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em baixinho: “Meu filho, eu me mato...”. Há um hino protestante que é uma<br />
versão musical da piadinha: “Morri, morri na cruz, por ti. Que fazes tu por mim?”. A<br />
cruz, vista pelos olhos do Mel Gibson, não liberta. Escraviza. Por isso não vi o filme.<br />
Aplausos ao papa<br />
O papa assinou uma instrução sobre a liturgia que merece todo o meu louvor. Pôs<br />
ordem na casa. Primeiro, proibiu que padres permitissem que pastores protestantes<br />
participassem da celebração dos sacramentos. Muito certo. Sem essa proibição a<br />
casa cai. Pois a doutrina da Igreja está baseada na crença de que o Espírito Santo<br />
é comunicado pela imposição das mãos, coisa que vem desde são Pedro. Há, de<br />
são Pedro até os dias de hoje, um contínuo fluir desse carisma. E é esse carisma<br />
que dá ao sacerdote o poder para, ao pronunciar as palavras sagradas,<br />
transubstanciar o pão e o vinho em corpo e sangue de Cristo. Ora, os pastores<br />
protestantes estão fora dessa corrente. Portanto, falta-lhes o Espírito Santo. Se<br />
eles participarem da celebração dos sacramentos, o milagre da transubstanciação<br />
não acontece. Permitir que pastores protestantes participem da celebração dos<br />
sacramentos equivale a negar o fundamento sobre o qual a Igreja Católica foi<br />
construída. É por isso que o ecumenismo é também proibido. A diferença está em<br />
que a Igreja Católica afirma que o Espírito Santo anda dentro de um cano chamado<br />
“sucessão apostólica”. Os protestantes, ao contrário, acreditam que não há formas<br />
de encanar o Espírito Santo. Porque ele mais se parece com a chuva que cai onde<br />
quer, quando quer... Parabenizo, assim, o papa, por sua sólida coerência teológica.<br />
A seguir, ele proibiu o uso de música popular na missa. Tem todo o meu apoio. Há<br />
músicas que se cantam nas missas que são lamentáveis. E não tem nada a ver com<br />
ser popular ou não. “Oh! Deus salve o cálice bento onde Deus fez a morada...” é<br />
música popular e é absolutamente linda. A Missa Crioula, a Missa Luba. O problema<br />
é a qualidade. Não basta juntar rimas e violão para se ter música. A tradição<br />
musical cristã é maravilhosa: canto gregoriano, Bach, Monteverdi, Haendel, Mozart,<br />
Fauré, os spirituals dos negros norte-americanos. Por outro lado, as músicas<br />
tradicionais católicas, arrastadas, que se cantavam nas procissões, não são<br />
modelos de beleza. Por último, o que mais me agradou. Imagino que o sumo<br />
pontífice deve ter lido uma crônica que lhe dirigi, faz anos, com o nome “De Rerum<br />
Vetustarum”. Nessa crônica, eu lhe implorava que restaurasse o uso do latim na<br />
liturgia. Porque o latim é música pura, um deleite ouvi-lo. Só que eu não entendo<br />
latim. Assim, ao ouvir latim sem entender, fico com a beleza da sua música e livre<br />
daquilo que se diz. Não quero entender para não me irritar. Não entendendo, fico a<br />
imaginar que o pregador está dizendo coisas maravilhosas. Pois não é que o papa<br />
deu permissão aos padres para fazer uso do latim nas missas? Logo que as missas