

Raposo de Barreto veio<br />

para a região e construiu<br />

uma choça de casca denominada<br />

casa da Casca,<br />

que ficava na região do<br />

Casca ou Serra dos Arrepiados<br />

e que hoje é a<br />

Serra do Brigadeiro. Ali<br />

foi registrado o primeiro<br />

ouro de Minas Gerais. Então<br />

quando o governador<br />

veio para a região, ele<br />

já veio com a intenção de<br />

explorar o lugar. Eu acredito<br />

que os Puris já habitavam<br />

a região e que<br />

o encontro deles com os<br />

bandeirantes tenha sido<br />

pacífico, porque nenhum<br />

povo indígena, no meu<br />

modo de enxergar, é um<br />

povo que se coloca como<br />

matador. Existe registro<br />

de uma carta que o Antônio<br />

Raposo escreveu a<br />

um correspondente no Rio<br />

de Janeiro sobre o receio<br />

de perder mais de 40 índios<br />

Puris que seu filho tinha<br />

trazido da Serra da<br />

Mantiqueira; isso mostra<br />

que eles tinham uma relação<br />

de domínio sobre os<br />

índios. Mas o índio em si<br />

nunca aceitou ser escravo.<br />

Já o negro, o europeu, já<br />

aceitou, já o índio morre<br />

mas não aceita ser escravo.<br />

Como os Puris viviam<br />

no seu dia-a-dia?<br />

A nação Puri era de<br />

um povo de boa índole,<br />

povo manso, mas não<br />

aceitava nenhum tipo de<br />

ofensas. Era um povo festeiro.<br />

O Puri nosso, que ficava<br />

mais aqui na serra,<br />

vivia da caça. Os Puris<br />

eram em grande número,<br />

praticamente uma nação.<br />

Era um povo nômade que<br />

ficava um, dois, três anos<br />

em um determinado local.<br />

Se tivesse o alimento ali,<br />

eles fincavam raízes, mas<br />

eram nômades, não dá<br />

pra dizer aqui se tinha<br />

uma tribo. Eles viviam da<br />

caça, da pesca, do próprio<br />

plantio, mas principalmente<br />

da caça. Se o<br />

território ficava fraco, ali<br />

eles deixavam sua cerâmica,<br />

que eles faziam<br />

para sua alimentação e<br />

saiam com suas próprias<br />

redes, suas próprias cuias,<br />

que eram fáceis de carregar.<br />

Eles iam pra outro<br />

lugar, então quando encontramos<br />

cerâmicas em<br />

alguns territórios é uma<br />

forma de saber onde eles<br />

habitaram.<br />

O que levou ao extermínio<br />

desse povo?<br />

Na verdade ele se espalhou.<br />

Isso é em documentos,<br />

quando eu falo<br />

em 1680 temos nomes,<br />

datas e pessoas. A partir<br />

dali um dos povos mais<br />

enfrentados de Minas

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