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viver num mundo encantado em que era proprietária de uma infinidade de castelos<br />
espalhados por todo o mundo. Generosa que era, dava um castelo de presente a<br />
todos os que a visitavam. Eu mesmo ganhei dela um castelo na Escócia, que ainda<br />
não visitei. Fico a imaginar como será. É possível que eu me mude para ele se um<br />
dia um mal de Alzheimer gracioso me tocar. Então receberei a dona Guilhermina<br />
como hóspede no meu castelo e conversaremos sobre os bons tempos de<br />
antigamente enquanto tomamos café com pão de queijo...<br />
Cânticos dos cânticos<br />
Escrevi um texto sobre o Cântico dos cânticos. Uma senhora, aflita, escreveu-me<br />
para dizer que o livro Cântico dos cânticos era sagrado, um poema de amor de<br />
Salomão dedicado à sua esposa. Ela pensou que eu estava achando o poema<br />
imoral. Nada mais distante das minhas intenções. Acho aquele poema lindíssimo,<br />
puro, cheio de amor, um exemplo de amor a ser seguido (enquanto for possível...).<br />
Deveria ser objeto de estudo constante nas escolas dominicais e aulas de<br />
catecismo. A minha lamentação está precisamente nisso; que, durante todos os<br />
meus anos de vida, nunca ouvi um sermão sobre esse poema. Acho que os<br />
pregadores têm vergonha desse livro inspirado das Sagradas Escrituras. Um outro<br />
pensou que eu estava menosprezando Jesus Cristo ao dizer que, para mim, do<br />
cristianismo só sobrava a arte. Eu não disse “de Jesus”; disse “do cristianismo”.<br />
“Cristianismo” são as coisas que os homens disseram e fizeram a propósito de<br />
Jesus. Teologia é parte do cristianismo, um conjunto de palavras de homens. O que<br />
os homens disseram sobre Jesus não é aquilo que Jesus disse. Eu amo as coisas<br />
que Jesus disse, muito embora não tenha compreendido muitas delas, como<br />
“granjeai amigos com as riquezas da iniquidade”. O sermão do monte, as<br />
parábolas, os diálogos são todos maravilhosos e sobre eles escrevi muitas vezes.<br />
Amo o que Jesus falou. Mas não presto muita atenção naquilo que os teólogos<br />
falaram...<br />
A casa<br />
Três homens conversam. Assentados, olham para o horizonte. Um deles diz: “Vejo<br />
uma casa e dentro dela está um homem”. Outro diz: “Vejo a casa, mas não vejo<br />
nenhum homem dentro dela”. Um terceiro comenta: “Não vejo a casa. Não vejo um<br />
homem. Só vejo o mar imenso, sem fim...”. Assim são os três. O primeiro é o que<br />
vê uma Presença habitando os espaços invisíveis do universo. Acredita em Deus. O<br />
segundo vê os espaços invisíveis do universo, mas não encontra neles nenhuma<br />
presença. Eles estão vazios. A essa pessoa dão o nome de ateu. Porém, que nome