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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ André Luiz Torquato ...

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poder de influência dos patrões sobre seus agregados. Pois, a transição da atividade extrativista<br />

da borracha para a de extração e beneficiamento de madeira foi caracterizada pela manutenção<br />

integral da prática e dos valores humanos forjados no sistema de aviamento. Muito embora,<br />

com os anos, essa forma de relação comercial tenha se descaracterizado (esfriamento destes<br />

valores), permanecendo apenas as características que levam ao maior lucro por parte do patrão<br />

(concessão de créditos ou adiantamentos diversos para serem pagos com produções), que ainda<br />

representa, na maioria das vezes, umas das poucas alternativas de trabalho para os ribeirinhos<br />

brevenses da atualidade.<br />

4.1.1- A serraria.<br />

A instalação da ‘Serraria Cruzeiro’ (1978), trouxe profundas transformações nos ritmos<br />

de trabalho e de vida, tanto dos fregueses, quanto do patrão. A primeira delas e a mais lembrada<br />

pelos ex-fregueses, foi o aumento da carga horária de trabalho. O serviço de extração de<br />

madeira era muito difícil e demorado em comparação ao da borracha e, com efeito, necessitava-<br />

se de dias e muita mão-de-obra envolvida para se obter uma boa produção. Com o tempo,<br />

seguiram-se diversas mudanças, entre elas algumas que reordenaram aspectos geográficos e<br />

sociais da antiga organização extrativista. Anteriormente, no período da borracha, as casas dos<br />

fregueses estavam localizadas nas cabeceiras de igarapés da região, distantes da casa do patrão<br />

e eram feitas de troncos de palmeiras e emparedadas com palhas. Com a nova atividade, eles<br />

passaram a morar nas margens de rios maiores ou na vila operária, em ‘casas de tábuas’<br />

financiadas pelo patrão. A construção da vila operária, ao lado da serraria, representou para a<br />

localidade uma das maiores mudanças trazidas pela nova atividade; na vila encontrava-se o<br />

comércio sempre reabastecido; um campo de futebol criado a partir dos rejeitos da produção da<br />

serraria, em especial a serragem; um salão de festa que funcionava aos finais de semana e<br />

outras datas comemorativas; uma igreja católica; um posto de saúde; uma escola; e a maior<br />

novidade até então, a eletricidade. Gerada por um pequeno “motor de luz”, movido a óleo<br />

diesel que era ligado por volta das 18 horas, permitindo a iluminação do interior e da frente das<br />

casas, por um período diário de aproximadamente quatro horas.<br />

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