Boletim BioPESB 2014 - Edição 15.pdf
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Ciência<br />
Ano 4, n°15 - Pág 3<br />
Crédito de carbono torna moeda para o equilíbrio ambiental<br />
gazetadacidade.com<br />
Muito se tem discutido<br />
sobre as consequências<br />
da ação humana sobre<br />
o meio ambiente e o que<br />
pode ser feito para reverter<br />
esse quadro. O efeito<br />
estufa, por exemplo, é um<br />
processo natural do planeta<br />
que desempenha um<br />
papel fundamental na manutenção<br />
da vida na Terra.<br />
Entretanto, as atividades<br />
humanas, como a queima<br />
de combustíveis fósseis e a<br />
utilização de calcário para<br />
produção de cimento, associados<br />
ao desmatamento<br />
e queimadas, estão tornando<br />
esse efeito exagerado,<br />
pelo excesso de liberação<br />
de gás carbônico (CO 2<br />
) na<br />
atmosfera, contribuindo<br />
assim para o aquecimento<br />
global.<br />
É nesse cenário que se<br />
Em fase de<br />
crescimento, as<br />
árvores são<br />
verdadeiros<br />
aspiradores<br />
de CO 2<br />
da<br />
atmosfera.<br />
Uma<br />
árvore,<br />
sozinha, é<br />
capaz de<br />
absorver 180<br />
quilos da substância<br />
ao longo de seu crescimento.<br />
destaca a ideia de sequestro<br />
de carbono, que como<br />
nome sugere, é um processo<br />
de remoção de gás carbônico<br />
do ambiente. Tal processo<br />
ocorre principalmente<br />
em oceanos, florestas e outros<br />
locais onde organismos<br />
utilizam a captação de carbono<br />
como fonte de energia<br />
(fotossíntese). Esse processo<br />
é importante pois captura e<br />
estoca o CO 2<br />
, evitando assim<br />
sua emissão e permanência<br />
na atmosfera.<br />
Acordos internacionais<br />
têm intensificado a discussão<br />
e proposto o investimento<br />
em programas<br />
envolvendo sequestro de<br />
carbono. Para isto foi criado<br />
o termo “crédito de<br />
carbono”, que são certificados<br />
emitidos para uma<br />
empresa ou pessoa física<br />
que reduziu a sua emissão<br />
de gases do efeito estufa.<br />
A negociação dos créditos<br />
de carbono é uma estratégia<br />
para alguns países<br />
reduzirem numericamente<br />
as emissões dos gases que<br />
causam o efeito estufa. É<br />
como se cada país tivesse<br />
um limite de toneladas de<br />
CO 2<br />
possível de ser liberada<br />
na atmosfera. Dessa<br />
forma, empresas poluidoras<br />
ficam obrigadas a comprarem<br />
créditos de quem polui<br />
menos ou que investe em<br />
programas de conservação<br />
florestal ou de reflorestamento.<br />
A forma mais comum<br />
de sequestro de carbono<br />
é naturalmente realizada<br />
pelas florestas. Na fase de<br />
crescimento, as árvores demandam<br />
uma quantidade<br />
Fotossíntese:<br />
As árvores<br />
retiram do ar o<br />
CO 2<br />
e<br />
devolvem<br />
oxigênio para a<br />
atmosfera.<br />
O tronco de uma árvore é 80% composto<br />
de carbono. Portanto, não é de se admirar<br />
que elas suguem, por hectare, cerca<br />
de 150 toneladas de CO 2<br />
por ano.<br />
O Brasil é o 12 o em emissão de CO 2<br />
, segundo o ranking produzido pela IWR. O país<br />
liberou 488 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera em 2011, mais<br />
do que o México (464 milhões), Indonésia (453 milhões) e África do Sul (452 milhões).<br />
Ações cotidianas e essenciais como tomar banho, cozinhar e deslocar-se para o trabalho<br />
representam, ao fiinal de um ano, 1,6 toneladas de CO 2<br />
liberados na atmosfera, por uma única<br />
pessoa, segundo a calculadora de carbono da ONG Iniciativa Verde.<br />
muito grande de carbono<br />
para se desenvolver e acabam<br />
tirando esse elemento<br />
do ar. Esse processo natural<br />
ajuda a diminuir consideravelmente<br />
a quantidade de<br />
CO 2<br />
na atmosfera. Cada<br />
hectare de floresta em desenvolvimento<br />
é capaz de<br />
absorver nada menos do<br />
que 150 a 200 toneladas<br />
de carbono.<br />
Existem estudos avançados<br />
de outras formas<br />
de sequestro de carbono<br />
que os cientistas chamam<br />
de sequestro geológico de<br />
carbono. É uma forma de<br />
devolver o carbono para o<br />
subsolo. Os gases são comprimidos,<br />
transportado e<br />
depois injetado em um reservatório<br />
geológico apropriado<br />
– que podem ser<br />
campos de petróleo não<br />
mais explorados, aquíferos<br />
salinos (lençóis de água<br />
subterrânea com água salobra<br />
não aproveitável) ou<br />
camadas de carvão que<br />
foram encontradas no solo.<br />
Estas são algumas maneiras<br />
encontradas para<br />
minimizar os efeitos negativos<br />
que o desequilíbrio<br />
desses gases podem causar.<br />
Além de uma escala<br />
global, há iniciativas vindo<br />
de lugares mais próximo,<br />
como é o caso, do Parque<br />
Estadual da Serra do Brigadeiro,<br />
que preserva boa<br />
parte de sua flora, uma<br />
importante área de Mata<br />
Atlântica que desempenha<br />
também esse papel de restaurar<br />
os níveis normais dos<br />
gases nocivos ao meio ambiente,<br />
através do sequestro<br />
de carbono.<br />
Paula Sudré<br />
Renato Senra