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miolo final 1 - Revista Panamericana de Infectología

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Foram i<strong>de</strong>ntificados quatro antígenos capsulares<br />

(A-D) em cepas produtoras <strong>de</strong> doença em animais. A<br />

cápsula mucói<strong>de</strong> (<strong>de</strong> ácido hialurônico tipo A) é<br />

importante para a virulência e parece ser um antígeno<br />

protetor que inibe a fagocitose e a halogenação<br />

intracelular envolvida na ação bactericida dos<br />

neutrófilos; ela se per<strong>de</strong> nos subcultivos (2) .<br />

Pasteurella multocida é um patógeno comum nas<br />

infecções humanas precedidas <strong>de</strong> mordida <strong>de</strong> cães ou<br />

gatos e suas manifestações mais comuns são como<br />

uma ferida infectada e/ou celulite.<br />

Meningite, artrite séptica, septicemia, peritonite<br />

causadas por P. multocida são mais comumente<br />

relatadas em pacientes imunocomprometidos com<br />

cirrose hepática (4,5) , gravi<strong>de</strong>z (7) , neoplasias (7) , e Aids (8) .<br />

Também já foi relatado um caso <strong>de</strong> abscesso cerebral,<br />

em um menino <strong>de</strong> 21 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, mordido na<br />

cabeça por um cão (9) .<br />

Uma investigação multicêntrica recente (10)<br />

<strong>de</strong>monstrou que em feridas infectadas <strong>de</strong> 50 pacientes<br />

que foram mordidos por cães e <strong>de</strong> 57 pacientes<br />

mordidos por gatos, foram isolados, em média, 5 tipos<br />

<strong>de</strong> bactérias por cultura (entre 0 a 16 tipos) em um<br />

laboratório <strong>de</strong> referência. Pasteurella canis foi o isolado<br />

mais comum nas mordidas <strong>de</strong> cão e a Pasteurella<br />

multocida subespécie multocida e séptica foram as<br />

mais comuns nas mordidas <strong>de</strong> gatos. Além <strong>de</strong> Pasteurella,<br />

os aeróbios mais comumente encontrados foram:<br />

Streptococcus, Staphylococcus, Moraxella e Neisseria.<br />

Os anaeróbios mais comuns foram Fusobacterium,<br />

Bacteroi<strong>de</strong>s, Porphyromonas e Prevotella.<br />

Quando, após uma mordida <strong>de</strong> cão, um paciente<br />

imunocomprometido tem febre, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção por Capnocytophaga<br />

canimorsus (11)<br />

, um patógeno invasivo e oportunista<br />

que vive na boca canina e que é associado à septicemia<br />

severa.<br />

Pasteurella multocida spp e séptica são mais<br />

associadas à infecção sistêmica, sendo que, esta<br />

última, tem uma gran<strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> pelo sistema<br />

nervoso central (12)<br />

.<br />

A apresentação típica da infecção <strong>de</strong> pele por P.<br />

multocida é <strong>de</strong> dor aguda, eritema e e<strong>de</strong>ma,<br />

freqüentemente horas após a mordida. A pouca <strong>de</strong>mora<br />

no início dos sintomas (3 a 6 horas) é altamente<br />

sugestiva <strong>de</strong> infecção por P. multocida (13)<br />

. Em 24-48<br />

horas após o início dos sintomas, nota-se a formação<br />

<strong>de</strong> secreção serossanguinolenta ou purulenta (13)<br />

.<br />

Quando o período <strong>de</strong> incubação é maior que 24 horas,<br />

o diagnóstico diferencial <strong>de</strong>ve incluir infecção por<br />

Streptococcus ou Staphylococcus.<br />

O tratamento <strong>de</strong>ve ser iniciado pela limpeza da<br />

ferida com água e sabão. Este passo inicial po<strong>de</strong> não<br />

remover as partículas superficiais estranhas e os<br />

Carvalho et al • Pasteurella multocida após mor<strong>de</strong>dura <strong>de</strong> cão...<br />

coágulos <strong>de</strong> sangue, mas ajuda na prevenção da raiva<br />

e reduz a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organismos potencialmente<br />

patogênicos (14,15) . Nos casos <strong>de</strong> abscessos, a incisão e<br />

drenagem da secreção é a forma mais importante <strong>de</strong><br />

tratamento.<br />

O próximo passo é fazer uma irrigação com alta<br />

pressão na ferida para reduzir mais a concentração <strong>de</strong><br />

microrganismos e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção (16,17) . O<br />

<strong>de</strong>bridamento <strong>de</strong> todas as áreas necróticas e tecidos<br />

<strong>de</strong>svitalizados, quando presentes, também é muito<br />

importante (14,17) .<br />

Na maioria dos casos, o médico <strong>de</strong>ve julgar<br />

rapidamente a serieda<strong>de</strong> da lesão e então <strong>de</strong>cidir pelo<br />

fechamento da ferida ou não, pesando os benefícios<br />

estéticos contra o aumento do risco <strong>de</strong> infecção.<br />

A sutura da lesão é uma atitu<strong>de</strong> controversa e não<br />

há dados prospectivos suficientes para padronizar uma<br />

conduta apenas.<br />

Atualmente é recomendado que (18) , como regra<br />

geral, as mordidas <strong>de</strong> cão <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>ixadas abertas<br />

e reavaliadas em 48-72 horas. Recomenda-se<br />

também não suturar feridas feitas há mais <strong>de</strong> 24 horas<br />

ou extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> feridas abertas há mais <strong>de</strong> 12<br />

horas. Evitar fechamento primário <strong>de</strong> feridas<br />

infeccionadas, feridas punctuais e lesões com<br />

esmagamento.<br />

O passo seguinte no tratamento das mordidas <strong>de</strong><br />

cão envolve a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> administrar antibióticos,<br />

selecionando o mais apropriado e <strong>de</strong>cidir o tempo <strong>de</strong><br />

duração da terapia.<br />

Atualmente não há um consenso quanto à dosagem<br />

e a duração do tratamento, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários<br />

fatores, como extensão da lesão, complicações, comorbida<strong>de</strong>s<br />

e o tempo <strong>de</strong>corrido após a mordida. A<br />

duração da terapia varia entre 7 a 14 dias. Para lesões<br />

complicadas com artrite séptica ou osteomielite, está<br />

indicada terapia <strong>de</strong> longa duração (3 a 6 sema-<br />

nas) (14,16)<br />

.<br />

Geralmente, os antibióticos não são recomendados<br />

profilaticamente <strong>de</strong> rotina, mas são sempre indicados<br />

na evidência clínica <strong>de</strong> infecção, ou em pacientes que<br />

têm um alto risco <strong>de</strong> adquirir infecção, mesmo antes<br />

<strong>de</strong> aparecerem os sinais clínicos (12,16,17)<br />

.<br />

Os fatores predisponentes que favorecem o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> infecção são: ida<strong>de</strong> abaixo <strong>de</strong> 2<br />

anos e acima <strong>de</strong> 50; diabetes; neoplasias; doenças<br />

hepáticas; esplenectomia; e<strong>de</strong>ma preexistente sob a<br />

mordida; uso <strong>de</strong> álcool; feridas punctuais; lesões com<br />

esmagamento; presença <strong>de</strong> corpo estranho; localização<br />

da mordida (mão, pé, couro cabeludo ou face);<br />

penetração <strong>de</strong> osso, articulações ou tendões; <strong>de</strong>mora<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 24 horas para iniciar o tratamento; limpeza<br />

ou <strong>de</strong>bridamento da ferida malfeitos; antibioticoterapia<br />

errada (14,16)<br />

.<br />

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