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miolo final 1 - Revista Panamericana de Infectología

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<strong>Revista</strong> <strong>Panamericana</strong> <strong>de</strong> <strong>Infectología</strong> • Volumen 6 • Nº 1 • Ene-Mar/2004<br />

pathology has begun - the emerging infectious diseases -,<br />

including not only new diseases, but also all of which,<br />

although already known, just recently had their aetiology<br />

<strong>de</strong>fined in result of advances in laboratorial diagnosis.<br />

Due to this, about fifty new agents were i<strong>de</strong>ntified in<br />

the last few <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>s. The concept of emerging infectious<br />

diseases still covers certain en<strong>de</strong>mic infectious diseases<br />

that exten<strong>de</strong>d to geographical regions traditionally<br />

unharmed, and the resurgence of diseases seen in<br />

<strong>de</strong>cline, as tuberculosis and sexually transmitted<br />

diseases, and the global epi<strong>de</strong>mic of microbial<br />

resistances. Among the multiple factors that might have<br />

contributed towards the appearance or dissemination<br />

of new agents and new diseases, we should highlight<br />

the ecological and socio-<strong>de</strong>mographical alterations, and<br />

the changes in social behaviour. We should also<br />

emphasize the microbial agents’ adaptation to antibiotic<br />

chemotherapy and the increasing frequency of cases of<br />

immunity <strong>de</strong>pression, allowing agents of reduced<br />

pathogenicity to grasp the opportunity to assume a<br />

relevant severity. Finally, we refer the use of microbial<br />

agents or its toxins with terrorist purposes, a threat to<br />

face in the present time, and the repercussions of<br />

climate changes on infectious diseases.<br />

Key words: Emergent infectious diseases, Microbial<br />

resistances, Bioterrorism, Climatic changes and<br />

infectious diseases.<br />

Com a introdução da mo<strong>de</strong>rna quimioterapia<br />

antiinfecciosa julgou-se que a patologia infecciosa cedo<br />

<strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> ser um dos problemas maiores com que a<br />

Humanida<strong>de</strong> sempre se <strong>de</strong>bateu, causa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong>, com a peculiar gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afectar<br />

predominantemente as ida<strong>de</strong>s mais baixas, encurtando<br />

assim a esperança <strong>de</strong> vida. Se a melhoria das condições<br />

<strong>de</strong> vida das populações dos países industrializados, em<br />

particular da sua situação sanitária, e a implementação<br />

<strong>de</strong> programas <strong>de</strong> vacinação nos primeiros anos <strong>de</strong> vida,<br />

<strong>de</strong>ram enorme contributo para o <strong>de</strong>clínio da incidência<br />

<strong>de</strong> muitas doenças infecciosas, é reconhecido que a<br />

disponibilida<strong>de</strong> da penicilina e dos antibióticos que<br />

progressivamente foram sendo introduzidos no arsenal<br />

terapêutico permitiu vencer <strong>de</strong> modo espectacular e<br />

dramático muitos dos quadros infecciosos até então<br />

inexoravelmente fatais, criando assim uma falsa<br />

segurança, que pouco a pouco se foi <strong>de</strong>svanecendo. A<br />

afirmação produzida em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1967 por William<br />

Stewart, ao tempo Surgeon General dos EUA, <strong>de</strong> que<br />

era altura <strong>de</strong> encerrar o livro das doenças infecciosas,<br />

pois a batalha tinha sido ganha, espelha bem o clima<br />

triunfante que nessa época se vivia (1)<br />

.<br />

Embora com um perfil mudado, as doenças<br />

infecciosas continuam a assumir lugar relevante na<br />

patologia humana, com elevados custos humanos, sociais<br />

38<br />

Tabela 1. Principais causas infecciosas <strong>de</strong> morte<br />

a nível mundial, em 2000<br />

Causa N. estimado <strong>de</strong> óbitos<br />

(em milhões)<br />

Infecções respiratórias 3,9<br />

VIH/SIDA 2,9<br />

Gastroenterites 2,1<br />

Tuberculose 1,7<br />

Malária 1,1<br />

Sarampo 0,8<br />

Adaptado <strong>de</strong> The World Health Report, 2001 (referência 2)<br />

e económicos. A circunstância da Lista Internacional<br />

das Doenças não incluir as infecções respiratórias na<br />

rubrica das doenças infecciosas e parasitárias diminui<br />

aparentemente a sua importância global. Para obviar<br />

essa limitação, <strong>de</strong>vem acrescentar-se à rubrica das<br />

doenças infecciosas e parasitárias as infecções<br />

respiratórias. Assim consi<strong>de</strong>rando, a patologia infecciosa<br />

e parasitária foi em 2000 a segunda causa <strong>de</strong> morte a<br />

nível mundial, responsável por quase 14 milhões e meio<br />

<strong>de</strong> mortes, número que correspon<strong>de</strong> a 25,9% do total<br />

<strong>de</strong> óbitos (2) . Importa ainda referir que nos países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, on<strong>de</strong> vive a maior parte da população<br />

mundial, as pneumonias, a Sida, as diarreias, a<br />

tuberculose, a malária e o sarampo, continuam a<br />

contribuir para que a patologia infecciosa se mantenha<br />

aí como a principal causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> (tabela 1).<br />

A permanente luta entre o homem e os microrganismos<br />

que o ro<strong>de</strong>iam está pois, longe <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser<br />

consi<strong>de</strong>rada finda. As resistências bacterianas, que<br />

progressivamente foram surgindo e rapidamente se<br />

disseminaram, constituíram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo uma preocupação<br />

crescente. De igual modo, o envelhecimento das<br />

populações e a ocorrência cada vez mais frequente <strong>de</strong><br />

situações que tornam as <strong>de</strong>fesas do organismo menos<br />

capazes, como seja o recurso a fármacos imunossupressores<br />

e a utilização cada vez mais frequente <strong>de</strong><br />

técnicas invasivas <strong>de</strong> diagnóstico e tratamento,<br />

naturalmente que favoreceram a eclosão <strong>de</strong> agentes<br />

anteriormente consi<strong>de</strong>rados como tendo escassa<br />

agressivida<strong>de</strong> e que, aproveitando a oportunida<strong>de</strong><br />

biológica, passaram a assumir um papel <strong>de</strong> relevo,<br />

alargando <strong>de</strong> modo notório o leque dos agentes<br />

patogénicos. A estimativa que cerca <strong>de</strong> 20% da<br />

população européia sofre <strong>de</strong> algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão<br />

imunitária, com tendência a aumentar, permite realçar<br />

a importância que as infecções oportunistas<br />

actualmente se arrogam (3) .<br />

Focaremos no nosso trabalho alguns aspectos da

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